segunda-feira, 29 de setembro de 2008

Diamba! Banzo! África! Brasil!

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Diamba

Negro velho fuma diamba
Para amassar a memória
O que é bom fica lá longe...

Os olhos vão-se-embora para longe
O ouvido de repente parou

Com mais uma pitada
O chão perde o fundo
Negro escorregou
Caiu no meio da África

Então apareceu no fundo da floresta
Uma tropa de elefantes enormes
Trotando
Cinqüenta elefantes
Puxando uma lagoa

- Para onde vão levar esta lagoa?
Está derramando água no caminho

A água do caminho juntou
Correu correu
Fez o rio Congo

Águas tristes gemeram
E as estrelas choraram

- Aquele navio veio buscar o rio Congo!
Então as florestas se reuniram
E emprestaram um pouco de sombra pro rio
[Congo dormir

Os coqueiros debruçaram-se na praia
Para dizer adeus


Raul Bopp

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Apenas gosto deste poema...
Muito.
Nelson Maca!

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José Carlos Limeira : O Poeta!

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Preferências

Para Nelson Gonçalves Maca*

Acho o Machado porreta
Tanto quanto o Barreto
Assis está para Lima
Quanto o enredo e a vida
Usam os dois como estetas

São também compatíveis
De modo natural
D2 , Cartola, BuleBule
Bezerra, Djavan e Mano Brown

Nunca recuse o conhecimento
Não adiantaria o som do clássico
Se omitida a voz do gueto
A alma humana, alegre ou trágica
Ergue-se, acima dos preconceitos

Quero ligar, ouvir e ver
Quilombo Vivo,
Blackitude
Maestros e ÊMeCis
Afrogueto, Quilombola
Testemunhas, Chopin
Buarque e Elemento X


Ogãs, makotas e pierrots
Hera Negra
Os meninos do CRIA
Pois em tudo mora a arte
Em todos vive a poesia

Viajo na batida
Libertária, confidente
Na denúncia da violência
Do policial demente

Gosto da espera vertida em versos
Ou o olho vivo que espreita
Quilombo armado de rima
Lanças, línguas e canetas

Espetando de todos os jeitos
As goelas dos racistas, elitistas
Pretensamente perfeitos
A perfeição pode ser métrica
Mas o poema da vida
Nunca se deu só por ela
Feliz ou satisfeito


A perfeição é um A U com rolê
Ou o passo da passista
Um Stradivarius, Monet
Transformando agonia e fome
Em arte pura e sem nome
Que brota da pedra e da pista
Dos fatos, do incidente
Da criação, do artista
Rima, peleja, repente
Cantador ou DJ, nesta fita

Daí certas preferências
Que alimento, como revide
Desaforo posto no verso
Como nos versos do Thaíde
Ou de outros repentistas
Profetas de toda coragem
Carregando pelo mundo
Caminho novo e viagem
Fazendo de modo correto
Ensinamento e mensagem

E outros atrevidos, sagrados
Estrelas brilhando no dia
Como meu mestre Maca
Língua qual gume de faca
Entendendo toda poesia
De Homero ao quilombola Juno
Vencendo os estereótipos
Reeducando a academia


* Dizer mais o quê?

- Valeu, Limeira!!

Nelson Maca - Blackitude.Ba

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quinta-feira, 25 de setembro de 2008

1 Ano de Gramática da Ira



Sacudindo o corpo a mente e o espírito!

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Salve, Rapa!

Em outubro, o Blog Gramática da Ira
completa um ano de atividade ininterrupta!

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Com certeza,
a Blackitude vai preparar uma Festa daquelas:
para sacudir a carcaça....

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Aguardem!!!

Quem Vier, Verá!!!!
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KRS ONE - O Cara!!

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Valeu, Lázaro!

Os demais, vê aí se vale...

Nelson Maca - Exu Renascido

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quarta-feira, 24 de setembro de 2008

Encontro Soteropolitano de Hip Hop: Você Vai?

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Salve Amigos, Irmãos, Parceiros, Afetos e Desafetos, todos do Hip Hop BA!

Temos uma reunião do hip hop soteropolitano extremamente importanre no sábado, dia 27.
Será no Quilombo Cecília, lá na Escadaria do Jerônimo - no Pelourinho

Vamos nos encontar na parte de cima, uns 10 minutos antes?
A reunião começa, pontualmente, às 15h

Estamos esperando parceiros de vários coletivos de Salvador!

A pauta é nosso encontro municipal de Novembro,
conforme discutimos nas reuniões com a Secretaria de Cultura do Estado!

Que postura devemos tomar coletivamente?
Ou não devemos...

É muito importante a presença do máximo de ativistas e artistas por lá.
Estamos discutindo um plano político referente a nós mesmos!

Podemos fortaclecer a demanda...
Ou não...

Vamos pensar juntos...

Bem,
não vou ficar insistindo, logicamente,
pois cada qual deve fazer sua avaliação se deve colar ou não.

Quem for do hip hop, de fato, e vier será bem vindo!

Os demais, de minha parte, espero que fiquem bem longe,
pois não serão repartidas verbas nem recebidas propostas para voto!

- Falei!?
- ...
- Então, tá!!


Nelson Maca Apenas

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segunda-feira, 22 de setembro de 2008

Só para os Malucos

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Que tudo o mais vá pro inferno!!


Não foi sem perplexidade que ouvi um africano velho de cachimbo incandecente, dizendo para as pedras do caminho que não invejassem os homens.

Elas estavam, desde sempre, livres, desde toda a eternidade humana, de sujeição ao objeto maior em que se inscreve o poder, ou seja, a linguagem: tanto seus decretos certeiros quanto seus papos-furados.

Segundo o ancião alucinado anunciava, mais precisamente o mal é uma língua afiada, rasgando as orelhas dos que se acreditam bem aventurados.
Uma faca, sangrando a descomunicação planejada, para o molho pardo do sucesso das retóricas que convergem.

Fingi-me de pedra e fiquei ali, imóvel, como sem sangue para o caldo dos eruditos, escutando como seria complexa e inatingível a minha liberdade verborrágica.

O coroa, doidão, foi mais longe, revelando, à sua maneira ancestral, que os vazios imperceptíveis da língua formam o mecanismo que não nos permite, mas sim nos obriga a dizer.

Quando já visualizava meus anseios de liberdade perdendo a força, o ancião pegou-me na sua mão esquerda calejada, num afago que delatou minha frieza de pedra mentirosa.
Olhando para o fundo de minha superficie lisa de mineral raso de tão ordinário, falou-me, ao ouvido, do bom jogo da trapaça saudável como única possibilidade de sustentar a utopia da liberdade que eu, novamente, buscava.

E me apontou, na divergência do código arbitrário, essa esquiva, esse logro magnífico que permite ouvir a língua fora do poder, no esplendor de uma revolução permanente da linguagem.

Depois me atirou, certeiro, no peito do pombo besta que, alheio, mariscava descaminhos de bico aberto e ouvidos cerrados!
Sujei-me de sangue!

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A literatura divergente, finalmente compreendi, reafirma esse trânsito em direção à elaboração dos interstícios, do infiltramento nos brancos da forma estabelecida.
Corrói a rede cristalina da língua reta da beleza oficial justamente nas trincas de sua fadiga, manchando-lhe a página.

O vigor maior das forças da liberdade que diverge não se localiza na orientação política do escritor, sei bem. Esse é um ser humano entre outros.

A utopia da liberdade reside no tecido textual, na carne do verbo, no trabalho de subversão na linguagem.
No verme essencial que rumina os modelos.
Fazer literatura revolucionária não se trata de tematizar a revolução, mas sim escrever de maneira revolucionária.
Agora eu sei de fato.

Agora não sei mais se quero, mesmo, interlocuções inteligentes; ou se me eternizo pedra suja, para ter o inequívoco e milenar direito de ouvir velhos poetas em transe de oralidade africana, babando versos alucinados sobre o cano do cachimbo que equilibra a brasa incandecente de seus vaticínios endiambrados!

Enquanto aguardo a solidificação do tempo que nos dá a dureza final, curto meu banzo sentado à beira do caminho!
Respiro so sangue seco do pombo alheio!

"Nada como um dia atrás do outro", sempre diz a minha mãe!

