domingo, 31 de maio de 2009

Meu Canto!

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"Cante Lá... que Eu Canto Cá..."




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R.B.F. – Rapaziada da Baixa Fria
+ Dj Bandido + Dj J.O.E

O grupo de rap R.B.F.– Rapaziada da Baixa Fria - se apresenta dia 4 de junho, às 22 horas, no World Bar, na Barra. O grupo apresentará o repertório que integrará seu novo C.D., que será lançado este ano. Os Djs Bandido e Joe estarão discotecando durante toda a noite com sets de música black.


Serviço

O que: Show do R.B.F.
Onde: World Bar. Rua Dias D´Ávila, 26, Barra
(Próximo ao Farol da Barra)
Quando: 4 de junho, das 22 horas às 4h
Valor: R$ 5,00


*mulher não paga até às 23h
e, até esse horário, a cerveja é dobrada


Contato: 71 8788 9991 (Márcia Guena)

(DIVULGAÇÃO)

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BEM VINDO AO GRANDE PROBLEMA!

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Palavras de Sheikh Anta Diop

"Eu tive também que aprender a linguagem dos antigos egípcios para comunicar-me com eles sem intermediários, como tradutores. Então, você pode ver o que eu quero dizer... precisamos deixar de ser diletantes, bisbilhotando aqui e ali, e tornarmo-nos bem treinados, especialistas multidisciplinares. Precisamos de uma nova divisão de trabalho entre nossos pesquisadores. Aqueles que não forem capazes de dominar várias disciplinas ao mesmo tempo devem ao menos dominar uma delas – mas completamente. É o mínimo que podemos esperar de pesquisadores científicos sérios de hoje. A estrutura científica do mundo negro deve cultivar competência."

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"Eu acredito ser o racismo uma reação ao medo, mais freqüente quando não confesso. O racista é alguém que se sente ameaçado por alguma coisa ou alguém que ele não pode ou consegue controlar. Este sentimento de ansiedade e medo face ao elemento desconhecido e incontrolável é muito certamente um fator essencial do racismo tanto antigamente quanto nos tempos modernos."

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"O futuro dos negros espalhados pelo mundo está interrelacionado. Era assim no passado quando as civilizações negras estavam sobre severa pressão. É mais evidente ainda no presente. O Estado continental africano é pré-requisito para a sobrevivência das sociedades negras onde quer que elas possam estar. As comunidades negras devem encontrar uma maneira de articular sua união histórica. Os vínculos entre negros da África, da Ásia, da Oceania, do Caribe, da América do Sul e dos Estados Unidos devem ser fortalecidos sobre uma base racional."

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"A mídia de massa teve um efeito negativo em todos os povos. Quanto ao efeito que teve nos negros nas Américas, eu posso apenas esperar uma intensificação dos contatos culturais entre os negros da África e os das Américas. Acredito ser este o único jeito que possamos chegar a um renascimento cultural, que beneficiará a todos nós. Quaisquer realizações culturais alcançadas na África poderão tão somente ter um efeito benéfico nos negros das Américas. E vice versa, quaisquer contribuições culturais válidas que emirjam dos negros das Américas também afetarão positivamente todos os outros membros do mundo negro. Devemos apoiar-nos uns aos outros para evitar que afundemos. É um fato importante. Embora participemos de diferentes mundos políticos, compartilhamos uma mesma alma cultural. Para reforçar esta identidade em comum é necessário que lutemos contra o nefasto efeito da mídia de massa."

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"Cheikh Anta Diop:
professor, físico nuclear, diretor do Institute de Datation et Mesure des Faibles Radio actives do IFRAN (Instituto Fundamental de Pesquisas da África Negra) da Universidade de Dakar, etnólogo, historiador e sociólogo. Autor de diversos livros, entre os quais “Nations Negres et Culture” (Edição Presence Africaine – 1955) “Anteriorite de la Culture Negre”. Líder do R.N.D. 'Rassemblement National Democratique' partido de oposição do Senegal."

"Fonte:
Esses fragmentos são parte de uma entrevista, produto de uma série de conversações, registradas em gravador, em Dakar, Senegal, em fevereiro de 1976, exatamente 10 anos antes da morte deste sábio no dia 7 de fevereiro de 1986. Elas foram concedidas ao etnólogo Carlos Moore e à escritora Shawna Moore, quando residiam no Senegal, de 1975 a 1980. Ela foi integralmente publicada em, Afriscope (“Interview with professor Cheikh Anta Diop”), vol 7, nº2, Lagos, Nigéria, fevereiro de 1977, e, logo apois, parcialmente, em Black Books Bulletin, Vol. 4, No 4, Chicago, 1976."


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Nelson Maca anuncia
:

Logo entrevista na íntegra aqui no Gramátca da Ira?


