quinta-feira, 30 de abril de 2009

Heider e Aspri do RBF Convidam:

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Hip hop - Grito dos desempregados


Tendo o rap como trilha sonora, o RBF convida para debater
o desemprego na Bahia e no Brasil em mais uma edição do

Grito dos Desempregados.

O evento acontecerá no dia 2 de maio, às 15 horas
na Escola Helena Magalhães / Rua Direita do Beiru


Entrada gratuita

Os grupos R.B.F – Rapaziada da Baixa Fria,
Os agentes, Conceito Negro, Òcaris e Suspeito 1.2 Mc´s
estarão presentes, mandando suas idéias sobre as desigualdades.

"Para falar sobre desemprego convidaremos pessoas
que conhecem o assunto de perto."

Esperamos todos lá.

Axé!

Contatos
Aspri: 8876.4445 / asprirbf@hotmail.com
Heider: 8854.2163

(Divulgação)

:: na foto: heider do rbf por Fernando Gomes ::

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quarta-feira, 29 de abril de 2009

Fela Kuti: Black President

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Cultura Black na "Diáspora"
Tributo a Fela Kuti



Music Is a Weapon
A música é uma arma .





Colonial Mentality
Mentalidade colonial (zada) .





Just Like Dat
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"Apoiei totalmente tanto o movimento black power como a música soul, por considerar que traduziam, de maneira autêntica e concreta, as reivindicações mundiais dos diferentes povos negros.

A linguagem musical de James Brown decodificava os discursos de Malcolm X, Stokely Carmichael e Martin Luther King, Patríce Lumumba, Amílcar Cabral, Steve Biko...

Mais do que nenhum outro artista nos Estados Unidos, na época, James Brown soube traduzir o grito de revolta social e intensa busca identitária que animava os distintos povos negros nas décadas de sessenta e setenta."

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"Se tratando, especificamente, da identidade musical nigeriana, acho que sim teve (J.B.) uma enorme influência. O próprio Fela me confessou que sem a música Soul de James Brown, ele nunca teria chegado a inventar o Afrobeat.

O Soul de James Brown e o novo Highlife do ganense Geraldo Pino foram as duas maiores influências musicais que favoreceram a eclosão do Afrobeat, música urbana nigeriana surgida do próprio ventre da marginalização social, pós-colonial."

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"O Soul e o Afrobeat são duas vertentes bem distintas da música popular negra urbana do século XX e XXI, mas dialogam profundamente entre si, tendo, evidentemente, uma matriz comum.

Não resta dúvida que o Soul é a mãe do Afrobeat. Por sua vez, o Afrobeat reintroduziu no Soul temas melódicos, estruturas musicais e uma percussividade provindas da África continental profunda."

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"O movimento da negritude surge, nos anos trinta, como uma expressão da escrita propriamente poética. Aimé Cesaire, de Martinica, Leon Damas, de Guyane, e Leopold Sedar Senghor, do Senegal – grandes poetas – foram os criadores da filosofia da negritude.

A musicalidade dessa poesia da negritude já anunciava o Hip-Hop, o Rap, o Soul, o Reggae, o Afrobeat, o Highlife...

A meu ver, a filosofia da negritude é o ancestral imediato – tanto melodicamente como na sua intencionalidade sócio-política - de todas as músicas negras rebeldes que surgiram das zonas urbanas após a segunda guerra mundial."

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"Em uma palavra: não se pode realmente pretender ser culto, e muito menos culto nas questões do Mundo Negro, sem conhecer a obra e o pensamento de Fela Kuti.

Fela foi um dos grandes ativistas e pensadores do panafricanismo no século XX. O que o distingue dos outros pensadores panafricanistas é que ele desenvolveu a luta panafricanista não no contexto da luta pela descolonização, mas dentro da problemática complexa e terrível que representa a sociedade africana pós-colonial; ou seja, uma sociedade controlada, oprimida e esmagada não diretamente pelas potências européias ou por regimes minoritários brancos, como na África do Sul ou na Rhodesia (atualmente o Zimbábue).

O Fela teve de desenvolver o panafricanismo no contexto da opressão dos africanos pelas oligarquias e as elites africanas surgidas da independência do continente. Ninguém estava preparado para o que aconteceu após a independência: a chegada ao poder de oligarquias traidoras e assassinas que espertamente confiscaram o panafricanismo e o transformaram em uma ideologia de Estado, para servir os interesses bastardos das novas elites opressoras africanas. O Fela teve de repensar o panafricanismo tradicional e reformular as bases de um novo panafricanismo de luta pelos interesses dos povos africanos esmagados do continente e nas diásporas africanas.

Ele foi um gigante e usou seu poder criativo, como músico, para propagar essa nova orientação ideológica do panafricanismo. É por isso que me juntei a ele e que estimei que havia que escrever um livro sobre sua vida. Eu queria que o mundo inteiro ouvisse a mensagem que carregava na sua musica maravilhosa e nos seus pronunciamentos. Esta Puta Vida irá ser traduzida e publicada, também no Brasil, o ano que vem (2009). A partir daí, as pessoas se darão conta da grandeza do personagem, e de sua imensa contribuição ao Mundo Negro, ao mundo das artes e à musica em geral. Para países como o Brasil, com sua maioria negra, conhecer a obra de Fela é indispensável para o fortalecimento da consciência cultural.

Além disso, a música de Fela é uma das coisas mais belas do mundo. É por isso que solicitei ao Gilberto Gil de se incumbir do prefácio de This Bitch of a Life, que será publicada nos Estados Unidos em abril de 2009 (1 de naio). O Gil fez um lindo, profundo e comovedor prefácio - realmente. E, dentro de alguns meses, essa biografia de Fela Kuti, com o prefácio de Gil, também será publicado no Brasil, em português, pela editora Nandyala, de Minas Gerais."


*Carlos Moore:
trechos de duas entrevistas (zina Na Lata / Blog Gramática da Ira)

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Africa! One People! One Love!


Nelson Maca

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segunda-feira, 27 de abril de 2009

Notícias da LUB - Liga Urbana de Basquete

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LUB fomenta atividades socioesportivas de qualidade e realiza a 1ª Copa CELUB de Judô


Vem aí a 1ª Copa CELUB de Judô que será realizada no dia 17 de maio, a partir das 9 horas, nas dependências do centro cultural (CELUB), em Marechal Hermes.

O evento, que será oficializado com o alvará da FEJRJ (Federação de Judô do Estado do Rio de Janeiro), faz parte de um conjunto de atividades pensadas e realizadas de forma a proporcionar igualdade de acesso às atividades socioesportivas, uma das missões do CELUB.

As disputas prometem ser acirradas com as participações de atletas de várias academias distribuídos entre suas respectivas categorias, sob a supervisão dos árbiros membros da Federação Internacional de Judô – FIJ.

Quem quiser se inscrever deve se apressar. As inscrições poderão ser feitas diretamente no CELUB, na rua Latife Luvizaro, 289, Marechal Hermes, das 7:30 às 20:30, ou por fax 2450-3397, ou através do e-mail info@lub.org.br, até o dia 8 de maio. No ato da inscrição são necessários os seguintes dados: nome, data de nascimento, peso e faixa. A taxa de participação por atleta é de R$25.

Mais informações sobre a programação se encontram disponível no site http://www.lub.org.br/. A iniciativa é do CELUB e do Professor Roberto Mesquita que vem comandando com muito sucesso as oficinas de judô para a comunidade.

A LUB (Liga Urbana de Basquete) acredita na importância da prática esportiva e suas potencialidades, orientando de forma gratuita, sistemática e organizada para que tais atividades estejam vinculadas a um sentimento de responsbilidade social. O potencial do esporte e lazer como ferramenta de ação social tem sido sobejamente comprovado nos mais variados contextos.
Valores como solidariedade e o espírito de grupo, tão importantes para cimentar o tecido social, são amplamente difundidos pela prática esportiva, empregando o esporte e o lazer como instrumentos de formação de uma cidadania plena e responsável.