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- E tudo o mais?
- Que tudo o mais vá pro inferno!!

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Nelson Maca - Exu Restaurado!

Hoje, só para para os Malucos!!

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- E os saudáveis?
- Esses já conquitaram o céu, não conquistaram?

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rsrsrsrrsrsrsrrsrrsrsrsrs

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Acorda, Mulher!


Brown Skin India.Arie

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"Ouvindo India.Arie, prestando atenção nos detalhes
Pedindo a Oxum que a minha intuição nunca falhe"

Hoje acordei, Mulher / Grupo Opanijé


Só!

Nelson Maca - Blackitude.Ba

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quarta-feira, 17 de setembro de 2008

ENTREVISTA / Lázaro Erê - Grupo Opanijé / BA

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Quem sabe a cura não teme a doença!
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Salve, Rapa!

O Blog Gramática da Ira traz para vocês mais um perfil que me deu o maior prazer de fazer!
Trata-se de um Irmão que gosto muito e que me bato sempre por aqui na Bahia Preta.
Aliás, ultimamente, estamos nos encontrando com muita freqüência, para trocar idéias de gente grande (rsrs).

Trata-se do Lázaro Erê, um negão que conheci no meu primeiro contato oficial com o hip hop de Salvador lá no Passeio Público, onde aconteciam as reuniões da fundamental e saudosa Posse Ori.
Naquela época, ele já tinha uma proposta diferenciada de Rap, utilizando formação de “banda + Dj” e com toques explícitos de africanidade desde o nome do grupo: "Erê Jitolú".

De lá pra cá, muita coisa mudou, mas Lázaro nunca deixou de participar ativamente do hip hop baiano.
Com opiniões polêmicas sobre a cena local e nacional, ele nos fala um pouco de sua carreira artística e política.

Hoje, ao lado de Dum Dum e DJ Chiba, compõe o Opanijé, um dos grupos promissores de Salvador que curto demais: estética, política e racialmente!

Outra correria do Irmão é o Coletivo Hip Hop Com Compromisso, que realiza atividades de formação, principalmente, com jovens da cidade.

Além de organicamente envolvido na cultura de rua, Lázaro estuda Artes Plásticas na Universidade Federal da Bahia. Aproveitamos, então, para apresentar para vocês uma série de trabalhos visuais juntamente com trechos de Rap do cara.

Fica aí o convite para todos acompanharem esta e a postagem seguinte, para conhecer um pouco mais de um dos artistas mais talentosos de Salvador e do Brasil (na minha opinião, é lógico).

- Depois quero saber a sua! Firmeza?

Como já disse em outras ocasiões, plagiando Malcolm X, o hip hop baiano é uma serpente de várias cabeça que cresceu despercebido enquanto o Brasil só tem olhos para nossos estereótipos de baianidade inconsequente.

Com vocês: Meu Irmão Lázaro, do grupo Opanijé!

Nelson Maca - Blackitude.Ba


Organização Popular Africana
Negros Invertendo o Jogo Excludente

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Gramática da Ira (GI) - Salve Lázaro, quem é você, de que Bahia você é?

Lázaro (Lz) - Sou um jovem baiano, soteropolitano antes de baiano, e negro antes de tudo isso. Sou da Bahia real, sem maquiagens turísticas, e por isso mesmo muito mais bonita, mais interessante e mais sedutora.

GI - Como foi sua infância e adolescência cultural em Salvador? De que forma aproveita tudo isso em seu trabalho?

Lz - É uma história meio longa, mas lá vai: eu não podia escolher muito o que ouvir, hoje vejo que isso me beneficiou p caramba. Me lembro dos caras que cantavam no fundo do buzú que ia pra o Terminal EVA: Músicas do Olodum, Malê, Muzenza, Araketu, Edson Gomes, etc.. tanto que tem músicas que nunca tocaram na rádio e eu sei de cor até hoje. E hoje isso está tão presente que eu não consigo imaginar o rap sem esse vínculo com essas músicas. Daí os nomes em língua africana, as frases retiradas de canções de lazzo, Ilê, etc.., e samplers que de vez em qdo incorporamos em nossos sons. Pena termos pouco material. Depois veio um programa que passava na Manchete FM chamado Manchete Laser Mix que acabou virando campeão de audiência no horário tocando Miami bass, R&B (que eles chamavam de lentinhas) e de vez em quando algum rap, tipo 2 Live Crew e Run DMC. Por isso os primeiros raps que eu ouvi eram gringos. Tinha um programa na TV Itapoan que passava clips chamado Vídeo Jovem e na época o Public Enemy tava estourado com “Give it up”, o Dj Jazzy Jeff e The Fresh Prince (hoje o Will Smith) tava lançando “Boom Shake The Room” e Snoop doggy doggy lançando “Who I AM (Whats my name)” entre outros que eu não lembro agora. Pronto! Comecei a caçar esse tal de rap em todos os cantos.

GI - Como você chegou ao Rap e aos elementos do hip hop? O que veio primeiro? Como chegou, enfim, até a Posse Ori?

Lz - Comecei a escrever rap em 1993 pra uma peça do colégio. Não tinha a menor pretensão de criar um grupo, até que conheci Dj Márcio através de um amigo em comum. Márcio já tinha uma banda chamada Filosofia Rapper e me chamou pra fazer parte. Daí surgiu a Banda Erê Jitolú. O nome foi mudado em 94 e a intenção inicial era contrastar com uma galera do rap que tava muito americanizada na época. Pelo que vejo muita coisa não mudou.

GI - Aproveita para dar a sua versão sobre a Posse Ori!

Lz - No meu ver a posse Ori não começou numa reunião formal, como alguns afirmam. Começou com encontros informais. Eu lembro que eu conheci Dinho porque a família dele conhecia a minha há mais de 50 anos. E ele me apresentou a Gomez por telefone, eu e Márcio conhecemos Jorge Hilton e Dj Marcelo que tocava com o Leões do Rap e daí surgiu essa idéia de juntar essa galera p se reunir. Acho que a posse acabou justamente por causa dessa tentativa de formalizar as relações e transformar nosso trabalho em trabalho de ONG. Daí vieram as divergências, e conseqüentemente a separação em 2003. Teve até evento de despedida no Espaço Solar. Pra mim foi uma grande perda e a principal causa desse clima de atraso que foi gerado nos anos seguintes.

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GI - Quando você canta, vem à minha mente dois vocalistas que gosto muito: Chuk D de Fight the Power e o saudoso
Sérgio Participação que eternizou a música Brilho e Beleza do Bloco Afro Muzenza. Qual a importância deles para você?
Lz - Rapaz, pra mim o Public Enemy sempre foi e sempre será o maior grupo de rap de todos os tempos. Mesmo antes de entender o que Chuck e Flavor falavam, aquilo já batia forte e me identificava, sempre foi o meu padrão de rap. Já o Muzenza eu conheço muito pouco e ainda assim me influenciou bastante. “Brilho de Beleza” me emociona tanto quanto “Fight the Power”. È um afro sem retoques, sem essa babaquice “black” que tomou conta da cabeça dessa negrada de hoje.

GI - Quando te conheci, na Posse Ori, lá no Passeio Público, você compunha a banda Erê Jitolú ainda com o Nego Juno, DJ Márcio, etc. Depois veio a nova formação da Erê e, finalmente, Opanijé. Fale um pouco de sua trajetória no Rap antes da Opanijé?

Lz - Sempre acreditei que a Erê era uma banda a frente do seu tempo. Hoje eu vejo o quanto eu tava certo. A gente já experimentava samba com rap muito antes de Marcelo D2, Rappin Hood, etc... A gente era do Garcia, véio! Cê queria o quê? rsrsrs... Mas o público e até mesmo alguns integrantes da banda ainda queriam apostar na velha fórmula rap + rock = Run DMC, Rage Against The Machine, Cambio Negro, Faces do Subúrbio, Pavilhão 9, entre outros. Eram todos fonte de inspiração, mas eu e Márcio queríamos bem mais que isso e acabamos não encontrando o apoio necessário até que a banda acabou oficialmente em 2005 e eu chamei Dum Dum e Chiba e formamos o Opanijé.

