sábado, 31 de maio de 2008

Nelson Maca de Brasília

.
Salve, nêgo,

tô passando alguns dias na capital do país - Brasília.
Logo logo, volto, e, então, vou movimentar minha Gramática da Ira,
Firmeza?

Tô trampando no livro do GOG.

Hoje,
por exemplo, vi quando uma platéia de,
aproximadamente, 4.000 pessoas
aplaudiu ele de pé,
ao final de sua paticipação do show Lenine Acústico,
quando irterpretaram juntos
"A Ponte".

Tão me tratando como gente grande por aqui!
Desse jeito, vou ficar mal acostumado,
e começar a exigir cachê!
rsrsrsrsr

No mais, trouxe e leio o livro de
Sérgio Vaz!

Aí, já sabe, né, mon!?

É Formação de Guerrilha!

Nelson Maca
do Coração da
Confederação dos Nagôs

quarta-feira, 28 de maio de 2008

"Falling" - by D'Influence

..
Veja isso, minha filha!

- Minha filha, chegue aqui, meu bem, venha ver que cantora linda... ouça como ela canta bem!.. parece com você.... olhe o blackão dela...
louco, lindão! hein!? parece o teu, não é?
só que você é muito mais linda... claro que é...
pra mim, é!?
teu cabelo é lindo igual o dela... e você pode ser uma cantora também, sabia? você canta tão bem, apesar de tão novinha!
olhe que rosto maravilhoso, veja como a iluminação valoriza os traços dela...
veja bem: que sentimento!...
ela parece sentir profundamente o que canta...
você percebe, meu amor?
a arte tem sido isso para nós: expressão de nossos sentimentos mais puros!!
mais que isso: a arte nos confedera!
é também uma forma de resistirmos!!
a que?
a tudo que queira dizer que não somos bons, possíveis!
ouça que voz suave...
tá vendo como nós não somos apenas o que dizem por aí...
eu não te digo sempre?...
não estamos só nos lugares que mostram esses jornais "deles"...
que insistem em nos mostrar sempre tristes, zangados, famintos, chorando, maltrapilhos.
que nada, estamos cheios de vida e vontade de sorrir.
ô, meu amor, vá lá buscar sua irmã, para ver isso...
chame tua mãe também...
enquanto isso, vou colocando o clipe aqui na nossa Gramática...
para que os guerreiros que nos lêem tenham, também, uma porção de brisa fresca neste deserto árido que atravessamos...
...
- filhinha, lembra quando lhe falei do poeta Agostinho Neto?
...poesia no campo de batalha...


Falling - By D'Influence




Filhinha (trecho)
do livro Gramática da Ira

suas pernas crescem seus braços crescem seus cabelos crescem
sua curiosidade cresce
o seu cabelo cresce e não nega a raça de quem nasceu para ser
a deusa do ébano
o seu cabelo cresce e não nega a graça de quem saberá ser
a muzenbela
o seu cabelo cresce e não passa de graça pelo olhar da cidade adversa

terça-feira, 27 de maio de 2008

E aí, vai encarar, Baby Face!!

.
Sampa: A Periferia Arde!
.Suburbano Convicto + Cooperifa
=
Nó Por Nós Também


Queima!!!!

Blackitude + LUB = Nós Por Nós


Confederação dos Nagôs
Sistema: Trema!



Bote a mão pra cima e diz: Isso é
BlacKitude!!
.



BlacKitude na TV LUB

"Nosso Salve ao Irmão Dom Filó"

Nelson Maca

sábado, 24 de maio de 2008

ENTREVISTA / Poeta Augusto da Maia

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Jorge Augusto da Maia
, é isso!

Um ano e pouco atrás, me bati com um jovem intrigante. Pensei que tinha sido desencontro à primeira vista. Que pena: ele demonstrava sacação e sensibilidade, mas pareceu-me um pouco arrogante, um pouco armado, etc e tal. Mas também percebi logo seu talento literário quando visitei seu blog. Que pena, pensei novamente, poderíamos somar, mas... deixa quieto! Claro que, do lado de lá, ele, também, ia me percebendo do seu modo.

No dia do desjuízo, afinal, saberemos o que é mais torta: se nossa visão ou se a paisagem!

O tempo passou um pouco. O Jorge (poeta Augusto da Maia) passou. Eu passei. Passamos. Depois conversamos e destacamos alguns pontos que nunca deixaram de estar em alguns is. Agora, voltamos a nos bater e o que, num primeiro momento, parecia uma orelha de confronto, vai se tornando um conflito em conversão. Uma admiração mútua. Uma parceira boa e possível. E melhor, literária.

Hoje olho para o Jorge (Augusto da Maia) e compreendo melhor nosso primeiro encontro. Não poderia ser diferente. O orgulho próprio, a autoconfiança, a convicção, a cabeça erguida, a coluna ereta e os olhos paralelos ao solo assustam, enganam. Ainda não sabemos receber as pessoas altivas, livres. A arrogância e o amor próprio são vizinhos de porta.
Mas acho, também, que há o time dos que buscam, dos que tentam, repensam, procuram.

Eu, de minha parte, não deixei de perceber neste rapaz, Augusto da Maia, além de talento poético, um homem que busca. O quê? Simplesmente a surpresa, a tensão, o crescimento. Observando seus gestos, ouvindo suas questões, lendo seus textos, fui constatando sua grandeza em inquietação estética e pensamentos dinâmicos. Seu posicionamento crítico no fronte cultural. Sua participação política. Sua indócil simpatia.

É isso, leitor! Agora, gostaria de estampar na nossa Gramática um pouco disso tudo, para que você mesmo tire suas conclusões.

Eu, que tô sempre querendo reforçar o meio-campo de meu time, já convoquei o poeta Augusto da Maia para algumas investidas pelos flancos da Bahia Preta, nossa várzea amada!

Nelson Maca -Blackitude.Ba/Cooperifa.Ba
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Gramática da Ira (GI)
- Quem é você? Como é a sua Bahia?

Augusto da Maia (GI) (AM) - Minha Bahia é sofrida, e bela. E com certas belezas que nascem desse sofrimento, (mais que obviamente não o justificam) como o Ilê Aiyê, por exemplo. É a Bahia dos Blocos Afros, dos Afoxés, das paisagens improvisadas pela geografia acidentada, das 365 igrejas e dos mil´s terreiros de candomblé. Minha Bahia é a mesma de Jorge Amado, nas Leituras de Risério, da criatividade de Brown, e a inventividade poética de Jemes Martins. Gosto dessas Bahias sem a apropriação que a indústria cultural faz dela, sem o mítico apropriado pelo turismo, sem a banalização dos sincretismos. Gosto do que na Bahia é ela, naturalmente. Por exemplo, acho lindas as baianas vendendo acarajé, mas acho chatíssimas e sem graça as baianas do Pelourinho. A Ladeira da Montanha, talvez seja uma metonímia apropriada pro que eu quero dizer... Um lugar feio, grotesco, imundo, despedaçado, etc...que resistiu ao tempo, se manteve no que antes era o centro comercial da cidade, e é um lugar que, apesar dessas feiúras aparentes, guarda uma história riquíssima, e é bela. Cheia de belezas não convencionais, onde mulheres sustentam famílias com o dinheiro do corpo, onde uma velha, Mãe Preta, alimenta, um sem números, de desabrigados apesar de, ela mesma, não ter onde morar, onde a arquitetura de grande valor resiste aos farelos, etc. É isso, a Ladeira da Montanha tem muito do que eu gosto na Bahia. Uma força, uma vitalidade... Pra resumir, se não ficamos aqui até..... eu acho que a Bahia tem um jeito próprio de lidar com as adversidades, e são muitas; desde de o analfabetismo funcional ao desemprego e racismo. E esse jeito, talvez, em grande parte seja herança “africarnada” em nossa alma. Acho que cada cultura, povo, constrói suas armas, e a da Bahia talvez seja essa, fazer da alegria uma arma de sobrevivência, nunca se abater, seja pela escravidão, seja pela industrialização da cultura, a Bahia sempre mostra suas garras: seja com garotos de rua do Candeal tornando-se a maior banda de Percussão do Mundo, seja no arrocha explodir como fenômeno musical através da venda de Cd´s no camelô, seja no Ilê Aiê se tornar elemento de grande destaque mesmo diante o “carnaval da industria” etc.. a Bahia parece sempre achar uma saída para afirma-se ante a lógica de mercado e de industrialização do homem e da cultura...