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sexta-feira, 29 de maio de 2009

Poemas Black-Orientais

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Black-Samurai

Sei que sou Bem intencionado
Sei que sou Bem verdadeiro
Sei que sou Bem correto
Sei
O quanto invisto de matéria e sonho
No movimento Na irmandade
Neste fronte negro Na vivência
Nesta frente de onde vim Na libertação
De onde estou

Sei da super-estima De alguns irmãos
Aniquilados
Pela herança de nossa humanidade tão desumana
Tem me dedicado
Sei
Que me supõem O Homem E assim me tratam
Maior do que sou

Sei Da arrogância
De alguns irmãos
Altivos Na sua ilusão de grandeza
Me supõem o pequeno
E assim me tratam
Menor do que sou

Sei Da malandragem
De alguns irmãos que
Espertos Na sua sabedoria extraviada
Me supõem o otário da praça
E assim me tratam
Negativo do que sou.

Tudo é pequeno demais na lente dos que miram de cima

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Afro-Samurai

A pequenez Olho no olho
Como diz Seu Chico Soldador
Pode se tornar a necessária ferrugem
A bala na agulha
A trinca
A fadiga do aço dessa selva perversa

Uma pequena verdade Dente por dente
Como diz Geraldo Rasta
Pode arrombar as portas Da Babilônia
Como a mega força
Das trombetas Que derrubam as muralhas
De Jericó

Instalados nas falhas geológicas dos palácios opulentos
Os vazios do solo preparam seu terremoto
Enquanto Nos ares
Aviões carregados de sementes grávidas de um clã
Miram todas as torres de certezas do primeiro mundo

Camiquase
Decepando a cabeça do Dragão da Maudade
Para deitar Nas fissuras da terra devastada
Todos os jardins perdidos nas dobras de toda e qualquer escravidão

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Kamikuaze- Afro

Estou saindo como o avião
Que lançou uma bomda
Sobre Hiroshima
Ou Nagazaki

Estou partindo
Sob os olhos tristes
Dos Orientais

Estou deixando a detruição para trás!

Mas esboço ainda um sorriso
Apresar das falhas na arcada dentária

E dos muros Caídos
Sobre as flores amigas
Do jardim do inimigo...


Nelson Maca (Poemas Avulsos a Pulso)

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quinta-feira, 28 de maio de 2009

- O que é o Hip Hop?

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K'naan

O hip hop é Universal!
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Hip hop é universal,
"mas tem que ter identidade!!"



The African Way

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* K'naan: Somália - EUA - Canadá

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terça-feira, 26 de maio de 2009

O CRAQUE!

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O Craque...

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o craque, como o artista, não se define nem se explica.


Jogar futebol é um dom, divino segundo alguns,


e a experiência mostra que o trabalho, o treinamento, a força de vontade e a perseverança, se podem transformar um jogador medíocre num bom jogador, não bastam para formar um craque.
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Este nasce feito, exatamente como o artista, para quem o trabalho, o treinamento, a força de vontade e a perseverança

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são meros exercícios de aprimoramento...


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(texto: A história ilustrada do futebol brasileiro)

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sábado, 23 de maio de 2009

A Música é a Arma!

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Buju Banton x Elephant Man
Programa Freestyle






"Pra quem tem talento!"

Só!

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sexta-feira, 22 de maio de 2009

Carta ao Poeta!

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Ôpa GOG, como vai, parceiro?

Passados os primeiros dias do lançamento, repito-lhe, sinceramente, as impressões que me trazem Cartão Postal Bomba, teu primeiro e efetivo DVD.

Gosto muito do resultado!

Não só gosto como sinto-me, realmente, meio cúmplice de tudo que vejo. Claro que não quero aqui assinar nada: artístico nem logístico. Mas sinto-me também responsável porque este trabalho foi gerado no ventre de nossa aproximação política, poética e afetiva.

Sinto-me responsável porque reconheço, em parte de tuas inquietações e buscas, também uma parte de minhas inquietações e buscas. Desde o início deste processo, emano minhas Positive Vibrations para este sucesso em curso…

Tuas vitórias também são as minhas vitórias, Irmão!

Vi apropriado lá, nos interlúdios que teus sóbrios comentários que dão ritmo e significação maior à grande celebração que sustentam a coluna do DVD, minha “Guerra Preta… Estratégia Quilombola”. Gosto de ver minha expressão poética citada por você quando mantém a Negritude Bélica que a determinou originalmente. Você mantém a provocação efetiva e o acirramento do conflito saudável ao nosso crescimento - de nós, negros.

Sinceramente, mesmo algumas letras tuas já tocando no assunto antes, percebo a demanda racial mais presente e articulada do CD Aviso às Gerações pra cá. Quanto mais espontaneidade você apresenta no tratamento do tema, nos identificamos mais, com certeza! Questão não só de gosto, mas também enquadramento.

No DVD, você colocou bem a questão do binômio Raça x Classe Social, sem receio de se posicionar! Sem a síntese mítica tão ao gosto da tradição confortável do pensamento “cordial-mestiço” brasileiro. Você assume que cada problema é um problema que precisa ser enfrentado a partir de suas especificidades. Riqueza não apaga melanina como muitos humanistas universalistas pregam... ora com ora sem maldade! Também a cor da pele preta não nos redime de nossas pisadas na bola... na rua ou em família!

Tenho assistido o Cartão Postal Bomba inteiro ou em partes. Como da primeira vez, vago entre a sala da televisão e a cozinha, entre imagens desconcertantes, sons redondos, pensamentos centrados e cafés fortes. Gosto mais de ver quando estou sozinho. Ligo o DVD assim que a casa se acalma.

