segunda-feira, 31 de março de 2008

Apresento meu amigo!

Eduardo Duda Luedy Eduardo Duda Luedy

O Duda, Eduardo Luedy, é um grande amigo meu. Sinto orgulho de andar com ele, pois, além de ser gente finíssima, é um grande e estudioso músico apaixonado pela música; um professor universitário extremamente compromissado, competente e apaixonado pela educação; acima de tudo, um livre pensador da cultura popular apaixonado pela cultura popular. Gostaria muito que vocês conhecessem melhor seu pensamento. Resolvi republicar aqui um texto do blog dele que realmente mexe com nossas convicções e preconceitos.

- Maca:
Duda, bacana seu texto. Há pouco postei um texto provocação (creio que você viu) intitulado “Elogio à divergência”. Apenas dei um formato mais enxuto também a um escrito antigo meu. Publiquei devido ao mesmo conflito que você aponta, porém envolvendo a dita literatura marginal, que prefiro chamar, genericamente, de Literatura Divergente. Li os textos aos quais você se refere (ou responde….) e acho mesmo que perguntando a quem e por quem foi dado o direito de arbitrar (e já respondendo meio enviesadamente), você, ironicamente, já inicia o desmanche do castelo colonial do “bom gosto” atribuído. Sempre admiro a sua forma de considerar os discursos “subalternos”, às vezes me surpreendo até, fico intrigado, me perguntando “será mesmo” que o Duda pensa isso, ouve aquilo… (Lembra-se do recém consagrado Pastor Miller? Da iniciante Tati Quebra-barraco?…) Enfim, sei que é sincero e que, também a mim, desconcerta certos deslocamentos que você faz com tanta convicção e erudição tranquila e, diga-se de passagem, de dentro da redoma acadêmica. Gosto muito da provocação que seu texto faz (aliás, já havia lido antes; só que agora é um momento mais propício para mim). Posso reproduzi-lo no meu blog?
Saudade!
Com Respeito,
Nelson Maca - Blackitude.BA

- Duda:
Nelson, que massa vc ter curtido o texto. Como diz Caetano, ser pop é isso, é gostar das coisas. E eu gosto das coisas! Gosto, por exemplo, do bonde do maluco. Assim como gosto de Raul Seixas, Roberto Carlos, Odair José, Fernando Mendes, Carlos Alexandre… Gosto, por exemplo, dos Beatles fase iê-iê-iê - que, para mim, não difere, essencialmente, de nenhum arrocha. Ou seja, tanto bonde do maluco quanto Beatles é música ligeira, romântica, com letras “pobres” e muito divertidas. Quem quiser me provar que os Beatles cantando I wanna hold your hand é música “de qualidade”, vai ter que aceitar que “não vale mais chorar por ele” também é!E, sim, claro - e é uma honra! - pode re-publicar meu texto.Vou dar uma passada em seu blog.
Saudades também, duda

* Leia o texto na postagem abaixo

Visite o blog do Duda:
Foto1,2 e 3: O prório Duda
Foto 2: Sambista Riachão: Cd produzido por Paquito e J. Veloso - que Duda trabalhou arduamente na produção musical, além de participar como músico (aliás, da turnê também)

Crítica e Preconceito

.

Crítica e preconceito:
quando o gosto popular deve ser repreendido


Por: Eduardo Luedy

[O texto não é tão novo assim. Na verdade, ele data de abril de 2005. Lembro que o escrevi motivado por um amigo que me pedia que colocasse no papel parte de minhas elaborações teóricas sobre música popular. Principalmente por conta das polêmicas em que me envolvia em alguns grupos de discussão pela internet com meus pares - falo de músicos e/ou pessoas envolvidas com música popular. O que se segue, pois, talvez se encontre já um pouco datado, mas ainda traduz o que penso em grande parte. Bem, por falta de novidade e inspiração, segue o que escrevi.]

Bem, cá estou atendendo a um convite do Luciano Matos – que sei que partiu muito em função de certas polêmicas que encampei quando participávamos juntos de um grupo de discussão na internet. Achei, então, que seria natural atender ao que supunha ser uma expectativa dele em relação aos meus assuntos favoritos – discursos e textos (que circulam e produzem significados) sobre música popular, mídias de massa, diversidade e relativismo cultural.
Mas eu precisava de um novo mote para começar a escrever e assim foi quando assisti ao último programa Roda Viva da TV Cultura [exibido em 04/04 de 2005], cujo convidado, Tom Zé, estava lá para ser entrevistado sobre o seu novo cd – Estudando o Pagode.
O teor da conversa, principalmente quando passaram todos a lamentar a má qualidade de certos gêneros populares, notadamente o pagode paulistano ou baiano, me fez recordar de um texto que andou circulando na internet há alguns meses, atribuído a Luis Fernando Veríssimo. Ambos, texto e programa, ressoavam algumas das minhas questões favoritas: (1) com base em que parâmetros – éticos e/ou estético-musicais – podemos afirmar que uma música ou um gênero é “ruim”? e (2) quem se encontra habilitado para afirmar certas crenças e valores em arte e em música?

Mas vamos por partes. Primeiro eu havia ficado aborrecido com o consenso “esclarecido”, no programa da TV Cultura, entre músicos de prestígio (o próprio Tom Zé e o maestro Júlio Medaglia, que também estava lá para entrevistá-lo) e jornalistas de veículos “importantes”, acerca do que é bom e do que é ruim em música popular. Sem relativismos, com a certeza “mais certa” do que se tem como epistemologicamente “mais correto” em samba, Tom Zé e entrevistadores reafirmavam o que todos já sabemos ou deveríamos saber: o pagode “comercial” é lixo cultural, uma desvirtuação do “verdadeiro” samba.
Uma certeza que se encontrava bem representada naquele texto-brincadeira atribuído a Luis Fernando Veríssimo, com ataques ao pagode paulistano, à música sertaneja e ao funk carioca. O texto fazia graça com a noção de dependência química e seu recado era direto: diga não às “drogas musicais”, elas viciam, emburrecem, alienam. Ali chamava a atenção não apenas o preconceito explícito, em grande medida contra o pagode (principalmente quando descrevia os “sintomas” que acometem as pessoas ligadas a ele), mas a maneira como revelava a escala de prestígio social de certas manifestações musicais – obviamente, aquelas da preferência de seu autor: “meu tratamento está sendo muito duro, a doses cavalares de MPB, Bossa-Nova, Rock Progressivo e Blues. Mas o médico falou que eu talvez tenha de recorrer ao Jazz, e até mesmo a Mozart, Beethoven e Bach”.


Além disso, incomodava perceber que o efeito do texto-piada residia em fazer joça com o gosto “popularesco”, “kitsch”, “brega” de muita gente. E que o riso que provocava em nós dependia de um acordo, um consenso tácito de nossa parte: o de que mpb, bossa nova, jazz, blues, rock “progressivo”(?) bem como a música de tradição erudita européia, são todos música de qualidade, tudo o que o funk carioca, o axé, o pagode não são. Gostaria de acreditar que haveria uma dupla ironia no texto. Mas este não é mesmo o caso.
O pressuposto comum da condenação àquelas manifestações populares, em ambos os casos, no texto e no programa, parte da perspectiva adorniana que aponta para os aspectos “malévolos” da assim chamada indústria cultural – a massificação, a padronização, e o conseqüente “empobrecimento intelectual” de quem escuta aquelas músicas. Tais argumentos, contudo, quando encampados contemporaneamente por admiradores de certos gêneros de música popular (obviamente, não aqueles condenados ao ridículo pelo autor do texto apócrifo) podem e devem ser desconstruídos e criticados.

