quinta-feira, 30 de julho de 2009

Andei Road! Com Destino...

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Cooperifa.SP nas Estradas.SC


Neste mesmo mês de julho de 2009, acompanhei, pelo Colecionador de Pedras, blog de meu Irmão Sérgio Vaz que leio diariamente, uma turnê fantásticas de quatro poetas da Cooperifa: Cocão (Versão Popular), Jairo (Periafricania), Rose (Musa) e Sérgio Vaz (Viralata de Pensamentos Vadios).

Não sei muito o que falar a não ser que senti a mais sincera e positiva inveja. Sim, doeu-me profundamente o cotovelo de tanto que admirei a façanha.

Parabéns aos quatro pela viagem poética na grande São Paulo e fora dela... Parabéns à Cooperifa por tantas ações positivas por nós mesmos e para nós mesmos... por tantas conquistas que tem alcançado... Principalmente por levar tão longe a poesia das bases, das margens, das periferias, das divergências.

Não digo longe em quilômetros, mas em saraus, livros, parcerias, dedicação e amor...

- Valeu!

Curti cada postagem como se eu mesmo estivesse em SC com vocês... não no palco, mas em cada platéia que teve o privilégio de suas presenças inspiradas.

Quem quiser saber mais, ver mais, do que estou relatando, passe lá no blog do Sérgio Vaz:
http://www.colecionadordepedras.blogspot.com/

e confira tudo: textos, fotos, comentários. Vale a pena. Poucas vezes vi a poesia "em coletividade" ser tão respeitada!

Aproveito e expresso minha real simpatia e amizade por esse três companheiros do Viralata:

Cocão
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mc do bom grupo Versão Popular que começa a ganhar a cena;

Jairo
-
mc do bom grupo Periafricania (ouço muito aquela demo, Jairão); O Jairo é o Irmão que tão bem me recebe em São Paulo, mostrando cada esquina, cada atalho;

Rose
-
grande luz negra da Cooperifa, não a toa conhecida como a Musa - sempre simpática, sempre sorridente.

Parece que minha Família Positiva aumenta mais e mais rapidamente depois que me bati com a Cooperifa.

Enfim,
obrigado por aceitarem este perna-de-pau nesse "Timão" de vocês...

Nelson Maca
Cooperifa da Bahia Preta

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Joinvile - SC - 19/07/2009

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Jaraguá - SC - 20/07/2009



Blumenau - SC - 21/07/2009

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Itajaí - SC - 22/07/2009

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Laguna - SC - 23/07/2009

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Tubarão - SC - 24/07/2009

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São José - Grande Florianópolis - SC - 25/07/2009

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Não esqueça, hein, dá uma passada lá no

http://www.colecionadordepedras.blogspot.com/

ps. todas as fotos foram sequestradas de lá!

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Cotas - para além dos sins e dos nãos individuais!

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COTAS: A FACE MAiS PROFUNDA DA iNTRiGA...

"O procurador-geral da República, Roberto Gurgel, enviou parecer ao Supremo Tribunal Federal (STF) contra a concessão de medida cautelar pedida pelo Partido Democratas (DEM) em arguição de descumprimento de preceito fundamental (ADPF 186) que questionou a política de cotas adotada pela Universidade de Brasília (UnB). De acordo com ele, ao contrário do que alega a legenda, o princípio da igualdade, tal como concebido no sistema constitucional brasileiro, não só é compatível, como, em determinadas situações, até reclama a promoção de políticas de ação afirmativa, para superação de desigualdades profundamente entrincheiradas nas nossas práticas sociais e instituições.

No parecer, Gurgel explica que a Convenção Internacional sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação Racial, devidamente incorporada ao ordenamento interno brasileiro, é expressa ao autorizar as políticas de ação afirmativa baseadas em critério racial para favorecimento de indivíduos e grupos em situação de desvantagem. Destaca também que o art. 3º, inciso IV, da Constituição Federal, ao vedar os preconceitos de raça, sexo, cor, idade, e outras formas de discriminação, “não pode ser visto como um empecilho para a instituição de medidas que favoreçam os grupos e segmentos que são costumeiramente discriminados, ainda que tais medidas adotem como fator de desigualação qualquer destes critérios”.

Na ADPF, o DEM propõe como tese central que políticas de ações afirmativas “racialistas” (sic), como as implementadas pela UnB, seriam inconstitucionais, resultando de um descabido mimetismo do modelo adotado nos Estados Unidos para enfrentamento da injustiça social. Segundo a ação, o principal argumento invocado em favor das políticas de ação afirmativa é a teoria da justiça compensatória, que visa a retificar, no presente, as injustiças cometidas contra os negros no passado. Isso, de acordo com a argumentação, seria inadmissível, pois não se pode atribuir às pessoas de hoje a obrigação de repararem os erros de seus ancestrais.