GI - Qual a importância da poesia em sua vida particular?

AM - De verdade na minha vida particular a poesia não tem muita importância. Mas ela ganha importância a medida que deixa de ser uma realização intima pra fruição dos sentidos, ou seja, a poesia em mim, só ganha importância quando deixa de ser “particular” e se coletiviza . Eu não escrevo mais poemas há muitos meses, Mas acho que poesia se faz de tantas formas..... Mas de toda sorte, acho que a poesia, como outras linguagens, nos dá certa autonomia de leitura do mundo, das relações sociais, da realidade, dos valores, etc.. a medida que nos individualiza, e nos proporciona “modelos de sensibilidades mais autônomos”. Parece uma contradição o sentido de coletividade que eu disse antes com a individualização que eu cito agora né? Mas não acho não, creio que só podemos atuar efetivamente numa realidade a partir do momento em que fazemos uma leitura dela e de nós de forma autônoma, não condicionada pelos fatores mercadológicos e sociais que avassalam nossa individualidade na tal da contemporaneidade.


GI
- Quais as possibilidades de participação social e política da sua poesia?

AM - Eu poderia falar muita coisa aqui sobre isso, mas pra evitar redundâncias e lugares comuns cito uma coisa bastante usada pela teoria concretista, uma frase do poeta russo, Vladimir Maiackovsk “não existe arte revolucionária sem forma revolucionária” quando ouvi o poeta Jemes Martins, falando isso no Recital dele, o Pós-Nada, e depois li, na teoria da Poesia Concreta, acho que entendi muito do que eu julgo que precisava entender, sobre possíveis: função e funcionalidade, utilidade da poesia. Mas acho também que a questão não se encerra aí. Não se trata da novidade em si, aleatória e gratuita, mas da novidade (seja formal ou conteúdista) como produto de um processo dialético entre o novo e o antigo. Não acho que nada na sociedade se retro-alimente como organismo autônomo. Mesmo a arte, é produtora e produto simultâneo das relações sociais, obviamente longe de qualquer determinismo, daí ser arte, daí o artista, o gênio criador...não há como haver determinismo sociológico na obra de arte...

GI - Qual a sua experiência com edições alternativas impressas ou virtuais? O que você já realizou – seu ou de outros?

AM - Eu publiquei três livretos de poemas, que é uma iniciativa que começou com o Cria-poesia, na coordenação do Zeca De Magalhães, (até onde eu sei), Livretos-Xerox que barateiam o custo e facilitam a leitura.Acho um troço curto e eficiente. Discordo de muita gente que acha que os livretos não socializam nem democratizam a leitura, acho é que a distribuição nunca foi organizada de forma profissional, porque é preciso profissionalismo nessas coisas... montar uma rede de distribuição e divulgação. Que desse conta de escoar minimamente em públicos alvo essa produção alternativa. Mas a experiência mais gratificante com publicações alternativas foi na campanha “ + Poesia – Fome = Cidadania ” realizada para arrecadar alimentos para as famílias do recôncavo quando essas passavam necessidades sem poder pescar, devido a maré Vermelha. (há quase um ano atrás) conseguimos junto a Fundação Cefetbahia a impressão de 1.000 livretos e editamos dez poetas inéditos, e trocavamos o livreto por um 1kg de alimento, que foi doado a associação de Marisqueiras de Bom Jesus dos Pobres-BA. Outros poetas, ainda inéditos em livros, trabalham através dos livretos: Leopoldo Madrugada, James Martins, João Gabriel Galdea (prosa), Igor Adorno, Cazzo, Wendel Wagner... gosto muito dos livretos...


GI
- Você é um crítico ferrenho dos medalhões da poesia baiana, mas, para não dar Ibop às múmias (cadáveres adiados que procriam), fale um pouco dos poetas vivos da cidade - daqueles que você admira!

AM - A poesia da Bahia vive uma fase importante, eu creio mesmo nisso. Depois do recital Pós-Nada, que eu cito acima, acho que é inegável o surgimento do que eu chamo de “plataforma Oceânica” que se formou em volta do recital, que influenciou diretamente o surgimento de uma teia de blog´s e livretos na cena Literária Baiana (coisa que eu detalho num texto em fase de conclusão chamado: “o aceno da poesia da Bahia”) e que publicarei em breve. A atmosfera criada em volta desse recital, é o que de melhor conheço na poesia da Bahia. Os livretos e os Blogs são de qualidade, acho que isso ninguém pode negar. Não se trata de um movimento organizado, nem discutido, é antes uma formação natural de intercessões ideológicas e estéticas que vão tecendo os fios, ainda tênues. Sobre isso falarei mais no texto que me refiro acima. O Criador do Recital, o poeta James Martins, mais Leopoldo Madrugada, Igor Adorno, Carlos Arouca, Geraldo Figueiredo, Gibran Souza, Cazzo, Isa Lorena, Wendel Wagner e muitos outros entre blogs e livretos compõe a Plataforma oceânica do “Pós-Nada”. Admiro e respeito muito a importância dos trabalhos realizados pelo Cria-poesia e pelo Coletivo Blacktude. ............Há os que eu mais admiro sem duvidas o James Martins é minha maior influência junto ao João Cabral, acho a poesia dele no mais alto nível de criatividade entre as que conheço e acho que é uma poesia pouco entendida. O Igor Adorno, por certa estranheza e concisão, O Carlos Arouca, que escreve pouco mais faz uns poemas muito originais... a força da poesia-Azia do Leopoldo Madrugada, ...adimiro mesmo essas caras...


GI
- Qual a importância, se há, do conceito e da prática de uma Literatura Baiana?

AM - Estou falando aqui mais especificamente sobre poesia, a prosa da Bahia querendo ou não respira, O João Ubaldo, A Ligia Fagundes Teles, e o Adonias Filho ta sendo retomado agora né? ...só para citar alguns...A importância de uma literatura (poesia) forte é diversa. Desde a formação de leitores até a questão das identidades. A poesia por ser uma linguagem ainda não muito assimilada pela industria cultural, talvez, por isso, seja uma arma eficiente no combate a massificação das culturas... o Eliot foi muito feliz quando falou que nenhuma linguagem é tão representativa de uma nação e sua cultura como um poema, porque ele só pode ser lido em quanto signo original, na língua em que foi escrito. Tradução de poesia é uma recriação. Fazer uma poesia baiana, sem regionalismos frouxos, mas construída através do processo dialético: Local-Universal que contribua na construção de uma identidade local que não a massificada e difundida pela industria cultural e turística que se apropriou das coisas da Bahia de forma absolutamente errônea (mesmo do ponto de vista mercadológico) ...é uma das importâncias possíveis de se ter uma literatura forte...


GI
- Por que você defende a idéia da pequena editora?