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GOG, sem dúvida, teu DVD lança novos paradigmas de produção estética para o hip hop nacional. Tua produção é de um cuidado modelar, tanto para os que rasgam elogios (como eu), como para os que comentam comedidamente... ou aqueles que se silenciam por vários motivos, entre eles ter outras opções estéticas válidas, outros gostos, ou, simplesmnete, para não dar Ibop, abafar o caso.

Eu gosto mesmo: tudo bem sincronizado: áudio e imagens, boca e voz. Câmeras alternando pontos de vista, ângulos. Edição deslocando-se entre cores vivas, preto e branco e sépia.
Imagens alucinantes das ruas da cidade, de outras cidades, países. Animações, negativos, letreiros em movimento. Música e mais música. Participações perfeitas. Presença de dois Reis da música preta. Banda MBP Black com presença orgânica-harmônica em tudo!

Em tudo, muita emoção, nas músicas e nas pessoas: flow e feeeling!

Algumas passagens marcantes:

1- Dona Sebatiana ali, falando bem. Com saúde, para ver tudo! Lembrei-me dela no hospital; você virando ela na cama; conversando como se ela estivesse na mais perfeita saúde.

2- Segunda sequência de GOG empurrando e dançando em câmera lenta atrás da cadeira de rodas do incrível Paulo Diniz. Uma voz de ancestral! Você parecia um menino discípulo em êxtase pela presença do mestre em vida ao lado. Lembrei-me imediatamente do dia que encontramos ele aqui na Bahia Preta. Primeira coisa que me veio à cabeça, tipo vingança do tempo: levar um DVD para aquele empresário que tentou impedir que falássemos com o Paulo Diniz no hotel.

3- Isaias cantando Assassinos Sociais – o cara canta muito e entrou arrebentando a porta do peito, do coração, não, entrou suavemente forte no espírito da música. Muito bom!

4- Rapadura e Lindomar em Periferia tem Talento. Lindo demais! Lindomar uma voz massa e um sotaque desconcertante - primordial para contrastar em equilíbrio com o virtuosismo de Rapadura. Química perfeita. Quando os dois revezam o mesmo microfone, viiixe, gritei de empolgação como se estivesse acontecendo ao vivo na minha pequena sala!

Apenas quis citar aqui algumas das passagens que me tocaram acima da minha média geral de expectativa contemplada!

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Poeta, parabéns pelo resultado!

E obrigado por dar este presente aos que não somente gostam do Rap, mas que acreditam e apostam nele como instrumento de transformação e boa música ao mesmo tempo e sem hierarquia!

Com Respeito,
Nelson Maca –
do QG da Revolução
Permanentemente em Guerra Preta... Estratégia Quilombola!

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quarta-feira, 20 de maio de 2009

Solano Trindade

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Solano Trindade

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Raquel Trindade


Tem gente com fome

Trem sujo da Leopoldina
correndo correndo
parece dizer
tem gente com fome
tem gente com fome
tem gente com fome

Estação de Caxias
de novo a correr
de novo a dizer
gente com fome
tem gente com fome
tem gente com fome

Vigário Geral
Lucas
Cordovil
Brás de Pina
Penha
Circular
Olaria
Ramos
Bom Sucesso
Carlos Chagas
Triagem,
Mauá

Trem sujo da Leopoldina
correndo correndo
parece dizer
tem gente com fome
tem gente com fome
tem gente com fome

Tantas caras tristes
querendo chegar
em algum destino
em algum lugar

Trem sujo da Leopoldina
correndo correndo
parece dizer
tem gente com fome
tem gente com fome
tem gente com fome

Só nas estações
quando vai parando
lentamente começa a dizer
se tem gente com fome
dá de comer
se tem gente com fome
dá de comer
se tem gente com fome
dá de comer

Mas o freio de ar
todo autoritário
manda o trem calar
Psiuuuuuuuuuuu

....




Bernadete

"Solano Trindade" - de "Geraldo Filme"
Samba da "Vai Vai" - São Paulo 1976


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segunda-feira, 18 de maio de 2009

O preço da Liberdade!

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"Se você não está preparado para pagar o preço
não use a palavra liberdade em seu vocabulário!"


Malcolm X
(19. 05.1925 - eternamente)

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3 x Poesia Negra!

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Langston Hughes


I, TOO, SING AMERICA

I, too, sing America.
I am the darker brother.
They send me to eat in the kitchen
When company comes,
But I laugh,
And eat well,
And grow strong.

Tomorrow,
I'll be at the table
When company comes.
Nobody'll dare
Say to me
"Eat in the kitchen",
Then.

Besides,
They'll see how beautiful I am
And be ashamed -
I, too, am America.

...

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EU TAMBÉM SOU AMÉRICA


Também canto a América
Sou seu "brother".
Quando chega alguém,
Eles me mandam comer na cozinha
Mas eu rio,
Como bem,
E fico forte.

Amanhã
Sentarei à mesa
Quando chegar alguém.
Então ninguém se atreverá
A me dizer
"Coma na cozinha".

Aí eles vão ver como sou bonito
E ficarão envergonhados.
Eu também sou a América.
...