E isto não apenas porque tais argumentos condenatórios podem ser bastante contraditórios, uma vez que também se aplicariam aos gêneros populares reconhecidos como “de qualidade” (normalmente aqueles da preferência dos críticos, que se encontram autorizados a legitimar suas preferências mais pessoais, ainda que para isso eles não precisem teorizar muito). Mas também porque tais argumentos condenatórios baseiam-se numa maneira de conceber estética e, consequentemente, valor em arte que deveríamos descolonizar ou, no mínimo, atualizar – até por força das evidências empíricas, amplamente disponíveis por aí, acerca do prazer e do envolvimento real que estas músicas proporcionam a milhares de pessoas. Falo aqui das maneiras radicalmente diversas de envolvimento com arte que temos experimentado, de modo amplo e desde que as linhas que traçavam as fronteiras entre arte e entretenimento foram borradas pela chamada indústria cultural. Mas também desde que os avanços nas tecnologias da comunicação e informação ampliaram, em escala global, os meios de produção, circulação e recepção de bens culturais.
Em outros termos, precisamos discutir até que ponto parâmetros tradicionais para se definir o que tem valor estético ainda são válidos para dar conta de explicar as diversas manifestações culturais e artísticas que vivenciamos na atualidade. Ora, massificação, padronização e “empobrecimento” não são aspectos que possam ser tomados como “absolutos” em arte, mas sim relativos às suas formas de produção e aos valores de quem a vive. E isto vale tanto para Tom Zé quanto vale para o Harmonia do Samba.

Me parece claro também que a canção popular – tomemos o rock, como exemplo de música massificada e padronizada – é, regra geral, menos sofisticada melódica e harmonicamente do que, digamos, o Lieder romântico de Mahler ou Schumann. E, no entanto, sabemos todos que Little Richard cantando “tutti frutti” é um dos grandes exemplos de música do século passado, a despeito de sua “pobreza” musical. Assim como James Brown cantando sua “sex machine”.
Ora, se tomarmos como parâmetros de julgamento apenas seus aspectos “intra-estéticos”, ou seja, seus aspectos musicais formais (e mesmo a “qualidade” poética do texto daquele vigoroso funk de James Brown), fatalmente chegaremos à conclusão de uma relativa “pobreza” estética, artística e musical – a mesma a que se pode atribuir ao pagode, ao funk carioca e ao rock.
Também me parece óbvio que o valor que hoje atribuímos, com justiça, à vibrante música de James Brown depende também de aspectos contextuais relativamente ao momento em que o grandfather do soul se inseria: a afirmação de uma identidade negra positiva num momento de luta contra o preconceito e a segregação racial em fins dos anos de 1960 nos EUA. Em outros termos, o valor que atribuímos à música de James Brown não decorre apenas, como se esta fosse autônoma, de suas estruturas formais internas, mas principalmente dos significados que a elas fomos, de certo modo, atribuindo.
.
É sempre bom recordar que, assim como o pagode e o funk carioca, o rock em seus primórdios era música de proletários, do mesmo modo considerada pobre e obscena. Mudou o rock ou mudamos nós? E já que o tomamos como exemplo de cultura popular relevante, é preciso dizer que muito do rock contemporâneo continua ainda “pobre”, “tosco”, “agressivo” e, em muitos casos, obsceno. Ainda assim, faria sentido hoje condenar o rock por tudo isso?
E o pagode paulistano comercial? Por que ele é “menos” do que certos gêneros igualmente populares que têm prestígio por entre os chamados “formadores de opinião”? Em que termos musicais e artísticos objetivos, podemos apontar suas falhas estéticas? Ou a sua condenação é moral, e não estritamente musical? Além do que, sob o imenso guarda-chuva que estes rótulos abrigam – pagode, axé, funk carioca etc – é tudo igualmente ruim? E quem são estes “formadores de opinião”, por que estão mais habilitados que outros para afirmarem seus preconceitos por aí? Algum dia darão voz àqueles que apreciam, que vivem e convivem de perto com estas manifestações?
Paro aqui por falta de espaço para desenvolver mais estas questões. Se calhar, volto em outra oportunidade para defender com maiores e melhores argumentos a tese de que a condenação a estas formas populares baseia-se apenas, nada mais nada menos, do que (1) em questões de gosto pessoal – o que não quer dizer que isso seja pouca coisa – e (2) na capacidade que alguns têm de fazer com que seus pontos de vista e seus valores sejam tidos como “mais certos” – isto sim é muita coisa.


P.S. Tenho que fazer justiça a textos e pessoas que me inspiraram e/ou ajudaram a desenvolver estes argumentos: Caetano Veloso e Hermano Vianna (principalmente devido a uma matéria que ele escreveu para o jornal Folha de São Paulo, em 25 de Abril de 1999, chamada exatamente “Condenação silenciosa: desprezo a gêneros como axé e pagode revela o despreparo e a intolerância da mídia”), mas também a Richard Shusterman e a seu instigante e belo livro Vivendo a arte, da Editora 34.

Fotos (Todas da Internet - pra variar):
Foto 1- Negritude Junior
Foto 2- Tom Zé
Foto 3- Encarte do Cd "Estudando o Pagode" de Tom Zé
Foto 4- Harmonia do Samba
Foto 5- Little Richard
Foto 6- James Brown
Foto 7- Claudinho e Buchecha

Obs: Na boa, tentei ser democrático e não-preconceituoso como o texto de meu irmão Duda, mas, realmente, uma e outra foto aí no Blog dói na Alma!! Todas foram escolhidas por mim!
Paguei alguns pecados! Queiiiiiiiiima!!! Rsrsrsrsrsrsrsr
.

sábado, 29 de março de 2008

De que lado você samba?


"Os Radicais não têm escolha!"

.

Raimundo, Dea e a rapa que faz ativismo social lá nos Alagados mandam seu cartão de aniversário, não da "Roma Negra", mas do lado que lhes coube da nossa metrópole.

Eu, daqui, mais um resistente da Bahia Preta, somo meu manifesto-protesto.

Enquanto isso, que decisão é tomada na na sala de justiça:


"Nosso estado é destaque nacional no sentido do nascimento, ascensão e permanência das oligarquias, da arbitrariedade, da muito má distribuição de renda e dos grupos de extermínio dos miseráveis. Nossa cidade é um dos tentáculos deste polvo chamado estado. Nosso país também é o Brasil. O estado é a Bahia; a cidade é Salvador, sua capital. O bairro onde Marta, nossa soteropolitana legítima, que não é a Suplicy, entoca seus troços e descansa a carcaça velha de guerra chama-se pura e simplesmente Pela Porco. Seu barraco não precisa descrição, pense numa dessas peças que compõem a arquitetura das humilhações que estruturam umas quantas vizinhanças desse país. Esta é a história de uma mulher de família num lugar onde nem tudo é carnaval, capoeira e magia. Você já foi à Bahia Preta, nêgo? Então, venha pra ver só!"