AM - A pequena editora é uma vontade antiga minha. Como uma revista também. Qs um sonho. Estamos a caminho. A idéia não é lançar livros, somente. È antes, criar leitores, leitura é construção de sentidos, é autonomia critica e dês-alienação. A Editora teria que trabalhar no sentido de Criar um público para obra, creio que já existe um pequeno mercado possível para consumir certas publicações. Temos é que estimula-lo. As tiragens deveriam ser pequenas e os eventos de divulgação periódicos. È a criação de uma nova lógica de mercado. Um novo sistema de distribuição: através dos sebos (onde, o leitor, de fato, vai) e no próprio blog do artista e site da editora, e nos eventos. Pequenas tiragens, para um publico pequeno, e assim a auto-sustentabilidade do livro, repedindo sempre pequenas tiragens conforme a demanda. A criação de um mercado é algo lento, ainda mais sem as vultosas quantias que circulam nos mercados editoriais. Creio que publicar assim, com autonomia e independência do mercado é um tipo de publicação mais condizente com um projeto estético que não se submete as leis de mercado. Isso pode parecer romantismo...mas acho q não é...acho mesmo muito viável.


GI
- Do que já li, você é um poeta da linguagem, da manipulação do verbo. Onde você adquiriu isso? Como se deu seu contato com o concretismo?

AM - Meu contato com o concretismo se deu quando assistir ao recital Pós-Nada e o Poeta James Martins falou alguma coisa sobre os concretos, e depois me deparei com o livro...Minhas leitura mais importantes já disse acima, João Cabral e James Martins, acrescentando o Augusto de Campos que me é fundamental na compreensão de uma série de coisas. Acho mesmo que sem o concretismo a Poesia do Brasil, correria o risco, no mínimo, de hoje está relegada a segunda arte entre artistas de outras linguagens, o que não é uma coisa complicada de se ver mesmo agora. Fora todas as aquisições trazidas e traduzidas pela pratica e teoria concretista, que não cabe aqui enumerar. Gosto de trabalhar com a palavra enquanto signo autônomo, e gosto muito de construir imagens.... estou engatinhando nos processos estéticos que vislumbro: a palavra destituída de sentido e a intercessão dos versos, simultaneidade física da escrita. São projetos estéticos particulares, idéias que pretendo trabalhar na busca de uma contribuição efetiva, “é melhor morrer pela causa a ter que respirar passivo” ... quero voltar logo a escrever... kkkkkkkkkkkkk

GI - O que a escola tem acrescentado para você? E o Curso de Letras?

AM - Sinceramente. Parece birra isso né? De o cara estudar três anos e dizer que não serviu de nada. Parece meio esnobe e intransigente, mas juro que não é o caso...é que me cansa tudo na faculdade, o curso de licenciatura é muito complicado, os currículos e os professores em sua maioria desatualizados, não tem pesquisa, e a produção de texto é rara, em suma não se trabalha a autonomia do pensamento. A velha questão porque se discute tanto a função da academia: A repetição. Tudo é muito, “papel carbono” . Acho que a faculdade ocupou meu tempo e muito. Se lá fiquei foi pela profissão que escolhi. Valem muito, muito, muito os contatos e as amizades que se criam, aprendizados e sentimentos que se levam para a vida. Isso sim levo da Universidade.

GI - Como você se imagina publicado num Blog como o Gramática da Ira, “aparentemente” tão afastado de suas concepções literárias e vice-versa?

AM - Rapaz eu gosto da idéia. Não importa quem vai ler a minha poesia. Nem ouvir minhas idéias. O som nunca se acaba, se propaga. Digo, e ouça quem tiver ouvidos. Creio que publicar no “Gramática da Ira” ou na revista da “Academia de Letras da Bahia”, não se diferencia porque eu creio que a idéia não é impor novos “modelos de sensibilidade” estáticos, e sim se impor diante a multiplicidade deles. Podem-se lançar “n” livros e blogs mais só os bons, os que contribuem efetivamente na transformação das linguagens, das artes e da sociedade é que ficarão. E sinceramente, pelo pouco que lhe conheço, não acho que ideologicamente nos distanciamos. Dois palmos, no máximo. Eu gosto da Seriedade com que é conduzido o Blog.


GI
- Fica aí o espaço para se despedir e deixar os contatos.

AM - Vou-me dizendo que; creio que na poesia baiana o que falta é articulação, e não entendamos isso como mera formação de grupos, que legislem novos postulados estéticos, nada disso. Mas se carece de debate conversas e enfrentamentos. È tudo muito moroso, os jornais não dão espaços, as coletâneas não são sérias, a Universidade é inoperante, não organiza um evento para se discutir as coisas da cidade etc...Em suma é preciso muito mais que poesia, para se fazer uma cena forte na Bahia. “nem só de pão vive o homem, nem só de poema vive a poesia”

Eu me despeço fazendo o convite:
http://www.jemesmartins.blogspot.com/ http://www.iglucadorno.blogspot.com/
http://www.apoesiadeleopoldomadrugada.blogspot.com/ http://www.haiai.blogspot.com/
www.germinaliteratura.com.br/jamaia.htm http://www.carlosarouca.blogspot.com/
e meu email: augustodamaya@hotmail.com
e meu orkut: http://www.orkut.com/Profile.aspx?uid=14656406383941002643

Foto 1- Poeta Augusto da Maia
Foto 2- Jorge Amado
Foto 3- Maiakovski
Foto4- Zeca de Magalhães
Foto5 - Jemes Martins
Ilustração - João Cabral de Melo Neto

* EM BREVE -
TEXTO : "A Cena Literária - Tópicos de uma nova poesia baiana"
de Augusto da Maia (Já em edição!)


POÉTICAS DIVERGENTES DA BAHIA / Dois poemas de Augusto da Maia

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Rua Barão Homem de Mello

(Ladeira da Montanha)

Se improvisam sóis na
geometria nublada
das nuvens cinzas

como a colorida vida
que vibra :
no preto-branco de Verger

“ antes prostituta cobiçada hoje Mãe Preta acolhe os proscritos da Montanha”
(J. Correio da Bahia)

na estética fragmentária
da cárie do tempo
roendo cimentos:

nos escombros, ruínas de castelos,
pedaços de muralha
certa comoção na história cristalizada

“a evidente deterioração física não consegue ruir o fascínio que a ladeira provoca em todos. Quem enxerga o local repulsivo mesmo assim esboça uma atração às avessas”
(Pablo Reis, repórter)

na vitalidade d´um mangue
seu ecossistema de restos e dejetos,

d´onde a vida germinando um lótus,
o trama, de dentro de dentro
das estruturas de lama

no céu reflexo que são os gerais abertos
paisagem do nada
chão paralelo do teto, cheio de desertos

A Ladeira da Montanha é prenha desses códigos:
mais do que
arqueologias indecifráveis de belezas

“mais do que as lembranças de gerações que viveram as melhores noites em famosas boates. É mais do que a visão arquitetônica para criar uma imponente ligação entre a cidade alta e a cidade baixa. É mais do que o gosto amargo da decadência e o cheiro sufocante da miséria. Consegue ser maior que o clamor pela revitalização e o reinante mercado do sexo que chega a aceitar R$ 5,00 como preço da submissão corporal”
(jornal Correio da Bahia 02/01/2005)

entre putas, ratos e escombros...
o signo daquilo escapa invicto
ao olho distraído

inversa a lógica de qualquer cronologia
lá reencarna-se dia-a-dia
sem orixás, santos ou magia
.

“....O projeto de revitalização, da Montanha, prevê a reforma dos casarões antigos para a instalação de bares, restaurantes e pousadas no local.”

