terça-feira, 22 de junho de 2010

Hoje tem Sarau Bem Black!!

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Hoje - 30.06 - tem

Sarau Bem Black!

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Sankofa African Bar
Pelourinho - 19h


Início das poesias: 20h



Venha e traga seus poemas!

“A poética da Blackitude é Positiva”

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segunda-feira, 21 de junho de 2010

Mulher Afro, Latina e Americana

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Griô Produções Apresenta:

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Festival da Mulher Afro Latino Americana e Caribenha - Latinidades 2010

A Griô Produções, em parceria com o Fórum de Mulheres Negras do DF e com a Universidade de Brasília, realizam mais uma edição do Festival da Mulher Afro Latino Americana e Caribenha, Latinidades, de 22 a 25 de julho no Museu da República.

O festival é oportunidade para consolidar uma data muito importante para as mulheres negras: o Dia Internacional da Mulher Afro Latino Americana e Caribenha, criado em 1992.

O tema do festival em 2010 é o Censo, sob o slogan: “Não deixe sua cor passar em branco” e em cada mesa do seminário será discutida a importância da auto-declaração para a formulação de políticas públicas voltadas para as mulheres negras.

O evento é uma ação afirmativa por empoderamento e melhores condições para as mulheres negras da América Latina e Caribe e, portanto, agrega embaixadas, movimentos sociais, instituições diversas, partidos políticos, Universidade de Brasília, Entidades Governamentais, Rede Afrolatina, entre outras parceiras. Em três dias latinidades apresenta seminários, apresentações culturais e uma feira afro.
Entre as artistas cotadas para a edição 2010 estão Thalma de Freitas, Paula Lima, Nós Negras, Martinha do Coco e Ellen Oléria, além de grande roda de capoeira, discotecagem e apresentação de basquete de rua, proporcionada pela CUFA-DF.

Acompanhe as novidades aqui no blog da Griô!

Programação

22 de julho – Cerimônia de Abertura. Tema: Censo 2010 “Não deixe sua cor passar em branco”.
23 de julho – Seminário Mulheres na Política e Saúde da População Negra
24 de julho – Seminário Mulheres na Educação e Mulheres na Cultura
25 de julho – Apresentações culturais e feira afro

Fonte: http://www.grioproducoes.blogspot.com/


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Blackitude.Ba + Griô.Bsb = Identidade Negra
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Através da Griô Produções e da irmã Jaqueline, tive a oportunidade de participar do Cara e Cultura Negra, edição de 2009, em Brasília. Tive também e alegria de compor uma mesa sobre produção cultural do povo preto, entre outros, ao lado de meu grande irmão GOG. Lá, vi a correria da Griô e o quanto a Jaqueline encara com encanto e vigor suas demandas.

Por isso, firmamos 100% nessa irmandade!

Nelson Maca - Blackitude Ba

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Morro da Providência: A Poesia Urge!

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Sarau Providencial

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Poesia e Infância no Morro da Providência!



Pessoal,


Como havia informado, sábado último iniciamos o Sarau de poesia infantil no Morro da Providência (Sarau Providencial) antes do Cineclube.

Sábado, céu límpido e muito frio. Acordo no meio do jogo da Argentina e Nigéria e a febre já tinha tomado conta de mim. Antes de pensar, falo: o cineclube rola, mas o Sarau Providencial não. O cineclube já tem vida própria e não precisa mais da minha presença para acontecer - vou porque gosto. Já o Sarau é a primeira vez e quem vai animá-lo são duas voluntárias amantes do livro (Nivea e Gabriella).

Resolvido: Gabriella liga e Nivea avisa que estou com febre e sozinha não topa fazer o Sarau.

Gabriella, que havia ficado na 6ª feira à noite fazendo uma arca de papelão para utilizá-la na poesia Arca de Noé, fica desanimada, pergunta se não dá para eu tomar um antitérmico etc. Não rola. Tô fora. Ela fica triste, mas entende.

Tudo bem, são 15 horas, me levanto, tomo um banho e peço para Nivea ligar para Gabriella. Vamos subir o Morro da Favela. A outra quase surta, diz que está pronta e vai para o CCAC acabar de "ensaiar" suas poesias.

Chego na Providência às 17:30h. As duas subiram antes de moto-taxi e quando "venço" a escadaria, lá estão as duas sentadas sob um grande plástico transparente no chão, uma dúzia de crianças em volta e o povo montando a exibição do cineclube. Crianças de todas as idades; a magia do livro já estava habitando aqueles pequenos seres. Em pouco tempo, os livros de poesia sumiram do chão e já estavam nas mãos das crianças. Cada qual ao seu jeito começa
a "decorar" suas poesias com ajuda de Nivea e Gabriella.

Impressionante 9 crianças se dispoem a irem ao microfone "ler" e interpretar suas poesias prediletas.


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Nada é simples: a ligação elétrica para o microfone dá problema. Demora 25 minutos para ficar pronta. As crianças, Nivea e Gabriella estão indóceis. Tudo pronto! O microfone está quebrado...
Vamos fazer no gogó, digo. As crianças me vaiam...

Um dos meninos diz que tem microfone em casa. Lá vai o Maurício Hora no pequeno casebre no Mirante e traz o microfone.

Palmas e vamos ao Sarau: A desinibição inicial é substituida pelo receio. Quem começa? Eu não...
E aí começamos: das 9 crianças que se apresentam, TODAS não sabem ler corretamente. É, todos estão na escola e todos são analfabetos funcionais.

Mas, uma muralha foi transposta: eles decoraram as poesias, esqueceram, mas "leram" com ajuda da Gabriella e Nivea, suas poesias escolhidas!