(Trecho do conto A mãe dos filhos das Putas - meu)

Nelson Maca

sexta-feira, 28 de março de 2008

O Poeta Douglas de Almeida convida!!

.

Biblioteca realiza Instalação-protesto
na Praça Thomé de Souza

Dia 1º de abril (terça-feira) às 15h, a Biblioteca Betty Coelho será instalada na Praça Thomé de Souza, desenvolvendo todas as atividades que são realizadas regularmente no seu dia-a-dia, em sua sede no bairro da Boca do Rio.

A Instalação será um ato de protesto artístico-crítico-conceitual, em decorrência da biblioteca, ter sido obrigada a fechar, por falta de políticas públicas nas áreas das bibliotecas, da literatura, do livro e da leitura.

Entre as ações, teremos a presença de usuários pegando e devolvendo livros, poetas visitando a biblioteca para conversar sobre literatura, e a realização de um ensaio com o grupo Isto e Aquilo, formado por crianças.

Serão colocadas na praça, oito estantes de madeira com aproximadamente 1.000 livros, uma mesa de escritório, mesas de leitura e dez cadeiras, mais quatro painéis com fotografias e matérias de jornais.

O ato contará com a participação de poetas, cordelistas e grupos de teatro, parceiros em diversas atividades organizadas pela biblioteca, que em solidariedade, estarão se apresentando, cada qual com a sua arte.

Biblioteca Betty Coelho na Praça Thomé de Souza
Exposição de livros, recitais de poemas e performances teatrais
Dia 1º de Abril (terça-feira), 15 às 18h
Praça Thomé de Souza
- acesso livre


Biblioteca Infanto-Juvenil Betty Coelho


Biblioteca Infanto-juvenil Betty Coelho, especializada em literatura infanto-juvenil, inaugurada em 12 de março de 2005, com a filosofia de valorizar a oralidade, através da contação de histórias e recital de poemas. Desenvolve atividades artísticas e didáticas tendo como convidadas, escolas da rede municipal de ensino, como a Escola Municipal União Caridade e Abrigo e a Escola Municipal Julieta Calmon. Utilizando metodologias da arte-educação, estimula o processo de criação literária e interpretação de poemas em crianças de 07 a 12 anos de idade, tendo criado o grupo infantil Isto e Aquilo. Em 2007, foi o tema de uma monografia na Faculdade de Educação da Ufba.
Acervo: média de 2.000 livros de literatura – autores estrangeiros e brasileiros, clássicos e atuais – e outros suportes de informação: DVDs, CDs.
Coordenação: Jeane Sánchez e Douglas de Almeida

Tamo Junto, Douglas Poeta Guerreiro de Almeida!
Nelson Maca - Blackitude.BA
(Por acaso, Professor de Literatura Brasileira da UCSal)

* As fotos eu mesmo procurei Net!
Nesta última, está o poeta Douglas de Almeida.

Afinal, qual é a do Hip Hop?

.

Educação para Subversão


vereadores, prefeitos, deputados, governadores, ministros, presidente já deram as caras... ou as cartas.... já existem mcs, b.boys, djs e grafiteiros de carteira assinada, batendo ponto, saindo à luz do dia pro trabalho... concorrendo a prêmios de artista-operário padrão... já tem alunos de escolas de belas artes falando dos tais núcleos de graffiti... djs em banda de bossa nova... b.boys na dança clássica... departamentos e lojas inteiras de hip hop... malhação com rap... ginásticas hip hop... já tem grafiteiro divulgando telefone nos trabalhos.... já tem b.boy em propaganda de cursinho pré-vestibular... já tem mc vendendo coca-cola... os djs se alastram como praga... muita roupa.... muitas fantasias... e haja fotos, zines, fotologs, sites, blogs, listas.... e haja artigos, ensaios, monografias, dissertações e teses... e livros... diante de tanta “luminosidade” de fora, eu pergunto: afinal, qual é a do hip hop? como manter sua luz própria? qual é a nossa? a legalidade ou a marginália? a realidade ou a lealdade? a subversão ou a moralidade? o muro ou o museu? as páginas ou as paredes? a praça ou o teatro? a boca ou o disco? as ruas ou as universidades? a sombra ou a luminosidade? o centro ou a quebrada? fazer tantas questões não significa que eu tenha tantas respostas. aliás, não tenho nenhuma...

sei que existe um filme chamado “bomb the system”* que deixa qualquer espectador intrigado, e emocionado. retrata a parceria de dois grafiteiros: um mais novo e um bem mais velho; um branco e um preto; um fiel às ruas, à aventura; o outro com uma nova namorada, chamando-o para a “evolução” da arte. tudo situado no submundo urbano: ruas, festas, dinheiro, drogas, furtos de sprays, esquadrão anti-vândalos, crimes, perseguições, peripécias e muita estética nas margens. tudo narrado por um terceiro personagem. um atento e leal aprendiz que se envolve até os ossos nessa arte sujeita a chuvas, dias de sol e trovoadas; tempestades e calmarias. este filme trágico-filosófico problematiza a discussão acerca da razão de ser do graffiti e do grafiteiro com destreza, espontaneidade e beleza. não dá para assisti-lo e sair ileso.

quando terminam os 95 minutos de projeção, o espectador já não é o mesmo do começo. inevitavelmente, cresceu! e crescimento é uma palavra que, atrelada às palavras liberdade, beleza, verdade, rebelião e transgressão, sustentam a credibilidade do hip hop que comungo. no hip hop, ninguém deve sair como entrou. ou é isso, ou não é hip hop. porque o hip hop é revolução permanente. quando deixar de ser assim, será o início do fim. com o hip hop na moda, há muita sedução, alienação, engano, vaidade, traição, angústia, disputa. a verdade dos rebeldes tem que ser ecológica: divulgar, fortalecer e discutir criticamente a cultura hip hop como forma de evolução humana e impedir que o hip hop seja entregue aos saqueadores e/ou colonizadores da cultura de rua. mas não se deve esquecer do hip hop – muita política e pouco hip hop tem sido a tendência do movimento. ou, ao contrário, muitos artistas e poucos ativistas. como sempre: precisamos encontrar o equilíbrio. fazer mais do que preciosismo ego-centrado, ou ser mais que joguete nas mãos dos que não tem compromisso com a nossa tragédia urbana, o hip hop tem que proclamar a independência da arte e do artista: independência humana, política, étnica e estética. tem que promover o crescimento integral dos ativistas e simpatizantes. tem que contaminar os desatentos e enfrentar com consciência, convicção, altivez e firmeza os desafetos.

não há outro caminho, na minha concepção, senão o caminho da rebeldia contra todas as formas de prisão que sempre tentam apagar, calar ou cooptar os rebelados. o rap, o break, o graffiti, o dj que se quer sério não pode obedecer uma confraria de manjadas comadres; mas, também, que não seja um balaio de gatos, misturando ratos e cachorros numa harmonia insustentável. como ouvi na minha adolescência, e passei a dizer para mim mesmo: os radicais não tem escolha.