(por Hélio Rocha, repórter)

assim são, o avesso, da morte nascendo
a cada diária, sina da batalha que se trava
entre a vida e o nada

são o verso, antônimo da vida
com suas casas cariadas, a risada das putas,
as encruzilhadas, suas chagas, noites e noitadas
.

“ nem o caminhar aos 150 anos, nem arquitetura antiga, nem a história do lugar , nada é suficiente ao tombamento da montanha?, querem é vender a montanha aos empresários, em vez de construir lá museus e teatros... transformá-la em herança cultural...”

(...depoimentos de soteropolitanos)

a Montanha, erguida em sua arquitetura de pobreza,
por engrenagens e maquinismos da vida
e suas tristes tecidas teias

acha dendo escuro luto uma luz qualquer que vaza:
vela, córnea, poste, lanterna...
que acesa dentro da treva
faz as vezes de um sol, às avessas

porque raia intestina
quando a vida ávida de si, instintiva se manifesta – ecoando gargalhadas da própria desgraça

- Augusto da Maia






Largo dos Aflitos

Largo dos aflitos, miro. a cidade até
Itaparica cabe dentro nos
meus olhos a tarde cai desbotando
azuis das cores do dia
o céu se despede e se despedaça
em gestos de adeus
em adeus
a vida que não pára de partir...
na tarde igual as outras
acena seus gestos de nuvem

Augusto da Maia


EM BREVE -
TEXTO : "A Cena Literária - Tópicos de uma nova poesia baiana"
de Augusto da Maia (Já em edição!)

POÉTICAS DIVERGENTES DA BAHIA / + 4 poemas de Augusto da Maia

.
POSTAL

(radiografia da cidade da Bahia)


O
sol eletriza
o corpo
da negra-cidade

recarregando
baterias solares
que a gente daqui
porta:
orgânica e uterina

(Africarnadana alma da cidade)

qual
pilhas de energia
intestina

assim: se
a engrenagem do
dia arde
sua fisionomia

o sol
acende o
cio da cidade

- Em simetria com a MARESIA dos dias.

........
.

O verbo falar - Uma questão de gênero


I Dicção - Fórmula Feminista

Quando nós brigamos,
falamos o que vem na Cabeça:
-“ Cú caralho porra Buceta ...”
e adiamos as pazes.


II Dicção - Fórmula Masculina

Quando nós brigamos,

eu lhe Falo no
ouvido Boca Cú Buceta...
tudo que vem na
cabeça: gozamos as pazes.
.....


Conspiração


os meios de in-forma(ta)ção
comuniconspiram
sua
alienacionalização
com
aliterações discursivas
(expandindo as fronteiras de dominação)

.com suas
paradiabólicas
antenas de sin´s
sinais para(l)isantes



Catárse

Cinco os sentidos,
sentindo-se
trasam um transe:
miragem, visagem, voragem
num minutoléssimo-infinito-segundo
tudo reimprimiu-se
na película mnemônica do olho
re – vi.
vi tudo. a vida inteira.
num vulto.
fotos, fatos, grafias,
cenas sobre cenas
– Pathos: Cinema
mas como a memória
de toda película
de tanto ouvir-se, olvida,
grafo-gravo tudo
aqui: visagem, imagens, voragens
– Catarse: Poema
.....

.....


EM BREVE -
TEXTO :"A Cena Literária - Tópicos de uma nova poesia baiana"
de Augusto da Maia (Já em edição!)

quinta-feira, 22 de maio de 2008

Elo da Corrente na Ativa!!

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"Oi, leva eu, eu também quero ir
Não me faça chorar, não me deixe aqui!"
(Ilê Aiyê)


Toda sorte, Michel, Raquel,
Irmãos de Fé Poética!




Nelson Maca - Blackitude.Ba

terça-feira, 20 de maio de 2008

Fuzzil mostra Gente Muda

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Vi este graffiti no blog de um parceiro novo muito loco,

Fuzzil!


Conheci pessoalmente o Fuzzil lá em São Paulo ano passado, mas já tinha notícia dele na internet e através de alguns aliados que correm lado a lado com ele. Nossas notícias boas também voam! O negão é poeta, rapper, ativista social e, não bastasse isso tudo, apresentou-me a face da humildade. Tem um livro de poemas publicado pela Edições Toró chamado Um Presente para o Gueto!
Já li!
Quer saber de uma coisa? ....
Guenta aí!

Na verdade, todas estas fitas, ilustradas, vou contar mais pra frente um pouco - com detalhes, poemas, entrevista, etc. Apr0veito, agora, para fazer o convite ao Irmão, para participar de nossa Gramática com alguns toques do Mestre que sei que ele é.

Então, Fuzzil, tá com você; topa pintar por aqui?

No momento, o que quero mesmo é convidar vocês a visitar o blog do parceiro. Lá, além de ver mais clickes dos incríveis traços de Gente Muda, vocês terão outras notícias da cena periférica paulistana que tem demonstrado afinidades e respeito com os meus corres e os corres da Blackitude.

Tudo isso junto é igual a

Confederação dos Nagôs!


O endereço do Blog é

www.fuzzil.blogspot.com


Não se que esqueçam, hein!
O nome do Irmão é Fuzzil!!

A ele dedico meu respeito!
Nelson Maca
Blackitude.Ba - Liga Africana Atual

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E aí, nêgo, e aí, nêga, você vêm neste bonde?
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Caravanas a caminho de Palmares se cruzavam na trilha,
se juntavam e seguiam lado a lado.
Ai de quem se metesse a tentar impedi-los de seguir em sua caminhada...
Eram varridos como ciscos incômodos e mal quistos!

Assim, refazemos nosso caminho de Palmares...

Estamos em Guerra Preta Estratégia Quilombola!
Estamos no Ventre do Furacão, Gestando nossa Confederação dos Nagôs!


segunda-feira, 19 de maio de 2008

Guma: Um Olhar do Centro do Dentro

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Confederação dos Nagôs – Capítulo Hoje

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Nossa Própria Correspondência Completa
ou
Capítulos da Construção da Nosssa Própria Irmandade!


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Salve Allan e Guma,

tudo certo por aí?
Por aqui, vai-se indo!

Recebi o livro que vocês mandaram pelo Landê!
Muito obrigado pela lembrança e consideração!

Fiz um agradecimento de público em meu blog:
http://www.gramaticadaira.blogspot.com/

Fiquei em dúvida quanto à questão de scanear fotos ou não.
Não o fiz. Caso seja do interesse, peço para que enviem algumas
por e-mail, para uma postagem complementar!

Abraço-os Com Respeito!
Nelson Maca
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Salve, Maka.

Valeu e vale, muito, tua atenção. Sou um pouco devagar nessa pule de internet, mas vou colar lá no blog pra ver, mano, vou colar feliz.
Sei da importância da quilombage nas pontes virtuais, ornando e alimentando a peleja no asfalto e na ladeira da real suada.
Lembrei de ti num curso que puxo aqui na quebrada, na senzalinha, sede da capuerage de angola de cá. é um curso de semeste com a rapa daqui, assistindo mapas, vídeos, esculturas e poemas do máli a moçambique.
num instante, tu na memória, sintonia na idéia de como a juventude hoje
ainda preteja o caminho, sempre com os poros vazando música e poesia, pra magnética da juntação.
.
Mano, agradeço de peito aberto a recepção do livro, peço a leitura, os toques sobre onde percebes que podemos melhorar.
a prosa inicial pensa na formação das periferias de cá.
mas também pode constar pa geração da salvador daí.

mano, cabei de ouvir, agora agora, durante essa digitação mesmo, uma notícia de gravidez de casal amigo daqui.
Surpreendente.
Motivo de felicidade, milagre de retumbar a vida, de medo também.
Junto com o sorriso do abraço, senti a apreensão e a paisagem toda do futuro inédito aberto pos irmãos.