Para o procurador-geral da República, há dois equívocos na afirmação do DEM de que o principal argumento em prol da ação afirmativa para afrodescendentes no Brasil seria a justiça compensatória. De acordo com ele, a justiça compensatória não é o único, nem o principal, argumento em favor da ação afirmativa para negros no acesso ao ensino superior. Além dela, há a justiça distributiva, a promoção do pluralismo nas instituições de ensino e a superação de estereótipos negativos sobre o afrodescendente, com o consequente fortalecimento da sua auto-estima e combate ao preconceito:

Justiça distributiva – Para Gurgel, argumento essencial nessa questão é o da justiça distributiva. Ele sustenta que o quadro de dramática exclusão do negro, no presente, justifica medidas que o favoreçam e que ensejem uma distribuição mais igualitária de bens escassos, como são as vagas em uma universidade pública, visando à formação de uma sociedade mais justa. “Esse argumento não tem em vista o passado, como o da justiça compensatória, mas sim a construção de um futuro mais equitativo”, afirma.

Promoção do pluralismo – O procurador-geral defende que o Brasil tem como uma de suas maiores riquezas a diversidade étnica e cultural e, para que todos se beneficiem de tal riqueza, é necessário romper com o modelo informal de segregação, que exclui o negro da universidade, confinando-o a posições subalternas na sociedade. “Especialmente no ensino, o convívio com a diferença torna a formação e o aprendizado do estudante uma experiência rica para todos”, diz.
Superação de estereótipos – Ainda segundo Gurgel, as políticas de ação afirmativa baseadas em critérios raciais são positivas na medida em que quebram estereótipos negativos que definem a pessoa negra como predestinada a exercer papéis subalternos na sociedade.

Sobre a concessão de liminar, ele explica que, caso concedida, atingiria um amplo universo de estudantes negros, em sua maioria carentes, privando-os do acesso à universidade. E também geraria graves efeitos sobre as políticas de ação afirmativa de corte racial promovida por dezenas de instituições no país. “Um precedente do STF contrário às quotas para afrodescedentes teria reflexos dramáticos sobre todas as universidades que promovem medidas de discriminação positiva em favor de negros ou outras minorias, gerando grave insegurança e intranquilidade, e levantando dúvidas sobre a legitimidade da situação dos milhares de estudantes em todo o Brasil que já são beneficiários de tais políticas públicas.”

Secretaria de Comunicação Social
Procuradoria Geral da República
(61) 3105-6404/6408


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terça-feira, 28 de julho de 2009

GOG - O Poeta do Rap!

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A voz do Brasil


- GOG -


Todos em frente todos ao ataque!
É chegada a hora de mostrar quem nós somos
E dizermos de uma vez!
Nós estamos vivos, cremos nisso
Não seremos eternos submissos

A fórmula pra vencer não inclui o sucesso
Eu sei o fracasso começa com uma dose de descaso
Esse não pode ser o nosso caso

Então

Alfabetização, alimentação, habitação,
Dignidade, igualdade, seriedade
Todos em frente todos ao ataque!
Só assim nossos direitos se tornarão realidade


Fonte: CD - Vamos apagá-los... com nosso raciocínio

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segunda-feira, 27 de julho de 2009

De Michael a Me'Shell

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Dreadlocks
:: Me'Shell (de Artur) Ndegeocello

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Ontem recebi a visita de um menino que vi crescer

Aqui mesmo, em Salvador, fomos vizinhos de apartamento por sete anos. Há dois anos mudei de lá, mas moro a cinquenta metros apenas. Logo... tudo certo como dois e dois são mais que dois...

Caraio, o tempo passa mesmo, né?...

No natal de 2008, a Luiza me pediu o Thriller, e eu dei depois, pois ela passou o natal com a avó e tios e primos lá em Curitiba, cidade sem riso...

Eu preciso muito contar esta história: Nelson Maca x Michael Jackson x Luiza Gata.... mas vai ser depois , tá?...

Quando o Michael Jackson morreu, lembrei demais da minha infância e adolescência. A morte dele fez renascer pessoas, lugares e acontecimentos em minha cabeça...

Tenho tentado falar disso de forma fragmentada aqui, mesmo incomodando um certo comentarista anônimo que usa pseudônimos e me acusa de racista por falar, comovido, no Michael que conheci um dia, e que nunca mais deixei de ser fiel...