Luanda Negreira
Editora Web - LUB Liga Urbana de Basquete
R.Latife Luvizaro, 289 Marechal Hermes / RJ
21 3350-3308 / 9376-2958
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Isso mesmo!
Parabéns a LUB pelas iniciativas sérias de sempre.


Força ao parceiro forte Dom Filó e à Fiel Escudeira Luanda Negreira

África! One People! One Love!

Blackitude.Ba + LUB.RJ = Um Só Povo!

Nelson Maca

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sábado, 25 de abril de 2009

A poesia morreu ou foi a Lira?

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.Poeta ou Marginal?
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Idéias de Trapézio!

Ou: Confesso que já pensei que tinha futuro na poesia!
rsrsrsrsrssr


Um texto colou pendular em minha mente, ultimamente,
e fica pra lá e pra cá como gangorra
ou idéia fixa


"dizer não
tantas vezes
até formar um nome
"


Poema da grande poeta Alice Ruiz.


Na época que eu curtia demais Alice, Leminski e Ithamar,
eu escrevia assim:


"somos quem diria dialética
eu, estados unidos
ela, união soviética"


"o silêncio dói
se se escuta um ai
a lágrima cai"


"então
a linha da minha vida na palma da tua mão"


Tá vendo como já fui um poeta-poeta?
rsrsrsrrsrsrrs


Desta época pra cá, a coisa ficou tão preta que nem a concisão quis mais ficar perto de mim, embora de vez em quando eu escreva uns flagrantes assim:


Negro imbecil

- Negro imbecil! negro imbecil!
Tá na cara, tá na pele, é racismo,
é Brasil

- Negro imbecil! negro imbecil!
Tá no trato, no costume, é cultura,
é Brasil

- Negro imbecil! negro imbecil!
Tá na mente, na memória, é história,
é Brasil

Negro imbecil! negro imbecil!
Tá na pauta, tá na ordem, é presente,
é Brasil


- Tá vendo? Não te falei que o cara é revoltado!?
Não leia Lima Barreto, Richard Wright, Ralph Elinson
Não leia Fanon, Cleaver, Malcolm, Moore, Abdias, Lélia
Não ouça Fela Kuti, Scott-Heron, Chuk D, Mano Brown

- Você vai ficar revoltado e perder o lirismo!!


Nelson Maca - Cão de Raça


*"A poesia morreu ou foi a lira?" - Verso de Jorge de Souza Araujo, meu Mestre na arte da leitura e da divergência por dentro.
Tipo fadiga!
* Trapézio, idéia fixa, pêndulo: lembranças de Machado
* Leminski: Muito talento prum homem só! Por isso imitei-o um monte (no passado). Hoje, Graças a Ogum, minha imitação preferida é de Hamilton Boges: a melhor declamação nervosa que já presenciei.
Sou fã!
* Cão de Raça: em alguma coisa eu tinha que "ser mais eu" que o Sérgio Vaz da Cooperifa-SP, o viralatas da literatura!
Tá bom, antes que acusem, eu corrijo: SRD, Sem Raça Definida!

- Pra variar, muita explicação e pouca poesia!
Será que eu vou virar bolor?

*"Será que eu vou virar bolor?" - Verso da música homônima de Arnaldo "Loki" Batista. Do tempo que eu andava com uns malucos que, depois da chuva, comiam aqueles cogumelos exuberantes que nascem, em câmera acelerada, nas bostas de vaca no campo; ou nas capas dos vinis do Yes. Talvez se eu comesse também tinha virado um desses heróis que morrem de overdose enquanto seus inimigos ocupam o poder. Ou como disse um poetinha marginal lá de Aracaju sobre um poetão engajado lá da Amazônia: não sou contra ele. Sou contra quem faz poemas engajados tomando whisky numa cobertura em Copacabana. Acho que foi mais ou menos isso que ele disse. Como é mesmo o nome dele? E o do poetão?

Viiiixe: imagine se eu embarcasse nos cogulemos das bostas de vaca lá do campo? (faz tempo!)

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quinta-feira, 23 de abril de 2009

Hip Hop em Portão - Lauro de Freitas

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"Meu nome é Marcus, sou Mc do grupo Sobrevivente.

Gostaria de te convidar, vc e a galera da Blackitude para este evento em anexo.

Aqui é Hip Hop de Portão, Lauro de Freitas.
Banca RAPP ( Raciocínio e Ação pela Periferia)."

(Divulgação)
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Recebido o convite, parceiro;
e reencaminhado, via Blog, para todos que queiram colar no evento.

Nelson Maca - Blackitude.Ba

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Um Herói Preto ao Lado

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Ministro Joaquim Barbosa: A voz do Brasil
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Hoje



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Antecedente




Houve um tempo, no Brasil, que um preto poderia chegar a rei do futebol ou da Música. Normalmente nos enchiam de orgulho, mas, como disse Cassius Clay - Mohammad Ali - nos queriam como um tigre no ringue e um gatinho fora dele. E assim eram nosso heróis pretos mais populares. Outros combatiam belicamente na sombra. Hoje já mostramos mais nosssa cara preta e nem sempre nos quedamos subservientes em troca de um metro quadrado sol.

Hoje sinto-me, se não vencedor, honrado por um grande homem que chegou bem alto, apesar de não ter chuteira ou microfone como instrumento de trabalho. Falo do Ministro do STF - Supremo Tribunal Federal - Joaquim Barbosa que, numa cena épica para meus olhos e ouvidos, colocou o Presidete do STF, Gilmar Mendes, em seu devido lugar: chefe de capangas.

Obrigado Joaquim Barbosa, por me permitir ter visto isso um dia - em rede nacional - num tribunal que, até o mundo mineral sabe, defende a suprema justiça dos "ricos, brancos e de olhos azuis".

Apesar de meus inimigos estarem no poder, eles são outros, e meus heróis não têm tempo ocioso, para morrerem de overdose!


Nelson Maca - Blackitude.Ba

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VOLTEI

Para acrescentar o que vi e li no Site Conversa Afiada do jornalista Paulo Henrique Amorim, que leio diariamente. Ah, resolvi mudar a chamada também!

Nelson Maca

. Na foto, o momento em que Joaquim Barbosa aplicava o nocaute em Gilmar


"Saiu no Globo online, do Presidente que tem medo, Luis Inácio Lula da Silva, na Argentina:

- Se fosse assim, não existiria mais futebol porque tem sempre briga - afirmou Lula, durante entrevista com a presidente argentina, Cristina Kirchner, em Buenos Aires. - A única coisa que acho é que se, esse tipo de briga, assistido por toda a sociedade brasileira, ajuda a sociedade, a democracia, muito bem."

- Paulo Henrique Amorim


Conversa Afiada


"O grande brasileiro Joaquim Barbosa fez uma denúncia de gravidade sem par: o presidente do Supremo Tribunal Federal desmoraliza o Judiciário brasileiro.

Joaquim Barbosa disse o que está na cabeça de todo mundo, menos do PiG (*) e aqueles que representa (**).

Felizmente, a imagem na tevê fala por si: desde o jornal nacional de ontem, os noticiários de tevê do país inteiro mostraram com clareza insofismável: o Supremo Presidente do Supremo está nu.

Sem máscara.

Desde que concedeu dois hábeas corpus em 48 horas ao banqueiro condenado Daniel Dantas, ele mostrou o que é: um instrumento dos brancos, ricos e de olhos azuis, e , por isso, fruto legítimo do Governo Fernando Henrique Cardoso.

Gilmar Dantas (segundo Ricardo Noblat) deu o Golpe de Estado de Direita, com a mão do PiG, e submeteu o presidente que tem medo aos seus desígnios (depois de tratar o Legislativo como um Centro de Detenção Provisória).