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GI - Desde o início, seu grupo tocava com banda, por isso mesmo sempre encontrando dificuldades materiais nas produções específicas de rap. Dentre as melhores apresentações de rap que já tive oportunidade de assistir, em nível nacional, nunca esquecerei a apresentação da Erê Jitolu no Projeto Julho em Salvador que acontecia no Quadrilátero da Biblioteca do Barris. Como você vê hoje a dicotomia Rap com banda versus com DJ, visto que o Opanijé, basicamente, se apresenta com formação de Mc’s + Dj?

Lz - Rapaz, aquele show de 2002 foi foda! Vou até ver se eu acho o vídeo pra postar no Youtube. Ali era o resultado de 8 anos tentando achar um som do jeito que a gente queria. Musicalmente sempre achei que uma boa banda enriquece o trabalho do rapper. Tenho planos de montar um trabalho de banda com o Opanijé também, mas não mais do jeito como era com a Erê. Ali a gente “dependia” dos músicos porque não havia uma outra alternativa. O fundamental p se formar uma banda de rap é que o músico conheça o rap e seja versátil a ponto de entender que ele pode tocar um clássico do Jazz ou até mesmo tocar uma nota só durante uma música inteira.

GI - Você produziu a base de um rap que é hit em Salvador: Cabelo da Desgraça (Blackão) do grupo RBF (Rapaziada da Baixada Fria). Durante um tempo, também produziu o grupo feminino Hera Negra, não é? O que você já fez e tem feito como produtor? Como é seu processo de trabalho? Que estética você persegue?

Lz - Eu costumo dizer que dinheiro não é justificativa pra quem, em vez de produzir, baixa bases na internet. Hera Negra foi minha primeira experiência como produtor de beats. Além do Blackão, eu produzi também Bozó, Palavras de ordem e Negros Fujões do RBF. Produzi também as bases do Comunidade Alerta que era uma dupla formada por meu irmão Dum Dum e Heider do RBF. Além de um remix que o DJ Bandido, Dj Joe e o Dj Léo tornaram famoso em Salvador: P.I.M.P. (Sambamix) do 50 Cent. Tudo isso em um computador literalmente caindo aos pedaços. O importante pra mim, na hora de fazer uma base é conhecer a música e saber como dar aquela porrada certa em pontos estratégicos. A base tem que ser feita para a letra e o vocal tem que saber honrar a base.

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GI - Outro aspecto notório de sua trajetória, não só de rap, mas também de vida são as questões africanas profundas. Na minha modesta percepção, o Opanijé é um dos poucos grupos que me convencem da profundidade de seus elementos afro-centrados, principalmente as questões de religiosidade. Você pode falar um pouco da questão da negritude em seu trabalho artístico, inclusive da sua produção como artista plástico?

Lz - Que bom que o nosso trabalho convence! Eu sempre procurei ser o mais sincero possível quando falo de negritude, acho que a consciência racial não pode vir sem auto-estima, sem o capricho em nossas produções, sem o aprofundamento na nossa história e cultura. Opanijé não tem a pretensão nenhuma de defender esta ou aquela religião como a verdadeira, mas buscamos transformar em música a força que encontramos no Axé, nos Orixás. E meus desenhos são uma visão de mundo, de negro, de Orixá muito particular. Simplesmente gosto de estudar nossa estética de corpo, indumentárias acessórios... enfim! Temos uma história e ela acaba refletindo em nossa cara e em tudo o que fazemos.

GI - Sempre defendi a questão do quinto elemento como algo legítimo no hip hop, e o concebia como um ponto a mais, independente quase... Hoje critico quem faz do hip hop muleta, para fazer única e simplesmente política tradicional, relegando as linguagens artísticas do hip hop para um segundo plano (apenas estratégico na aproximação das bases). Quem me deixou ainda mais confuso fio o GOG quando argumentou comigo sua concepção, ou seja, que o quinto elemento não deve ter uma individualidade, uma existência “em si”. Na visão dele, que tá realmente me convencendo, o conhecimento e o compromisso social devem estar nos quatro elementos como uma espécie de sangue nas artérias da cultura; como elemento renovador, oxigenando e revigorando a tensão de suas linguagens e ideologias. Como você tem pensado essas questões no seu cotidiano de hip hop?

Lz - Acho uma babaquice essa conversa de que existe cultura e movimento. Quando falam que são duas paradas que caminham em paralelo então... Aí é pra rir, né? Quem fala isso não compreende o sacrifício que é você ter um trabalho bom e não ter onde mostrar porque não é coligado a grupo A ou B. Concordo com Gog quando ele fala que o conhecimento e a consciência política (eu acrescentaria racial) devem estar enraizados nos 4 elementos. Mas por exemplo, o cara que se mata, sem ganhar um tostão, p organizar um evento em sua comunidade mesmo sem tocar nem cantar em nenhum grupo, nem grafitar, nem dançar, pra mim representa muito mais do que um ou outro carinha que fica fazendo “palestra de hip hop” sem ter o mínimo de respaldo da rua. É como diz o KRS One: “eu não faço eu SOU o Hip Hop”. Todo mundo diz que conhece, que defende, pá... mas na hora de “ser” o hip hop corre do pau.

GI - Por falar em quinto elemento, o que é, exatamente, quem compõe, o que pensa e o que faz o Coletivo Hip Hop Com Compromisso.

Lz - O H2C2 é um coletivo que trabalha com educação e conscientização, utilizando os elementos do hip hop. Surgiu de uma idéia que eu tinha com Márcio desde a época da Posse Ori. Conta somente com quatro membros efetivos. Eu, Márcio, Chiba e Ainá e entre os membros “não-efetivos” tivemos várias parcerias: Fael, Afro, Core, Marquinhos Black, Ananias, entre outras pessoas de fora do hip hop que contribuíram para que nossas correrias acontecessem. Tivemos que parar nossas atividades durante um tempo, mas estamos planejando coisas novas que em breve a gente divulga.

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GI
- De maneira global, o que você tem ouvido e visto? O que não ouve e não quer ver mais? O que nunca ouvirá nem verá?

Lz - Procuro ouvir sempre muita coisa boa. Pena que nem sempre consiga. rsrs... No geral, ouço India.Arie (quem me conhece sabe o quanto eu sou louco por ela), Daara J, Nelson Cavaquinho, Pharcyde, Jurassic 5, Aniceto do Império, Clara Nunes, Sizzla, Onyx, Elephant Man, Bone Thugs n Harmony, os reggaes do Bad Brains (pra caralho!!), Mos def, Talib Kweli (o Ear Drum provou que o bom hip hop não vai morrer tão cedo), o DVD novo do The Roots, o do George Clinton de 1977, entre várias paradas que eu não me lembro agora. Do Rap nacional tenho ouvido muito pouca coisa. Alguns grupos parecem que entraram numa fase “Jovem Guarda”: Roupa dos gringos, cabelo dos gringos, música dos gringos, clipes no estilo dos gringos e só cantam em português porque não sabem outra língua. Pra mim isso é coisa de tabaréu provinciano. Aí eu vou logo no original ou então ouço as coisas daqui da Bahia mesmo, que tão dando um banho de criatividade em muita xérox de gringo que a gente ouve no resto do Brasil.

GI - De maneira local, como você avalia o hip hop do estado ou, mais especificamente, de Salvador hoje? Para onde vai desse jeito? Que iniciativas de hip hop você admira e freqüenta, independente de sua participação na produção ou como artistas?

Lz - Salvador hoje tem produtos bons, tem quem consuma, mas um não chega até o outro. Às vezes eu fico triste quando vou para alguns picos da cidade e vejo uns caras com as mesmas atitudes de 10 anos atrás. A impressão que fica é que a parada estagnou. Mas tem gente boa fazendo coisas boas e é isso que me instiga a continuar. Falta às pessoas colocarem a inveja e despeito de lado e aplaudirem (até literalmente mesmo!) o trabalho dos daqui tanto ou mais do que fazem com os de fora. Gosto muito do trabalho dos grafiteiros tipo o Lee, Fael e Dimak. Não só por serem meus amigos. Dá orgulho ver esses caras se destacando dentro e fora do Hip Hop. O B.Boy Ananias que é hoje a nossa principal referência de break com o devido merecimento. Sempre que eu posso tou ali na roda vendo o trabalho dos caras do Independente de Rua e sempre recomendo a quem não conhece.