então, penso que não há concessões ou pretextos: hip hop é hip hop! hip hop é informação! hip hop é denúncia! hip hop é agressão! hip hop é transgressão! hip hop são vozes, linhas, movimentos e cores! hip hop são técnicas! hip hop é consciência! o hip hop que me interessa tem que ser mais que uma galeria de fotos e desenhos. mais que um sonzinho bom. mais que um corpo elástico ou mecânico. mais que riscos no vinil. mais que teses universitárias ou programas de televisão. tem que ser independente, para experimentar na forma e discutir a vida com profundidade e sem restrição alguma. tem que problematizar a cena, para que se diferencie o joio e o jogo. precisa debater as iniciativas governamentais, os contornos das nascentes profissões que o envolve e sua legalidade. saber dos falsos manos. precisa compreender a ação da academia enquanto faca de dois gumes. diferenciar o ativista em liberdade do carregador de bandeiras. diferenciar a expressão vital e visceral e o subproduto comercial baixo. precisa discutir os graffitis banidos da cidade pelos agentes governamentais que cobre as grafias de iniciativas não governamentais. da polícia que ainda vê nos artistas de rua vândalos em potencial. da inflação dos vinis nacionais e sobretaxação dos importados. do desprezo à independência dos 4 elementos nas políticas culturais. o hip hop precisa indagar como projetos oficiais pretendem atingir as periferias mais periféricas, respeitando suas especificidades – longe das câmeras de televisão e do olhar dos ilustres turistas.

a cultura hip hop em que acredito deve se perguntar a cada novo dia: afinal, qual é a do hip hop? a legalidade ou a marginália? a realidade ou a lealdade? a subversão ou a moralidade? o muro ou o museu? as páginas ou as paredes? a praça ou o teatro? a boca ou o disco? as ruas ou as universidades? a sombra ou a luminosidade? o centro ou a quebrada?

o hip hop, ao contrário de um problemático sincero como eu, deve sair de cima do muro, e arriscar algumas respostas...

com todo respeito, nelson maca (blackitude)

* Foi legendado com o equivocado título "Fúria de Pixadores" e, com sorte, pode ser encontrado numa dessas bancas da cidade por algo entre 15 e 20 reais.
.

quarta-feira, 26 de março de 2008

Seminário-Feira-Espetáculo-Da-Gente-Divergente

.
I Recado
Ao Velhos Poetas
"RetiRem-Se!"

Vem aí:

:poÉticaS diverGenteS 1:
"As Vozes da Bahia Preta"
(1 semestre)

:: poÉticas divErgEntEs 2 ::
"Vozes das Beiradas do Brasil"
(2 semestre)


II Recado
Aos Velhos Poetas
"Se engavetem com seus sonetos,
porque muito sangue vai rolar!"


2008 - Ano da Gramática da Ira


Diacronia

havia lama na rua
e de quando em quando
um corpo encalhado

o espetáculo que a história oferece

restos e gestos do sim
alimentos recicláveis
bonecas sem pernas carros sem rodas
arqueólogo das sobras
esmolas
o não

pretinho maltrapilho
com as manchas sujas da vida
sem saber bem por que
nas suturas das fraturas
cresci

eu na Ira
você na mira
não vê o que foi feito de mim

pena sangrenta na escrita da Ira
meu rabisco mortal
vai foder tua lira

(Graffiti: Peace + Limpo = TU - Turbilhão Urbano
(Poema: Nelson Maca - da Gramática da Ira

O guerrilheiro e o Delinquente


Manual do Guerrilheiro Urbano

O guerrilheiro urbano
é um homem que luta contra uma ditadura militar com armas, utilizando métodos não convencionais. Um revolucionário político e um patriota ardente, ele é um lutador pela libertação de seu país, um amigo de sua gente e da liberdade. A área na qual o guerrilheiro urbano atua são as grandes cidades brasileiras. Também há muitos bandidos, conhecidos como delinqüentes, que atuam nas grandes cidades. Muitas vezes assaltos pelos delinqüentes são interpretados como ações de guerrilheiros.

O guerrilheiro urbano,
no entanto, difere radicalmente dos delinqüentes.

O delinqüente
se beneficia pessoalmente por suas ações, e ataca indiscriminadamente sem distinção entre explorados e exploradores, por isso há tantos homens e mulheres cotidianos entre suas vítimas.

O guerrilheiro urbano
segue uma meta política e somente ataca o governo, os grandes capitalistas, os imperialistas norte-americanos.

Outro elemento igualmente prejudicial como o delinqüente, e que também opera no ambiente urbano é o contra-revolucionário direitista que cria a confusão, assalta bancos, joga bombas, seqüestra, assassina, e comete os crimes mais atrozes imagináveis contra os guerrilheiros urbanos, os sacerdotes revolucionários, os estudantes e os cidadãos que se opõem ao fascismo e buscam a liberdade.


Texto: Carlos Marighella

segunda-feira, 24 de março de 2008

Hamilton Borges Walê: palavras que sangram

.

Hamilton Borges Walê é o cara!!

Salve, Rapa,
segue aí o release de um bom programa para quarta-feira.
Quartinhas de Aruá, misto de conferência e recital de poesia que vem fazendo história em Salvador, traz "o cara" para um toque sobre literatura e vida de preto.
Trata-se de Hamilton Borges Walê, por quem sinto uma admiração profunda, um orgulho por estar perto.

Nelson Maca - Blackitude.BA
...................................................................

Release da produção:

"O que pode a minha poesia contra isso:
três jovens assassinadas lado a lado?
O que pode a minha poesia
contra esse costume brasileiro
de matar negros como moscas.
Nossos cupidos sendo brancamente mortos..." (Lande Onawale)

Salvador faz aniversário, mas nos falta ar para soprar as velinhas. A polícia baiana soprou primeiro os canos dos seus revólveres, sacou primeiro várias vidas deste mundo - se antecipou a Zambi... As velas que nos cabem agora são pra serem cravadas bem fundas no chão, iluminando ainda mais o mundo onde pairam novos ancestrais.
Seguimos, ainda, rindo e chorando, porque as emoções são uma espécie de tesouro do qual não podemos sequer pensar em abrir mão. Mas tá muito difícil respirar o ar soteropolitano. Todo trago parece invencível, muito amargo todo líquido, muito estranha quase toda alegria. Há um coral de anjos negros entoando um canto doce que nos persegue, encanta, constrange, e nos obriga a recolher as palmas e fechar a cara ante autoridades governamentais.
Com o mesmo objetivo de trazer ao debate temas que digam respeito ao negro e suas relações com a literatura, a "QUARTINHAS DE ARUÁ - encontros de literatura negra"
pretende discutir quais os limites e possibilidades da voz e do texto literário frente ao extermínio do povo preto perpetrado pelo Estado na Bahia.
Para isso, além de VOCÊS, contaremos com: HAMILTON BORGES WALE, ativista do MNU e da campanha do "Reaja ou será morta, Reaja ou será morto", NEGRA MONE, integrante do Grupo de Rap MUNEGRALE.