Vou trançar a fita aqui.
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Sobre as fotos:
Maka, tu fica à vontade pra fazer o que quiser e puder com elas, em qualquer espaço que desejar.
se você puder scannear tá jóia, imão.
aqui não sei como que tá pra mandar uma a uma digital pra ti.
Tenho que fuçar nos arquivos, mas bolamos o trampo em outro computador.
O Guma pode mandar brasa nessa fita, mas tenho que comunicar com ele também.

Mano, mentalizo de cá praí muita saúde, inteligência e coragem.
Que as Forças Grandes te abençoem

Allan
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Salve Nelson!!

Também não sei se te conheço pessoalmente, mas "tamô junto e misturado" irmão!!
Desculpe a demora pra responder seu e-mail, tô na correria por aqui, ainda mais agora que recebi notícia que vou ser pai...
Primeira vez mano, tô assustado, preocupado, com medo, mas a alegria não cabe em mim!

Dei uma fitada no blog e achei massa, gostei do que escreveu sobre o morada.
Valeu!!

Tô mandando a foto da capa do livro em anexo,
se quiser alguma outra me fala que mando também.

Um grande abraço!

Guma
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Valeu, Guma, parceiro!

Tenho duas filhas (7 e 9).
Sem comentários: outra vida, outras razões, outras esperanças e muitas descobertas.

Com sua sensibilidade testada e aprovada nessas fotos que são puro amor,
beleza e afetividade, penso que você não terá a mínima difculdade para visualizar logo,
num ângulo inédito e privilegiado, o tamanho da alegria que te reserva tua nova vida!

Ps. Manda, sim, mas umas três fotos do trampo, e uma com sua própria imagem!, para eu mostrá-los no blog, espaço que quer ser útil na nossa

CONFEDERAÇÃO DO NAGÔS!


Com Respeito,
Nelson Maca
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Nelson, malungo, Salve!

Tá na mão mano, mais algumas fotos do "Morada".
Três guerreiras, a Karina (sentada na cama) é minha parceira,
com quem vou ter um filho.
As outras duas senhoras foram combustível e inspiração pra fazer esse trampo.

Abraço,
Guma
......................................

E aí, nêgo, e aí, nêga, você vêm neste bonde?
..........................................

Caravanas a caminho de Palmares se cruzavam na trilha,
se juntavam e seguiam lado a lado.
Ai de quem se metesse a tentar impedi-los de seguir em sua caminhada...
Eram varridos como ciscos incômodos e mal quistos!

Assim refazemos nosso caminho de Palmares...

Portanto, olheiros alheios, não se metam em nossa caminhada!
Estamos em Guerra Preta Estratégia Quilombola!
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Correspondente Nelson Maca
Direto do Destacamento da Bahia Preta
A caminho de Palmares!


domingo, 18 de maio de 2008

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GOG + Nelson Maca + Sérgio Vaz
Igual
!Formação de Guerrilha!



Blackitude + Cooperifa+ Só Balanço
Igual
!Confederação dos Nagôs!


E você, vem também, nêgo?
E você, vai nessa, nêga?

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sábado, 17 de maio de 2008

Bahia.na.Rota.da.Rima - Preto Seda

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Preto Seda - Rima Perigosa

Não diga qu'eu não avisei!!
Vai vendo aí, que a banca pesada tá chegando, nêgo!
Chegou a hora do Gramática da Ira mostrar os periculosos da rima da Bahia Preta.
Começando pelo Preto Seda do bairro São Caetano.
Linha de frente!

Vamos ao fato, pra não xurumelar.
Veja aí.
Depois tem mais...



Realização: DJ Mário 77


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quinta-feira, 15 de maio de 2008

Centro Cultural Quilombo Chama

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Bate-papo com o Irmão Poeta

Landê Onawale

Projeto:
Nossas Referências
Dia 16 de maio de 2008 / Sexta Feira /
18:30
Entrada: 1 livro



Atividades Recrativas para Crianças

Erê Quilombo

Dia 18 de maio de 2008 / Domingo / 14:00
Entrada: 1 livro



Local
Centro Cultural Quilombo
Rua doPasso, 37


Contatos:
87426449
quilombocecilia@ig.com.br
http://www.quilombo37.blogspot.com/


Não vá e esquecer, hein!!
Então nos vemos lá, certo?
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Blackitude + Quilombo = Progresso

Nelson Maca


Guerra Preta Estratégia Quilombola
Confederação dos Nagôs
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quarta-feira, 14 de maio de 2008

Amor Incondicional!

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Cooperifa x Racionais MC's

Amor Incondicional!




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terça-feira, 13 de maio de 2008

Sacundim Bem Black, Bahia Preta

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de pé BlacKitude - BlacKitude de pé


vem aí:

Bailes da Blackitude

Sarau Bem Black: Com Atitude

Cultura Black na Diápora (II)


Hip Hop na Praça (III)

Na Rota da Rima (II)

Black Book: Seminário de Literatura

+ Vários Vôos Venenosos +


:: 2008 ::
Ano da Gramática da Ira

"Confederação dos Nagôs"
- ! Guerra Preta Estratégia Quilombola ! -
"Liga Africana Atual"

domingo, 11 de maio de 2008

Minha Mãe Francisca

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Aí está minha mãe, esta senhora de cabelos brancos,viu?

Só! Sem palavras!

Ou melhor, sempre gostei de dizer as coisas direto pra ela!
Só nós dois e um bule de café com bolo de fubá temperado também com erva-doce.
Altas madrugadas... "Amo tanto... e de tanto amar..."

Esse aí, na extrema direita (não interpretem mal) é o Beto ou Betão, também conhecido no mundo da música como Betinho, e no mundo dos bares e da noite como Betinho Conhaque. Nasceu José Roberto Gonçalves, mas a vida não tem se adaptado muito a esse nome todo, muito grande e sério talvez. Ele é o primeiro e um dos maiores parceiros que a vida me deu.

Por falar nisso, eu, Nelson Maca, sou esse aí, ó, de camiseta branca e barba.
A Lucinha Black Power (nesse dia, rasta power) é a segunda da esquerda para a direita.
A Luiza Gata, que herdou traços de meu avô materno caboclo-índio, é a primeira da esquerda para a direita, vistosamente de azul e amarelo. As duas são irmãs, sabia?

Essa outra pretinha maluquinha bem à esqueda aí é a Júlia Lindona, a filha do Beto e da Mara, minha sobrinha e prima da Luiza Gata e da Lucinha Black Power que são filhas da Ana C. A Júlia Lindona, quando solta os cabelos, viiiixe, meu Pai Oxalá, fica com um blackão incrívelmente afro. Quase choro de tão linda que ela fica tão africaninha sapeca! Que bom, né, poder assumir nossos cabelos naturais e nos sentir lindos sem nos preocupar com juizos de estranhos!

Eu e o Beto somos filhos da Velha Chica! A Ana C. e a Mara, que não apareceram nesse flagrante familar, são noras da Dona Chica, respectivamente parceiras minha, Nelson Maca, e do Beto, Betão, Betinho!

A Luiza Gata, A Lucinha Black Power e A Julia Lindona são nossas filhas e são netas da Vó Chica!
A Dona Francisca casou com o Seu Laudelino e criaram 12 filhos (sem contar os que não vingaram).
Entre eles, estamos eu e o Beto. Só nos dois, situados entre os 4 mais novos, já praticamos essas três afro-belezuras aí em cima. O Ricardo Silveira, que é nosso sobrinho, sozinho, já empatou com nós dois. Eu tenho um irmão, o mais velho da família, que tem seis. Só para você ter uma idéia, a primeira filha dele, minha sobrinha, é mais velha que eu. É mole?