GI - Destaque CDs, demos, eps, etc, fotologs, blogs, myspaces, sites, produções, festas, da Bahia ou com artistas e ativistas locais que você freqüenta e admira?

Lz - O blog gramática da ira é um dos que eu acesso mais freqüentemente. O blog de Sereno, o site Positivoz.com, o blog dois olhos negros tem textos bons tb... Myspace tem vários: todos que estão ali adicionados no do Opanijé eu ouço. Gosto muito do Daganja, Versu2, Quinho Mete Bronca, Lucas Kintê, do Loquaz, Preto Sábio, Dão, Lumpen, O Quadro, etc.. A Festa que tá bombando mesmo é o Fora de Órbita. Já tivemos a oportunidade de tocar e foi massa. Mas admiro também a raça da galera que promove os eventos de Bairro; pra mim os mais respeitáveis são o União dos Manos e o Hip Hop na Onça que são feitos por gente séria e que tem o hip hop no sangue independente de qualquer coisa.

GI - Fica o espaço, para as suas considerações finais - por ora, é claro! (rsrs) Aproveita para deixar os contatos seu, do Opanijé, do hip Hip Hop Com Compromisso e o que mais você quiser falar... Espanque! (rsrsrsrsrs)

Lz - Uma frase que Robson Véio me disse e que me fez entender muita coisa que tem acontecido comigo e com o Opanijé nesses últimos tempos: “Às vezes o fato de você ser bom só te atrapalha, porque ser bom incomoda a quem não é”. Acho que agora é a hora de trabalhar. Só isso que eu desejo daqui pra frente. Trabalhar para colocar o que fazemos na boca do povo, do povão mesmo. Sem essa de “cena hip hop”. Foda-se a cena! O Hip Hop baiano precisa é da massa! Não só pra comprar nossos produtos, mas pra fortalecer nosso discurso. Precisamos estar junto dessa periferia que muitos dizem que defendem e pra isso temos que ser estratégicos, inteligentes e, acima de tudo, verdadeiros.

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Pra ouvir o Opanijé o link é: www.myspace.com/opanije
e pra baixar:http://rapidshare.com/files/99558316/Opanij_.rar.html
temos comunidades no orkut também. Opanijé: http://www.orkut.com.br/Community.aspx?cmm=1719916
e Hip Hop Com Compromisso: http://www.orkut.com.br/Community.aspx?cmm=2018087
Axé para tod@s!

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Foto 1: Lázaro Erê - Apenas
Foto 2: Opanijé - Lázaro + Dj Chiba + Dum Dum
Foto 3: Bloco Afro do Muzenza- BA (CD)
Foto 4: Lázaro: uma história!
Foto 5: Desenho by Lázaro
Foto 6: O arsenal das batidas venenosas
Foto 7: Opanijé

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Ler, Ver e Ouvir Lázaro

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Algumas Palavras e Imagens de Lázaro
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Letras da "ErÊ Jitolú"



H2C2

(Lázaro/Marcio)

O bairro é Garcia, o ano é 94
Revolução musical na bahia é o ato
Tecnologia e tradição se tornam aliados
É o som do futuro, com influências do passado
E nos chamaram de malucos, fizeram de palhaços
Tem gente que até hoje dá risada do que eu faço
Já me estressei muitas vezes, mas aprendi a não ligar
Nem todo mundo que tem a coragem de inovar
Inovação é a marca registrada do que a gente faz
Por sermos diferentes tratados como marginais
E que progresso! Seis anos de fracasso e sucesso
Muitos caras nos ajudaram a correr atrás
Pinaúna, Juno, Silvano, Ismael
Anderson, Éric, Daniel, Israel
Kabo Kruz e Hermann que tá sempre aí chegado
Do lado esquerdo do peito: Rafael e Ricardo
E os que sobreviveram não precisam ser citados
Estão aqui agora e vão mandar o seu recado
Pois aqui pra se dar bem, Você tem que ir além
Acreditar no que se quer e dar valor ao que se tem
Baiano que não come reggae, não engole cheiro
o Erê esperto que sempre vai brincar no seu terreiro
e com a força suprema dos Orixás guerreiros
Fazer um Hip Hop 100% brasileiro

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Negrofobia
(Lázaro/Márcio/Juno)

Uma divulgação errada, traz uma idéia imbecil
Se você ainda tem medo de negro então se pique do Brasil
Porque parte da arte desse país é nosso patrimônio
sem conhecer diz: capoeira e candomblé é coisa do demônio
Mas ajudou os escravos a peitarem os brancos, lhes deu energia
Mostrou que nós negros nos expressamos temos filosofia
Erê jitolú, Cultura Zulu, essa é a nossa magia
Se você tem medo de tudo isso, então é negrofobia!
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Letras do "Opanijé"


Eu Sou

(Lázaro/Dum Dum)

Assumimos a autoria do atentado
Que vitimou sua mente sabotou seu planejado
O que tava escrito, descrito parecia fechado
Ouvi seu grito bonito, como cara de assustado
Seu sofrimento não repõe o que a gente perdeu
Mas mostrou que não foi à toa que Zumbi morreu
Revolucionário e marginal como Jesus
Pra combater o seu encosto um espírito de luz
Posso ser pacificador ou a bala dum-dum
A paz de Oxalá ou a guerra de Ogum
Falar de falsidade, falar de amor
Da riqueza de Oxum ou da Justiça de Xangô
Driblando a falta de oportunidade e de dinheiro
Usando a criatividade como todo brasileiro
Tum-dum-dum! O futuro bate na sua porta
Melhor abrir senão ele arromba e não tem volta
Talento, conhecimento acima do esperado
Bem mais que um cabelo crespo e um membro avantajado
Coitado de você que achou que a gente iria
Se vender por tão pouco e aceitar sua mixaria
Quem não queria deixar a correria e andar portando...
Ser preto do gueto igual no filme americano
Meter o pau nos ditos intelectuais
Que o rap fosse da rua e não da casa dos pais
Bem mais que isso é o que a gente constrói
Realidade é bem mais que o gibi de super-herói
Bem mais que o que você pensou eu sou
Sou a justiça, sou a notícia, eu sou a dor

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Encruzihada

(Lázaro/Dum Dum/Heider)

Acharam que nos derrotaram, que tinham todos na mão
Pensaram que nos derrubaram, que não ia ter reação
Mentiram dizendo que a gente não tinha historia ou passado
Feriram nossa identidade falando que a gente cultua o diabo
Serviram nossa auto estima na bandeja aos porcos
E riram dizendo que nossos deuses estavam mortos
Cortaram nossa raiz desde cedo, arrancaram nosso cordão umbilical
Fizeram o povo todo ter medo, nos deram uma condição marginal
Mas chega! Ser oprimido não tem poesia como você pensa
Idéia neonazista que se alastra feito doença
Pensaram que a gente iria assistir calado na defensiva
Enquanto vocês transformam mães-pretas em mortas-vivas
Sem vida entregando o próprio destino na mão de estranhos
Que só se preocupam c o poder e seu próprio ganho
Se lenharam! Nem todos se rendem a qualquer esperto
Pensaram que eu tava sozinho mas não, tou bem coberto
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*O som você pode congerir no my-space
Repetindo:
Pra ouvir o Opanijé o link é: www.myspace.com/opanije
Pra baixar:http://rapidshare.com/files/99558316/Opanij_.rar.html
Comunidades no orkut: http://www.orkut.com.br/Community.aspx?cmm=1719916

Os comentários ficam por sua conta!
Eu estou em família!

África ! One People!! One Love!!


Nelson Maca - Blackitude.Ba

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terça-feira, 16 de setembro de 2008

Gramática da Ira: A Forca do opressor!!