Em NOVO LOCAL, nosso encontro será no dia 26 de MARÇO, a partir das 19h, no QUILOMBO CECÍLIA – Rua do Paço, 37 (ao lado da escadaria do show de Gerônimo)

Após o CLICK!

.

Deixe seu recado após o CLick


O Blog Gramática da Ira tem recebido inúmeros e-mails endereçados para o meu e-mail pessoal ou para o da Blackitude. Muito bom, logicamente, porém seria melhor ainda postá-los no espaço dos comentários - aqui - do próprio blog.
- Por quê?
- Muito simples, para incentivar o responsável e fortalecer a FIRMA.
Firmeza? Então tá.

Veja aí alguns dos e-mails maravilhosos que tenho recebido fora do blog:

FRANÇA

Prezado Nelson Maca,Chamo-me Cyril e sou um jovem universitário / músico hip-hop / trabalhador social da periferia de Paris. Eu publicei um livro sobre "rap battles" e preparo uma tese sobre a poesia afro-americana : gosto muito dos poemas de Abdias Do nascimento, José Carlos Limeira, etc, e o seu blog "Grammatica da ira" esta inelutável para mim! O meu problema... é que fica muito dificil obter poemas do colectivo Blackitude, daqui em França. Um dia, espero ir no Brasil físicamente, mas o dinheiro não tem tido suficiente para poder sair por aí. Então, poderia você dizer-me como posso obter poemas dos autores bahianos como GOG, você, José Carlos Limeira, o grupo "TresPretos", etc... eu gostarei de encontrar textos escritos, e gravaçãoes, documentos sonores ?Muito obrigado,Cordialmente,Cyril Vettorato

Obs. Estou mantendo contato com este jovem. Pois é, ele, simplesmente, faz doutorado e sua tese será resultado de sua pesquisa sobre a poesia afro-descendente nos EUA e na América Latina. Ah! E seu livro publicado trata das batalhas de rap na França (Free-Style). Já encomendei o livro e, em breve, de leitor Cyril será um entrevistado do Blog. Firma!
.
BRASÍLIA-CEARÁ
Familia Blackitude, parabens pelas atitudes e correria. muita paz e sucesso ILC

Obs. Esse cara aí de cima é Leo Cabral. Conheci ele correndo com o hip hop. Já participou de eventos da Blackitude com GOG e também fazendo palestra e debatendo “ecologia” e desenvolvimento auto-sustentável. Ele também corre com a família Costa a Costa. É mole?
. SÃO PAULO
salve salve mestre
Nelson Maca
firmeza familia
ficou muito boa a materia
o zb agradece
muita força
assé
e que estas mensagens abra mais possibilidades de estarmos juntos novamente nesta guerrilha cultural.
agradecer a Bahia de todos os Santos que é tudo de bom pra nóis.
paz
inté
ha
..........................
Gaspar


Obs. Esse é o Gaspar da família Z’África Brasil. Parceiro Nato. A criança de nossa admiração e parceria já nasceu adulta.
.
BAHIA
Salve nego,
................................
Quando olho o blog fico emocionado ao ver a maneira que é dirigido e montado, com respeito inteligência e sem dourar a perola fiquei louco quando vi a foto de penga mas robson, só não ficou legal o escudo daquele time lá de são paulo que hoje é da segunda divisão rsrs até porque o blog é de primeiraOne Love! JOE


Obs. Esse e-mail do DJ Joe recebi hoje. O Joe é companheiro do dia-a-dia: amigo, irmão, parceiro, meio filho até (a diferença de idade quase permitiria). Sempre digo: os elogios que vem de dentro são ssempre especiais para mim, pois não podem resultar de mitos e/ou estereótipos. Ah, ele tem dois defeitos: um ser flamenguista; o outro invejar o Corinthians!

ORIGEM (?)
Paz,
eu me chamo Isabela..sou uma leitora convicta da gramatica da Ira ....bem.... eu queria umas indicações de livros que fale sobre o movimento hip-hop...quero me integrar mais...............
Aguardo retorno
Isabela
Axé!!!!
.....................
Nelson,
Adorei a entrevista ....apartir de agora sempre vou deixar os meus comentarios na gramatica da ira ...,.Nelson é o seguinte eu sou estudante estou cursando Pedagogia.....estou fazendo uma pesquisa sobre hip hop... para poder elaborar a monografia...e queria muito q vc indica-se alguns livros..
bjos
Axé


Obs. Esta é a Isabela. Sinceramente, não sei, exatamente, de que estado ela é. Também não importa. Importa que ela julga encontrar no Bog mais uma porta para a construção de seu conhecimento crítico. Fico feliz que os e-mails demonstrem que meu blog não é um diário ego-centrado nem um portal de Net-marketing.
Jás respondi a Isabela - é o que ela comenta no segundo e-mail.

SÃO PAULO
Vi ontem, acesso seu blog
Ficou da hora, é "nóis"
Buzo


Obs. Esse é o Alessandro Buzo: blogueiro nato. Hoje em dia, parceiro numas correrias. Conheci-o e estabeleci o primeiro contato através do Blog dele.
O meio de alienação “deles” é um meio de rebelião libertária para nós.

RIO DE JANEIRO
Valeu irmão. Me sinto feliz e lisonjeado com a matéria. Precisando é só contar conosco.Espero em breve retornar a Salvador para continuarmos o nosso trabalho.Grande abraço e parabéns pelo seu trabalho. Assim que tiver com seu livro pronto nos avise.
Filó


Obs. Enfim, o e-mail de um mestre, Dom Filó, protagonista da história recente de resistência da negritude crítica – embalou minha infância e juventude nos beats do Black Rio (que nos chegava, naquela época, em Curitiba).
.
Valeu a todos os aqui citados e os não citados aqui.
Fiquem a vontade para estabelecerem a forma de contato que julgarem melhor,
porém lembro que postar seus comentários no próprio Blog será um estímulo para que ele se desenvolva mais e melhore os serviços prestados, que são de riso e siso.

Nossa FIRMA é,
acima de tudo, de AMOR

A NÓS MESMOS e à CAUSA!


África! One People!!
One Love!!!

Nelson Maca

sábado, 22 de março de 2008

Literatura, Música e Futebol: Ópio Para o Povo!


* especialmente dedicado a Silvio Roberto de Oliveira dos Santos,
meu irmão!


Nosso Baba



Não faço poesia
Jogo futebol de várzea
No papel


Noutro dia publique aqui uma espécie de adaptação de Fio Maravilha de Jorge Benjor, fazendo uma brincadeira-homenagem com o meu parceiro Sérgio Vaz. Desde então, tô pensando na relação Literatura x Música x Futebol, para mim, a fórmula perfeita de um encontro feliz. Pois é, foi inevitável revisitar alguns textos que já trabalhei, principalmente em 2007 no mini-curso Arte do Chute: o Futebol nos Campos do Imaginário. O curso integrou o seminário Literatura e Futebol: Linguagens em Campo, que foi organizado pelo meu amigo Silvio Roberto de Oliveira dos Santos. Resolvi atualizar o curso e oferecê-lo, em breve, aos meus alunos (pode acreditar: eu tenho alunos!). Enquanto esse dia não chega, viajei neste diálogo abaixo, que quero dedicar também ao meu irmão Sérgio Zidane Vaz, cracão das várzeas lítero-futebolísticas do único Brasilzão possível em meu coração.