Pois é, como lá no Colecionador de Pedras, deu de aparecer, por aqui também, um Trapezunga anônimo falante... rsrsrs... Mas é bom, porque Exu que é Exu de verdade não aceita ser Diabo, né, não, Erê!? rsrsrs

O incrível e bom é que, não sei porque, do nada, pensei em você, GOG, meu Irmão, e em você, Sérgio Vaz, meu Irmão, como se tivessemos sido amigos à época. Sempre me pareceu isso: que cresci ao lado de vocês dois, ouvindo o Irmão Michael...

Sei lá: eu morava em Curitiba, o Sérgio em São Paulo, o GOG em Brasília e o Michael Jackson na Terra do Nunca, mas sei que estávamos juntos. Por isso continuamos juntos, nossa aliança é a Morada do Sempre. Nossas razões e sonhos se conheceram - em torno de Michael Jackson - e somente trinta anos depois apresentaram nossa matéria uma a outra!

- Nossa!, esse parágrafo parece do Viralata, muleque!

Pensava nessas fitas de afinidades também, agora, quando falava desse menino, meu vizinho; pensava que o tempo passa, mas não passa!, pois me vejo renascido também nele...

Loco, né: sei que, como a turma assiste os clipes de Michael agora, ouvem suas músicas, dançam talvez... nós assistíamos os mesmos lançamento na mesma hora dos mesmos canais de tv... e mesmos programas até... talvez dançássemos nas mesmas tardes-matinês de domingo... nos mesmos embalos dos sábados a noite. Vivos, tão soltos e livres que éramos Reis... (mas que heresia, hein: os Beatles não frutificaram em nós...)... Menores, tínhamos que entrar disfarçados nas boates (eu cheguei a usar a identidade de meu irmão; mas, como eu era grandão, aos dezesseis, me arriscava mais... ).

É verdade!

O Artur (esse é o nome de meu vizinho) veio me visitar, para trocarmos algumas idéias a respeito de um trampo que estou fazendo. Um trampo que começou despretencioso e agora começa a tomar ares de complexidade (ainda não aprendi transitar bem na supefície!). Porém, antes de entrarmos no assunto que nos aproximou ontem, ele jogou na minha cara, sem pena nem dó, do fundo de seu mp3, toda a massa sonora que, de tão imantada, fez diminuir a minha ignorância como num passe de mágica.

Tive uma aula de música hoje!

Primeira lição: abrir os ouvidos, os olhos e as mentes (todas)...

Help, Suassuna... Socorro, Tinhorão...

Obrigado, Artur...


Nelson Maca
Exu Cego, Surdo e Mudo, porém tocado pela graça das crianças...

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sexta-feira, 24 de julho de 2009

Favela Toma Conta!

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Favela Toma Conta


Neste domingo, 26/07, em São Paulo,
19a edição do Evento Favela Toma Conta

Entrada Gratuita !!!


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Diz Alessandro Buzo, idealizador e anfitrião da cena:

- Todos estão convidados para celebrar o Hip Hop com um dos pioneiros do Rap Nacional (Thaíde), mais uma atração internacional (El Chojín da Espanha), um mineiro de Uberaba (Lindomar 3L) e duas atrações da região, de São Miguel ‘Criminal Rap’ e do Itaim Paulista ‘Herdeiros na Missão’.

Tudo de graça.............. com poesias de poetas presentes e sorteio de livros.

Distribuição do jornal Boletim do Kaos


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O Favela Toma Conta,
como vocês devem saber, é um evento que tem como articulador o meu parceiro e amigo Alessandro Buzo, que já desenvolveu atividades em Salvadoor com a Blackitude e também em Alagoinhas com a o MC Mamá e a Comunidade Hip Hop do Barreiro, nossos super-chegados!

Buzo é escritor, apresentador de um quadro no programa Manos e Menos da TV Cultura de São Paulo, ativista, produtor de hip hop e proprietário de uma loja especializada em "literatura divergente" (Marginal, Periférica, Maloquerista...). É a primeira que eu tenho notícia!

Como se não bastasse, atualiza diariamente cinco blogs e está em fase de finalização de seu primeiro filme: Profissão MC, que traz o Rapper Criolo Doido com protagonista.

Eu sei que, como eu, você tabém, a primeira vista, deve desconfiar de curriculuns extensos e variados, mas eu não poderia deixar de apresentar aqui, no blog, a importância do Alessandro Buzo e outros parceiros de luta cotidiana para a cultura de resistência que, a cada dia, se faz e refaz, se renova e inova - no centro das periferias do Brasil.