Uma questão: duvido que na sala de aula eles demonstrem suas fraquezas
relacionadas à leitura. Pagar mico, não dá! Então, por que se dispuseram a se expor no Largo da Igreja? Não sei. Só tenho palpites por enquanto.

Por tudo, o Sarau Providencial foi um sucesso!

O próximo encontro vai ser mais complicado, sei. O segundo não pode ser igual ao primeiro. Mas tem que ser como? O sonho? Daqui a um determinado período (que só eles vão dizer quando)
fazermos uma apresentação do Sarau Providencial no CCAC para eles, para seus familiares, para nós e para vocês.

Dia 26 tem de novo. Vou mesmo se estiver com febre. É imperdível, impensável, emocionante, desafiador! A fala da Gabriella retrata bem o que sentimos:

"Oi, achei muito bom porque as crianças desenvolveram uma reação de não obrigação com o livro, diferente daquela da escola e descobriram o prazer da leitura. Me surpreendi com a interação deles, aprendendo, ensinando... Acredito realmente que podemos fazer a diferença. Elas aprendem a cuidar, dividir, aprender a aprender e a ensinar também. Acho que Sarau Providencial está ótimo, Precisamos providenciar esperança, aprendizado, futuro."

Acho que o Nelson Maka, do Sarau Bem Legal, que assistimos em Salvador, ia gostar...

Depois mando as fotos.
Beijos,

João Guerreiro

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SALVE JOÃO

Consulto meus e-mails em tempos de febre de futebol - e sede global de consagração de Kaká & Cia - e me bato com a Poesia a 40ºC no Morro da Providência.

Parabéns pela estréia do projeto. Não assisiti, mas gostei demais!

Parceiro, você não imagina a minha alegria e orgulho ao me ver lembrado em iniciativa tão bacana!

Crianças e Poesia: Sentimento Incondicional!!!


Nelson Maca
Exu Trapezunga-Erê do Sarau Bem Legal

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Obs. As belas fotos são do:

http://www.viagemeaventura.net.br/wp-content/uploads/2010/03/Cabritos_Copa.jpg
http://farm2.static.flickr.com/1242/1471046725_fe40ade485.jpg
http://www.riotemporada.com.br/wp-content/uploads/2008/08/providencia_workinprogress_jr.jpg

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quarta-feira, 16 de junho de 2010

A Copa taí, mas a Poesia continua!

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Hoje, quarta, 16.06.10, tem


Sarau Bem Black



Sankofa African Bar - Pelourinho
19h: Som e Papo / 20h - Poesia e Som


*Dj Joe toca Jackson do Pandeiro

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Domingo, 20.06.10*

Sarau Bem Legal

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Biblioteca Infantil Monteiro Lobato
Com o grupo Este Tal Recital
Participação : Neuro (grafiteiro)
10h Graffiti / 11h: Poesia

*O sarau acontece todo último domingo do mês.
Em junho antecipamos por causa do São João e do início
das férias escolares de nossos poetas mirins.

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Venha e traga suas crianças e seus poemas!

"A Vibração Poética da Blackitude é Positiva"

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quinta-feira, 10 de junho de 2010

Matéria sobre o Sarau Bem Black

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Sarau Bem Black no site Poesia Baiana!


Saiu um texto sobre o Sarau Bem Black no site Poesia Baiana / http://www.poesiabaiana.com.br/ .

Ficou bacana, acho que o site é bem intencionado e incrivelmente eclético. Gostei! São três as responsáveis pelo trabalho. Todas estudantes e jovens. Não poderia ser melhor: sangue novo realimentando o fronte das palavras poéticas!

- Vamos lá, ler a matéria e fortalecer esse novo espaço aberto para a poesia baiana?

Nelson Maca

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Sarau Bem Black 40º na Noite - Ontem

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Sarau Bem Black: Fogo na Quarta!

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O que a poesia une nunguém separa!


[...] Giovane Sobrevivente, Jose, Landê Onawale, Lázaro Erê, Nego Freeza, Lucinha Black Power, Luiza Gata, Robson Véio, Rone Dundum, Mc Ton, Zezé [...]

Costurando tudo e todos: Dj Joe.
Nos ouvidos, mentes e pés: Lady Zu!

O Sarau Bem Black ontem foi Disco Fever!

As proagonistas: Palavras Poéticas Cortantes e/ou Ciacatrizantes!

"De poeta pra poeta
de guerreiro pra guerreiro

- Bem Black... Bam Black!

De guerreira pra guerreira
de poeta pra poeta

- Bem Black...Bem Black!

Toda quarta feira
no Sankofa tem Sarau

- Bam Black... Bem Black!

Tamo junto
o ano inteiro no Sarau

- Bem Black... Bem Black!"

Na foto acima, vemos o poeta e MC NegoFreeza, do grupo "O quadro" de Ilhéus. Juntamente com Robson Véio, ele era nosso convidado especial ontem. Os dois botaram pra fudê! Alta voltagem estética, poética e humana.

Tudo em família!

África! One People! One Love!

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Nelson Maca
Poeta Exu Bem Black... Bem Black!

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Os Agentes - Hoje!

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Os Agentes no D'Áfricas Hip Hop

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O Projeto D'Áfricas Hip Hop é um espaço onde os grupos Versu2, Opanijé e Os Agentes trazem convidados quinzenalmente no Sankofa African Bar, Pelourinho. O objetivo é que os grupos mostrem um pouco de seu trabalho e de suas influências musicais em um espaço descontraído com pocket shows e SET's de vários estilos.