Quando o Supremo Presidente do Supremo tentou expulsar o Ministério Publico da função Constitucional de vigiar a Polícia, o Procurador Geral da República, Antonio Fernando de Souza respondeu com valentia.

Antonio Fernando tem a vantagem de ser Procurador de Primeira Classe, ponto que o Supremo Presidente não demonstrou méritos para atingir.

Barbosa, agora, foi diferente.

Foi ao vivo, no vídeo, na televisão.

O riso esgarçado na boca, a feição desorganizada e tensa de Gilmar, a contração de quem sente um frio na espinha, enquanto Barbosa falava dos “capangas”, o Brasil inteiro viu – e comemorou.

“Pegaram ele !”

A cara do nocaute.

De quem leva o drible da vaca.

Barbosa desnudou o golpista.

Gilmar Dantas desmoralizou a Justiça brasileira também porque o presidente Lula deixou.

Porque o presidente que tem medo lhe deu espaço político.

E agora vem com essa metáfora de futebol para enterrar o assunto.

Como se fosse possível esquecer o “gol de placa” do Ministro Barbosa.

O Supremo Presidente foi longe demais.

Seus capangas no PiG, também.

Só que ele se desmoralizou diante de todos.

(Lamentável a nota dos oito sabujos, os ministros que foram defender a honra, a liturgia do cargo do Presidente Supremo. E quando Gilmar Dantas - segundo Noblat - agride o bom-senso e a ética, ele honra o cargo ? Quando dá dois hábeas corpus em seguida a um notório passador de bola, apanhado no ato de passar bola, isso não desonra o cargo ?)

Gilmar Mendes desmoraliza a Justiça.

Mas, ontem se fez justiça !"


Paulo Henrique Amorim


(*) Em nenhuma democracia séria do mundo, jornais conservadores, de baixa qualidade técnica e até sensacionalistas, e uma única rede de televisão têm a importância que têm no Brasil. Eles se transformaram num partido político – o PiG, Partido da Imprensa Golpista

(**) O Azenha já avisou: o PiG vai dar um jeito de esconder a crise no Judiciário embaixo do tapete.

Veja que o Azenha chama a atenção para a preciosidade do tal de Josias, que tem um blog na Folha Online: a culpa é do Barbosa, um “destemperado”.
Lembra o que o tal do “Gomes” disse do inclito delegao Protógenes Queiroz ao Gilberto Carvalho, secretario particular do presidente que tem medo: o delegado é um “desequilibrado”.

Fonte: www.paulohenriqueamorim.com.br

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segunda-feira, 20 de abril de 2009

domingo, 19 de abril de 2009

3 Poemas Inéditos de GOG

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3 Poemas de Fogo e 1 Canção Inflamada!


GOG bate um papo poético com Nelson Maca (eu)



Nelson Maca
:

Tenho escrito coisas poéticas, mas tenho me calado às vezes, pensando comigo, sempre cruelmente crítico:

- escrever pra quê? por quê? pra quem?



GOG
:

Perguntas merecem respostas


Escrever pra quê? por quê? pra quem?
Agradar a mim? a todos? alguém?

Essas perguntas merecem respostas.
Só que por mais que as procure sigo fora da rota.

E o confronto interior prossegue, fora de série.
Mata, fere, sobrevive, intempérie no meu cerne!

Ah!
Ainda estou vivo...
E aonde vivo.

Paredes ouvem mais que ouvidos.
Corações batem corroídos, corrompidos,

Descompassados e oportunistas.
Sou um poeta, letrista, sem sede de artista.

Ativista, afiado, corte de navalha
Palavra reta, profunda, que não encalha!

Afasta-te de mim fogo de palha.



Nelson Maca
:

Aí leio umas coisas locas dos outros, uns poemas, principalmente, e resolvo entender que não tenho nada a acrescentar. Que só eu acho que percebo algumas razões (estéticas e ideológicas) no que escrevo... e penso:

- se os outros não percebem minhas estratégias na escrita de que adianta?

Não quero ser mais um poeta-panfleto. Ou poeta-poeta! Eles me cansam demais. Quero ser poeta preto, mas não quero que meus textos valham o peso da minha pessoa! Quero minha pessoa estilizada em seus dramas, neuras, bravuras e canduras traduzidas em beleza: bélica, assassina, suicida, triste, mas beleza.

Sem beleza, jamais me sentirei poeta, apenas pensador, subversivo, detonador de conflitos... mas somente aos olhos, aos ouvidos, à mente...

Quero tudo isso apenas para chegar à alma!



GOG:

Orgulhosamente Engavetado

Não é um engavetamento de trânsito.
Ao contrário servirá para o bem do livre trânsito
Lá... onde transito.

O dano material é impossível de ser calculado
Que seja publicado!
E vorazmente consumido...

Ai do inimigo!!

Os papiros remanescentes da Bahia Preta
Pedra, por pedra, letra por letra.

Percorrendo... Gueto, por Gueto, com viva voz
A denúncia do modus operandi do Algoz

Alertará e salvará famílias inteiras, será a nossa trombeta.
Que não permaneça a clausura da gaveta!



Nelson Maca
:

Mesmo que a beleza de meus versos seja feia na sua beleza divergente!

"Disseram que a alma não ter cor"
- Eu rio do fundo de meu banzo!

Era pra dizer que, quando não creio muito, aparecem pessoas que leem meus textos como os pensei que escrevi! Rapaz, que sensação desigual ser percebido para além da mensagem! Sempre que aparece alguém me lendo assim, parece que renasce o poeta que havia morrido em mim!

Poucas vezes me senti assim, renascido, mas com a envergadura dos comentários orgânicos de Geraldo Cristal, Luis Orlando da Silva, Silvio Roberto Oliveira, Carlos Moore, Sérgio Vaz...

E agora você, Poeta, percebendo a minha poesia se dissimulando fora de meus poemas, lá nos desfechos de simples postagens de meu blog, como um recado para as editoras, os editores-donos, seus garotos de recado e os satélites dos garotos de recados, iluminados ou não.

Um recado para que saibam que ainda vive em mim o amor próprio e a crença de que a poesia tem que saber a hora de vir a luz: para não pagar comédia a nenhum sinhozinho disfarçado em mecenas dos guetos.

Obrigado pelas palavras, Irmão!
Da minha forma, meu poeta renasce em mim hoje mais uma vez!



GOG
:

Obras incompletas

A mente abre...
Como as compotas de uma grande usina
Gerando....
E liberando energia para carregar a pilha alcalina.

Que abastecerá neurônios.

Começo a enxergar, vultos, animações,
Através do que ainda é...
Uma pequena fresta.
Contatos...
Imediatos...
Na imensa floresta.

A mente do Médium
Em festa,
Infesta.

As peças...
Que pregaram uma grande peça.
Começam a se encaixar.
A obra - incompleta.
Está...
A se desenhar.

Terra em Transe
Mundo alheio.

Lá vem...
Ela vem.
E vem!
Psicografada.
A letra não é a minha.

É de alguém que nos contacta.
A caneta só adapta.

Ela vai tomando forma:

Abundante,
Diamante,
Escaldante.
Compacta
Repleta.

O fio condutor...
O potente transmissor...
Se desconecta.
Despede-se do Poeta.

Eis que a obra está:
- COMPLETA!



Nelson Maca
:

Instinto de Negridade

Não há dúvida que o meu verso é também o meu quilombo ardente
Atento às doutrinas absolutas que me querem escalpelar o pixaim
Queimar na fogueira do esquecimento meus sentimentos íntimos
Alisar minha língua no ferro do feitor que mantém acesa a fogueira
Conformar meu silêncio na pasta quente para endireitar meus gestos
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sexta-feira, 17 de abril de 2009

RGP

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Boa Sorte


Eram exatamente 9 e meia quando bateu o portão por fora e se saiu. Totalmente a vontade, senhor absoluto da praça em que circula desde o dia que aprendera o caminho da rua. Apesar do longo tempo que mora na orla, nunca deixa de aspirar logo o aroma que vem da praia de Amaralina.