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Tradução de Sylvio Back

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sábado, 16 de maio de 2009

Bom dia, FELA!

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:: Bom dia, FELA ::

:: a todos os FELAS do mundo ::


Bom dia, FELA
Bem vindo a toda esta merda chamada Brasil!

Filho disperso,
onde quer que esteja assentado meu rosto coberto de passado
Ouço tuas palavras proféticas
se materializando nessa nossa Mãe traída.
Por onde quer que eu vá
carrego também o cheiro dos esgotos dessa África que te coube
Transporto em meu próprio semblante
o fenótipo comum desses parentes baixos
Que tentaram de todas as formas
embranquecer tua negrura presidencial.

Eles não acreditam que você carrega a morte no bolso...

Sinto na pele que é mesmo verdade
tuas rajadas de ironia e sarcasmo
Por onde transito, na condição de seu semelhante,
não se vive sem, diariamente,
Aspirar as impurezas relativas do ar.

Justamente por isso você renasce, a cada dia,
No som em desalinho que trafica tua inquietação
para outras terras madrastas.

A despeito do espaço e do tempo
que me separam de ti em matéria bruta
Sei que, por assim dizer, teu sopro sonoro é tua arma,
parindo meu coração em conflito
Tua poesia é uma corrente confortante, lembrando,
despertando, recolhendo-me...

Não me harmonizo nos acordes tramados de cima pra baixo.

De narinas abertas ao vento contrário que sopra
Da imensa corrente ocidental
que lava as almas perdidas de rumo,
Respiro atento a velha bosta fedorenta
da submissão que atola os distraídos.

Boa tarde, FELA
Agora chego mais perto,
para que eu possa tocar sem receio teu significado.

Tenho encontrado aqui
a mesma escória que tem colocado a África andando pra trás.
Circulo nas ruas com o mesmo cuidado e a malandragem de sempre.
É preciso estar ligeiro na esquiva, para não tomar porrada na cara.
Ver com os olhos da nuca,
para não haver facas enterradas nas costas descobertas!

Os vermes pós-coloniais que se multiplicam em nosso meio ambiente
Se reproduzem dos mesmos parasitas daninhos
que macularam tua história
Que agrediram por demais o teu templo
Na tentativa de alcançar o altar profundo de tua alma
intocável de tão confiável!

A latrina do mundo grego e seus multiplicadores negros,
Do lado de cá do teu mundo, se estendem velozes a me procurar.
Também se prolifera pelos quintais dos nossos homens decentes
a escória universal.

Aqui, nesta fatia de país chamada exclusão,
passeio ao noturno dos dias
Sob a visão de corpos pretos putrefatos iluminados ao luar.
Também ergui monumentos de ira...
Por não revelarem a face tão familiar do soldado desconhecido
Que nos extermina como insetos em praça pública.

Nas paisagens dos jardins do entorno das mansões insensatas
Os ladrões internacionais estão ao telefone,
Tramando a grande confraternização
do renascimento da raça que nunca morreu.

Nossos militantes galantes e doutores abnegados
estão de olhos inclinados
A espera da viagem oficial em primeira classe
e do aconchego da suíte de luxo.
Esperançosos como galinhas que lutam grão por grão
Do milho caído do alto das mãos
dos que lhes engordam para o abate.

Tudo devidamente pago
pelas migalhas da fraternidade do patrão ocidental.
Tudo sob encomenda
para a preservação do turismo ao inferno.
Tudo sob a promessa de solidariedade
aos molekes que traíram os heróis traídos!

Nas calçadas arborizadas do centro cívico do oportunismo,
Os vândalos empossados
aproveitam a brisa que brota do centro da ambição.
Eles se servem do discurso nacional
adoçado no chá do esquecimento.

Os mesmos vagabundos também, aqui, estão no poder,
Atraindo as almas sebosas formadas em filas compridas e sorridentes,
Moscas felizes que sobrevoam rasantes as fezes que sufocam os ares
A espera da hora exata de lamber as botas do chefe,
A espera da hora oculta de oferendar a delação premiada!

Boa noite, FELA
Queira sentar-se comigo, para uma caneca do café forte
Que perfuma o ar denso das noites de visita do santo ofício.

Permita-me um dedo de prosa
regada ao amargo de minhas lembranças,
Que vazam pelo caldo escuro da divergência que me mantém vivo,
Filtrado na bandagem das feridas
abertas desde as estocadas antepassadas.

A vigília é constante
aos que compram e vendem a vida dos outros,
Que etiquetam as consciências
com os algarismos baratos das mentalidades coloniais.

Mas ainda não perdi a calma, Presidente.
A coluna ereta e a cabeça ao alto
são os vestígios da minha permanência

Ainda que cada dia que passa
seja a véspera da hora do sinal do general em comando,
Para que barbarizem as colunas de minha República Kalakuta;
Para que lancem os meus restos do andar mais alto
quebrando os ossos de meu sono
Expurgada a insônia na aurora de minha morada em chamas.

Bom dia, Irmão
Pode ter certeza que nunca oferecerei a outra face.

Nos descaminhos do revide,
reparto meus nãos com os descontentes.
Aprendo, com um elo que vem de você,
a verdade sisuda da África que Incomoda
Revelada nas nódoas de sangue
das fardas dos que cortaram as cabeças.