Na edição do D’Áfricas desta quinta (10.06), o grupo de Rap anfitrião é Os Agentes, grupo de sotaque e referências afro-nordestinas. E como convidados, o grupo traz Otra Vidda e o MC Spock. A discotecagem fica por conta de Lázaro Erê (Opanijé) e Robson Véio (ex Lisergia, Lumpen...). Eles mostram um pouco de suas referências e preferências musicais.

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FICHA

Projeto D'Áfricas Hip Hop / Com Os Agentes

Convidado: Outra Vida e MC Spock
Discotecagem: Lázaro Erê e Robson Véio

Local: Sankofa African Bar / Pelourinho
Data: 10.06 / Horário: 19h / Entrada: R$ 2,oo


"É tudo nosso! A Blackitude tá colada!!"

Nelson Maca

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Juraci Tavares - Amanhã!

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Amanhã tem Juraci Tavares no Beco de Rosália

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Vocábulos Caminhantes: Canto e Poesia
Com Juraci Tavares e Vocábulos Caminhantes


No Beco de Rosália, dias 11.06, às 20h
Em frente à Bilioteca Pública dos Barris
Couvert Arístico: R$ 3,50

(DIVULGAÇÃO)

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Dia 14, na Base do Afro Okambi!

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Bloco Afro Okambi Convida

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"Seminário artístico e cultural de encerramento da Oficina de Prática de Comunicação em História e Cultura Afro-brasileira"

Teatro Solar Boa Vista de Brotas
Dia 14 de junho - das 14 às 18 horas


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O Bloco Afro Ókánbí convida para o seminário de encerramento da Oficina de Prática de Comunicação em História e Cultura Afrobrasileira, com a seguinte programação:

14:h - Solo Ketu, Angola e Ijexá executado pelo percussionista Jorjão Bafafé , seguido de exibição do vídeo poema “Depois do Porão”, produzido por alunos da Facom e instalação da mesa de discussões:

Coordenação: Jorjão Bafafé

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Participantes:

Hamilton Vieira – Jornalista e Coordenador do Centro de Cultura de Lauro de Freitas;
Intervenção do Grupo Cultural ‘Isto e Aquilo’, da Biblioteca Bethy Coelho;

Lenildes Pereira de Souza - Representante da Comunidade de Pero Vaz;
Intervenção cultural do Ponto de Cultura Jovem Artista, da comunidade de Boca do Rio (exibição do vídeo “Hap da Matemática);

Cleiton Luz – Coordenador do Fórum de Arte e Cultura do Subúrbio
Intervenção artística do grupo “Arte de Dançar”, liderado pela coreógrafa Gisele Santos, do bairro de Santa Cruz

Chico Assis - Coordenador do Ponto de Cultura Solar Boa Vista, da comunidade de Engenho Velho de Brotas;
Intervenção artística do Grupo Coral Vozes do Engenho (Pontão Solar Boa Vista)

Denise Cristina Santos Paixão - Pós-Graduanda de Comunicação pela Facom

Cleidiana Ramos - Jornalista especializada em cultura afro/redatora do blog Mundo Afro/ Jornal A Tarde

Encerramento: apresentação artístico-cultural da Banda Ókánbí Afro Pop


(DIVULGAÇÃO)

Fotos
1. Jorjão Bafafé rege crianças do Okanbi
2 Jorjão Bafafé em solo no evento "Blackitude 40º" (2009)

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terça-feira, 8 de junho de 2010

Fela.Day.Brasil-2010 - Bote Fé, Negão!!

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Fela.Day.Brasil - Outubro.2010

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A casa vai cair!

Começou nossa Articulação Nacional de Amor e Luta!!
- Quem vem com a gente?


:: Para confirir o que rolou em 2009:
http://www.feladaybrasil.blogspot.com/

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Bom dia, FELA!

.....................................a todos os FELAS do mundo

Bom dia, FELA
Bem vindo a toda esta merda chamada Brasil!
Filho disperso, onde quer que esteja assentado meu rosto
coberto de passado
Ouço suas palavras proféticas se materializando
nessa nossa Mãe traída.
Por onde quer que eu vá carrego também o cheiro dos esgotos
dessa África que te coube
Transporto em meu próprio semblante o fenótipo comum
desses parentes baixos
Que tentaram de todas as formas embranquecer
tua negrura presidencial.
Eles não acreditam que você carrega a morte no bolso...

Sinto na pele que é mesmo verdade tuas rajadas de ironia
e sarcasmo
Por onde transito, na condição de seu semelhante,
não se vive sem, diariamente,
Aspirar as impurezas relativas do ar.
Justamente por isso você renasce, a cada dia,
No som em desalinho que trafica tua inquietação
para outras terras madrastas.
A despeito do espaço e do tempo que me separam de ti
em matéria bruta
Sei que, por assim dizer, teu sopro sonoro é tua arma,
parindo meu coração em conflito
Tua poesia é uma corrente confortante, lembrando, despertando,
recolhendo-me...
Não me harmonizo nos acordes tramados de cima pra baixo.

De narinas abertas ao vento contrário que sopra
Da imensa corrente ocidental que lava as almas
perdidas de rumo,
Respiro atento a velha bosta fedorenta da submissão
que atola os distraídos.