Na Bahia Preta tem dessas coisas, nêgo, o gueto fica em frente ao mar e não é nenhuma estranheza seus pretinhos serem o bicho no surf de verdade.

Acendeu seu cigarro amigo e pôs-se a andar, meio pensando, meio cantarolando sua última composição. Já fez várias canções inspirado no Bloco Afro Muzenza do Reggae. Por vários motivos, nunca defendeu uma delas no festival do bloco. Mas sonha um dia vê-las na boca do povão em pleno carnaval do centro, na Avenida Sete ou na Rua Carlos Gomes, tanto faz.

Não tinha pressa, pois pressentia que, mais dia menos dia, Chocó, com sua garganta potente, faria suas mensagens ganharem toda a Praça Castro Alves lá de cima do trio do Muzenbelo. E assim foi, cantarolando seu hit:

- Amanheceu lá no gueto, e a vida volta a não ter razão.
Amanheceu lá no gueto, e mais um corpo tá lá, estirado no chão.
Oh Jah, Oh jah jah....”


Nelson Maca - Contista Local engavetado

Do Livro RGP - Volume 2 de minhas obras incompletas.

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Pan África

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Mão preta, alma branca


Agora que desfilas de mãos dadas com as crias do senhor
a luz do dia
Agora que te embriagas de luz e torna-te possível em seu
banho de luminosidade
Agora que mergulhas no vale das sombras e reapareces
intacto e luminoso
Agora que quebrastes os contornos paradoxais
de tua invisibilidade
Agora que as reparações as ações as cotas
derrubaram as comportas a ti voltadas

Resta-te agora quebrar as barras férreas da jaula
que aprisiona a tua alma
Resta-te agora romper os elos metálicos das algemas
que amarram o teu espírito
Resta-te agora rasgar a mordaça incômoda que trava
a auto-referência de tua razão
Resta-te agora sacar a viseira densa que separa a tua mente
de tua cara preta do espelho


Nelson Maca - poeta Local engavetado!

Do livro Pan África - Volume 3 de minhas obras incompletas

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quarta-feira, 15 de abril de 2009

A Poeta que vi nascer!

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Poema:
Lulu para Presidente!

Grande coisa!
Simplesmente
Você fica tola!
Como vai ser presidente
Sem amor sem alegria
Sem ajuda sem harmonia
Dia e noite, noite e dia?

de:
Luiza Gata

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A emenda (bem maior que o soneto - rsr)


Num belo dia, ou melhor, noite, muito por acaso, me dei conta que a Luiza Gata tava gostando deste negócio de poesia.

Veja só que louco: foi justamente na segunda vez que o Irmão Sérgio Vaz esteve em Salvador com a gente, para uma balada literária. Pois é, no fim da mesa redonda que fizemos lá na Universidade Católica, improvisamos um sarau muito louco.

Além do Sérgio, contamos, na mesa, com os poetas locais Geovanni Sobrevivente e Hamilton Borges Walê. Os caras! Quem é do Gueto Sabe! Quem é da Bahia Preta sabe!

Conduzindo o sarau estava, nada mais nada menos, que o grande capitão mor da Capitânia do maior e mais louco sarau literário que já tive a oportunidade de participar. Ele mesmo: o SérgioVaz! O Sarau é o da Cooperifa, claro!

Lá pelas tantas, o poeta já ía dando por encerrada a primeira rodada do sarau -a dos inscritos - para começar a segunda - a dos empolgados - quando a Luiza Gata, então com 6 anos de idade, deu a voz:

- E eu!? Eu tô inscrita!

E tava mesmo (rsrsrs). E declamou de fato.

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Fiquei sem chão, tentando conter a surpresa, a emoção... O riso e a lágrima disputavam cada hectare de meu rosto para seu plantio!

Resolvi sorrir; pois gosto de chorar sozinho.

A vida seguiu e a Luiza sempre anda a milhão...

Ultimamente deu de me mostrar uns poeminhas que ela mesma “imagina”. Vamos digitando e guardando tudo. Já falamos, inclusive, num futuro livrinho... Deve sair antes do Gramática da Ira (rsrsrsrs). Será minha aposentadoria de poeta engavetado, GOG? rsrrs

É isso... e é de Urso mesmo! Pode ventilar se quiser!!...

Só não vou deixar o tempo correr em vão: eu é que sou o senhor da minha razão! O tempo é o tempo, diria o mestre-poeta panteísta e anti-metafísico que gosto de ler!


Nelson Maca: Semeando poetas, para colher poesia!


* As fotos são da época (minhas)
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terça-feira, 14 de abril de 2009

Break da Bahia e da Blackitude nos EUA

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Ananias e Tina: Break da Bahia nos EUA


Ananias e Tina partiram na segunda feira, 13, rumo aos EUA. Conexão em Miame e, depois, parada na cidade de Madison-Wisconsin. De lá para Chicago e, depois, o que pintar...

Farão um intercâmbio de experiências com artistas, pesquisadores e ativistas da cultura hip hop, americanos e de outros países. Bom para eles. Bom para o break da Bahia e do Brasil.

Para quem não sabe, Ananias é responsável pela tradicional roda de Break da Praça da Sé no Centro Histórico de Salvador. Juntamente com a Tina e o grupo Independente de Rua movimentam a dança de rua na tradicional terça da benção, promovendo uma roda que, invariavelmente, conta com muitos participantes de diversos bairros locais e de outras cidades, estados e países...

Por essas rodas passam todas as informações sobre break e a cultura hip hop soteropolitana. Um verdadeiro centro de articulações e divulgações diversas.

Pois é, sempre partindo da "prática" cotidiana da dança de rua "na prática", Ananias e Tina têm lançado vôos mais altos, participando de amostras, campeonatos e encontros de break e hip hop em vários estados. Também componentes do Coletivo Blackitude, são os responsáveis diretos pela realização de nossos workshops, oficinas, rodas e demonstrações de break.

Foi exatamente no universo da rua que eles conheceram o b.boy e estudante norte-americano David. Este apresentou-os a Jarius King, b.boy e video maker que visitou a Bahia em 2008 e, com assessoria do casal, captou imagens locais para a edição de um documentário internacional sobre break.

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Jarius é da Universidade de Madison-Wisconsin, onde organiza, um vez por ano, a Semana Multicultural de Hip Hop. Ele será o anfitrião norte-americano de nossos Irmão sorteropolitanos que têm programado a participação em duas batalhas de break por lá. Uma de dupla - como convidados especiais do Brasil; a outra em grupos de 5 componentes. Para esta, Ananias e Tina se juntarão a mais três dançarinos visitantes. Levam nas mangas a fusão do break com a capoeira e elementos da dança contemporânaea, síntese que Ananias intitula Break da Bahia.

Além das batalhas e demonstrações de break que fazem nos EUA, ministrarão palestras sobre o Movimento Hip Hop no Brasil. Para isso seguiram com a bagagem recheada de materiais relativos ao hip hop, principalmente baiano. A Blackitude compõe grande parte deste material.

Domingo os dois estivaram aqui em casa para articulações e despedidas. Vasculhamos arquivos e achamos fotos, folders, panfletos, cartazes, revistas, etc. Num determinado momento, olhamos um para os outros emocionados e dissemos quase juntos: caramba, tem coisa pra caralho. Ficamos admirados e felizes de constatar mais uma vez, sempre na humilde, o quanto podemos interferir positivamente na vida cultural de Salvador.

A Tina ficou de mandar notícias e fotos sempre que puder, para informarmos tudo aqui no Gramática da Ira.