Teu corpo escuro presente empalidece
a falácia arrogante do renascimento
Dos que nunca morreram
na luta pela unificação das demandas.
Teu pan-africanismo implosivo
faz as elites pós-coloniais caírem para dentro.
Soterra em si mesmos os que,
na surdina covarde e na conspiração barulhenta,
Explodiram a reunião dos rebelados com causa.

Estou ansioso para colocar minha comuna no centro do universo.
Rejeito categoricamente
a estrada marginal que me guiava para fora do problema.
Desconfio da beleza sem tensão
que tem tomado esta palavra -periferia

Sim, Parceiro,
Eu sei que sou o centro do problema.
Minha larga avenida central pavimenta os preconceitos
rumo ao olho do furacão.

Meu andar esguio de fera indomável expele os macacos
que saltam pedindo bananas.
A febre amarela e a extensão da malária
não afetaram meu cavalheirismo,
Porque a minha gentileza de pantera não admite
que me afaguem feito um bichano.

Boa tarde, Fela
Em mim já nasceu, está nascendo e nascerá
teu movimento do povo.
Afinal também faço parte do teu povo em movimento...


Nelson Maca

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quinta-feira, 14 de maio de 2009

Desencanto de Sabiá!

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"Ô, meu nego, você deve pensar que estou forçando a barra nesses entremeios metalingüísticos e intertextuais, não é?

Como vês, de fato, não só no tratamento de Irene a mim dispensado, insiste em sobreviver o velho Professor Botelho aí da memória dos vivos.

Mas é isso mesmo: como dizia o nosso agora parceiro calado, se você tiver aí a torcer o nariz, feche essas páginas e vá assistir sua telenovela favorita, ou então leia A moreninha, Iracema, Escrava Isaura, Capítulos da História Colonial... A carta de Caminha... Sei lá.

Porque esta história é minha demais, e só eu posso julgar a urgência e veracidade do que digo ou deixo de dizer.

Não deixa de ser também a minha porção de reparação. Minha ação afirmativa se faz na negação da narrativa do mundo que vivi!

Mas somente você é quem deve decidir se ela te serve ou não para tua carapuça, mano."


(Do livro "Desencanto de Sabiá..." - minhas memórias engavetadas)

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Boletim do Kaos n. 2

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Saiu o "Boletim do Kaos n.2"


Já está na rua o “Boletim do Kaos” número 2, um folhetim voltado, principalmente, para a Literatura Divergente.
Bem lembrado - e mais que merecido!

Esta nova edição traz na capa meu Irmão GOG e outros escritores e artistas talentosos, a exemplo do Marcelino Freire. Escreve muito!
Seco, conciso, sarcástico!
Muito bom!

Editado em São Paulo por Alessandro Buzo e Alexandre de Maio, o BK conta com a expressiva tiragem de 10.000 exemplares.
E o melhor: é distribuído gratuitamente nos centros e quebradas, inclusive em outras cidades e estados.

Aqui, em Salvador, recebi alguns exemplares do número 1, que publicou a síntese de uma longa entrevista que fiz com o Mestre Carlos Moore.

O Buzo me avisou que o número 2 já foi pro no correio e logo bate à porta de minha casa. Ainda não sei quantos exemplares foram enviados, mas, assim que chegar, estará a disposição dos mais interessados. Ligou?

Além da versão impressa, que é distribuída gratuitamente, o jornal pode ser lido no http://culturahiphop.uol.com.br/boletimdokaos/

E aí, vai encarar?

Vida longa ao Kaos do loucos!

Nelson Maca – Sempre em desordem e desalinho...

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sábado, 9 de maio de 2009

sexta-feira, 8 de maio de 2009

A Poesia do Rap: LF e Edy Rock

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Homem De Aço / Dmn
(LF e Edy Rock)

Aumente o som e se ligue nessa aqui eu não vou mentir
falo sério pra quem quiser ouvir escorreguei mas não vacilei,
pra não cair da malandragem destrutiva sobrevivi
e dela aprendi a parte boa o respeito fundamental a minha pessoa
não quero viver a toa de cara ou coroa a minha sorte é ter saúde
maluco é ter saúde pra me esquivar de todo o mal
refletir nesse inferno e tal fazer a minha parte bem
ser um espelho também pra quem está chegando,
poder contar com alguém o caminho na verdade é difícil, eu sei
quem não sabe levou, por escolher um atalho
onde a trairagem insiste o amor próprio não existe
feliz o preto que chega até os vinte o mesmo que destrói a sua base
e quando está na pior diz que é uma fase
está sempre de olho no quintal do vizinhos
se tiver que trampar, lutar não é seu caminho
culpa os pais por ser assim e diz vocês fizeram muito pouco por mim
só queria ter de tudo pra não dar valor e ver o mais pobre
te chamar de senhor igual a todo playboy que está no poder
não sabe o quanto custo um pão pra sobreviver
não sabe o que é difícil nem dificuldade não sabe o que é viver
distante da cidade Eu sei o quanto é difícil suportar
derramo o meu suor e sei valorizar no limite da humildade
faço o meu espaço me considero um
H.Aço.