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Gramática da Ira*

Você não sabe que eu sei falar sua língua...
Você pensa que eu não conjugo as suas armadilhas
Que a sua voz correta e as suas palavras exatas são a minha
cachaça amiga
Que a conversa em código franco adoça meu chá de esquecimento
Você pensa mesmo que me deu um nó de palavras meu branco

Pão pão queijo queijo olho no olho dente por dente
Mas quando eu digo pão o meu irmão ouve gargantas cortadas
Mas quando eu digo queijo estou dizendo vaca louca
E você não percebe a nossa gargalhada por dentro do seu templo
E você não percebe que nosso peito de mãe preta está envenenado
Você engole a isca e se julga mesmo bem alimentado
Você não percebe que a preservação da nossa espécie não é
erro de português

Nada um dia de amanhã será como o novo dia atrás do outro
Mas quando o meu irmão diz amanhã eu ouço era uma vez...
Mas quando o meu irmão diz outro está dizendo está em nós
o nosso reino
Mas enquanto você ecoa o vácuo já estamos aquilombados
E você nem percebe nossa competência lhe jogando pra trás
E você nem percebe que nossa sujeição é contratempo
Você veste o hábito e se julga mesmo o monge no espelho
Você não vê a tropa do pecado abrindo trilhas para outros desejos
A sisudez da gramática irada conjugando nossa tábula profunda

A fé ri melhor para falhar quem por último não costuma ri
Mas quando escancaro os dentes o meu irmão não teme
tréguas de pantera
Mas quando meu irmão diz amém no escuro meu pai amarrou
meu corpo fechado
E você nem percebe a familiaridade de nossa estranha delicadeza
E você nem percebe que cavou o fim do nosso túnel com seus próprios nãos
Você não pega na enxada porque não conhece os segredos das
ervas da terra
Você não lê tudo porque não escreve todas as histórias de guerras
A cegueira visível e a mudez sonora nos discursam tempos idos

Você que não nasceu para ser dois jamais fluirá mistérios
Olhos para não ver ouvidos para não ouvir lhe prendem à nossa imaterialidade
Dizemos teia para o seu corpo uno abrigar-se debaixo da ilusão do telhado
Dizemos mió para sua alma frágil melhor iludir-se
na miragem da excelência
Derrapar na sua língua lisa e reciclar o lixo sujo da descomunicação

Apegados às nossas riquezas não nos revelamos pérolas aos poucos
Apegados ao repleto vazio não assimilamos desejo de pocilga de marfim
Incompreendidos na sua hora incerta gozamos plenitude de absurdo
Ocultos na sombra e na água fresca de solidariedade
Simplesmente Significamos


Poema do livro Gramática da Ira!

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*Quero dedicar este poema, aqui, para os Irmãos

Marcus Gusmão - http://licuri.wordpress.com/ Salvador BA
Michel - Elo-da-Corrente - Pirituba - São Paulo SP
Rodrigo Ciríaco - Efeito-Colateral - Te pego lá fora! - São Paulo SP
Sérgio Vaz - Cooperifa - Do lado de lá da ponte - Taboão da Serra SP
Silvio Oliveira - Dread Loks - Ponto da Mangueira - Salvador BA


Nossa fortaleza não vem de herança, é construída pedra-a-pedra rolada, erguida, lançada, carregada, arrastada, compartilhada!

Caravanas a caminho de Palmares se cruzavam na trilha,
se juntavam e seguiam lado a lado.
Ai de quem se metesse a tentar impedi-los de seguir em sua caminhada...
Eram varridos como ciscos incômodos e mal quistos!

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A Forca




“Hoje eu vou na mandinga como o mestre me ensinou
Na paciência, fazendo a forca de opressor [...]

A forca do opressor está pronta, já fiz o laço
É nossa vez!!! Quem quer ser o carrasco?”


- A Forca - Grupo Quilombo Vivo (Rap) - BA

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sábado, 13 de setembro de 2008

Buzão ao Quadrado!

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Alessandro Buzo não dá sossego ao sistema:
e lança dois livros ainda em Setembro!





Vem aí mais dois petardos do Suburbano mais Convicto do Brasil,
nosso Maquinista do Trem dos Esquecidos!


Um deles é o Favela Toma Conta, onde faz uma reflexão de sua trajetória de escritor e agitador cultural;
o outro é Suburbano Convicto: Pelas Periferias do Brasil Vol. II, uma coletânea que organiza, reunindo autores de São Paulo e do Brasilzão afora!

Já disse por aí, em mais de uma ocasião, que o dia do Alessandro Buzo tem 48 horas.
Lógico que a minha estimativa não tinha lógica, né meu!
Na verdade, errei feio!
Hoje refaço a estimativa e digo:
- O dia do Buzão não se mede em relógio, por ser composto de infinitos eventos, um atrás do outro, como uma locomotiva de vibrações positivas!
Na real mesmo, 48 horas ainda seria pouco! rsrsrs

- Maquinista, pra você toda sorte e força para bem mais, Irmão!!

Aos parceiros, leitores, alunos, amigos, ativistas ao lado, indico não só que leiam, mas que comprem os trabalhos deste camarada que nasceu com defeito de fabricação. Uso a expressão no sentido que ouvi o Irmão GOG usar um dia: com defeito porque, no contexto que nasceu, naceu para dar tão e somente errado...

Mas, contraraiando a lógica perversa deste brasil perverso, o pau que nasceu para ser torto, segue firme, forte e reto, não dispensando nem a sombra de uma vaga orelha da mínima oportunidade que vem tendo na literatura, no hip hop e, agora, na televisão! Vai-se formando um tronco robusto e imponente, sempre lá, ancorado nos descaminhos do Itaim Paulista!

- Que a sabedoria cresça junto com tua carreira, Maquinista, e não deixe que o sucesso te desprenda da vida ao lado!

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Favela Toma Conta


"Alessandro Buzo já fez de tudo um pouco. Nascido e criado no Itaim Paulista, a 38 quilômetros do centro de São Paulo, teve uma infância e uma adolescência que nada tiveram de diferente das dos moradores das centenas de periferias espalhadas pelo Brasil. O pai deu no pé e a mãe segurou a onda da educação do menino às custas, inicialmente, de muita faxina em casa de família. A mesma onda levou o menino também a começar a trabalhar, aos 13 anos, como office boy. Até que descobriu a cocaína e aí sua vida se tornou uma montanha russa.

O resto da história seria mais do que previsível, não fosse o personagem Alessandro Buzo: trabalha hoje na DGT Filmes; é apresentador da TV Cultura, dono da Suburbano Convicto, loja de livros, roupas, CDs e DVs, e dono da Suburbano Convicto Produções que promove os eventos "Favela Toma Conta", “Suburbano no Centro” e “Encontro com o Autor”.

'Alessandro Buzo é uma liderança no campo da literatura de periferia. Seu texto limpo e ágil tem feito, em seus romances e contos, a crônica de um novo São Paulo que vem surgindo com forca e marra para dizer a que veio', elogia a editora Heloisa Buarque de Hollanda.

De O Trem – baseado em fatos reais (2000) ou Suburbano Convicto – o cotidiano do Itaim Paulista (2004) a Favela Toma Conta, toda a sua produção mantém o compromisso de representar a periferia, fortalecendo sua auto-estima e estimulando a arte e a mobilização de outros 'suburbanos convictos'."

Lançamento: dia 19 de setembro, no Espaço Zé Maria Nogueira – Rua 13 de maio, 70, São Paulo.
Aeroplano Editora (284 p.): R$ 31,00 (No lançamento R$ 25,00)"

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Alessandro Buzo por Xico Sá*:

"Quando eu escuto falar em herói não penso no Batman, no Super-Man e outros bonecos americanos...
Muito menos nos personagens nacionais da mídia sensacionalista que fabrica e destrói uma celebridade a cada 15 minutos.
Herói, no meu entendimento, é gente que enfrentou a "real da guerra", como o escritor Alessandro Buzo, que nos apresenta agora mais esse baita livro sobre a sua trajetória.
Uma aula de sobrevivência e combate.
A força da mente e da caneta afiada.
Salve! E parabéns pela vida e pela narrativa!"

* escritor e jornalista

(DIVULGAÇÃO)

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Suburbano Convicto:
Pelas Periferias do Brasil - Vol. II

A coletânea Suburbano Convicto: Pelas Periferias do Brasil - Vol. II reúne textos de 18 autores de 7 estados, todos trafegando pela cultura hip hop, pela literatura e cultura periférica.