Boa viagem, Irmãos queridos. Vocês sabem que fico, daqui, torcendo para que as coisas lá na gringa andem a milhão pra vocês. Por tudo que vocês já fizeram pela cultura hip hop da Bahia e do Brasil, isso é bem merecido (embora muito pouco ainda!). O sucesso de vocês significa também o nosso sucesso: dos que ficam "em parte"!

Daqui a pouco chega o Dj Joe, meu fiel escudeiro, para tratarmos do próximo baile da Blackitude e do II Cultura Black na Diáspora.... é de hoje que a irmandade tá cobrando... mas isso é um outro papo!


“The Blackitude Vibration is Positive!”


Nelson Maca - Coração no Bico da Chuteira!

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sexta-feira, 10 de abril de 2009

No Câmara Ligada com GOG

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GOG no Câmara Ligada - TV Câmara

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Alta madrugada
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Acabo de ver meu Irmão GOG pela TV Câmara. Como a vida faz curvas, hein periferia!? Assisti o parceiro no Programa Câmara Ligada como vejo o timão nas noites de quarta, nas tardes de domingo: torcendo, acima de tudo, pela sua vitória, mas esperando futebol-arte.

O Câmara Ligada é leve e dá pra se divertir. No começo tem aquela dúvida de sempre: TV Câmara? Mas confesso que me surpreendi: é um programa de auditório voltado para a juventude com convidados debatendo com os jovens assuntos do interesse destes, além de uma atração musical que debate como os demais e dá umas palhinhas ao vivo e a cores.

Os jovens, vindos de intituições de ensino do Distrito Federal, participam efetivamente, e com senso crítico. Lembrei-me daquele Serginho Groisman que conhecemos naquelas tardes de sol da TV Cultura. Lembram-se? Pois é... pois era... anoiteceu!

Gostei muito do que vi e ouvi. O tema desta edição do Câmara Ligada é “As religiões e a busca pela espiritualidade”. Além do rapper, debatem o assunto o monge budista Mario Sato, o deputado federal evangélico Manato e o antropólogo e professor José Bizerril Neto. Todos bastante lúcidos e comedidos.

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Fiquei duas vezes contente com a presença do Poeta lá.

Primeiro porque, dentro dos limites temporais do programa, teve um espaço respeitável para mostrar sua música, e soube aproveitá-lo muito bem. Veio com formação da banda - MPB Black - e dj. Todos antenadíssimos.

Segundo porque é muito bom ver pessoas que sabemos da procedência e confiamos na ação participando destes encontros culturais com o devido respeito da produção, apresentação e platéia.

O GOG tem circulado bem nestes asfaltos amenos sem perder nunca o contato com as estradas de chão das Periferias.

Parabéns GOG!
Você mandou bem pra caramba!
Minha admiração por você só aumenta dia-a-dia!

Aos demais fica o convite para conferir pessoalmente e tirar suas próprias conclusões.

Quem for pagar pra ver, basta clickar aqui ou sobre o nome do programa onde aparcer. Ou digitar o http://www.tvcamara.gov.br/ , depois clicka em “conhecer programas” e, finalmente, “Câmara Ligada”.

Não tem erro! rsrsrs
Boa viagem, meninos, boa viagem... rsrsrsrss


"Guerra Preta Estratégia Quilombola"
Nelson Maca – Só Balanço.Ba

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*As fotos são do www.camaraligada.blogspot.com

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Duas Negras - Sem Comentários por hora!

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Nina Simone - Ne Me Quitte Pas
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Ellen Oléria - A Feira da Ceilândia
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terça-feira, 7 de abril de 2009

Tributo a Fela Kuti

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FELA KUTI

"A África que Incomoda"


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Enquanto a Blackitude prepara um tributo a esse monstro sagrado da negritude rebelde africana e mundial, conheça um pouco de Fela Kuti. Temos tentado preparar algo para o início do segundo semestre de 2009. Assim esperamos que aconteça - se tiver que acontecer!

Algo como o Tributo a James Brown que fizemos em 2007. Até hoje me emociono só de pensar em como foram grandes e importantes para nós aqueles dias: Ana Célia do Zanzibar, Carlos Moore, Ceres Santos, Dom Filó, KL Jay, Lazzo Matumbe, Luiza Bairros, Negrizu, Nelson Triunfo, Raimundo Coutinho, Ubiratan Castro e toda rapa da Blackitude, os parceiros e amigos do Hip Hop, da poesia, do movimento negro, alunos, colegas, muita gente de Salvador e de fora da cidade.

Sem dúvida foi uma das produções mais loucas que tive o privilégio de participar. Tenho certeza que Fela, tal qual James Brown, tem o poder de, mesmo ausente, ser o cimento de nosso encontro em harmonia, para uma conspiração em irmandade.

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Outro dia publiquei uma entrevista no Gramática da Ira, com o Mestre Carlos Moore que, entre outras tantas coisas, foi amigo próximo e biógrafo de Fela Kuti. Alguns parceiros de primeira hora, representados aqui pelo Michel do "Blog Elo-da-Corrente" (http://www.elo-da-corrente.blogspot.com/) reproduziram a entrevista contundente de Carlos Moore. Agora nossa conversa volta à tona no Jornal "Boletim do Kaos" que publicou uma síntese da mesma no impresso e a íntegra no site. Aproveito para agradecer de público ao Alessandro Buzo e Alexandre de Maio o espaço dado a nós no Boletim (http://www.culturahiphop.uol.com.br/boletimdokaos). Relembro abaixo uma questão que fiz ao Carlos Moore naquela conversa.

Espero que vocês gostem e se inspirem neste nosso imenso Fela Kuti.

Nelson Maca – Blackitude.Ba

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"Nelson Maca
- Professor Carlos Moore, o Senhor conviveu, irmanadamente, com um dos artistas populares mais criativo e polêmico de toda a história: o nigeriano Fela Anikulapo Kuti. Desta convivência surgiu um livro de sua autoria chamado This Bith of Life (algo como Esta Puta Vida).

Onze anos após sua morte, Fela Kuti vem sendo redescoberto em todos os continentes. É considerado, hoje, uma espécie de "Bob Marley" do Continente Negro. Na França e Inglaterra, está em alta, com direito, inclusive, a grandes exposições temáticas. Nos EUA, entre tantas ações, teve, no último dia 04 de setembro, a estréia de uma peça baseada no perfil do artista no Off Broadway Theater, a ante-sala da Broadway, para onde a peça seguirá com certeza. Sabe-se que, no mundo, apenas a partir da biografia de sua autoria, entre 15 e 20 trabalhos, principalmente em áudio-visual, vem representando a trajetória de Fela.

De minha parte, penso que o seu livro, dentre outros, é vital para oxigenar a arte e o ativismo negro no Brasil, principalmente na cultura que participo mais pontualmente: o hip hop.

Qual a real importância da história musical e política de Fela, o que significa para o Brasil conhecer mais a fundo sua experiência radical?

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Carlos Moore
- Em uma palavra: não se pode realmente pretender ser culto, e muito menos culto nas questões do Mundo Negro, sem conhecer a obra e o pensamento de Fela Kuti. Fela foi um dos grandes ativistas e pensadores do panafricanismo no século XX.

O que o distingue dos outros pensadores panafricanistas é que ele desenvolveu a luta panafricanista não no contexto da luta pela descolonização, mas dentro da problemática complexa e terrível que representa a sociedade africana pós-colonial; ou seja, uma sociedade controlada, oprimida e esmagada não diretamente pelas potências européias ou por regimes minoritários brancos, como na África do Sul ou na Rhodesia (atualmente o Zimbábue). O Fela teve de desenvolver o panafricanismo no contexto da opressão dos africanos pelas oligarquias e as elites africanas surgidas da independência do continente.

Ninguém estava preparado para o que aconteceu após a independência: a chegada ao poder de oligarquias traidoras e assassinas que espertamente confiscaram o panafricanismo e o transformaram em uma ideologia de Estado, para servir os interesses bastardos das novas elites opressoras africanas.