E assim caminha a nossa parte da humanidade.
Uma história bem longa que ainda pretendo contar com mais detalhes - ao menos para nós mesmos daqui ( de Salvador)- e de lá de casa (de Brasília, de Curitiba, de Maringá, de Niterói, de Santos...).

Então,
tá vendo porque não há palavras para a Dona Francisca?
Porque ela é a "culpada" por nós todos. Culpada por povoar o planeta. Culpada por fortalecer a vida.
Culpada por ter me dado a oportunidade de lutar diariamente por melhores dias por uma família que vem de longe e que nos é anterior!!

África! One People! One Love!

Acho que ser mãe é também isso, não é?
Então, tá, eu aceito, feliz dia das mães a todos!

Como diz o Irmão GOG,
"ainda bem que nem só de tragédias vive a Periferia".

"Amo tanto... e de tanto amar..."
Minha Ira é pleno Amor!
Podem acreditar!!

One Love!! Nelson Maca Filho da Dona Chica


Mãe preta e Ama de leite - Não mais!!

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Irene no Inferno / Parte I
(Do livro: Desencanto de Sabiá!)
By: Nelson Maca (eu)

Ao Giovane, autor de A revolta da Tia Anastácia, poema que inspirou este conto (em diálogo cruel com Manuel Bandeira). Queiiiiiima!

Ai daqueles que esperam a recompensa do dia de amanhã sentadinhos na poltrona da esperança a aguardar o chamado do alto. Ai daqueles que oferecem o lombo às chicotadas do feitor e, em silêncio, e docilmente, não ousam rebelar-se contra o destino traçado por um alheio e perverso deus. Não que o que eu vá contar queira estilhaçar as tuas boas lembranças afetivas, meu preto, mas o que presenciei, aqui, não posso deixar de contar para você que faz parte deste pacto com a revolta que ainda me prende ao teu solo. Enfim, trago as últimas notícias do além. Não que eu tenha algum interesse em salvar a tua consciência ou colaborar para o progresso de tua alma emparedada. Que posso eu agora que faço parte da turma das almas penadas que tudo vêem mas que não podem nada? Sou como o revés daquele autor defunto branco que resolveu fazer memórias depois de morto, ou aquele neguinho de alma branca, bom cidadão que, depois de quase subir ao céu, mandaram-no, rapidinho, ao purgatório por uma questão de correção de estilo como diria um respeitável escritor universalista que agora corre lado a lado comigo.

O fato que vou contar se deu dias atrás. Dias no sentido do tempo e espaço em que me encontro. Você sabe.
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Irene, sempre preta, gorda e boa, chegou lá no céu, portando dentro do sutiã da santa inocência um papelzinho roto dobrado em muitas partes que julgava um atestado de boa conduta, uma espécie de carta de recomendação de seu patrão terreno. Palavras já um tanto difíceis de ler por estarem desgastadas pelo tempo em sua tinta da origem. Muito confiante, pediu logo notícias de onde ter diretamente com o porteiro da eternidade. Sabia de antemão que lhe era reservada uma vaga preferencial e definitiva naquela morada. Mas o porteiro-mor não se deu ao trabalho de, ao menos, ouvi-la no interfone das almas lavadas.

- Volte amanhã! Disse a bela jovem que a atendeu, rostinho angelical emoldurado pelo retângulo da tela do monitor.

Irene ficou meio sem saber para onde ir, tudo estranho para ela. Mesmo assim, achou que deveria aguardar, pois, a julgar pela imagem enquadrada da recepcionista, o céu devia estar cheio de almas brancas como sempre acreditara ser a sua. Finalmente chegara sua hora de freqüentar as festas galantes povoadas de gente bonita. E ali mesmo sentou-se ainda acostumada com a situação exemplar das longas noites de espera nas longas filas que sempre freqüentou nas idades do solo. “Nada como um dia após o outro” era seu lema nessas idas eras. Não há de ser nada, pensava agora, olhos fixos na fachada do albergue da paz com o azul celeste por detrás. E, além do mais, esta era sua espera derradeira. E descansou, olhos sempre abertos, agora mirando a frase feita com as mesmas sílabas que nunca aprendera a ler: “Sorria, você está sendo filmad@”!

- Se eu fosse você não teria esperanças, resolvi dizer de maneira calma.
. Irene preta, Irene gorda, apagou de vez o sorriso. Agora, deixando um pouco o ar de bonachona que sempre lhe acompanhou, olhou para mim meio incrédula. Pareceu pensar em dizer algo, moveu levemente os lábios grossos, mas desistiu, guardando seu silêncio de sempre para com os seus. E desfez-me de seu olhar como nos dias e noites telúricas. Sentou-se a um canto no chão da imensidão e, ali, sobre o tapete do firmamento, contrastando com o brilho das estrelas, aguardou mil anos terrestres até o amanhecer do eterno. Mas eis que, num iluminado momento, percebeu que aquela porta monumental esculpida por mil mãos de aleijadinhos do mundo abriu-se para a entrada de uma jovem de semblante doce e familiar que trazia uma boneca de pano nas mãos. Aquela moça da tela, ainda mais exuberante em alma de luz, apareceu in loco, trazendo consigo uma corte, com sorrisos estampados nos finos lábios e frases feitas de boas-vindas. O céu azul espelhava as cores dos olhares daqueles conterrâneos adoráveis. Uma senhora serena, na flor da boa idade do equilíbrio, acompanhada de um moleque e seu boneco de sabugo de milho, abraçaram fortemente a recém-chegada. De repente, fez-se um silêncio desconcertante, calando até mesmo o suíno fidalgo e o eqüino falante de asas do coro dos anjos. E o porteiro-mor surgiu majestoso, coberto de raios, abrindo os braços num compasso de espera. E todos entraram pelas portas abertas largamente sob o som dos flautins e o coro dos querubins e serafins.
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Ainda deslumbrada com a visão das portas abertas do paraíso, Irene resolveu bater novamente naquela casa de luz. Minutos depois, a bela moça, a cada aparência mais divinal, fez-se imagem como num sonho elegante na telinha novamente iluminada. E, antes que Irene pronunciasse uma só silaba de som, disse-lhe simplesmente:

- Vá agora, Irene. Deixe a terceira margem e procura teu lado do rio. Lá te aguardam os teus.

Dito isso, a imagem desfez-se diante de Irene, perplexa nos olhos e com a voz suspensa na garganta em posição de saltar para fora. Irene sentiu seu sempre bom humor dobrar-se em direção a si mesmo. Confusa, ensaiou uma batida na porta monumental, mas parou de repente, dedos dobrados, mão suspensa no meio do caminho, imóvel, no vácuo.


Mais uma vez, lhe dirigi a palavra:
- Vá, não insista, é nossa única via. Não habite mais travessias, onde sempre estivemos. Fomos para sermos a encruzilhada. O conflito que faltou às duvidosas sínteses ocidentais.

A preta não se deu ao trabalho de, ao menos, mirar-me, dando-me o silêncio de não me ouvir e a escuridão de não me ver. Altiva como nunca ousara diante dos amos, deixou-me na neutralidade quase infinda. E lá se foi, curvada com seus mil quilos de esperanças e crenças nos seus tantos senhores de todos os mundos escritos por eles em mil e uma noites.

(Continua...)

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"Eu era a criança que chora a mãe já depois da separação"

"Oh!, minha África ideal
Deixarei minha ilusão de retorno na superfície da palavra"

"É que agora meu canto não acalenta a infância de amo e senhor"

"E você não percebe que nosso peito de mãe preta está envenenado"


2008 - Ano da Gramática da Ira


África mãe de quem?