Sei que não é fácil Sei que não é fácil Sei que não é fácil
(Ser Homem de Aço)

Andar na rua vendo o povo em desespero brigando pelo melhor lugar
quem chega primeiro vivendo um pesadelo acordado
correndo assustado, cabreiro com quem está do seu lado
ver o moleque viciado na televisão o baixo nível da escola
e da educação a preta linda que não olha no espelho
tem vergonha do nariz da boca e o cabelo o super herói
com apenas doze anos feliz da vida porque conseguiu um cano
a piveta que já tem um pivete que até dá mamadeira ei mano
ela se esquece ambição alto grau apocalipse final
eu não consigo ficar na moral famílias inteiras estão caindo
na vala perdendo a resistência e o pesadelo não pára
ser Homem de Aço é resistir não posso dar as costas
se o problema mora aqui eu não vou fugir nem fingir
que não vi nem me distrair nenhum playboy paga pau
vai rir de mim tenho uma meta a seguir sou fruto daqui
se for pra somar ei mano chega aí
pra ser mais um braço um guerreiro arregaço
contra o poder ser a pedra no sapato sem marra, mentira,
incerteza, sem falha um centroavante nessa grande batalha
e no limite da humildade faça o seu espaço pra ser também um
H. Aço.

Sei que não é fácil Sei que não é fácil Sei que não é fácil
(Ser Homem de Aço)

Se liga aí, tô aqui, Racionais MC's eu vou dizer que nasci e cresci
na Zona Norte periferia extrema problema, E.D.I.
não me entrego ao sistema igual dizem por aí eu também falei sério
e vim pra conferir pra os manos do outro lado do muro
e para os manos daqui ao contrário sem motivo pra rir aí,
não sou otário sei pra onde ir vou seguir na minha rima irmão
na consciência então nessa palavra de paz sem violência
não gasto o meu tempo eu não jogo fora aí ladrão eu digo
vem comigo na trilha sonora Edy Rock e tal me chamam de marginal
não sou o mal tomo geral neguinho normal não pago pau
pra playboy de canal de olho azul Mitsubishi azul vai tomar no cu
playboy ri da sua roupa e tenta copiar marginal tem estilo
ninguém consegue imitar fala mal da favela dos pretos que vive nela
no farol a seqüela ladrão fecha a janela
fala mal de você que assiste a TV te entrega a droga
pra você vender e morrer na seqüência,
na violência nos empurra a maldade nos empurra a imprudência
na cara dura só cego não vê meu povo é pobre revista não lê
não entende não tem informação não estuda, nada muda governo
nega educação controla o povo pelo dinheiro cadê o dinheiro?
Fernando Henrique fez o Brasil virar um puteirono mundo inteiro
é a mesma patifaria não é fácil ser Homem de Aço no dia a dia.

Sei que não é fácil Sei que não é fácil Sei que não é fácil
(Ser Homem de Aço)

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quinta-feira, 7 de maio de 2009

Ecos de Dakar


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Ecos de Dakar
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Exposição fotográfica de Márcia Guena



"Queridos amigos,
gostaria de convidá-los para a abertura de minha exposição,
Ecos de Dakar, que acontecerá no próximo sábado,
9 de maio, às 17 horas,
na Livraria Saraiva do Shopping Salvador.
A mostra reúne 20 imagens captadas no Senegal,
país do oeste da África,
as quais trazem elementos da nossa relação ancestral
com o continente africano.

Um abraço!

Márcia Guena"

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Então... não vá se squecer, hein!

O que: Ecos de Dacar - exposição fotográfica
Local: Livraria Saraiva / Shopping Salvador
Data: 9 de maio às 17h

Juntos!

Nelson Maca - Blackitude.Ba

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quarta-feira, 6 de maio de 2009

Um Abraço no Mestre!

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Reencontrando o Mestre... Agitando o Espírito


Domingo passado, 3 de maio, recebi Carlos Moore mais uma vez em minha casa. Nunca vai ser um dia qualquer embora seja sempre familiar. Ele chega sempre tranqüilo vestido de sua pele extremamente preta, embaixo de seus cabelos inteiramente brancos e logo acima de seu olhar penetrante de quem muito vê. Sempre sorridente e carinhoso comigo, com a Ana e de um carisma impressionante com as crianças. Quando ele vem aqui, ou nós vamos juntos até ele, aquela lógica nossa ocidental vira do lado avesso: os adultos é que sobram na conversa. Com ele as crianças são ouvidas como gente grande... ou pequenas! A ordem dos fatores não altera a infância do espírito!

Almoçamos juntos e conversamos bastante - não na extensão, mas na verticalidade. O tempo não era muito e o assunto infinito. Dentre vários temas adultos, falamos principalmente de Obama, da situação dos negros em Cuba e, logicamente, de Fela Kuti. Estou totalmente compenetrado na apreciação da música e na compreensão do pensamento político deste nigeriano incrível. Agora, por exemplo, escrevo na pausa da leitura noturna de sua biografia, This bitch of a life, escrita por Carlos Moore enquanto pessoa que conviveu com o músico, desfrutando a amizade e a confiança do Black President.