Boa tarde, FELA
Agora chego mais perto, para que eu possa tocar sem receio
teu significado.
Tenho encontrado aqui a mesma escória que tem colocado a África
andando pra trás.
Circulo nas ruas com o mesmo cuidado e a malandragem de sempre,
Irmão.
É preciso estar ligeiro na esquiva, para não tomar porrada na cara.
Ver com os olhos da nuca, para não haver facas enterradas
nas costas descobertas!
Os vermes pós-coloniais que se multiplicam em nosso meio ambiente
Se reproduzem dos mesmos parasitas daninhos que macularam
tua história
Que agrediram por demais o teu templo
Na tentativa de alcançar o altar profundo de tua alma intocável
de tão confiável!
A latrina do mundo grego e seus multiplicadores negros,
Do lado de cá do teu mundo, se estendem velozes a me procurar.
Também se prolifera pelos quintais dos nossos homens decentes
a escória universal.

Aqui, nesta fatia de país chamada exclusão,
passeio ao noturno dos dias
Sob a visão de corpos pretos putrefatos iluminados ao luar.
Também ergui monumentos de ira...
Por não revelarem a face tão familiar do soldado desconhecido
Que nos extermina como insetos em praça pública.

Nas paisagens dos jardins do entorno das mansões insensatas
Os ladrões internacionais estão ao telefone,
Tramando a grande confraternização do renascimento da raça
que nunca morreu.
Nossos militantes galantes e doutores abnegados
estão de olhos inclinados
A espera da viagem oficial em primeira classe e do aconchego
da suíte de luxo.
Esperançosos como galinhas que lutam grão por grão
Do milho caído do alto das mãos dos que lhes engordam para o abate.
Tudo devidamente pago pelas migalhas da fraternidade
do patrão ocidental.
Tudo sob encomenda para a preservação do turismo ao inferno.
Tudo sob a promessa de solidariedade aos molekes
que traíram os heróis traídos!

Nas calçadas arborizadas do centro cívico do oportunismo,
Os vândalos empossados aproveitam a brisa que brota
do centro da ambição.
Eles se servem do discurso nacional adoçado no chá do esquecimento.
Os mesmos vagabundos também, aqui, estão no poder,
Atraindo as almas sebosas formadas em filas compridas e sorridentes,
Moscas felizes que sobrevoam rasantes as fezes que sufocam os ares
A espera da hora exata de lamber as botas do chefe,
A espera da hora oculta de oferendar a delação premiada!

Boa noite, FELA
Queira sentar-se comigo, para uma caneca do café forte
Que perfuma o ar denso das noites de visita do santo ofício.

Permita-me um dedo de prosa regada ao amargo de minhas lembranças,
Que vazam pelo caldo escuro da divergência que me mantém vivo,
Filtrado na bandagem das feridas
abertas desde as estocadas antepassadas.
A vigília é constante aos que compram e vendem a vida dos outros,
Que etiquetam as consciências com os algarismos baratos
das mentalidades coloniais.
Mas ainda não perdi a calma, Presidente.
A coluna ereta e a cabeça ao alto são os vestígios da minha permanência
Ainda que cada dia que passa seja a véspera da hora
do sinal do general em comando,
Para que barbarizem as colunas de minha República Kalakuta;
Para que lancem os meus restos do andar mais alto
quebrando os ossos de meu sono
Expurgada a insônia na aurora de minha morada em chamas.

Bom dia, Irmão
Pode ter certeza que nunca oferecerei a outra face.
Nos descaminhos do revide, reparto meus nãos com os descontentes.
Aprendo, com um elo que vem de você,
a verdade sisuda da África que incomoda
Revelada nas nódoas de sangue das fardas dos que cortaram as cabeças.
Teu corpo escuro presente empalidece a falácia arrogante do renascimento
Dos que nunca morreram na luta pela unificação das demandas.
Teu pan-africanismo implosivo faz as elites pós-coloniais
caírem para dentro.
Soterra em si mesmos os que, na surdina covarde
e na conspiração barulhenta,
Explodiram a reunião dos rebelados com causa.

Estou ansioso para colocar minha comuna no centro do universo.
Rejeito categoricamente a estrada marginal que me guiava
para fora do problema.
Desconfio da beleza sem tensão que tem tomado esta palavra periferia
Sim, Parceiro, Eu sei que sou o centro do problema.
Minha larga avenida central pavimenta os preconceitos
rumo ao olho do furacão.
Meu andar esguio de fera indomável expele os macacos
que saltam pedindo bananas.
A febre amarela e a extensão da malária
não afetaram meu cavalheirismo,
Porque a minha gentileza de pantera não admite
que me afaguem feito um bichano.

Boa tarde, Fela
Em mim já nasceu está nascendo e nascerá teu movimento do povo.
Afinal também faço parte do teu povo em movimento...

(Nelson Maca - poema do livro "Bom dia, Fela!")


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O Pelourinho continua Bem Black!

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Sarau Bem Black!
Palavras Faladas da Blackitude

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Alta temperatura poética no Pelourinho

Realizado pelo coletivo Blackitude – Vozes Negras da Bahia, o Sarau Bem Black continua a pleno vapor nas quartas do Sankofa African Bar (Pelourinho). Com entrada gratuita, o projeto valoriza os versos divergentes, recebendo artistas que lançam olhares diferenciados para a literatura e cultura geral da Bahia e do Brasil.

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Em atividade desde setembro de 2009, o sarau é conduzido pelo poeta e professor de literatura Nelson Maca (eu - rsrs), contando ainda com os apresentadores Lázaro Erê, Sandro Sussuarana e Iara Nascimento. Todos se alternam, recitando poemas e convocando ao palco os poetas voluntários e os convidados previamente. O microfone é franqueado à contribuição da platéia de forma geral. Tudo devidamente anunciado, intermediado e comentado pelas vinhetas musicais conduzidas pelo Dj Joe.