Preliminar:

A Europa curvou-se ante o Brasil

7 a 2
3 a 1
A injustiça de Cette
4 a 0
2 a 1
2 a 0
3 a 1
e meia dúzia na cabeça dos portugueses


O jogo:

A época em que partida de futebol era "match", time era "team" e goleiro era "goal-keeper", os escritores brasileiros não se importaram muito com o então chamado esporte bretão...

Domingo

Hoje quem joga?... O Paulistano
Para o Jardim América das rosas e dos pontapés!
Friedenreich fez goal! Córner! Que juiz!
Gostar de Bianco? Adoro. Qual Bartô...
E o meu xará maravilhoso!...

- Futilidade, civilização...

.... intelectuais, tempos depois, começaram a se (pré)ocupar com o tema, mas em princípio com suas filigranas, como aqueles doutos senhores da língua que, contra o anglicismo que designa o jogo que viria a ser nacional, propuseram o neologismo “ludopédio”. Bem fez o povo – que é quem cria a língua – em não seguir os gramáticos, preferindo “futebol” quando não “futibol”....

quero a vitória
do time de várzea
valente
covarde
a derrota
do campeão
5 x 0
em seu próprio chão
circo
dentro
do pão


....O brasileiro é tão bom de bola que o jogo vira bailado – tão ruim a realidade que um simples jogo vira a esperança nacional. Na partida entre o Homo Sapiens e o Homo Ludens, o Homo Sapiens perde de goleada. É pura dança: a trajetória do futebol em nosso país é espetáculo e “comercindústria”, glória e frustração nacionais, quando dentro dos estádios; tragédia e exploração nos bastidores quando o craque de ontem, manobrado pelos cartolas e pela imprensa, vira pobre esquecido de hoje.....

Fio Maravilha

E novamente ele chegou com inspiração
Com muito amor, com emoção, com explosão em gol
Sacudindo a torcida aos trinta e três minutos do segundo tempo um e um
Depois de faze uma jogada celestial em gol
Tabelou, driblou dois zaqueiros
Deu um toque driblou goleiro
Só não entrou com bola e tudo
Porque teve humildade em gol
Foi um gol de classe
Onde ele mostrou sua malícia e sua raça
Foi um gol de anjo
Um verdadeiro gol de placa
Que a galera agradecida assim encantava
Fio Maravilha nós gostamos de você
Fio Maravilha faz mais um pra gente ver


....Um assunto multifacetado, portanto, e que pode ser discutido – além do entusiasmo dos torcedores – pela psicologia, pela sociologia, pela política, através mesmo dos mecanismos ideológicos do estado, e ainda pela filosofia. E pode ser visto, descrito, narrado e examinado através da literatura.

Meio de campo

Prezado amigo Afonsinho
Eu continuo aqui mesmo
Aperfeiçoando o imperfeito
Dando tempo dando um jeito
Desprezando a perfeição
Que a perfeição é uma meta
Defendida pelo goleiro
Que joga na seleção
E eu não sou Pelé nem nada
Se muito for sou um Tostão
Fazer um gol nessa partida
Não é fácil meu irmão


Literatura? Os escritores brasileiros têm sido acusados de não tratar bem o tema, ou de simplesmente ignorá-lo....

.....Poderíamos pensar que o futebol, no Brasil e em outros países é uma expressão em si mesma. Expressão artística também, sem ser arte no sentido tradicional. E se o futebol é uma expressão em si mesmo, toda outra expressão está condenada a se diluir como se fosse um discurso sobre o discurso, redundância e, como toda redundância, imagem enfraquecida....

Ademir da Guia

Ademir impõe com seu jogo
o ritmo do chumbo (e o peso),
da lesma, da câmara lenta,
do homem dentro do pesadelo.

Ritmo líquido se infiltrando
no adversário, grosso, de dentro,
impondo-lhe o que ele deseja,
mandando nele, apodrecendo-o.

Ritmo morno, de andar na areia,
de água doente de alagados,
entorpecendo e então atando
o mais irrequieto adversário.

...............................................

Prorrogação:

Divina comédia humana

Estava mais angustiado
que o goleiro na hora do gol
quando você entrou em mim
como um sol num quintal


Assim foi...
Quando terminei este texto-bricolagem, estava ainda com uma sensação de estranheza (não sabia se sobrava ou faltava algo). Por via das dúvidas, para equilibrar a grandiosidade do poema de João Cabral de Melo Neto e a presença quase sublime do Divino Ademir da Guia, resolvi, simplesmente, seguir meu coração:

Hino o Corinthians

Salve o Corinthians O campeão dos campeões
Eternamente Dentro dos nossos corações
Salve o Corinthians De tradição e glórias mil
Tu és o orgulho Dos esportistas do Brasil.
Teu passado é uma bandeira Teu presente uma lição
Figuras entre os primeiros Do nosso esporte bretão
Corinthians grande Sempre Altaneiro
És do Brasil O clube mais brasileiro




Ficha Técnica
:

Texto de Introdução e desfecho
:
Nelson Maca
Texto base:
Flávio Moreira da Costa (Jogo preliminar: Ficção x Futebol)
Poemas e letras:
1. SérgioVaz, 2. Oswald de Andrade, 3. Mario de Andrade, 4. Paulo Leminski, 5. Jorge Ben, 6. Gilberto Gil, 7. João Cabral de Melo Neto, 8. Belchior, 9. Lauro D’Ávila
Fotos:
1. Torcida do Clube do Remo / 2. Paulistano (um dos primeiros grandes times do Brasil) / 3. Friedenreich (um dos primeiros craques do país / 4. Um cara liso de bola do time do Piraporinha - faz dupla de ataque com o Sérgio Vaz / 5. Criador e criatura: Jorge Ben e Fio Maravilha / 6. Afonsinho: craque e ativista que jogou bem e lutou pela dignidade da profissão de jogador de futebol (Pode crer: isso existe no Brasil!) / 7. Ademir da Guia: uma lenda (Erro histórico: jogar e se consagrar no Palmeiras!) / 8. Barbosa: aquele goleiro da final da copa de 50, no Brasil. Já ouviu falar? / 9. Escudo do timão (Réplica do Museu de Louvre: mais que uma Obra de Arte, um Patrimônio da Humanidade)

Nelson Maca

MC Kiko: Talento Nato

.
O rimador,
como o boleiro, não se define nem se explica. Rimar é um dom, divino segundo alguns, e a experiência mostra que o trabalho, o treinamento, a força de vontade e a perseverança, se podem transformar um versejador medíocre num poeta, não bastam para dar encanto e vida própria às palavras. O rimador de fato nasce feito, exatamente como o craque da bola, para quem o trabalho, o treinamento, a força de vontade e a perseverança são meros exercícios de aprimoramento. A Bahia também é um país de rimadores e craques. MC Kico é titular absoluto do esquadrão poético das ruas da soterópolis. Ele tem atuado como centro-avante matador do time do Afrogueto (que tem formado com a Blackitude há uma cara). O cracão mora no Bairro do São Caetano, e é extremamente respeitado na cena hip hop local. Sempre se destacou num drible mortal conhecido como Free-Style, apimentando-o com a ginga do Repente em contato criativo com pitadas de Ragga. Kiko é um dos grandes incentivadores desta arte na Bahia Preta. Sou fã incondicional deste atleta que, desde que vi em campo pela primeira vez, sei que toca a pelota sem perder o beat. Rima redondo como a bola que sai da inércia ao toque do pé de um craque.