Gosto de ver Carlos falar de Obama. Traz-me tanta esperança nesse outro presidente negro... Sobre Fela, fico estático, não pisco um olho, tentando crer que, na verdade, eu mesmo vivi tudo o que ele nos conta. Sinto-me, de verdade, um elo possível dessa grande corrente de africanidade consquente que chega até mim materializada na presença de Carlos. Quero muito que meus amigos de ação coheçam esses mestres, Carlos e Fela, e me ajudem nessa cruzada divergente, contemporânea e não católica, de apresentá-lo aos jovens brasileiros, principalmente à juventude negra e ao hip hop de forma geral. Uma missão auto-determinada!

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Carlos Moore chega depois de uma estada de 5 meses nos EUA, tratando de diversas atividades de seu novo livro, Pichón, primeiro volume da trilogia que traz sua memória histórica e política. Pichón centra-se na crítica ferrenha ao conflito racial cubano, que não teve fim mesmo após 50 anos de “regime revolucionário”. Há duas semanas chegou à Salvador, mas domingo foi apenas nosso segundo encontro. Apesar do grande desejo de vê-lo, fico na minha, pois sei que ele precisa relaxar depois de uma verdadeira maratona pelos states e pelo Caribe. Aos poucos ele vai reencontrando sua casa e sua vida baiana, e nós vamos entrando de novo na sua história.

No primeiro reencontro foi na noite da última sexta-feira. Passei rapidamente em sua casa. Entreguei a ele dois exemplares do número 1 do Boletim do Kaos que o Alessandro Buzo e o Alexandre de Maio nos enviaram de Sampa. O jornal publicou uma síntese de uma longa e louca entrevista que fiz com Carlos Moore. Eu trouxe para minha casa três presentes vindos dos States: dois vídeos sobre o SLAM Poetry, que muito em breve estarei resenhando aqui e exibindo aos cúmplices (ai... mas que saudade eu tenho da Cooperifa!) e a novíssima edição americana de “Fela: This bitch of a life”, biografia que citei acima. Ela foi publicada na Inglaterra e França na década de oitenta e, no dia primeiro de maio último, sexta passada, saiu uma nova edição nos EUA. No Brasil, em português, está prevista para sair ainda este ano. Em junho, Carlos Moore volta aos Estados Unidos para lançamentos oficiais de This bitch, acompanhando a turnê americana do grande músico nigeriano Femi Kuti, filho de Fela e um dos herdeiro do Afro-beat.

Estou fã absoluto de Fela Anikulapo kuti! Como músico, pensador e ativista político. No segundo semestre, a Blackitude realizará um grande tributo ao cara! Carlos Moore tem nos apoiado na pré-produção e contatos estratégicos, além de que irá participar efetivamente de nosso tributo, pois é também incentivador, colaborador e, acima de tudo, mestre amigo e irmão mais experiente da Blackitude.

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No domingo, ele conheceu, “arrastado” pela Lucinha Black Power e pela Luiza Gata, a cachorrada (3) que deixaram na nossa porta no dia 1 de janeiro - e nós adotamos (rsrs). Com mais esses três SRD que agora moram aqui em casa, comigo soma 4. Depois eu e as meninas declamamos um poema que fiz, pensando em Fela. O título é “Eu”. Escolhi este para dar as boas vindas ao Irmão Carlos porque há uma relação direta entre o mensageiro dos Orixás e os Griots da divergência. Além de ser meio auto-biográfico (rsrs). Vejo um Exu em cada corpo que anda compondo a encruzilhada dos caminhos da negrada rebelde. Um grande amigo que eu admiro muito, Leo Ornelas, diz que somos nós, os contestadores, os Exus das cidades!

Depois do poema, o Mestre partiu – tão simples como chegou. Voltava a chover. Então pegamos um casaco impermeável da Ana e uma sombrinha daquelas quase se desintegrando de tantos ferrinhos insubmissos. Quando vi o mestre chegando aqui em casa, eu já havia recuperado, em sentimento profundo, algo de minhas reminiscências, mas, quando ele partiu, tudo ficou muito evidente em minha consciência afetiva deflagrada: meu pai!... Lembrei-me profundamente de meu Pai! Pelos cabelos brancos, pela pele preta, pelos anos de luta e pela altivez... mas... bem mais... muito mais pela simplicidade.

Até onde experimentei, meu pai era um operário centrado. Operário centrado e tão mas tão preocupado com a grande família que criou os 12 filhos que vingaram com todo cuidado possível e responsabilidade ideal; que não faltou ao trabalho nem mesmo no dia de seu infarto. Quando se ausentou da empresa do patrão (onde ganhara até o “relógio de ouro” da ordem do mérito) foi para cuidar de seu reator e, depois, partir. Sem alardes como lhe era de hábito.

Meu mestre, apesar de ter lutado ao lado de Malcolm X, Fela Kuti, Cheikh Anta Diop, Aimé Césaire, Maya Angelou, Stokely Carmichael, Lélia Gonzalez, Walterio Carbonell, Abdias Nascimento, Harold Cruse, Alex Haley, hoje me fez, simplesmente, lembrar meu pai, meu herói primeiro, nesta humildade que me deixa tão admirado. Só faltou a bolsa a tiracolo com a garrafa térmica e a marmita de operário.