O Fela teve de repensar o panafricanismo tradicional e reformular as bases de um novo panafricanismo de luta pelos interesses dos povos africanos esmagados do continente e nas diásporas africanas. Ele foi um gigante e usou seu poder criativo, como músico, para propagar essa nova orientação ideológica do panafricanismo.

É por isso que me juntei a ele e que estimei que havia que escrever um livro sobre sua vida. Eu queria que o mundo inteiro ouvisse a mensagem que carregava na sua música maravilhosa e nos seus pronunciamentos. "Esta Puta Vida" irá ser traduzida e publicada, também no Brasil, o ano que vem. A partir daí, as pessoas se darão conta da grandeza do personagem, e de sua imensa contribuição ao Mundo Negro, ao mundo das artes e à musica em geral.

Para países como o Brasil, com sua maioria negra, conhecer a obra de Fela é indispensável para o fortalecimento da consciência cultural. Além disso, a música de Fela é uma das coisas mais belas do mundo. É por isso que solicitei ao Gilberto Gil de se incumbir do prefácio de "This Bitch of a Life", que será publicada nos Estados Unidos em abril de 2009. O Gil fez um lindo, profundo e comovedor prefácio - realmente. E, dentro de alguns meses, essa biografia de Fela Kuti, com o prefácio de Gil, também será publicado no Brasil, em português, pela editora Nandyala, de Minas Gerais."

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Fela Ransome Kuti And His Koola Lobitos


Fela Kuti nasceu no dia 17 de outubro de 1938 em Abeokuta, no estado de Ogun, na Nigéria. Seu nome completo Olufela Olusegun Oludotun Ransome-Kuti. Mudou-se para Londres aos vinte anos (1958), para estudar medicina, mas acabou estudando música. Foi lá que ele formou a banda “Koola Lobitos”, tocando um estilo de música que chamaria posteriormente de afrobeat. O afrobeat é uma fusão do jazz americano com o rock psicodélico e o highlife da África Ocidental.

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Fela Kuti & Africa'70

Em 1963 Fela volta para a Nigéria e reforma o “Koola Lobitos”, indo com a banda para os Estados Unidos seis anos depois. Esta viagem foi fundamental na carreira artística e na vida de Fela, pois possibilitou-lhe a descoberta do movimento Black Power através de Sandra Smith, partidária do Panteras Negras, que influenciaria fortemente sua música, visão de mundo e participação política.

Daí veio a primeira mudança de nome de sua banda que passou a se chamar "Africa'70". Vivendo na ilegalidade, antes de terem de se retirar do país, realizaram uma rápida sessão de gravação em Los Angeles, que mais tarde viria a ser lançado como "The '69 Los Angeles Sessions".

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Expensive Shit


Fela retornou com sua banda para a Nigéria, inaugurando a “República Kalakuta”, uma comuna, um estúdio de gravação e uma casa para muitos que se ligavam a ele e à sua banda. Mais tarde, declarou a "RK" independente do Estado da Nigéria. Montou a “Afro-Spot”, uma boate no Empire Hotel, e depois a “Afrika Shrine”, onde cantava regularmente. Também mudou o seu nome do meio para "Anikulapo" (que significa "aquele que carrega a morte no bolso"), declarando que o seu nome do meio original, Ransome, era um nome de escravo.

As gravações continuaram e sua arte vai se torna cada vez mais política. Sua música popularizou-se imensamente entre os cidadãos nigerianos e africanos em geral. Ele decidiu cantar em um Pidgin baseado no inglês de forma que sua música pudesse ser apreciada por indivíduos de toda a África, onde as línguas faladas locais são muito diversas e numerosas. Quanto mais se politizava e mais se tornava popular na Nigéria e em todo lugar, mais incomodava ao governo de então.

Ataques à “República Kalakuta” eram freqüentes. Em 1974, a polícia chegou com um mandado de busca e um cigarro de maconha com a intenção de plantar em Fela. Ele se deu conta disso e engoliu o cigarro. Em resposta, a polícia o levou em custódia e esperou para examinar suas fezes. Fela conseguiu a ajuda de seus companheiros presos e entregou à polícia as fezes de outra pessoa. Assim foi liberado. Este incidente violento e escatológico é comentado em “Expensive Shit”.

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Coffin for Head of State

Em 1977 “Fela e Afrika’70” lança o sucesso Zombie, um ataque mordaz aos soldados nigerianos, usando a metáfora "zumbi", para descrever os métodos das forças armadas nigerianas. O álbum foi um sucesso esmagador entre o público e enfureceu o governo, dando início a um cruel ataque à “República Kalakuta” quando mil soldados atacaram a comuna. Ele foi severamente espancado, e sua mãe idosa foi arremessada de uma janela, causando ferimentos fatais. A “República Kalakuta” foi incendiada e o estúdio, instrumentos e gravações originais de Fela foram destruídos.

Fela afirmou que teria sido morto se não fosse a intervenção de um oficial comandante quando estava sendo espancado. A resposta de Fela ao ataque foi enviar o caixão de sua mãe para o quartel principal em Lagos e escrever duas canções, "Coffin for Head of State" e "Unknown Soldier", referindo-se ao inquérito oficial que afirmou que a comuna foi destruída por um soldado desconhecido.

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Black President

Fela Kuti e sua banda foram então morar no Crossroads Hotel, visto que a “Shrine” tinha sido destruída junto com sua comuna. Em 1978 casou-se com vinte e sete mulheres, muitas das quais eram suas dançarinas e vocalistas, para marcar o aniversário do ataque na “República Kalakuta”.
O ano foi marcado também por dois notórios espetáculos, o primeiro em Acra no qual ocorreram tumultos durante a música "Zombie" que o levaram a ser proibido de entrar em Gana. O segundo foi no Berlin Jazz Festival, após o qual, a maioria dos músicos de Fela o abandonou, devido a rumores de que Fela estava planejando utilizar a totalidade dos lucros para financiar sua campanha presidencial.

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ITT - International Thief

Apesar dos graves contratempos e conflitos que o envolveram neste período, ele estava determinado a voltar. Formou, então, seu próprio partido político, que chamou de “Movimento do Povo”. Em 1979 se candidatou a presidente nas primeiras eleições da Nigéria após mais de uma década, mas sua candidatura foi recusada.

A essa época, Fela criou uma nova banda chamada "Egypt 80" e continuou a gravar álbuns e viajar pelo país. Ele ainda enfureceu as autoridades políticas, citando os nomes do vice-presidente da ITT Moshood Abiola e do então General Olusegun Obasanjo ao final de um discurso político de 25 minutos intitulado "International Thief Thief".

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Beast Of No Nation

Em 1984 Fela Kuti foi novamente atacado pelo governo militar que o prendeu sob uma dúbia acusação de lavagem de dinheiro. Seu caso foi acompanhado por vários grupos de direitos humanos e, após vinte meses, ele foi libertado pelo General Ibrahim Babangida.

Continuou trabalhando, lançando novos álbuns com a “Egypt’80”. Fez algumas turnês de sucesso nos Estados Unidos e na Europa e, politicamente, não deixou de ser ativista. Em 1986 se apresentou no Giants Stadium em Nova Jérsei como parte do show "Conspiração da Esperança" da Anistia Internacional, junto com Bono, Carlos Santana e The Neville Brothers.

Três anos depois “Fela & Egypt’80” lançou o álbum antiapartheid "Beasts of No Nation" que exibe em sua capa o Presidente dos Estados Unidos Ronald Reagan, a primeira-ministra britânica Margaret Thatcher e o primeiro-ministro da África do Sul P.W. Botha com caninos pingando sangue.

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A luta contra a corrupção militar na Nigéria estava causando estragos, principalmente durante a ascensão do ditador Sani Abacha. Também estavam se espalhando rumores de que Fela estava sofrendo de uma doença da qual se recusava a tratar.