Todo Respeito e Admiração ao Soul Brother Kiko / Nelson Maca

*Texto interferência sobe A história ilustrada do futebol brasileiro.

Conheça e Ouça o Afrogueto:
http://profile.myspace.com/index.cfm?fuseaction=user.viewprofile&friendID=88843088

Veja o MC Kiko num improviso em evento da Blackitude:
http://br.youtube.com/watch?v=gFB6TgLaBRU

* O graffiti ao fundo da foto é do Peace (TU - Turbilhão Urbano)
http://profile.myspace.com/index.cfm?fuseaction=user.viewprofile&friendid=154307190
.

quinta-feira, 20 de março de 2008

Take care of yourself, Brother

Enraizados e DMA Convidam


VEJAM QUE PROGRESSO
:

O Espaço de Referência da Rede Enraizados é mais uma conquista da molecada do Hip Hop Nacional na luta pelo direito à cultura, ao lazer e ao bem estar social. É motivo de orgulho para cada um de nós convidar você a comemorar conosco essa grande conquista, que ficou ainda melhor graças ao Prêmio Cultura Viva e aos parceiros locais da Cia. Encena, que foram decisivos para o início dessa nova fase da Rede, onde a militância se soma às ações de auto-suficiência, a formação para as expressões artísticas com profissionalismo e universalização das iniciativas.Seja bem vindo a Morro Agudo, ao Enraizados e ao nosso Espaço de Referência, porque afinal "cair na rede também é cultura".

Espaço Enraizados: Cineclube - Estúdio de Áudio e Vídeo - Biblioteca - Cultura Digital - Comunicação Alternativa - Cibermilitância - Literatura marginal - Hip hop - Teatro - Cultura popular.
Tudo no mesmo espaço!!!...

LOCAL: Rua Thomaz Fonseca nº 508 - Comendador Soares - Nova Iguaçu /
Rio de Janeiro / DATA: 05 de Abril de 2008 / HORÁRIO: 15:00h

Temos um encontro marcado, nos veremos no Espaço Enraizados!...

Maiores informações:
55 (21) 3064-4517
http://www.enraizados.com.br/
http://www.dududemorroagudo.blogger.com.br/

quarta-feira, 19 de março de 2008

POÉTICAS DIVERGENTES DA BAHIA: Um conto "antropológico" de Fábio Mandingo

.


Kaska

(ou : estudo sócio-etnográfico sobre os gringos carentes)

"Existe no Pelourinho, Centro Histórico de Salvador, na Bahia, uma novíssima e pós-moderna categoria sociológica, única e característica desta região, facilmente detectável em qualquer rápida pesquisa, mas ainda não completamente estudada e fixada por sociólogos, antropólogos, ou historiadores da história recente que povoam suas ruas e vielas: o gringo carente.

Fenômeno temporalmente situado no início dos anos 90, disseminou-se mais amplamente a partir dos anos 2000, com a continuidade das reformas arquitetônicas começadas na década anterior. Espalhados por todo o perímetro do Pelourinho, são encontráveis ainda em áreas adjacentes, como Dois de Julho e Santo Antônio, andam sempre em bandos ou em casais, raramente se aventurando sozinhos. Exercem diversas atividades “produtivas”, como venda de artesanato, malabarismo, malabarismo com fogo, malabarismo com bolas, malabarismo com pinos, malabarismo com pernas de pau, coordenação de ongs, venda de artesanato, coordenação de projetos sociais e artísticos, cuspe de fogo, bandas de música africana, dança do ventre, música flamenca, percussão africana, heiki, permacultura, venda de artesanato, astrologia e pudemos registrar mesmo o caso de um dos indivíduos estudados que instalou uma mesa para jogo de búzios em pleno Terreiro de Jesus, desaparecendo em alguns meses, fato cujo motivo não conseguimos apurar completamente. Fontes orais afirmam que brevemente teremos por aqui alguns deles ministrando cursos da tradicional Capoeira Angola.

São em sua maioria, jovens desiludidos com a rotina estressante das grandes capitais do primeiro mundo, mentes livres que não compactuam com o sistema opressivo e genocida construído por seus pais e avós, e que simplesmente caíram na vida, deixando o peso de suas culturas penderem sobre nossas cabeças. ( Se bem que o pesquisador não deva envolver-se emocionalmente com o objeto estudado, peço desculpas). Têm formação acadêmica em boas universidades dos seus países, mas não atuam em suas áreas de formação. Muitos guardam bem guardados, cartões de crédito internacionais, que podem ser usados a qualquer momento, embora isso não os impeça de ousar inúmeras façanhas para garantia de sobrevivência, como tentar vender pulseirinha de palha por cinco reais, vender berimbau de cabo de vassoura, disputar sinaleira com menino de rua, dar rasteira em roda de capoeira, vender cocaína com sonrisal e tomar sopa da LBV na Baixa dos Sapateiros, entre outras coisas. Estão pelas ruas do Pelô, vestindo suas roupas improvisadas e coloridas, cabelos trançados como o dos rastafáris, sandálias de couro, pulseiras de cobre, com os corpos cobertos por tatuagens e piercings.

Entre todos eles, Kaska era o pioneiro:
- Yo toi aqui desde qui o pelorino era mangue, mano, yo soy niño do Maciel, del tiempo in que nego tomava pico de xarope pra tosse, e llamar una mujer de donzela era ofensa gráve, entendió ahora?"

Autor: Mandingo


Para ler na íntegra: www.contosdagramatica.blogspot.com


Nós por Nós:

Fábio Mandingo, finalmente, começa a nos mostrar sua produção literária. Tenho lido seus escritos e.... cara!, depois conto tudo com calma, não esconderei nada. Digamos, por enquanto, que o homem tem as manhas!! Mandingo mandingueiro! Tenho gostado de tudo que leio dele. Ele faz parte dos escritores "divergentes" que tenho contato aqui em Salvador.
Veja aí, primeiro, o conto do rapaz e, depois, conversamos. Certo?
Por ora, basta dizer que ele não tem tempo nem disposição pra ficar de xurumelas verbais e retóricas encantatórias, pois tem um longo trajeto cultural, desenvolvendo algumas ações do caralho, que já fazem parte da história das insurgências reais da Bahia Preta. Capoeira de angola, biblioteca comunitária, rock'n roll, Quilombo Cecília, entre outras agitações no meio de campo, fazem parte do repertório de guerilha deste brother nosso.
Não bastasse, é historiador e participa "organicamente" de uma ocupação de Sem Tetos, seu endereço atual.