Organizada por Alessandro Buzo, a obra é uma iniciativa da "Suburbano Convicto Produções" associada à ONG "Ação Educativa", ambas de São Paulo, capital.

Esse volume traz, inclusive, quadrinhos de Alexandre de Maio sobre letra de rap do GOG. Antes disso, a inspiração artística de Alexandre de Maio já vem estampada na linda capa do livro, como um cartão de visita ao leitor. Aliás, o artista e designer já havia emprestado grande talento e vigor na criação da capa e no texto de orelha do primeiro volume.

Os autores que compõe a obra são:
Alexandre de Maio, Alexandre H2P, Aninha (BSB), Augusto, Dj Raffa, DU Bod, Fuzzil, GOG, Igor Vitorino, Jonilson Montalvão, Luiz Carlos Dummont, Mandrake, MT Ton, Patrícia Mattos, Pita Araujo, Rappin Hood, Raquel Almeida, Trutty.

Suburbano Convicto terá seus exemplares distribuídos entre os autores e rapidamente deve acabar, então garanta, logo, o seu, não marque bobeira.

O lançamento será no dia 26 de setembro de 2008 às 19h
Local: ONG Ação Educativa, Rua general Jardim, 660, Metrô Santa Cecília

Promete ser uma grande festa da periferia !!

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Nelson Maca - Blackitude.Ba
(Escritor participande do volume I)

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EPÍLOGO

Para ler um bom e objetivo perfil de Alessandro Buzo
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seguido de uma entrevista muito bacana, acesse o bom site do jornalista e ativista Guilherme de Azevedo.

Olha o requinte do texto do cara:

"Acho que quem melhor definiu a trajetória e a disposição do escritor Alessandro Buzo foi um dos seus velhos amigos do Itaim Paulista, bairro pobre no extremo leste da cidade de São Paulo, onde o autor nasceu e vive até hoje.
'Ele já caminhou mais que Moisés', explicou um dia o “nego” Zumba, amante de reggae, no começo dos anos 2000, para riso de todos que estavam ali, à beira do campo de futebol de várzea do Tossan Futebol Clube, orgulho (ou quase) do bairro.

Alessandro Buzo sempre teve a força de vontade invejável para contradizer, ou afirmar para todos que era possível, embora parecesse, às vezes, impossível. Cresceu sem pai e sem dinheiro. A mãe, que trabalhou como doméstica, hoje falecida, certamente foi a grande guerreira da família, retendo nos braços com firmeza Alessandro, o filho mais velho, e Álvaro, o mais novo.

O escritor ficou bem perto do crime, na periferia a Bíblia e o revólver disparam na mesma calçada, abusou das drogas e um dia encontrou uma convicção dentro de si: a de que poderia ser tudo diferente."

Guilherme Azevedo - Jornalirismo



Para adquirir as obras e saber mais sobre os corres de Alessandro Buzo, acesse:
http://www.suburbanoconvicto.blogger.com.br/
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FICHA

Lançamentos de Alessandro Buzo:

1- Favela Toma Conta
Dia 19 de setembro, às 19 horas,
Local: Espaço José Maria Nogueira / Rua 13 de maio, 70, São Paulo-SP
Aeroplano Editora (284 p.): R$ 31,00 (No lançamento R$ 25,00)

2- Suburbano Convicto: Pelas Periferias do Brasil Vol.II
Dia 26 de setembro, às 19 horas
Local: ONG Ação Educativa, Rua General Jardim, 660, Metrô Santa Cecília
Suburbano Convicto & Ação Eductiva: R$ 20,00 (No lançamento)

Contatos: Fone 11.6569-9151 / Fax: 11.6567-9379 / Cel: 11.8218-7512
alessandrobuzo@terra.com.br / MSN: suburbanoconvicto@hotmail.com

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O convite tá feito... agora é com vocês...
Só não vão dizer que eu não avisei, viu, seus danados!!!
rsrsrsrsrsrsrsr


Nelson Maca - Blackitude.Ba
Na Fé e na Crença em Nó Mesmos!

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sexta-feira, 12 de setembro de 2008

Nelson Maca Local

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Nelson Maca: Antes de Global, Local!


Antes mesmo de ser, eu, Nelson Maca, não sou mais da Global! (rsrsrs)


Outro dia, o Eleilson Leite, da Ação Educativa e articulador da Coleção Literatura Periférica da Global, mandou-me
um e-mail, dizendo que devido à minha exigência de sair publicado ainda este ano, e com a impossibilidade de a Global Editora atender minha demanda-exigência, eu ficava livre para publicar meu livro, Gramática da Ira, aqui mesmo em Salvador ou por outra editora.

Nunca me senti tão poderoso, uma das maiores editoras do Brasil não tem condições de botar meu livro na rua tão rapidamente!

Fiquei aqui pensando como é difícil enquadrar-me em qualquer sistema estranho a mim; principalmente quando sei que sou um Exu problemático convicto!
Na verdade, os sistemas são contra mim; e eu contra eles, lógico! (rsrsrs)
No fundo mesmo, comecei a me sentir como negociado num mercado adverso.
Alguma coisa daquele passado que não quer nos anbandonar vinha cutucando meu sono....
Eu era, na real, não um homem-escritor, mas um livro-mercadoria.

Um livro pronto, já organizado e digitado.
Menos de cem páginas em Times New Roman, fonte 12, espaço entre-linhas 1,5...

Além de, poeticamente, elogiado em vários momentos do processo inacabado.

Mas, realmente, eu poderia quebrar as finanças da editora!
Sim, a primeira previsão, era lançá-lo no início de 2008.
Quem tava no Sarau da Cooperifa da ocasião do lançamento do livro "Suburbano Convicto: Pelas Periferias do Brasil", organizado pelo Alessandro Buzo, deve ter ouvido o anúncio em viva-voz, do próprio Eleilson Leite, que eu e o Irmão GOG éramos as mais novas “aquisições” da coleção Literatura Periférica!

Então, pensamos, inicialmente, em lançar o Gramática da Ira no início de 2008.
Depois, passou-se para junho; então fixou-se a data para agosto, na Bienal de São Paulo; uma nova possibilidade foi Dezembro e, enfim, 2009...

Foi quando falei:
- Pra mim, deu... ou lançamos ainda na segunda metade de 2008, ou vou caminhar com outras pernas..
Cá estou...
Por enquanto, sem as outras pernas! (rsrsrs)

Acabei virando, na realidade, a primeira dispensa da coleção mesmo antes de assinar o contrato (rsrsrs).

Ainda bem que nunca tive e continuo não tendo pressa, pois a literatura, para mim, tornou-se bem mais que folhas impressas em formato elegante.

A vontade-vaidade de ver meu nome globalmente estampado na capa do livro por aí lembrou-me, desde o início, o capítulo “Emplasto” de Memórias Póstumas de Brás Cubas.
O herói machadiano, no fundo, se interessava mais na publicidade de seu nome estampado no rótulo do frasco que na possibilidade de cura do remédio que tentara inventar.
Sede de nomeada, como diz ele!
Mas sempre li essas páginas num misto de riso e desespero, pois é tão verossímil que me faz sentir certo desânimo de ser escritor na vida social miserável que herdamos.

Mas... sei que ainda consigo relativizar o Brás Cubas que me habita, desfocando um pouco o rótulo e perseguindo, com sinceridade, não a cura, mas a possibilidade de incitar inquietação e rebelião com minha poética que não deixa de ser também minha droga.

Realmente, não posso esperar muito de um pré-contrato oficial que, dentro da lógica do mercado, me garante 8% do valor da capa do livro e promete me adiantar R$ 2.000,00 de advance, a ser descontado nas vendas futuras do livro.

Ainda assim, depois da primeira conversa, a presidencial, só tenho notícias através do mediador, e começa a fase de limagem: questiona ou veta-se os nomes escolhidos para escrever orelha e apresentação, esquece-se da promessa de uma discussão mais profunda acerca do estudo da capa original, esquece-se do compromisso de manter as ilustrações do projeto, etc e etc.

De fato, não dá para pensar em ganhar dinheiro com poesia.
Porém, negada a integridade da obra...
adiada, reiteradamente, baseado nas demandas do patrão, a publicação efetiva do livro...

- O que me resta?