Em 3 de Agosto de 1997, Olikoye Ransome-Kuti, um já proeminente ativista contra a AIDS e anterior Ministro da Saúde, surpreendeu a nação anunciando a morte de seu irmão mais novo, Fela Kuti, causada por AIDS. O irmão mais novo deles, Beki, estava preso no momento pelas mãos de Abacha por atividade política. Mais de um milhão de pessoas compareceram ao funeral de Fela Kuti no local do antigo recinto da “Shrine”.

Uma nova “Africa Shrine” foi aberta depois da morte de Fela em uma diferente seção de Lagos sob a supervisão do seu filho Femi Kuti.
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Army Arrangement
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O estilo musical criado por Fela Kuti é chamado de Afrobeat. Essencialmente é uma fusão de jazz, funk, percussão e cantos tradicionais africanos. As percussões garantem a base africana, os vocais e estrutura musical flertam com o jazz e os metais são de influência funky. O "endless groove" também é usado, com um ritmo básico com baterias, muted guitar e baixo que são repetidos durante a música. Essa é uma técnica comum na África e em estilos musicais influenciados por ela, como o funk e o hip-hop. Alguns elementos presentes nas músicas de Fela são chamados de call-and-response (chamada e resposta) com o coro e alguns simples, mas significativos rifes.

A música de Fela quase sempre tem mais do que dez minutos, alguns atingindo a marca de vinte ou trinta. Essa era uma das muitas razões por sua música não atingir, efetivamente, um grau de popularidade substancial fora da África. O que vem mudando bastante neste renascimento que vive o artista nos dias de hoje. Sua música era mais cantada em línguas nigerianas, além de algumas músicas em Yoruba. Os principais instrumentos de Fela é o saxofone e o teclado, mas ele também toca trompete, guitarra e ocasionalmente solos de bateria. Fela se recusava a tocar músicas novamente após já tê-la gravado, o que por sua vez também retardava sua popularidade. Ele era conhecido por sua performance, e seus concertos eram tidos como bárbaros e selvagens.

Undeground?


Texto sobre Fela adaptado: Nelson Maca
Fontes: Wikipédia / Conversas com Carlos Moore

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segunda-feira, 6 de abril de 2009

Retrato da Bahia em Preto e Preto

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Vila Brandão 69 anos de [R]existência from anapi on Vimeo.


A Vila Brandão, um dos bairros com o menor índice de criminalidade de Salvador - Bahia, vem desde 20 de março de 2009 sofrendo ameaças graves de desapropriação (decreto publicado e aprovado no diário oficial do município) por parte da Prefeitura e especulação imobiliária.

A cobiça por estas terras é bastante antiga, pois o local tem uma das vistas mais bonitas da cidade além de ser muito bem localizado. Porém a Vila tem aproximadamente 69 anos de [R]existência, o que faz dela um bairro e não uma invasão, como adoram dizer os noticiários. Portanto é de extrema falta de respeito que medidas como estas sejam tomadas impunimente, até o dia da publicação do decreto nenhum morador havia sido comunicado por algum representante legal da Prefeitura.

Neste momento, os moradores estão em busca de apoio para conseguir impugnar este decreto desonesto, além disso estão se esforçando para organizar um cadastro da população da Vila, bem como, juntando documentos como comprovantes de pagamento das contas: Água, Luz e IPTU. Para justificar para a prefeitura e sociedade em geral o motivo pelo qual estas terras não podem ser desapropriadas desta maneira.

São muitas as versões e se contradizem entre elas, uma diz que no lugar será construído um parque temático com mirante, numa cidade onde tantos monumentos históricos estão caindo aos pedaços e onde as pessoas têm muitas outras carências de caráter urgente.

Inclusive a Vila é um espaço aberto à sociedade em geral, ela possui uma praça com uma bela vista para a Baía de Todos os Santos, um campinho e uma entrada para o mar onde se pode tomar um delicioso banho. A comunidade local nunca impediu o acesso de ninguém, muitas pessoas que praticam o mergulho descem regularmente por lá.

A infra-estrutura só não é melhor porque a Prefeitura nunca deu um apoio concreto, por exemplo a Limpurb (empresa de coleta de lixo) nunca prestou qualquer serviço de manutenção para a limpeza da Vila. Tudo que lá existe é fruto da dedicação e empreendimento dos próprios moradores.

A Vila Brandão é um exemplo de convívio e respeito às diferenças, nela habitam pescadores, artistas, lavadeiras, estrangeiros, baianas do acarajé, pedreiros, muitas religiões, cores, culturas, além de crianças e idosos.Para aqueles que ainda desconhecem, fica o convite para descobrir este quilombo urbano. E para aqueles que já sabem de toda esta história fica o convite para nos ajudar e apoiar para que a Vila Brandão continue a existir e prosperar.

- Ana Pi e Laura Fresno –


Fonte: http://www.vimeo.com/3826975

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Conheci intimamente a Vila Brandão quando morei na Residência Universitária 2 da UFBA - lá no Largo da Vitória. Eramos duas comunidades carentes - lá - pertinho dos afortunados, poluindo o ar da burguesada do bairro. Pra vocês terem uma idéia, logo ali, ao lado, a mais ou menos 300 metros, no Bairro da Graça, morava o Toninho Malvadeza. Ele frequentava a Igreja do Largo, de um certo Padre Sadoc, negão como eu, mas porta voz "espiritual" - um dos preferidos - da elite rica da Bahia Branca, inclusive do tal coronel citado.

E nós, ali, metidos a bestas na Vitória e na Graça deles. Os "favela" da Vila Brandão efetivamente; e nós, os "tabaréu" do interior, passando uma temporada infindável para eles... Há muito tentam desparopriar os moradores da Brandão... Ainda hoje tentam fechar essas casas universitárias... ou afastá-las desses bairros de ricos.

Na minha estada de três anos e meio na R2, fiz amigos na Vila Brandão... vários: pescadores, sapateiros, domésticas, porteiros... Em comum, os bate-papos no Largo, o baba, uma cerva na banquinha, o pão com salada e ovo na barraca, os banhos de mar...

Sim, nós, os estudantes da Residência Universitária, eramos classificados nos cadastros da Superintendência Estudantil da Universidadae Federal da Bahia na categoria "alunos carentes". Morar na residência e comer de graça no RU (Restaurante Universitário) eram os tais benefícios sociais. Dentro da residência, quando nós, os universitários carentes, trocávamos nossos currículos de vida, não dava outra, a conclusão era sempre o mesmo binômio: Miséria x Superação! Se fossemos originalmente de Salvador, com certeza, viríamos de lugares esquecidos, maltratados, mas resistentes como a Vila Brandão. Ou qualquer outro bolsão de miséria da Bahia Preta que incomoda a elite quando dá para ter orgulho próprio ou se aproximar fisicamente demais de suas narinas assinaladas!

Agora, ainda perplexo, vejo mais esta tentativa de desapropriação das famílias da Vila. Você já pensou, parceiro: depois de sessenta e nove anos, continua chegando representantes de uns especuladores e governantes filhos-da-puta, dizendo "peguem seus pano de bunda e caiam fora"!

Não é fácil...

Por isso, a cada dia, fico ainda mais fã daquele Malcolm X explosivo, dos Panteras Negras e, hoje, mais do que nunca, do revolucionário Fela Anikulapo Kuti! A sorte de meia dúzia, ou azar meu, é que dei de querer sangrá-los com a navalha dos versos e poemas da minha Gramática da Ira.