Sei de quem estou falando!
E não falaria se não soubesse... ou soubesse demais... rsrs

Costumo dizer que o dia do Buzo, diferentemente dos reles mortais, parece ter 48 horas... e gosto de chamá-lo de Maquinista!

- Ligou!?

Salve Buzo,
salve a quem cola e apóia, enfim,
integra o comboio da Suburbano Convicto Produções!

*Para mais e mais detalhes, acesse:
http://www.suburbanoconvicto.blogger.com.br/


Nelson Maca - Mais um Suburbano Convicto!
Corpo em Salvador, cabeça e coração nas quebradas do mundaréu!

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* Todas as imagens sequestradas no blog http://www.suburbanoconvicto.blogger.com.br/
(1- Cartaz / 2- Lindomar 3L / 3 El Chojín

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quinta-feira, 23 de julho de 2009

Quase quase uma grande notícia... quase

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GOG - O Poeta do Rap Nacional


participa do

"Sarau Bem Black"
em setembro!


tá quase quase tudo certo!
88,927% fechado...


Vibrações Black aí
,
Negrozzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzz
zzzzz



*Logo logo confirmamos a presença do Irmão
e revelamos os corres na cidade!


"Blackitude Vibration"
!


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Pretas Palavras do Poeta Preto

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A cor da minha poesia!

- para os poetas pretos
Zinho Trindade, Crônica Mendes e Michel da Silva
-

(minha família sempre se amplia para mais e melhor!)

Chamo minha poesia de “poesia negra”, porque com ela quero minha vida literária articulada sempre ao mundo africano que me gerou. Ela é meu contraponto consciente aos processos criativos que nos apagam ou distorcem física e culturalmente através dos diversos estereótipos construídos e difundidos pelos blablablás centrais, oficiais e hegemônicos.

E não estou sozinho nesta frente.

Em Salvador, por exemplo, existe uma comunidade negra respeitável que encontra na literatura seu contexto ideal para emissão e recepção de assuntos e recursos expressivos que, sem perder de vista a preocupação literária explícita, mantém seu compromisso político na luta contra as desigualdades e na afirmação de nossas diferenças étnicas.

Parte dessa comunidade atuante participará comigo no Sarau Bem BLack (veja postagem abaixo)... mas há muito mais...

Vocês verão com o tempo!

Em vez dos temas clássicos da literatura universal, e das utopias da modernidade, nós, escritores negros, orgulhosamente auto-denominados, damos lugar a uma prática verbal voltada para nosso cotidiano particular: em assunto, ritmo e alma.

Nossa matéria é a experiência histórica da escravidão de nossos antepassados e nosso trânsito na condição de pessoas pretas no presente. Elementos históricos e biológicos que determinam nossos conflitos atuais, na Bahia Preta e no Brasil Branco como um todo.

Sabemos e comprovamos diariamente que, no país que estamos, se pratica um racismo institucional e a maioria do povo negro é empurrada para os bolsões de miséria, ignorância e violência.

Metaforicamente, isso vale também para a nosssa literatura em diferença.

Por isso nossos poemas e narrativas se, por um lado, destacam e enaltecem as positividades do mundo negro, por outro, denunciam e questionam as atrocidades dos comportamentos particulares ou coletivos - todos historicamente opressores.

Nossa poética funda-se na nossa consciência histórica e mítica necessária, para se pleitear uma auto-identidade positiva.

O termo “literatura negra” faz-se representativo, para nós mesmos, por tratar das coisas dos negros, as nossas coisas - bem dito, apresentando traços ideológicos e estilísticos específicos de nossa própria voz. Tudo enunciado num discurso direto em primeira pessoa - ou escrita na contundência de nossa caligrafia pontiaguda rasgando a página maculada.

Nas articulações dessa literatura, nas vielas desta favela de verbo encarnado, localiza-se o barraco opulento da cosmovisão do povo preto – nossa “negrovisão”. Nosso lugar não simplesmente por exclusão, mas por escolha em rebeldia.

Incorruptível!

Minha escritura também se constrói no esforço lingüístico em compor, no tecido gramatical e simbólico, um texto belo. Porém não ameniza a urgência de se fundar uma identidade agressiva aos "padrões de excelência externos" pela soma das reminiscências de uma ancestralidade perdida e dos valores do novo mundo que me são afirmativos.

Contudo, não silencio as adversidades que sofremos no passado e/ou na atualidade. Porque professo a tensão explícita. Não comungo os mitos do branqueamento e da democracia racial... mesmo quando disfarçados nas black faces e nas perucas black power que estão na moda.