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A noitada se inicia às 19h com a discotecagem. O recital de poesia em si é aberto às 20h pelos rappers - e literalmente manos - Lázaro Erê & Rone Dundum do grupo Opanijé, com a música “Encruzilhada”, a saudação a Exu que abre o evento desde a primeira edição. Dando continuidade à abertura, seguem as performances das poetas mirins Luiza Gata e Lucinha Black Power, momento denominado Erês e Trapezungas. Após as crianças, começa as declamações dos demais poetas: apresentadores, poetas residentes, convidados e voluntários da platéia. Ao final, volta o Opanijé, para um rap de desfecho. Pelo menos até a chegada da próxima quarta feira...

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As interferências musicais desta semana presta uma homenagem muito especial à cantora Lady Zu, monumento histórico da black music brasileira. Com certeza essa trilha sonora sacudirá o sarau. Músicas como “Vem dançar” e “A noite vai chegar” marcaram toda uma geração das pistas de dança do Brasil. Lady Zu vem compor a galeria musical do Sarau Bem Black, que já homenageou Fela Kuti, James Brown, Bob Marley, Tim Maia, Gilberto Gil, Alpha Blondy, Ilê Aiyê, Prince, Caju & Castanha, Olodum, Steel Pulse, Faces do Subúbio entre outros. Cada semana um nome da musica negra mundial é lembrado.

O Sarau Bem Black tem sido realmente um espaço de encontro semanal para quem gosta de ouvir e recitar poesia e também para aqueles que desejam conhecer outras vozes da cultura soteropolitana. Reservando espaço para quem quiser mostrar seus versos, o sarau tem preservado seu o caráter democrático.

Convidados:



Na próxima edição (09.06), dois importantes nomes da poesia baiana e brasileira atual elevam a voltagem do evento: Mc Freeza e Róbson Véio. Freeza é poeta e rapper d’O Quadro de Ilhéus, grupo que tem se destacado na cultura hip hop nacional. Robson Véio é consagrado compositor e vocalista do hardcore rock soteropolitano e nacional (Nodil, Lisergia, Lumpen...).

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Eles dão continuidade à boa galeria dos convidados que tem sido convocados a participar do Sarau, a exemplo de José Carlos Limeira, Jocélia Fonseca, GOG (Brasília), Iara Nascimento, Giovane Sobrevivente, Hamilton Borges Walê, Landê Onawale, Caj Carlão, Akins Kintê (SP), Zinho Trindade (SP), Juraci Tavares, dentre outros.

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Serviço



Evento: Sarau Bem Black
Quando: quarta-feira (09.06.10), a partir das 19h
Onde: Sankofa African Bar (Rua Frei Vicente, nº 7, Pelourinho)
Entrada franca.
Convidados: Mc Freeza – Robson Erê

*DJ Joe toca Lady Zu!

Informações: blackitude@gmail.com

*Fotos:
1. Flyer by Penga
2. Nelson Maca by Lucinha Black Power
3. Dj Joe by Nelson Maca
4. Lady Zu (Divulgação)
5. Robson Véio by net
6. NêgoFreeza by Luciana Nascimento
7. Sankofa by net
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Hip Hop: Educando para a Subversão

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Parte 1: Movimento ou Cultura hip hop?


Além da complexidade de se pensar uma cultura jovem em processo, falar do hip hop traz logo uma problemática conceitual, que é a tentativa de definir limites entre cultura e movimento hip hop. Fazer distinções ou aproximações entre os conceitos, irremediavelmente, envolve tanto uma postura ideológica como juízos estéticos.

Do que tenho lido, refletido e praticado, vejo a cultura hip hop como construção de comunidades marginalizadas socialmente que teve seu formato, digamos, “tradicional”, nos guetos negros americanos, principalmente no bairro do Bronx, a partir da convivência entre jovens afro-americanos, jamaicanos e de países da América Latina, todos desprezados pelo sistema sócio-racial norte-americano.

O hip hop nasce da experiência cotidiana, artística ou social dessas comunidades, centrando-se na articulação de linguagens das artes plásticas, dança e música. São os falados quatro elementos: o breaking, o graffiti, o dj e o mc. Os dois últimos são responsáveis pelas linguagens do hip hop que mais têm se adequado às exigências da indústria da música e do entretenimento, enquanto as demais, embora expandidas e mundializadas, mantêm vínculos mais efetivos com o underground.

A junção desses quatro elementos num todo organicamente estabelecido através das práticas cotidianas forma o lastro da chamada cultura hip hop. Esta, embora com gênese estabelecida conforme disse acima, tornou-se um patrimônio de todos, estendendo-se desde os EUA até países de realidades sócio-políticas e culturais tão distintas como a Austrália, Índia, Angola, Japão, Palestina, Alemanha e Cuba. E também praticada, admirada ou cultuada pelas diversas realidades de classe, raça ou gênero, seja pobre, rico ou miserável; livre ou encarcerado, preto, branco, amarelo ou vermelho, homem ou mulher.

O hip hop também é compreendido como movimento a partir do momento que promove articulações estéticas e críticas no campo artístico, social e político. Seja como fruição estética ou discurso engajado. Há uma linha de pensamento corrente no âmbito dos adeptos da cultura que estabelece como condição obrigatória, para que a experiência coletiva do hip hop seja aceita como movimento, a presença de um quinto elemento, a responsabilidade social, chamado genericamente de trabalho social. Quando os ativistas do hip hop, além de respeitar a articulação complementar dos quatro elementos artísticos em suas ações, mantêm compromisso com ou idênticos aos dos movimentos sociais, buscando colocar seus corpos, experiências, expressões e práticas, individuais ou coletivas, a serviço de transformações sociais de base comunitária.