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Rugido
(Do livro Pan-África)
Ao mestre, Carlos Moore Wedderburn

Não há Renascimento em nossa Terra
Há a inevitável inserção do corpo e da alma
No confronto à hecatombe anunciada por você
Ponte visível entre as margens invisíveis
O método nefasto do grande mito continental

Funda-se o alçamento do castelo de nossas mais novas ilusões
Revestimento do contrapiso da catástrofe já sedimentada
Nova face da velha história que sempre ajudamos a construir

Você promove o desmanche do nosso edifício colonial
Passo a passo, peça a peça, pessoa a pessoa
Só mesmo você desnuda diante de meus olhos incrédulos esta nova miragem
O seguimento da farsa que me vi envolvido
Os descaminhos dos que ficam
Os desvios na dispersão
O frio sangramento dos filhos fiéis
A última queda da Mãe

Rugido de rara clareza e incrível tensão
Anúncio bélico
A descoberta da face sombria do Movimento sem condução
A ira arrancada da gramática que rompe
Voz dissidente que estilhaça a máscara revolucionária da nova opressão
Dissolve seu simbolismo sagaz
A ardilosa apropriação, o furto, a diluição hipócrita
A lama oportunista
A mancha que se estende
A nódoa sobre os mais salutares tecidos afro-revolucionários

Sua timbragem de rara exceção é o alicerce que não se elastece
O vigor que não se dobra
O pacto profundo da consciência Pan-Africana

Os pilares paradigmáticos de Kwame Nkrumah
Metonímia que bem representa a fidelidade de sua abnegação
A gratidão com que você coloca o peito aberto ante a ilusão que no guia
Ante os predadores de fora e de dentro da nossa gente preta

Tendo limpado minha consciência perdida de ignorar tantas cruezas
A têmpora dos que não têm acesso à restrita casa grande das informações
Não mais imito o trânsito inconseqüente nas esferas do poder estranho a nós

Obrigado por coroar minha cabeça finalmente
Com a semente que se faz brotar do entendimento definitivo
Da nascença das razões reais do continente
Da nova estampagem de meu semblante agora coberto de cumplicidade

Quando você se inscreve de corpo e alma na luta
Quando você escreve seu sempre ponto seguimento
Na sequência visceral das indagações
Na proposição do comportamento do homem íntegro
Na indubitável concretude do relato da história
Na experiência imediata do abandono da dor da miséria da morte
Na dedução catastrófica para o passado e o futuro
Na blindagem ao que se é dito quando se está sentindo
Não na única versão dos fatos
Senão no fundamento da sinceridade

Na coragem que nos interessa
Na verdade que pode nos apontar caminhos

.


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Minha mãe das minhas filhas

.

no mínimo o máximo
(Do livro: Salve o Rei)
para Ana C.


não acho a graça
esta prosa porosa
este poema carta
nascimento dor um parto
reinvenção do norte espaço
peneira velha espelho opaco
telegrama versos fax

eu não acho a fala
forma que te mantenha intacta
eu perco o fôlego eu perco a palavra
eu perco a noção exata
do que se passa
e só me acho
e só em tua graça
desfaz-se distância tempo idade
comportas que nos amparam
esta nova realidade

eu não tenho mais
as palavras ancestrais
creio-as todas findas e alheias
mas a tua cor ainda
agita infla ferve minhas veias

elogio teus apetrechos
me prende os teus traços
nos trechos que ora traço
apesar de pouco aparente afro
até no mínimo, negra
acho-te, assim, preta,
o máximo


sexta-feira, 9 de maio de 2008

Duda escreve sobre o bombardeio televisivo

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Salve, salve... Li mais um texto intrigante e inteligente de meu amigo e colega Eduardo Luedy, o Duda.

Elogiá-lo será sempre uma redundância.
Então, simplesmento, convido-os a lê-lo.
Veja os fragmetos e, se se sentir provocado(a), visite o blog do parceiro.
Segue, abaixo, o link direto para o artigo


A "justiça do vídeo" ou a pedagogia da TV


Por Eduardo Luedy


"Caso Isabella, o o cárcere privado de uma família na Áustria, que envolvia também o incesto entre pai e filha; Ronaldinho e os travestis; cenas de sexo (mostradas ad nauseum por uma tv local, aqui em Salvador, obtidas por intermédio de uma câmara escondida) flagrando uma babá, pobre e negra, com seu (suposto) namorado, de classe média e branco, defronte da criança que deveria estar sendo cuidada por aquela babá; as declarações preconceituosas do (já) ex-coordenador do curso de medicina da Ufba, que afirmou que “baiano toca berimbau porque tem uma corda só, se tivesse mais, não tocaria”, o que para ele era uma demonstração inequívoca não só da (pouca) inteligência dos baianos, mas também de como a cultura local, popular, atrapalhava o desempenho dos alunos do curso de medicina em avaliações nacionais (no caso, o ENADE). Notícias que nos assaltaram nestes últimos dias" [...}

[...] "Mais importante do que qualquer tentativa de fornecer aos telespectadores uma possibilidade de leitura mais crítica acerca dos eventos que a própria mídia pauta e trata de fazer circular, o que temos, além da busca desenfreada pela audiência e pelo lucro, talvez mais importante até que os ganhos materiais, seja mesmo a produção de sentidos envolvidos no processo de bombardeamento de informações e imagens prenhes de significado. Até porque através da garantia de que os sentidos e significados serão apreendidos, o consenso poderá nos conduzir de maneira mais efetiva ao consumo. Claro que o processo é muito mais complexo do que estou tentando descrever, mas a lógica me parece mesmo ser esta. Produz-se ou potencializa-se o medo, o pânico, e daí vendem-se com maior facilidade as promessas de segurança e conforto" [...]

Leia o texto na íntegra no:


Foto: Parceiro Russo (nosso gato)

quinta-feira, 8 de maio de 2008

Carta Aberta ao Irmão GOG

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Caro irmão GOG
,

boa entrevista
!
Principalmente pela sinceridade, pela profundidade reflexiva e pela estratégia:
provocar mais que ser provocado,
expor mais e se expor menos e
se mostrar coletivo.
Ponto para você!
Gostei de vê-lo, enquanto parceiro do hip hop que acredito, se expressar, nacionalmente,
com responsabilidade e para além dos chavões.
Você demonstrou uma visão ampla de mundo, extrapolando, inclusive, os "limites" das fronteiras nacionais.

No geral, mandou muito bem!

Obs. Senti-me orgulhoso e lisonjeado com a referência a mim e ao Blackitude!

Com Respeito Renovado,

Nelson Maca - Blackitude.Ba


quarta-feira, 7 de maio de 2008

A Farsa dos Falsos Irmãos

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Literatura não é documento?

Pela "milésima" vez, fui convidado a colaborar num importante projeto dos outros. Desta vez quem me procurou foi uma renomada antropóloga, lá do sul maravilha. Pela milésima vez, um desconhecido vem querer abusar de minha militância ao mesmo tempo que tenta invisibilizar meu profissionalismo.

Segue abaixo uma viagem “literária” inspirada quase 100% nessas histórias que todos nós, ativistas, conhecemos bem.

Aproveito para avisar os playba, os boy, as patrícias e os maurícios, e também os oportunistas, os impostores, os vendidos, os traidores do movimento, para não me convidarem mais para trabalhos voluntários onde nós somos voluntários e eles investidores, sempre lucrando algum em cima de nossa boa fé.

Trabalhos voluntários já tenho aos montes na família, e espontâneos.