A literatura que faço é uma coisa tão íntima e pessoal e, ao mesmo tempo, tão coletiva e engajada nas minhas lutas sociais, que o simples fato de ter que entregar meus originais a alguém estranho, para uma publicação comercial, dói-me profundamente.

- Resta-me escrever ainda mais!

Não o nego, quero sim publicar meus textos em livro, com bom tratamento gráfico, para toda e qualquer pessoa que me queira ler por motivo qualquer que seja!
Mas toda e qualquer publicação possível será sempre uma agressão para mim, mesmo independente!

- Pois é, gente...
Tô aqui tão triste que vocês nem imaginam. (rsrsrs)

Enfim, resta desejar aos parceiros que ficam toda sorte na empreitada, e afirmar, com toda sinceridade, que tudo o que digo, aqui, trata única e exclusivamente de minha relação com a Global Editora a respeito da publicação do livro Gramática da Ira, mediada por Eleilson Leite, que, no fim das contas, não fez mais do que me apresentar e, depois, seguir estritamente as orientações do editor, não sei se por convicção, impotência ou por subordinação trabalhista.

A todos os escritores que já publicaram na Coleção, todo meu respeito e admiração.
Já li seus respectivos livros e sei do merecimento literário de cada um:
Alan da Rosa, Alessandro Buzo, Sacolinha, Sérgio Vaz.

Aos que estão por vir, toda sorte que não tive!

No mais, tô aí, para o que der e vier, porém mais LOCAL que nunca!


Nelson Maca - Blackitude Ba


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quinta-feira, 11 de setembro de 2008

Se me deixam falar...

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O Blog Gramática da Ira

tem recebido inúmeros e-mails endereçados para o meu e-mail particular ou para o da Blackitude.
Muito bom, logicamente!!
Porém seria melhor ainda se os comentários e saudações fossem postados no espaço de comentários do próprio blog.

- Por quê?
- Muito simples: para incentivar o responsável e fortalecer a FIRMA.
- Firmeza então!
- Então tá!

Valeu a todos que nos visitam, comentando ou não.
Fiquem a vontade, para continuar estabelecendo a forma de contato que julgarem melhor,
porém lembro que postar no próprio Blog será sempre um estímulo para sua independência, marco de referência de sua abrangência, noção de sua responsabilidade e possibilidade de interação com as demandas do leitor em geral.
Enfim, um livro aberto!

Nossos serviços prestados são de Riso e Siso,
mas nossa FIRMA é, acima de tudo, de Amor a NÓS e à CAUSA!

Queima...!!!

África! One People!!
One Love!!!
Nelson Maca


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quarta-feira, 10 de setembro de 2008

Jorge Washington Manda Avisar

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ÁFRICAS

no Festival Latino Americano

Primeiro espetáculo infantil da trajetória de 17 anos do Bando de Teatro Olodum, Áfricas utiliza-se de uma linguagem repleta de músicas, cores e danças para abordar o universo mágico e lúdico das lendas e contos africanos que ultrapassaram séculos e continentes através das narrativas dos griôs, ancestrais detentores da sabedoria e da linguagem oral. O objetivo é despertar em crianças e adultos o desejo de conhecer mais sobre este continente complexo e diverso que tanto contribuiu para a cultura brasileira, em especial, para o povo baiano

13 de setembro às 14h
Palco Principal do Teatro Vila Velha
Ingresso: r$10 (inteira) r$5 (meia)

(DIVULGAÇÃO)
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Presença constante nas ações da Blackitude, Jorge Washington (foto), mais que nos apoiar, nos inspira e fortalece!
Todos ao Teatro Vila Velha, para ver este belo espetáculo de arte e africanidade!!

Nelson Maca - Blackitude.Ba

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domingo, 7 de setembro de 2008

GOG: Ao Vivo!

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GOG manda avisar:

Já está na rua o CD ao Vivo: Cartão Postal Bomba.

Tá vindo aí, também, o esperado DVD do poeta!

Enquanto esperamos, segue uma palhinha de Brasil com P, com o vocalize de fundo de Maria Rita, convidada do projeto.




Totalmente Juntos!

Guerra Preta... Estratégia Quilombola
Liga Africana Atual!


Nelson Maca
Blackitude.Ba / Cooperifa.Ba / Só Balanço.Ba
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Mais detalhes: www.gograpnacional.com.br


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sexta-feira, 5 de setembro de 2008

Uma Menina Preta...

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Sara Tavares - Balance

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Essa moça preta aí do clipe é a Sara Tavares:
portuguesa meio cacboverdiana!

Ela é bem legal, hein?

Não só pelo gênero... Não só pelo toque feminino...
Não só pela plasticidade (dela)...
Não só pela sedução... Não só pela ideologia...
Não só pela sensusalidade (dela)...

Por tudo isso... rsrsrs

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E pela música... Pela arte... Pela linguagem... pela força expressiva...
Igualmente dela!!

A culpa é do Robson Véio:
ele teve aqui em casa, hoje, e me falou do remix que o Dj Leandro fez de uma cantora sensacional.
Ele me mostrou a figura na Internet! (Essa aí de cima!)

Esses homens não tem jeito mesmo: tão sempre econtrando mulheres maravilhosas!

- Help Simone de Beauvoir!
- Vá com Deus Waldik Soriano!


Nelson Maca
De tênis All Star e cabelo black - quase "muleque"...
Se não fosse a história perversa dessa palavra!!

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http://www.saratavares.com/

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quinta-feira, 4 de setembro de 2008

Positivoz no Remix-se

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Positivoz
Positividade no Projeto Remix-se



Abertura


Muito bacana a festa de sábado, 30 de agosto, no ICBA!
Falo da presença do Positivoz no Projeto Remix-se!

Cheguei cedo, com o Irmão Freeza d”Oquadro, minha Lucinha Black Power, 9 anos, e duas Luizas: uma de Ilhéus, ativista social e estudiosa das questões da negritude, a outra é a Luiza Gata, 7 anos, minha filha mais nova.
Acompanhamos as coisas, aos poucos, se ajeitando e o público chegando!

Cena 1- Uma platéia diversificada

Só para exemplificar cito dois casos:

a) a parte da platéia que foi, mais especificamente, para assistir a performance dos poetas acadêmicos do projeto Remix-se (que frearam um pouco a festa ) teve uma grande surpresa com os poetas da rua (eu percebi!).
Ficou pequeno pra eles, no momento de sua insossa apresentação, não pela qualidade de seus textos e leituras, mas pelo seu deslocamento contextual;

b) como dizia Coscarque, mc do evento, lá estava a “galera do Punk”.
Muito legal e sempre presente na cena hip hop da cidade.
Robson Véio, Fofinho, Luciana e um pessoal que a gente gosta pra caralho dão sempre um vigor energético na cena.

*Um puxão de orelha em tempo:
tá faltando a gente, do hip hop, colar mais nos eventos da Lumpen e afins!

Enfim,
figuras instigante apareceram no evento.
Ao citar nomes, sempre ocorre-se injustiças.
Simbolicamente: Geraldo Cristal (rastaman vibration)
e Ana Cristina Pereira (Só Love!)

Cena 2- Dudub Caribe

Dudu chegou nas manhas, e na humildade, colou na mesa de som e, em poucos minutos, o sorriso se estampa nas faces da moçada que comandava a festa!
E nossos ouvidos começaram a perceber as ondas sonoras se arredondando.

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Cena 3- DJ Leandro x DJ Índio!


O xis aí no meio não deve ser interpretado como disputa excludente, mas como complementaridade.
Muito legal dois dj’s no palco.
Não necessariamente por essa formação ser pouco comum em Salvador, mas pela qualidade dos dois.
Souberam improvisar bem (com auge na performance de DaGanja).
Em alguns momentos de protagonismo, a dupla Leandro e Índio me alegraram profundamente.

Cena 4- DJ Óz!

Sou fã do Óz!
O cara saca das coisas mesmo.
Ele atacou de Dj do grupo In.Vés, soltando as batidas com precisão e riscando de maneira precisa e no tempo!
Além de participar como MC.
Muito bom!
Talento não se nega nem se mede; admira-se!

Cena 5- Os Bons Ladrões de Cena!