Já pensei diferente, mas , hoje, assumo o conceito que estabelece os 4 elementos. Comungo com concepções como a do GOG que entendem o "5º elemento" não como algo específico e individualizado, porém como algo transversal, que deve funcionar como combustíivel, dando vigor e oxigenando os demais.

Outro comportamento que percebo como definidora do ativista social integrado no movimento hip hop é um sentido de “pertencimento”. Isso estabelece uma identidade que pode ou não ser fator de integração do indivíduo no movimento. Por aí, justifica-se os conflitos que atingem, por exemplo, certos rappers de carreira comercial, de camadas sociais abastadas ou sem a presença da negritude. O mesmo se aplica para os dançarinos de break, b.boys, grafiteiros ou djs que não se integram em coletivos ou não são aceitos na cena pelos mesmos motivos apontados acima e outros tantos mais. (Continua)


Semana que vem:

Parte II: A “Posse” como forma de agrupamento


Nelson Maca - Blackitude.Ba

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terça-feira, 1 de junho de 2010

A Poesia Vale a Pena!

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GOG, Akins Kintê, Rio e Nós...
Só a Poesia Salva!


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Quarta feira passada, 26.05, mais uma vez, o Sarau Bem Black me surpreendeu e surpreendeu a todos que costumam freqüentá-lo. A poesia em si pode ser uma ação independente, possível de se fazer totalmente na solidão; e tão barata que pode até dispensar papel e caneta. Mas, para partilhá-la olho-no-olho, palavras-ao-ouvido, é preciso voz, ouvido, vontade, estratégia e por aí a afora... No entanto, sem cumplicidade não há sarau que se justifique e sustente.

Pra mim, Poesia é Comunhão; Sarau é Ritual. E o resto... é resto!

De repente ali, no Sankofa African Bar, do nada, pinta o Poeta do Rap Nacional: GOG. Caramba, eu nem sabia que o irmão estava na cidade. É sempre uma inspiração sem tamanho receber o Genival Oliveira Gonçalves, mas, assim, de surpresa, foi demais. Alguma coisa em mim acionou o botão da inspiração. Tentei declamar como nunca: eu não poderia decepcionar o mestre da rima! GOG acompanhou o sarau todo e, como goste de dizer o Lázaro Erê: soldado no fronte é soldado na guerra! GOG brindou-nos com “A rima denuncia”, “Brasil com P” e mais poesias e sábias palavras de incentivo à luta com versos... ou não.

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Conversamos muito antes e depois da poesia. Para ser exato, atravessamos a noite. Quatro e meia da manhã de quinta entrei em casa. Logo depois, por volta das 10:30 da manhã, GOG chegou lá em casa. E o papo continuou. O poeta dividiu com a gente aquele velho almoço de improviso (fim de mês, né parceiro? Grana zero, armário vazio, geladeira daquele jeito...), mas de gosto superior! Ali na mesa: Maca, Lucinha, Luiza, GOG. O cara já é da família - mesmo que não quisesse (rs)!

Tudo pronto, poetado, conversado, descansado, almoçado, partimos para o fechamento das demandas de mais uma visita do Poeta à Bahia Preta: finalmente pude apresentá-lo ao Mestre Carlos Moore! Mas isso não dá para descrever! Um dos assuntos: Fela Kuti!

Quem viver verá os desdobramentos.

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- GOG, esta postagem é principalmente para dizer “tamo junto, irmão!” O Amor e a Ira são mesmo o cimento do edifício da revolução! Obrigado pela surpresa!!

Mas o Sarau Bem Black ainda nos reservava mais: o Akins Kintê havia me ligado na véspera. Disse que estava em Salvador, pintaria no sarau, e pediu para fazer umas imagens. Vindo dele não encarei como um pedido, mas apenas comunicado (A casa é sua Akins). E assim foi: pintou, declamou, filmou... Já é uma um tradição: terceira vez do bom poetinha da negritude rebelada da paulicéia enegrecida com a gente. E, pela terceira vez, ganhou a platéia com sua poética quase prosa malandra até a medula. Encantatória grau a grau degrau acima.

O Akins começa devagar, fala tranqüila, como quem não quer nada. Depois cresce num acelerando incrível! Quando percebemos, já era, estamos seqüestrados pelo poeta que aí, sim, domina a cena sem vacilar. Meio ginga de capoeira, meio drible de várzea...

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- Akins, você já sabe, né?

Esses sãos os dois ilustres poetas visitadores de outras plagas. Somados às performances dos poetas frequentadores do sarau, o clima chegou a 1.523,59 graus. Lázaro Erê e Rone Dundum (Opanijé), Robson Véio, Leandro, Sueide kintê, Lucinha Black Power, Luiza Gata, Daniel (mais um erê-trapezunga) e outros mais.

Com eles, o Sarau Bem Black deixa de ser sonho e se torna fato.

Mais ainda tinha mais: uma galera bacana e positiva do Rio de Janeiro, presente na cidade para um encontro nacional de estudos e ações culturais, pintaram também lá no Sankofa. Estabelecemos um frutífero contato e já começamos algumas articulações para um futuro próximo. Tudo indica que, muito em breve, o Rio de Janeiro deve receber parte do Sarau Bem Black. O contato com o grupo se estendeu na quinta, depois do show do Opanijé, no projeto D’Áfricas Hip Hop, na sexta, no Sarau Bem Legal de domingo (30.05).

Ah, todos são estudiosos, pesquisadores e professores de literatura, além de escritores, artistas ou produtores culturais. Quero mandar aqui um salve para essa galera do Rio “40 degraus” através de Abel (chorão e versador), Adriana, Victor, João, Lívia...

- É nóis, hein!

Tenho dito: O que a poesia uniu o homem não separa.