Sinto necessidade vital de afrontar e enfrentar - olho-no-olho - as imegens e valores negativos atribuídos a mim pelos documentos secularmente privilegiados. Tudo que faço é me opor, frontalmente, aos ensinamentos tortos de tantos professores que tive!

- Minha literatura é de reação; você percebe!

Na inversão da ordem dos limites literários convencionais, nós, os escritores negros rebelados, os estudantes fujões, somos nossos próprios senhores: da cópia só aceitamos ser o modelo, do objeto apenas o sujeito - dos meio apenas o fim!

E nada mais!!

Nossa voz arisca belisca a isca na linha direta do resgate das tradições e libertação das nossas atualidades. Eu mesmo quero ser o vilão e o herói que me cabe. Nada mais, nada menos: acertar e errar categoricamente! Ou então ser o homem comum, sem a destreza da bola no pé, a voz de pássaro, as cadeiras elétricas ou o falo eternamente ereto.

- Sempre preto, viu, minhas queridas armadilhas universais...

No plano geral do Brasil e de suas práticas e representações simbólicas hegemônicas, minha literatura quer, apenas, ser um conflito não uma síntese; o problema não a solução. Sei que sou um jogo de contrários, expondo minhas condições sociais adversas nas minhas frases tortas de tão controversas. Mas sei também que sou reto demais na calmaria e não faço curvas ao gosto do vento.

- Se você me entendeu.... bem-vindo ao grande debate, negão!

...

- Se não... vem de lá com seu soneto engavetado... que vou de cá com meu free-style maloqueiro!


Nelson Maca – Poeta Preto Loquaze Local


Imagem: Last Poets

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domingo, 19 de julho de 2009

Em Setembro: Sarau Bem Black

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Blackitude: Sarau Bem Black

A coisa tá se dedobrando bem legal. Há muita expectativa em mim. Para nós, Blackitude e Sankofa, trata-se de um projeto piloto. Se vingar, já sabe, né, negão? Vai ter continuidade... e o Pelourinho vai ficar pequeno para os poetas da Bahia Preta e os que estiverem de rolê na cidade...

Sei, sinto que vai virar legal. Tem gente boa se pronunciando. Quem tá colando é de chegada!

Escolhemos a quarta-feira por dois motivos: o primeiro porque se trata do mesmo dia que acontece o Sarau da Cooperifa lá em São Paulo. Há tempos quero realizar saraus com a Blackitude, mas, depois que o GOG me apresentou ao Sérgio Vaz e tive a oportunidade de conhecer a Cooperifa, esse dia tornou-se imperativo. A primeira experiência tem que ser na quarta, para tentarmos girar na mesma vibe dos nossos queridos irmãos paulistanos.

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O segundo motivo é um tanto contraditório - se não arriscado (rsrs) - pois trata-se de um dia da semana que o Pelourinho anda praticamente morto! Penso que, na manha, na humilde, vamos fazer deste dia o dia da poesia preta da cidade de Salvador. Não precisaremos concorrer com tantas ações e eventos de outros dias. Também não queremos parasitar as sobras de outras frentes já tradicionais por lá. Para alguns pode parecer vaidade, eu sei... É foda, eu sei... mas queremos construir, no comando, cada passo....

Tem que ser tudo nosso, né Vaz!?

O primeiro passo já foi dado: o encontro saudável com o DJ Sankofa e as vibrações positivas do Sankofa African Bar soara como um convite sedutor para mim, para a Blackitude, para a poesia. Antes de tudo, será uma alegria estar residente lá, dividindo a casa com Magary, por exemplo, um músico foda que apresenta seu black semba todo sábado na casa... Você conhece o irmão? Corra pra lá, então... depois você me diz!

Enfim, o time de poetas já está escalado, os filmes já ecolhidos e o dj que embalará os fins de noite, pronto. rsrs

Os poetas - já convidados e confirmados - são:
José Carlos Limeira e Jocélia Fonseca (09.09);
Giovane Sobrevivente e Choque Cultural (16.09);
Iara Nascimento e Art'kizumba (23.09);
Hamilton Borges Walê e Landê Onawale (30.09)

Sentiu só? O bicho vai pegar, e vai pegar bonito, Negona!!

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Os anfitriões deste time são:
Nelson Maca & As Rainhas + Joe

As Rainhas
são:
Lucinha Black Power, Luiza Gata
e Negra Íris

Participação especial:
Robson Véio (Lumpem e Arterisco);
Lázaro Erê (Opanijé)

O Dj Joe balançará a sequência final de cada quarta-feira.

Logo volto para anunciar os filmes... mostrar imagens... e muito mais sobre tudo e todos!

Vamo que vamo...