Sim!
Claro que ele fará parte da nossa I Coletânea Literária de baianos atípicos com textos nada odara, que não quebram na boquinha da garrafa, não são chicleteiros, acham Ivete Sangalo uma mala, não são convidados para se apresentar no Festival de Verão da de Globo, não suportam playboys coroa, como Durval Lelys, nem patricinhas de laboratório, tipo Claudia Leite, e que nunca pediram "benção-painho" a ACM, Jorge Amado e CaetanoVeloso.

Em breve, entrevista com Mandingo, fotos, projetos, etc e tal...
Por enquanto vamos ao conto!!

Nelson Maca,
apenas um rapaz afro-latino-americano sem dinheiro no banco, parentes importantes e vindo do exterior!}

segunda-feira, 17 de março de 2008

Uma Blognovela Patética

.
Qualqué coisa: liga nóis!

Estrelando: Robson Véio
Com: Ricardo Soares e Morcego do Sistema
Participação Especial: Peugeot do DJ Edilson
Interferências gráficas: Peace Turbilhão Urbano
Pretexto Sem Direção: Nelson Maca
Trilha sonora: Lumpen
Inspiração: Contos Celulares de Pensamentos Vadios
Patrocínio: Estopim Records
Uma produção: BEP: Blackitude Entretenimentos Periculosos
.


Cena 1 - Cabeça de Gelo


- Alô.. - Fala, ladrão! - Hã!? - Faaala, tru!!! - É do 9999.........
- Fala duma veiz, Jão! Cê qué o quê?
- Olha, me desculpe, mas eu acho que esse celular é meu... - Sim, e daí?
- Pô, amigo, eu preciso dele. Taí toda minha agenda. Dependo dela pra trabalhar.
- Sinto muito, véi, agora já quebrô a guia! - Pôxa!
- Ô, barão, nada contra o senhor, não. Sabe comé, né?
- Mas, meu, eu sou um coitado, não tenho nada. Você já ficou c’os trocado da carteira, sacou meu dinheiro do banco. Até minha aliança vocês pegaram...
- Pra ver, né tiu. A coisa tá pegando pra todo mundo. Se a situação tivesse melhor até que a gente dava uma estia pr’ocê. Mas, infelizmente, a coisa não tá boa pra nóis, tiu... tamo tudo no bico do corvo... u barato tá sinistro!
- Pra mim também tá foda - É, eu percebi, só vintão na carteira... e uma onça no banco...
- Onça? - Esquece, tiu!
- Pra vê a injustiça. Por que vocês não escolheram alguém com mais grana?
- Pô, né, tiu, tu é pé-rapado que nem nóis, mais bota mó marra, né!? - Como é? Não entendi.
- Se qué o quê, tiu, nesta pinta toda, pagando de fofinho, té parece que tem bosta no cu!
- Calma! - Tô calmo, tiu. Tô cabeça de gelo!


Cena 2: Pagando de Gatão

. - Sério... por que logo eu? - Pô, Jão, cê tá pagando de otário caquele pejô: prata, rodão, som no talo, braço pra fora, qué o quê?
- Nada disso, cara... porra, num paguei nem metade do carro ainda... falta vinte e oito prestações de quase seiscentos conto. Dois anos e poucos de consórcio.
- Paciência, Jão, agora fudeu. Já foi! Aí, ó, troca por uma barca mais favela. Um voyage, sei lá! Se liga, viu: se uns chapa quente enquadra você pagando de gatão por aí num tem volta não, nêgo.
- Sei... tá bom... mas... pôxa, cara... devolve pelo menos o celular, vai... preciso dele pra trampá. - Cê’acredita em deus, Patrão?
- Por quê? - Pois devia, tá ligado!? Cê devia era dar graças, tio... devia erguê as mão pro céu! - Eu já agradeci. Graças a Deus, vocês não levaram o carro, só os cds e o som.
- Pra vê, tiu, aliviamu a barra pro’cê.
- Mas levaram meu celular... - Cê preferia o quê, Jão, qu’eu te cortasse no aço...
(silêncio constrangedor)


Cena 3: Sistema do Vampiro

.
- Tá certo, cês me deixaram vivo. - Te demo um mole, Jão. Cê deu mó boi que nóis num tava bolado. - O quê? - Esquece, tiu!
- Não sei o que eu fiz pra merece isso. - Nem nóis, nêgo. Na real memo, nóis também é vítima! - Vítima!? Vocês? Como assim? - Do sistema, tiu!! - Do sistema!!?
- Sim. A culpa é do sistema capitalista! Todo mundo só se liga nas coisa material. Só consumo só consumo... É como diz o régue: sistema do vampiro.
- Do vampiro!!? - É... que anda sugando nóis tudo... o povo.
- Ãã!... - Pode crê, o rastamã dá uma idéia reta no barato. - Ah... tá... tá... tá bom.
- Pra vê, né, nêgo, o que o sistema faiz com nóis.
- E aí? - E aí o quê, Jão? - Meu celular... - Sinto muito, tiu, já foi. Dançô.


Cena 4: Jabuticaba Minha Cor!

. - Pô, minha cor, cê tá desconsiderando o irmão.
- Comé, barão!? Minha cor o quê?
- Pô, cara, eu sou preto igual a você. Vai desconsiderá?
- Óia só...! Té você, Jão? - Que que tem eu, amigo?
- Com esse papo de cor. Qual’é, barão? Ce é abestaiado, é? Irmão de cu é rola!
- Pô, negão, nós somos discriminados do mesmo jeito.
- Aonde!... é bem capaiz... só se for! Tá me tirando, coroa!?
- Vai negar que somos iguais? - Ce tá dizendo isso por que o bicho pegô pro seu lado, tiu. Se não, tava me tratando que nem zé-povinho.
- Pô cara, considere...
- Ói, tru: nêgo jabuticaba eu conheço de longe. Quem gosta de pardo é certidão de nascimento e IBGE. Se ligue, mon! É só o bicho pegá que lá vem os irmão! Vai na manha, coroa. Fique dando boi, não!


Epílogo: Liga Nóis!

.
- Então, tá... - Já era!
- Tem certeza que não vai considerá? - Nem dá ... nem qu’eu quisesse, mon.... o frete já tá encomendado.
- É isso mesmo? - Só! - Então tá. - Tá!

- Até logo, então? - A gente se vê, barão!
- Tá!
- Qualqué coisa, liga nóis!



..........................................
- A FIRMA:

* Publiquei este conto no livro organizado pelo Alessandro Buzo: Suburbano Convicto: Pelas Periferias do Brasil (http://www.suburbanoconvicto.blogger.com.br/). Há uma cara, penso em postá-lo aqui no Gramática... Depois de ler os “loucos” Contos Celulares de Sérgio Vaz (http://www.colecionadordepedras.blogspot.com/), senti-me inspirado.
Buzo, Vaz: é tudo nosso!

*Lumpen - Hardcore - Metal:
http://profile.myspace.com/index.cfm?fuseaction=user.viewprofile&friendid=55863320
.
*Peace - Graffiti:
http://profile.myspace.com/index.cfm?fuseaction=user.viewprofile&friendid=154307190

*Estopim
Records
http://www.estopimrecords.com.br/estopim/index2.html

* DJ Edilson
http://profile.myspace.com/index.cfm?fuseaction=user.viewprofile&friendid=182269963

Todo Respeito e Amor aos Parceiros ao Lado!!!!