“Ah... quando éramos Reis!”
Assim deveríamos re-encaminhar nossa desumanidade.
Eu acho!

África! One People! One Love!


Nelson Maca – "Nada no bolso ou nas mãos!"

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FELA: This Bitch of a Life, biografia de Fela Kuti pubilicada na Inglaterra e na França na década de oitenta, acaba de ganhar uma edição americana (lançada no dia 1 de maio de 2009). A obra tem previsão de sair no Brasil, em Português, no segundo semestre de 2009. Eu, que tinha uma cópia xerox da edição antiga, acabo de ganhar do próprio Carlos Moore esta nova edição - "autografada". Já estou terminando a releitura e, muito em breve, escreverei uma resenha para o blog. É uma leitura obrigatória para quem quer saber o que é um artista que equilibra política e estética. Homem crítco e músico revolucionário.

Nelson Maca

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terça-feira, 5 de maio de 2009

Tubo de Ensaio

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Versu2 : Projeto Tubo de Ensaio


Projeto Tubo de Ensaio é um laboratório de experimento artístico e cultural, onde se mistura fórmulas como música, Audiovisual, Graffiti, Dança, Poesia, Exposição fotográfica e Workshop na busca da difusão da arte e cultural.

O projeto Tubo de Ensaio é uma produção independente idealizada pelos integrantes dos grupos Versu2, Arterisco e da banda Parto Natural com parceria do Centro Cultural Plataforma para proporcionar, dinamizar, divulgar a arte e cultura feita por artistas independentes do Subúrbio e bairros periféricos de Salvador. No objetivo de aproximar a sociedade civil do Centro Cultural Plataforma a direção do centro abre as portas para a realização do projeto Tubo de Ensaio.

O projeto Tubo de Ensaio será realizado inicialmente com três edições nos meses de Maio, Junho e Julho, começando no dia 10, tendo os portões fechados às 17h.

O grupo Versu2 convida todos e todas para poder prestigiar e fazer parte dessa celebração e conquista de mais um espaço para a cultura Hip-Hop.

Então família é isso sejam bem vindos.

Projeto Tubo de Ensaio
Local: Centro Cultural Plataforma
Data: 10.05.09
Horário: 17h portões fechados
Valor: R$ 2,00

Atrações: Versu2, Arterisco, Banda Parto Natural.
Participação: Tiago Negão e Neizinho (Ex-Milicianos)
Apresentação: Mc Daganja
Graffiti: Finho
Exposição Fotográfica: Fernando Gomes
Break: B.Boy Levi e Cia
Documentários e Filmes: Robson Veio

Contato: hiphopsubmundo@hotmail.com /
71- 87247563 - Coscarque
www.myspace.com/versu2

Paz e Equilíbrio


(Divulgação)

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segunda-feira, 4 de maio de 2009

Mal-estar em Rebeldia

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Escrevo sempre sentindo que sou negro,
e quero sempre sentir deste ponto de vista.

De outro ponto, não teria nada a acrescentar;
apenas ler os sentidos inexatos dos que me escrevem
do ponto que me inventam num mundo mudo.
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Armados!

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."A Poesia é uma Arma".



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sexta-feira, 1 de maio de 2009

Calma, Maca!

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Calma, rapaz!

Então eu resolvi afundar os negreiros
Afogar capitães e marinheiros do empreendimento
No mesmo sal do mar que me sugava os restos corroídos
Foi quando esta voz sussurrou ao meu ouvido:

Calma, Rapaz!

Então eu resolvi incendiar a casa grande
Queimar as sinhás e sinhôs
Com o mesmo fogo do ferro que me fritava a carne
Foi quando esta voz sussurrou ao meu ouvido:

Calma, Rapaz!

Então eu resolvi contaminar os alimentos
Para liquidar os donos do algodão e do fumo
Com o mesmo veneno que me inflamava o banzo
Foi quando esta voz sussurrou ao meu ouvido:

Calma, Rapaz!

Então eu resolvi alvejar a cabeça do capitão do mato
Para dominar o campo de batalha em que eu vivia
Com o mesmo trabuco que me atingia as costas
quando eu fugia
Foi quando esta voz sussurrou ao meu ouvido:

Calma, Rapaz!

Então eu resolvi cortar a garganta da princesa de maio
Para exterminar de vez as falácias da abolição
Com a mesma navalha que me decepava os dedos
de negro fujão
Foi quando esta voz sussurrou ao meu ouvido:

Calma, Rapaz!

Então, eu resolvi seqüestrar o dono da fábrica
Para reparar as deficiências do meu salário que é o mínimo
Com a mesma neutralidade que me seqüestraram
a força ativa
Foi quando esta voz sussurrou ao meu ouvido:

Calma, Rapaz!

Então eu resolvi socar a boca do primeiro filho da puta
que aparecesse
Para sangrar a oligarquia dos que sempre nos calam
Com o mesmo punho cerrado que sempre nos socaram
Mas esta voz ainda sussurrou ao meu ouvido:

Calma, Rapaz! Calma, Rapaz!


(do livro Gramática da Ira / poemas locais engavetados)

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