Um cara fez algumas participações nos shows dos parceiros.
Não vou dizer nada, para não cometer injustiças.
Apenas digo que Dimak, no mic, está se superando a cada dia.
- É o cara!

Também pintou na área o Diego157
Quem é do gueto, sabe!!

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Cena 6- Rap: In-Vés, Versu2, Daganja. E convidados!


Rimas bem elaboradas e com bom tratamento musical!

Ultimamente, não tenho freqüentado os eventos de rap, principalmente com os trabalhos recentes de grupos já firmados e grupos novos.
Apesar de conhecer a galera que compõe os grupos acima - da antiga - foi a primeira vez que assisti Versu2 e Daganja solo ao vivo.

Tudo começou com In.Vés, com o Dj Oz, que deu o recado para um público ainda chegando, meio frio, mas o suficiente para demonstrar talento e personalidade.
Não tem como não estar com Yuri e família.

Depois chegou o Versu2
Repito: foi a primeira vez que assisti apresentação do grupo.
Gostei!
Beat acelerado, fez a platéia levantar a bunda das confortáveis cadeiras e escadas do pátio do ICBA.
Aí já viu, né?

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Enfim, DaGanja.
O cara era o destaque do dia-noite. Disco na prensa, esperei-o com expectativa...

O cara passeou no tablado.
Malando e talentoso, DaGanja tem a pegada do partiderio para além das fusões de suas bases.
É carismático e rima pra caralho.
Sem preciosismo nem ostentação desnecessários, presença física sem balangandãs e domínio de palco.
Rap du bom.

Não bastasse, trouxe o Leo Souza.
Você conhece a voz e o som do Leo?
Um soul-man de fato numa Bahia de tantos farsantes afro-pop-brasileiros, de negra cor ou não!

Epílogo

Enfim, gostei de estar por lá!
Claro que algumas coisas precisam de acertos.
Porém, são questões técnicas de produção que dependem de muitas outras coisas.

Primeiramente, logicamente, e, principalmente, mais recurso material.

Os pontos negativos deixo para que os desafetos divulguem, pois eles sempre jogam no time do contra e, agora mesmo, devem estar enumerando os desacertos da festa.

Quero, apenas, reforçar que, no momento em que o hip hop baiano estabelece um diálogo com a Secretaria de Cultura de Estado, como fazemos hoje, aqueles que valoriazm os elementos o hip hop como artes não podem ficar ao largo das discussões. E, quando presentes, devem ter voz e voto. Para não transformarmos nosso hip hop numa massa disforme, sem beleza e sem vida, debaixo da pata pesada do Estado que não compreende as demandas das estéticas da rua para além das possibilidades de votos na urna!

Ficou-me, novamente, a certeza que a cena na Bahia tá a milhão, com muita gente de qualidade no barato!
Evolução com certeza!

Parabéns à produção do Remix-se pela confiança e espaço cedido à Positivoz, que soube nos proporcionar um sábabo bem bacana.

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Parabéns ao Rangell Blequimobil, Coscarque, DJ Leandro e equipe pela condução com Bom Gosto e Competência!


Nelson Maca – Blackitude.Ba

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Os clicks, disponibilizados por Blequimobil, são de

Fernando Gomes


Foto 1: Visão da platéia com Versu 2 no palco
(a frente: Blequimobil, Spok e Coscarque; ao fundo: Dj's Leandro e Índio)
foto 2: Dj Índio e DJ Leandro (de costas: Spok)
foto3: Convidado especial Diego 157 e Dj Índio
foto4: DaGanja e Leo Souza (ao fundo Dj's Leandro e Índio)
Foto5: Coscarque e Blequimobil (Versu2)


Para ver mais fotos de Fernando Gomes, acesse
www.flickr.com/photos/fernandogomes/


Para mais informações sobre o Positivoz, acesse

http://www.positivoz.com/


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quarta-feira, 3 de setembro de 2008

Tá com sede?

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Tá com sede?

[...]

Mas tudo se resolveu conforme tudo se resolve como manda o figurino fúnebre que traja nossa Bahia Preta.
A entrada foi no cash, e mais 6 cheques pré-datados.

Para você, não custaria muito enterrar um preto pobre em Salvador:
com qualquer 100 reais de entrada você compra um caixão básico.
Mais uma pequena quantia, para o laudo médico.
Pode dispensar o padre, economizando este tanto.

Enfim, aluga o carro funerário e já é.
O cemitério será público, apesar de ter sempre aquela fita do cala-boca do coveiro.

- Já era!

Somando tudo, precisa uns 300 conto em espécie e mais uma meia dúzia de prestações de 50, podendo ser uma quantia menor, com aquele descontinho amigo, caso se diminua o número de prestações.

Para você que não ganha salário ínfimo e não sabe o que é amargar fila de desespero, é bolinho, não é, não, meu branco?

Não paga uma noitada sua, às escondidas, com uma de suas amigas vistosas, ou mesmo um dia de praia com a patroa elegante e as crianças bem hidratadas.”

[...]

Do livro RGP (na gaveta cheia)

Nelson Maca
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terça-feira, 2 de setembro de 2008

Site de Carlos Moore

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Salve a todos.
Trago o endereço do site do Mestre Carlos Moore!

Peço ajuda na divulgação!


http://www.drcarlosmoore.com/

Para todos que, efetivamente, militam na nossa causa!

Com Respeito,
Nelson Maca


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Rodrigo Ciríaco Relata a estréia do filme da Cooperifa

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UMA NOITE LINDA

"ontem foi uma noite especial para todos aqueles que fazem parte da periferia. sejam eles da cooperifa ou não. mais de trezentas pessoas reunidas no CineSesc, na rua Augusta, para acompanhar o lançamento do documentário "Povo lindo, Povo Inteligente!", produzido pela DGT filmes, através do trabalho de Sérgio Gagliard e Maurício Falcão. o documentário, de cinquenta minutos, conta com depoimentos de vários integrantes da Cooperifa como Márcio Baptista, Sales, Rose (Musa) e, claro, do Poeta. além disso, há várias imagens do Sarau, do público e de seus artistas-cidadãos, poetas e escritores da periferia declamando os seus versos-falas-balas. aproveitando que falamos de disparos........"


Esse é o iníci0 do belo texto do Rodrigo Ciríaco sobre o lançamento do filme sobre a Cooperifa ontem em São Paulo.
Ele estava lá e faz um relato bem bacana do evento.


Para ler na íntegra:

é só dar uma passada no blog desse cara linha forte, que já foi entrevistado aqui, no Gramática da Ira.

Estando lá, aproveita para dar um saque geral na página.
É boa!
Você vai ter detalhes, por exempo, do livro de contos recém lançado por ele (Te Pego lá fora) e muito mais!


- Então, tá esperando o quê?

- ...!?

- Ah é!, o endereço, né!?


Vai lá:




Nelson Maca
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segunda-feira, 1 de setembro de 2008

DECLARAÇÃO

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Heroísmo

- para Sérgio Vaz

A melhor palavra que tenho para você, irmão
É heroísmo

Não quero que pensem num predicativo solto
Pois não vejo como
Tendo observado suas maneiras finas nesta terra fria
Não posso tratá-lo de outra maneira

O seu ato heróico faz-se menos nas grandes coisas
Do que nas pequenas
Menos em público do que em particular

O que mais me impressiona em você, mano
É a sua crença diária
A despeito do terror que o cerca desde sempre aqui

Minha maior alegria
É saber que o vejo tão perto
Que posso seguir seus passos majestosos
Que posso tocá-lo enquanto na passagem do meio


Nelson "Cooperifa" Maca

Pensamentos pan-vadios!
Atitudes afro-divergentes!

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Lembrete:
Hoje estréia, em São Paulo, o documentário " Povo lindo, povo inteligente".
Trata-se, na realidade, da Cooperifa na telona do cine SESC!
Na quarta próxima, o lançamento será no Sarau da Cooperifa.
Quem assina o trampo é Sérgio Galiardi e Maurício Falcão.
Eu, daqui, olhos brilhando, fico torcendo pros parceiros estarem bem apresentados.
E vou logo adiantando que a Blackitude já tá na articulação com o poeta Sérgio Vaz, para vinda dele e do filme para os quilombos lítero-culturais do lado de cá da Bahia Preta!