Então, depois deste destacado encontro literário entre Bahia, Brasília, São Paulo e Rio de Janeiro, só no resta pedir a Luís Gama de Oxalá, Solano Trindade de Xangô e Oliveira Silveira de Ogum – nossa tríade anti-parnaso-ariana – que continuem preservando a integridade de nosso corpo e mentes, e empretecendo cada vez mais os nossos versos.

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No domingo, antes de ontem, aconteceu a sétima edição do Sarau Bem Legal lá na Biblioteca Infantil Monteiro Lobato, no Largo de Nazaré. Nosso sarau infantil acontece uma vez por mês, sempre no último domingo da 10h às 12h30min.

A cada dia fica mais louco!

Além de poemas de Alice Ruiz e Arnaldo Antunes, fizemos uma homenagem especial à poeta Helena Kolody. Com direito a muitos Hai Kais e Tankas desta incrível escritora paranaense, e também um grafite figurativo acima da média feito pelo bom e parceiro grafiteiro Finho.

É incrível como a criançada vibra com tudo isso. Elas, mais que ninguém, estão me gritando com a voz e com o corpo: "A Poesia vale a pena!".

Amanhã, quarta feira, 02.06, é dia de mais uma edição do Sarau Bem Black. Estaremos lá, vigorosos como sempre. O Bem Black acontece sempre no Sankofa African Bar a partir da 19h (o início das da poesia é às 20h).

Sexta feita, 04.06, nosso grupo mirim - Este Tal Recital – se apresenta no sarau semanal promovido pelo Centro Acadêmico de Letras da Universidade Católica de Salvador. Acontece lá no campus da Lapa e o início é 17h30min.

África! One People! One Love!!

Com Respeito,
Nelson Maca – Exu Poético Interestadual P M G XG

Fotos:
1. Sarau Bem Black (imagem do flyer)
2. Maca e GOG (na Bahia Preta - faz tempo...)
3. GOG (dos tempos do Tarja Preta)
4. Akins Kintê (das antigas... rsrs)
5. Sarau Bem Legal (by Fernando Gomes)
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Nelson Maca e Robson Véio: Nas Linhas

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Palavras Sinceras!

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Um conto de Nelson Maca (Fragmento)


Um Poeta Marginal
(para Zeca de Magalhães, porque as palvras sinceras não morrem!)

Um poeta marginal desce o Largo do Pelourinho em direção ao bairro do Santo Antonio Além do Carmo. Já está quase na entrada do Taboão, fumando como de praxe, não mais se importando com a delação do barrunfo. Eu sou como eu sou... Pensamentos esparsos, um pouco da reflexão na oficina de literatura divergente que acabara de dar pra pivetada do projeto; um pouco da atenção ligada no percurso de milhares de pedras irregulares no meio do caminho que calçam o chão histórico da Bahia Preta; mais um tanto de sua cabeça já organizando as perspectivas dos lances do futuro imediato. Pronome pessoal e intransferível... Na boca, declama circular e baixinho - como mais uma volta no terço – o poema de Torquato que mais gosta.

(Nelson Maca)
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Um poema de Robson Véio!


“Noite chuvosa alma lavada”


Noite chuvosa alma lavada
Vida corrida sempre aflita
mas que nunca desistiu de ser vivida
A tempestade derrubando mentiras
Momento de alegria
Compartilha a fé em dobro
Pois o jogo é duro
E assim construí meu futuro
Deixando a água me levar
Enfrentando um mundo sem lugar para mim
Forjei minha história com tudo que aprendi
Não desisto, pois pra viver tem que sonhar
Não pago... arranco o prego
Desde o começo é assim
Sangue nos olhos
E a certeza que a rua é pra quem sabe

Uma visão bela reflexo da alma
Espírito que move é a quinta essência sagrada
Impulsionada / emocionada / aciona a partida
Vai malucada vive a vida
Tô ligado que às vezes me sinto assim...
Travado / trancado / acorrentado
Focado no ato aqui relatado
Impressionado por ter notado

desolado na presença dos fatos
Difíceis difíceis

Sigo as metas traçadas
Uultrapassadas na jornada
Luta armada de idéias faladas / cantadas / rimadas
Acreditadas as palavras que alicerçaram esta estrada
Andanças / planos realizados
Esquemas bolados para superar os problemas
Me entenda se quiser
A verdade sempre dói
O que não entendi você destrói
Ou tenta, vê aí
É assim que seu discurso vai te consumir
Enquanto isso...
Eu aqui fazendo a batalha prosseguir
A água que cai, a tempestade varre e constrói
Novas perspectivas estão por vim
E aí...? Você apegado à inversão da visa no espelho
Escolhe seu lado /Menos vale um falso aliado
que um inimigo verdadeiro
Tou ligado... As migalhas não me atraem
Sabe mais?
Um role na rua já me deixa em paz
Sem desespero nego
Se te deixa feliz vai pintar o capitalismo de preto

Quebro o éter abro espaço para palavras
Imitando a música / Língua afiada teoria aplicada
Autodidata da ruas doutor em nada
Tenho certeza que a destreza rege minha cabeça
Quadrado ou círculo feio ou bonito
Nem tudo pode ser assim
Sou tudo isso preto e bem mas que isto
Na correria
Jovem demais pra ser ultrapassado
Velho demais pra ser enganado
Vai olhando
Quem puder que siga minha sombra
Quando eu passar voando
Sigo rimando brincando sorrindo e acreditando
Vou recordando das noites lokas
Vividas sentidas corpos suados
Quem tava La vai entender
Quem sabe, quem não sabe não precisa saber

A vida é bela somo nós que estragamos co ela
Não é fácil ser livre e quem disse que ia ser???
Escolhe aí
Esta é a magia, malandragem
Mudar a realidade pela nossa vontade

(Robson Véio)

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Você conhece o Deley de Acari?