Se querem conquistar seus diplomas, desenvolver suas pesquisas, escrever seus projetos, fundamentar suas novas teorias sobre a vida concreta dos pretos nos guetos que o brasil nos reservou, etc e tal, ou, simplesmente, aparecer de maneira que lhes renda algum, fiquem a vontade, mas não me queiram usar como escada, pois vão cair lá de cima e quebrar a cara.
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Tô ligeiro, barão!

Sei o valor de minha presença, palavras e luta em razão, coração e suor. Mas também sei dos reais, dollars e euros que mereço quando o asunto é trabalho, profissionalismo. Sei onde posso contribuir como elo da corrente, mas sei também onde presto profissionalmente.

Ah, e sou como qualquer homem, sinto sede, frio, fome...

Sei bem quem são os meus, não porque seja especialista, estudioso ou ongueiro, mas porque sempre que olho para o lado, na alegria ou na tristeza, no riso ou no ciso, no alívio ou na dor, meus parceiros e parceiras de fé estão sempre ali, presentes, sentinelas, segurando minha mão enquanto na passagem do meio...
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Não se meta com quem está quieto!

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A Farsa dos Falsos Parceiros
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- Olá Sr. Cadê o $?, como vai ?
Primeiro, muito obrigada por sua atenção... é sempre importante contar com a colaboração das pessoas para fazer um trabalho que se acredita.
Mandei anexo como solicitado um release do lançamento do projeto no ano de 2007, para vc ter uma idéia mais concreta e descritiva sobre o projeto e os envolvidos. Mando também um power point com a proposta de 2008, que, como lhe falei, atenderemos as periferias dos grandes centros brasileiros.
O site para mais informações é: www.fdp.com.o.br; lá também tem link para o blog e fotos das viagens.
Com relação à sua participação nesta história toda, é o seguinte:
Como vc pode ver no site, fazemos semanalmente um programa/documentário de 2 hora sobre os lugares que visitamos. Mostrar a realidade da criança e do adolescente nestes espaços é nosso objetivo como tv.
Fazer isso dando voz às comunidades visitadas e mostrando seu ponto de vista é nossa missão e desafio
.
Por isso meu interesse em vc, uma pessoa articulada com os movimentos urbanos de grande peso e que ficam a margem de uma mídia que mostra o que quer.
Caminhos sérios, que questionem a sociedade e o espaço que vivem e efetivamente se
articulam dentro da comunidade é o que gostaria que me ajudasse a achar. Lideranças comunitárias das Comunidades Carentes de Salvador, movimentos urbanos de peso e outras coisas que te parece questionar a realidade vivida são temas importantes da gente mostrar.
Enfim, não vou me alongar. Gostaria que desse uma olhada em tudo e o quanto antes me mande um e-mail para saber se posso contar com sua ajuda. E por favor sinta-se a vontade quanto a isso.
Agradeço mais uma vez sua atenção e espero que possamos bater longos papos sobre suas inquietações, e que eu possa lhe ajudar em propagá-las como mídia.

Grande abraço
X9 - Antropóloga da Rede KKK

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- Cara Antropóloga X9 da KKK,
recebi o material, e dei uma primeira lida cuidadosa.
Confesso que, realmente, não acompanho o programa FDP. Lembro vagamente do programa, mas não me lembro de tê-lo assistido com atenção.

Confesso que gostei do perfil, equipe, histórico e registros do programa. Vi fotos, etc. Admiro, de longa data, pessoas que dele participam: principalmente X e o Y. Acompanho eles desde muito criança; mais especialmente na década de 80.

Não consegui abrir em minha máquina o power point com a proposta de 2008, que me parece mais específico no que me toca. Amanhã pedirei socorro ao vizinho!

Agradeço sinceramente as palavras positivas e respeito dedicado a mim em seu e-mail. Realmente, estou inserido em algumas ações de cidadania em Salvador, principalmente relativos à comunidade negra e carente. Hip hop e Literatura são minhas principais frentes. Porém minha militância não ultrapassa a média. Também tenho sérias dúvidas até que ponto a grande mídia pode ser um canal positivo para nossas ações no contexto Real.

Não tenho presença orgânica marcante em comunidades específicas, minha atuação na cidade se dá mais no centro, tendo como estratégia articular uma rede entre comunidades distintas com interesses sócio-culturais semelhantes. Agora, como você bem disse, posso, sim, intermediar contatos com alguns dos agentes oriundos do movimento sócio-educativo daqueles bairros.

No entanto, cara X9, atender o objetivo que você apontou com a dedicação que o projeto requer não é uma tarefa fácil. Dado a proximidade que você mencionou da execução (final de maio), precisaria me dedicar quase exclusivamente a essa consultoria (?) – assessoria (?) – produção (?), que demanda articulação, criatividade, tempo e custos.

Até onde entendi, seu convite ainda não aponta contrapartida a não ser de mídia aos projetos que participo. Sócio-politicamente, interessa-me construir uma ação educativa local em parceria com esse programa tão bem encaminhado. Gostaria de saber detalhes sobre que bases vocês propõem que se estabeleça nosso contato-contrato em termos profissionais - antes do próximo passo. Pesa bastante o fato de o programa ser veiculado por um canal fechado e não acessível às comunidades de baixa renda. Eu mesmo não tenho acesso por questões financeiras. Gostaria também de saber se há e quem são os outros contatos locais da Rede KKK.

Aguardo esclarecimento-proposta, declarando meu interesse em estabelecer parceria com o programa FDP desde que as bases, além da urgência política e social que demandam, se estabeleçam também em termos trabalhistas.

Com Respeito,
Cadê o $?

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Prezado Sr. Cadê o $?
,
Agradeço sua atenção e rapidez no retorno de minha mensagem.
Agradeço também os elogios à equipe e a proposta do projeto, temos perseguido uma proposta de credibilidade e sustentabilidade ao longo destes anos de realização juntamente com a Fundação KH, a ONG PQP e o Instituto WC e demais parceiros envolvidos.
Com relação a contrapartida comentada, nosso processo de trabalho se dá com a ajuda voluntária da comunidade que visitamos, inclusive porque damos voz a ela mostrando seu dia a dia através de seus olhos. E esta é a contrapartida, o retorno da imagem da comunidade como ela quer ser mostrada, esta é nossa missão.
Com relação a tv ser fechada, realmente a maioria das pessoas que visitamos nestes anos não tem acesso ao canal, mas fazemos questão que um dvd do programa chegue a todos os envolvidos no processo. Mostrar esta realidade numa tv fechada, de acesso a uma classe de maior poder aquisitivo é para nós um mérito, uma necessidade, um desafio.
Realmente meu contato com vc foi para que pudesse me falar sobre uma comunidade que ainda não conheço. Nesta fase o desafio é procurar pessoas com uma cabeça aberta para me indicar nomes, grupos e ações que são desenvolvidas no local.
De qualquer maneira agradeço muito sua atenção e caso ache interessante indicar, e dar oportunidade, para alguém da periferia mostrar o trabalho desenvolvido, produção cultural e projetos comunitários, fico a disposição para entrar em contato com sua indicação.

Grata, abraço
X9
Antropóloga do Programa FDP da Rede KKK

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Cara Antropóloga X9,
desejo todo o sucesso para vocês nesse novo empreendimento, mas, efetivamente, penso que minha parceria não pode passar ao largo de um contrato profissional, pois a televisão fechada também visa lucro e acredito que a equipe que nela trabalha seja remunerada para tanto!

Com Respeito,
Cadê o $?
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Ah, e antes que eu me esqueça, doutora, vá tomate cru!

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RESISTÊNCIA
é uma árvore robusta, com galhos íntegros e raízes profundas!
Definitivamente,
Só ela nos Salva!

Nelson Maca - Confederação do Nagôs