Ah, a entrada vai ser free, porém com lista na porta e/ou convites antecipados, certo?
Ah, haverá, logicamente, o open mike - microfone aberto aos poetas presentes.

Você vai pintar lá?


Nelson Maca

"A Vibração da Blackitude é Positiva!"


foto 1 = Maca + Fábio Mandingo + Lázaro Erê
foto 2 = Negra Íris
foto 3 = Luiza Gata


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sexta-feira, 17 de julho de 2009

zum be or not zum be?


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- Zum Bi or not Zum Bi ?
- ZUMBI!!

É esta a nossa Questão!

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Aí, ó!,
Só pra não esquecer

Blackitude
II Cultura Black na Diáspora
Tributo a Fela Anikulapo Kuti

No segundo Semestre, hein !

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Lembra-se do primeiro?
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Aí foi, apenas, o baile de encerramento...

Teve antes:
Carlos Moore - Cuba+Jamaica, Ubiratan C. de Araujo - ba, Luiza Bairros - rs, Dom Filó - rj, José Carlos Limeira - ba, Raimundo Coutinho - ba, Ana Célia - ba, Ceres Santos - rs, Lazzo Matumbe - ba, Negrizu - ba, Nelson Triunfo - sp

- Filmes sobre a Cultura Black na Diáspora
- Hip Hop na Praça com artistas da Blackitude
e parceiros de Salvador
- Zine Na Lata Especial...

De longe, o evento
sócio-negro-político-dançante-divergente
mais louco que já produzimos!

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Agora, vem aí FELA!
Viiiiiiiixe!!

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quarta-feira, 15 de julho de 2009

Roots Rock Rap Poetry

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Um só Caminho!

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Fomos convidados, eu e Negra Íris, para falar uns versos no evento
Um só Caminho.

Aceitamos, e, sinceramente, esperamos participar com identidade e qualidade do barato. Já tava de boa ficar na platéia, apenas curtindo a diversidade musical da noite: Versu2, MC Mareshal (RJ), Lumpen, Arterisco, MC Diego 157 e Dj Bandido; mas, como nos convidaram a subir ao palco, vamos com palavras, imagens e ritmos afiados, podem ter certeza.

Logo divulgamos o release completo aqui.
Por ora, convidamos a todos a pintar por lá...

Vai ser na Zauber Multicultura,
que fica na Ladeira da Misericórdia, n. 11, Centro.

Pra quem não sabe,
é aquela ladeira atrás do "belo" prédio da prefeitura de Salvador.

Será no dia 09 de agosto à partir das 16h.

O custo do ingresso é de R$ 10,00.

É tudo nosso!!

Nelson Maca - Poeta da Blackitude.Ba

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terça-feira, 14 de julho de 2009

Setembro Afro-Poético

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Blackitude - Sarau Bem Black


Nelson Maca & As Rainhas


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Programa Piloto
(que dará origem à série)

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Cada Quarta Quatro Movimentos

I Movimento
:
Filmes
Literatura Urbana Atual

II Movimento:
Nelson Maca & As Rainhas
+ Poetas Convidados

III Movimento:
Open Mike
Poetas Voluntários

IV Movimento:
Dj Joe
Pra sacudir o esqueleto!

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Quando?
Setembro: 09-16-23-30
- quartas-feiras -

Onde
?
Sankofa African Bar - Pelourinho

Horário?
das 19 às 23h


Muito em breve, todos os detalhes da programação...

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"de Poeta pra Comanche
de Comanche pra Poeta"


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domingo, 12 de julho de 2009

Um clássico!!

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Leva o carro


A Estação Pirajá está sempre cheia de odores
De ambulantes, de buzus, caramelos
Cachorros quentes, fumaças e suores

Ali começa a aeróbica de todos os dias

E lá vou eu espremido, moído
sardinha socada na lata, cheia de óleo
Quase humano...

Em São Caetano enche mais
Dona Jandira , seu Arlindo, Joca ,Rascunho
Pé de bode e Chico Frito e José e João
E lá vai....

Olha a curva
Se segura que esta porra vai virar!

Mônica, folgadinha, de celular e os escambau
Toda de bermuda de marca, de tênis, bolsinha
E um descarado logo se encosta e se ajeita
e fica naquela de fazendo terra
fungando no cangote da neguinha

Êpa! uma blitz de novo...
Saltam só os homens que os “hômi mandou”!
E aquele guarda com cara de fuinha
se invoca com minha sacola da cê e á
me manda abrir
Lá se foi meu segredo
meu ebó, meu despacho selado
as velas, as fitas, a pinga
e um crente do lado, pendurado na Bíblia
resmunga, “Tá Amarrado”!
e se reta comigo, com medo de Exú
Mas quem se retou mais, fui eu mesmo
encostado na lateral do buzu
de mão na cabeça e pernas abertas
em nome da lei aquele guarda sacana
passou a mão na minha bunda
procurando arma... uma zorra...
passou a mão de leve em meu ovo
aquele guarda sei não...um sacana de novo!