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De Comanche pra Comanche...
De Poeta pra Poeta!


Semana passada pintou no Sarau Bem Black uma galera bastante bacana lá do Rio de Janeiro. Todos das artes e das letras. João, Livia, Adriana, Abel, Victor e outros...

Foi bacana mesmo, e o encontro se desdobrou na quinta, dia do show do Opanijé, e no domingo, durante o Sarau Bem Legal. E continua se desdobrando na internet: twitter, orkut, blog e gmail.

E as trocas iniciadas já começam a mexer comigo, acrescentando pessoas, coisas, linguagens e idéias positivas em minha vida.

Através da Adriana Facina, uma dessas ilustres visitas do Sarau Bem Black, descobri o blog de um guerreiro. Ela me apresenta o cara assim:

"No momento, eu queria te apresentar ao blog do Deley de Acari, poeta e griô da favela de Acari, militante de direitos humanos na linha de frente no Rio de Janeiro, onde o extermínio de jovens favelados e pretos segue a pleno vapor. O endereço é http://deleydeacari.blogspot.com/
Deley tem uma obra bem vasta [...]. Queria muito que vcs se conhecessem [...]. Adriana"



Gostaria de partilhar com vocês o blog do poeta e ativivista Deley de Acari. Um cara de texto realmente impactante.

Veja aí uma pequena amostra e, depois, conheça mais no http://www.deleydeacari.blogspot.com/


UM DESABAFO


De MC Fiel, de Força do Rap, de poderosos e elefantes


Não é a primeira vez que sito o exemplo da Força do Rap sob uma Acari ocupada forças policiais. Em 1996 quando o pequeno Maicon foi assassinado por um policial do 9º BPM, a Força do Rap foi a única voz artística da favela a participar dos protestos.

Em 1998, ainda sob ocupação policial, a mesma Força do Rap foi convidada a subir no palco pra cantar e apoiar a campanha do candidato do governo, e aproveitou pra protestar contra a política, violenta, de segurança publica do governo.

Em Dezembro de 2001, MC Betinho, o mais jovem componente da Força do Rap, e um dos mais talentosos poetas do funk de todos os tempos, foi executado á sangue frio, sentado no sofá da casa de uma moradora da favela.

Os donos do poder, como os elefantes, jamais esquecem, e como os elefantes, mais sedo ou mais tarde, pisará naquele que o desagradou, afrontou.

Os donos do poder esperaram cinco anos pra se vingar da Força do Rap, “deixando” que seu poder militar armado assassinasse um de seus integrantes, Betinho.

Ainda não sei o que motivou os policiais militares da UPP do Santa Marta, atacarem o Rapper Fiel. Só sei que qualquer motivo, mesmo o mais banal, é motivo bastante para os vermes atentarem contra as vozes discordantes e resistentes nas favelas, como é a de Fiel. Ele tem paciência, sagacidade, tempo o bastante para esperar a oportunidade de darem o bote na nossa jugular. [...]

O problema é que artistas favelados e de periferia com Fiel fazem arte e cultura na favela não só pra favelas e pros favelados, mas pra todo mundo da cidade que gosta de arte e cultura.

É inimaginável quanto de arte cultura das boas existem nas favelas e periferias, e que permanecem invisíveis atrás dos muros iinvisiveis mas embaçados que separa a favela do asfalto. Iniciativas como do rapper Fiel e do Baixinho do Santa Marta, do Se Bnze Que Dá e da Cia De Teatro la´da Maré, do Wesley com o Tudo Isso Na Rua, em Acari são tanto pra incentivar e divulgar a cultura da favela pra própria favela, tanto para trazer a galera do asfalto pra dentro da favela, tanto artistas, ativistas como simples consumidores de boa arte de boa cultura. [...]

Deley de Acari,
Poeta e animador Cultural



UM POEMA


MARAVILHOSA


Maravilhosa,você dorme!
sua cabeça carapinha pousada
sobre meu peito de poeta.
Gotas de suór e húmus te molham
a vúlva, reluzem em seu púbis
feito microestrelas que me
embebem os lábios embriagando
minha alma quando faço cafuné
de língua em seu cólo uterino.
Maravilhosa,você dorme!
Seu coração pulsa e tamborila
feito marimba cálida, sua respiração
melodiosa me inspira
como um calímba no cío.
Marevilhosa,você dorme!
Seus seios fartos(de Yabá)
roçam o céu de meus sonhos
como liláses cúmes.

Maravilhosa,você dorme!
Te ver dormir me fascina...
És a prova mais verdadeira
que Deus existe,embora não
acredite Nele.
Nem devo temer,venerar ou
amar a Ele...
Mas sim adorar,amar e
desejar descaramente
somente as DEUSAS!
Maravilhosa,você dorme!
A lua vem lésbicamente
á janela do quarto admirar
sua beleza negra donde
os Orixás escolheram a cor
para abonitar a noite que
era feia por se incolor.
Maravilhosa,voce dorme!
E me abraça e enlaça em
me envolve na paz do seu sono
como um menino em seus braços
me sinto protegido e acolheido.
Sei-me assim nos braços de
Mãe Oxum...que me fez então
libérto da sína do machismo
e a ser como sou agora
e daqui pra sempre...irmão,
amigo,amante,amado,
simplesmente homem!

Deley de Acari


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Palavra Ação!


Nelson Maca - Exu Encruzilhador de Caminhos