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todo mundo de volta no carro
e lá vem curva , buxixo e sarro
até chegar lá na PQP
onde entra mais gente
um que leva uma “gaiva”
outros que vão “prá” Lapa
uma prenha pela frente
dois que saem no tapa
no último banco se instala um samba
um carinha se pica pela traseira
o ceguinho dizendo que é o cobrador especial
uma dama cochilando de bobeira
uma zorra total, suando que é um horror

e a gente espumando de raiva
“leva o carro, motô!”


Poema de José Carlos Limeira

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Muito bom!

Um hit nos eventos da Blackitude e nas rodas literárias por onde circula o grande poeta Limeira... Sou fã da poesia e da pessoa desse negão desde o tempo que os bichos falavam!

Nelson Maca

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Pé de bode!

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Gramática no tranco!

Salve família, amigos, parceiros, anônimos e pseudônimos...

depois daquela quebradinha básica de minha máquina, tô de volta, tá? (rsrs)... Com um computador meio imsprestável ainda, mas que dá pra retomar o blog por enquanto... muita coisa aconteceu nesses dias, mas vamos com calma, né?

Então tá...

Nelson Maca - Blackitude: Vozes Negras da Bahia

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quinta-feira, 2 de julho de 2009

Correio Siber - Nagô

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A Nelson MaKa

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Irmão,

o campo nosso é esse, esse a qual estamos caindo uns e levantando outros, mas é chegada a hora de ausentar a queda. Separados somos alvos fáceis e se a luta é a mesma então somos uma, uma legião em campos dos pensamentos libertários, da arte como música despertando o subconsciente adormecido pelas canções de ninar capitalista.

O campo dessa batalha é nossa terra, e nossa gente não há de ficar somente vitimadas. Temos que debater sim, tem de acirrar o diálogo na questão da educação, da violência, dentre outras tantas deselegâncias que somos vítimas. Estou ai pro diálogo, pra ações...

No aprendizado nosso de cada dia e na disposição da noite.

Admiro tua escrita e tua pessoa, vinda a mim pelo Gog e pelo pouco tempo aproveitado por mim em te observar, mas como bom observador, minha admiração por você é direta, ou melhor, é esquerda, esquerda do coração. Gog, é nosso, nosso em coletivo...um ótimo amigo e um grande falante ao som do despertar de minha mente.

Cada palavra tua, Maka, tens minha reciprocidade.

Forte abraço meu amigo.


por Crônica Mendes


Fonte: http://www.cronicamendes.bogspot.com/

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A Crônica Mendes



Salve Salve
Crônica Mendes,

antes de tudo, depois de mais nada, muito obrigado pelas palavras a mim dedicadas, Irmão. Gostaria, por conta própria, e em exercício de coletividade, de estendê-las a todas as pessoas que se entrecruzilham em nossas demandas de remanescentes dos Guerreiros Egípcios das primeiras eras negras, fortes e livres de toda humanidade conhecida. Nós, que nos reconhecemos reminiscências dos etíopes, que nos queremos Imperadores de nós mesmos, Negus da reabertura de nossos caminhos.

Cada encontro, cada chegada, cada aliança estabelecida amplia nossa força, amplia nosso grupo, fortalece nosso fronte; aliás, por ora, única via em possibilidades de superação dos conflitos do nosso povo.

Não digo de um ou outro de nós, assinalado pelos maus espíritos que nos cercam, para adentrar os castelos e sentar à mesa dos opressores como aqueles porcos da Revolução dos Bichos. Falo da cumplicidade de nós mesmos - sem precisar trocar, alugar, vender nossa verdade anterior, nossa virtude interior. Sem trocar cabeças, sem alugar mãos, sem vender nosso sexo e nossa música, nossos braços e nossa alegria, sem almejar as migalhas que sempre nos oferecem em troca de confissões cordiais e delações premiadas - e que muitos aceitam galantes.

Crônica, tenho escrito sobre isso tudo... Parece papo de escritor maldito, eu sei, mas minhas palavras me maltratam! Minha poética quer mexer nessas coisas impróprias. Não quer deixar de apontar o inimigo de fora, não!, mas também procura mexer nas interpéries por dentro do grupo, nas trovoadas e chuvas fortes de nosso próprio corpo individual.

É foda admitir, mas uma parcela do problema reside em nós mesmos. O trabalho maior no combate às forças que fundam e querem eternizar nossa mutilação exige que olhemos, também, para dentro de nós: no grupo e na alma de cada um. Frantz Fanon já apontou os caminhos de nossa mutilação de exilados na própria terra e nossas peles pretas de almas brancas.

Por isso devemos aprender a dizer NÃO...

Porque, cada vez que esboçamos uma reação menos adocicada e complacente (que nunca será - de fato - reação!), eles nos estendem uma nota de cem, a capa do jornal, um minuto na tv, um prêmio especial, e até mesmo aqueles amores impossíveis!

E nossa arte vai por água abaixo, vai para o ralo, vai para o mercado com chances enfim, mas não mais com a nossa cara, com a nossa finalidade. Vai, sim!, com as máscaras da cara do consumidor.

Não é fácil, Irmãzinho!

Por isso nossa arte nos palcos, nos livros, nas telas, nos muros, no solo, no corpo, deve ser tão bélica como a tropa no fronte do "campo de confronto". Para mim, muitas vezes, uma arte sem chance, eu sei; mas, para mim, ainda assim, muitas vezes, uma arte sem negociação, eles sabem!

Sei que você me entende, Crônica.

Sei que você sabe até aonde vai os fatos e até aonde vai a poética e a retórica do que escrevo. Sei também que você sabe que, em mim, tudo tem o mesmo peso e valor: a dor pode ser bela, a beleza pode ser triste, a vida pode estar fora do texto, a morte pode gerar versos. Mas não há fronteiras no todo. Não escrevo porque vivo; vivo intensamente no que escrevo! E escrevo como Preto Rebelado Descendente de Escravos Fugidos! Escrevo tudo isso em maiúsculo!

Enfim, lendo seu texto a mim dedicado, resolvi responder como fiz acima! Sem reivindicações ou uma pauta antecedendo a escrita. Apenas aberto aos desdobramentos concretos que brotam dos encontros na luta.

Também lembrei muito de um poema meu (longo) que sairá no meu futuro livro impresso (pronto na gaveta), "Gramática da Ira". Vai aí um fragmento que nos pertence e muito obrigado pelo reconhecimento da minha pessoa e dedicatória do seu texto.


A Caminho de Palmares

“Caravanas a caminho de Palmares se cruzavam na trilha,
se juntavam e seguiam lado a lado.
Ai de quem se metesse a tentar impedi-los de seguir em sua caminhada...
Eram varridos como ciscos incômodos e mal quistos!”


One People! one love!

(Visitem: http://www.cronicamendes.bogspot.com/ )

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Nelson Maca
Exú Tímido Paradoxal Sem Síntese Possível

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quarta-feira, 1 de julho de 2009

correr com lágrimas nos olhos não é para qualquer um

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[...]

É preciso viver malandro
não dá pra segurar

a cana tá brava a vida tá dura
mas um tiro só não dá pra derrubar

correr com lágrimas nos olhos
não é pra qualquer um


mas o riso corre fácil
quando a grana corre solta

[...]

(Bernardo Vilhena - Vida Bandida)

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Foto de Eduardo Dias Gontijo

correr com lágrimas nos olhos definitivamente não é pra qualquer um

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[...]

Aqui
com a mentira saindo do bangüe das trevas
foi-me quebrando a doçura da memória

[...]

nas minhas amargas lembranças de moleke de engenho
que não fui escrito

[...]


(Nelson Maca - Moleke de engenho)


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Notícia Feliz

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uma foto não sei de quem que vi
por aí
foi que me deixou assim

querendo acreditar que
deve existir alguma notícia feliz
para mim!


(Nelson Maca*)
*de quando pensava que seria somente poeta


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O imitador de palavras!

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O imitador



Um homem resolve olhar para dentro de si!


De tanto olhar pra frente, resolvi olhar pra trás.
Tudo vi, mas, no fim, não vi nada mais...

De tanto olhar pra direita, resolvi olhar pra esquerda.
Tudo vi, mas, no fim, não vi nada mais...

De tanto olhar pra cima, resolvi olhar pra baixo.
Tudo vi, mas, no fim, vi nada mais...

Cansado de olhar pra fora
Um homem resolve olhar pra dentro
De si!

Cansado de perguntar as respostas
Um homem resolve responder as perguntas
Enfim!


(Nelson Maca)



Ou então (um poema de verdade)


eu, hoje, acordei mais cedo
e, azul, tive uma idéia clara.
só existe um segredo.
tudo está na cara.


(Paulo Leminski)


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