Nelson Maca - Blackitude.Ba

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quinta-feira, 2 de abril de 2009

Sérgio Vaz 3 x 0 "Estética" da Fome



É TUDO VERDADE

-Alô.
-Alô?
-É o Sérgio?
-É. Quem quer falar?
-Meu nome é Daniela sou jornalista, moro no rio, e vou ser direta. Tem amigo que já fez uma matéria sobre a Cooperifa...
-Sei...
-E O Itau Cultural abriu um edital para documentários e eu gostaria de fazer um documentário sobre a cooperifa, tem algum problema?
-Tem.
-Qual?
-Eu.
-Você acha que não rola?
-Não.
-Por quê?
-Olha, agradeço a preferência, mas é que a gente acabou de fazer um documentário com uns amigos...
-Tá bom então, muito obrigado - e desliga o telefone.
Tu, tu, tu, tu, tu....- fiquei ouvindo o telefone se despedir de mim.

Não queria generalizar, e ofender as poucas pessoas sérias, mas para definir o que está acontecedo por aqui, eu peço licença para parodiar o Glauber Rocha, e para definir este momento em que dizem que a periferia está na moda. Acho que para algumas pessoas a coisa está rolando mais ou menos assim:.

"UM POBRE NA MÃO E UM EDITAL NA CABEÇA"

Corta!.

Sérgio Vaz


Fonte: http://www.colecionadordepedras.blogspot.com/

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E eu, daqui da Bahia Preta e Pobre, pensei comigo:
- Ãã!?

Nelson Maca

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LUB: Cultura Esporte e Cidadania

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Projeto Cidadania Ativa
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LUB envolve a comunidade com projeto de voluntarismo


Com o propósito de gerar a inserção social e o compromisso de cidadania responsável, a Liga Urbana de Basquete – LUB - implementará o projeto CIDADANIA ATIVA no próximo dia 4 de abril no Centro de Cultura Urbana - CELUB que atende as comunidades dos bairros cariocas de Marechal Hermes e adjacências.

O formato a ser implantado será o do Voluntariado, que se caracterizará como uma ativa cidadania, tendo um papel importante, reunindo o saber e ajudando o próximo, de forma a desenvolver o espírito de cidadania e solidariedade, destacando as propostas de ação solidária e o papel do cidadão no atual contexto social que a LUB vem desenvolvendo no bairro de Marechal Hermes e seu entorno, com a recente inauguração do seu centro cultural, o CELUB.

Em recente estudo realizado na Fundação Abrinq pelos Direitos da Criança, definiu-se o voluntário como ator social e agente de transformação, que presta serviços não remunerados em benefício da comunidade; doando seu tempo e conhecimentos, realiza um trabalho gerado pela energia de seu impulso solidário, atendendo tanto às necessidades do próximo ou aos imperativos de uma causa, como às suas próprias motivações pessoais, sejam estas de caráter religioso, cultural, filosófico, político, emocional. O objetivo é que os alunos do CELUB, colaboradores e voluntários possam promover um espírito crítico e valoração de suas vidas, despertando o interesse em ajudar o próximo, de forma a desenvolver o espírito de cidadania e solidariedade. Entre os colaboradores voluntários encontram-se os funcionários da empresa Accenture Semana +; e também o apoio do CDI – Centro de Democratização da Informática que em parceria com a LUB desenvolverá no local o projeto de Inclusão Digital com a Cultura Urbana.

O Evento

Um grande circo sócio-educativo será montado nas dependências do CELUB, reunindo crianças, jovens e adultos em torno das oficinas que vem sendo desenvolvidas, envolvendo o basquete de rua; o judô; a capoeira; o taekwendo; a dança de salão; a ginástica da terceira idade; o skate e o graffiti.

Somando-se a estas atividades que estarão acontecendo simultaneamente, teremos um bazar beneficente com vistas a angariar recursos para os projetos da entidade, além de atividades inerentes as áreas de atuação a serem definidas como meio-ambiente, educação, cultura, saúde, assistência social, lazer, defesa de direitos e cidadania.

Na oportunidade o CELUB estará disponibilizando mais vagas para suas oficinas, objetivando alcançar a meta de 1200 atendimentos nos próximos seis meses e lança o projeto de inclusão digital com a cultura urbana em parceria com o CDI – Comitê para a Democratização da Informática.

Em dois ambientes, as atividades terão o seu início às 14hs com término previsto para as 18hs do sábado, dia 4 de abril de 2009. Com entrada franca, toda a comunidade está convocada a participar, além de parceiros e entidades parceiras do projeto CELUB.

Ficha
Projeto Cidadania Ativa
Dia 4 de abril no Centro de Cultura Urbana - CELUB
Comunidades dos bairros cariocas de Marechal Hermes e adjacências.
Local: Rua Latife Levizaro, 289 (Marechal Hermes)

Sites: http://www.lub.org.br/ ou http://www.lubtv.org.br/


Luanda Negreira (Editora Web LUB – Liga Urbana de Basquete)

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A LUB é nossa amiga e parceira
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Tenho respeito e admiração por Dom Filó há muitos anos. Na verdade, ele é um dos responsáveis pela minha consciência e formação étnica. Desde os tempos dos bailes blacks da equipe da Grand Prix até as ações atuais da LUB, ele tem papel fundamental na negritude brasileira. A Blackitude.Ba teve o prazer de contar com sua ilustre presença no Seminário-espetáculo "Cultura Black na Diáspora: Tributo a James Brown!" que realizamos em 2007.

No trajeto deste mestre da cultura negra, nos encontramos, via net, eu e Luanda Negreira. Ela, com certeza, tem trazido sangue novo para nossas demandas. Sempre pronta, rápida, tem levado os informes da Blackitude para o Rio de Janeiro e para mundo através dos veículos da LUB.


"Caravanas a caminho de Palmares se cruzavam na trilha,
se juntavam e seguiam lado a lado.
Ai de quem se metesse a tentar impedi-los de seguir
em sua caminhada...
Eram varridos como ciscos incômodos e mal quistos!"


Nelson Maca -Blackitude.Ba

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quarta-feira, 1 de abril de 2009

Conversa de Bamba

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Conversa de Bamba

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Marquinhos da Oswaldo Cruz e Denise Barata

Conversa de Bamba será uma aula-espetáculo que conta com a presença do cantor e compositor Marquinhos de Oswaldo Cruz e de Denise Barata, professora da UERJ que estuda as produções musicais brasileiras de matrizes africanas, dando destaque à produção musical dos sambistas – com suas vozes, gestos e músicas – como forma de resistência à cultura hegemônica. O objetivo do evento é a instauração de um espaço que conjugue a discussão e a apreciação do samba.

Marquinhos

Criado em Oswaldo Cruz, no Rio de Janeiro, Marquinhos conviveu com pessoas que foram marcantes na sua formação de sambista como Argemiro, Monarco, Alberto Lonato, Jair do Cavaquinho, Casquinha, Tia Doca e Manacéia. E a partir desses contatos, unificou seu trabalho musical com movimentos de valorização do bairro de Oswaldo Cruz, tais como o Acorda Oswaldo Cruz, Os Cantos da Cidade e a recriação do Pagode do Trem, realizado no dia 2 de dezembro, em comemoração ao Dia Nacional do Samba.

Em 1997, Marquinhos liderou a roda de samba sob os Arcos da Lapa com o movimento Samba de Raiz, que contava com a participação de Ivan Milanez, Charles da Viola, Renatinho Partideiro e foi freqüentada por Nelson Sargento, Walter Alfaiate, Zé Ketti, Luiz Carlos da Vila, Moacir Luz, Cristina Buarque, Beth Carvalho, Dudu Nobre, entre outros.

Em 2000, Marquinhos gravou seu primeiro CD, Uma Geografia Popular, cuja faixa-título já tinha sido gravada por Beth Carvalho em seu CD Pérolas do Pagode. Em 2005, Marquinhos, em parceria com Mauro Diniz, Naldo, Júnior e Ari do Cavaco, venceu a disputa de samba de enredo da Portela, sua escola de coração. Em 2006 lança de seu segundo CD, Memórias de Minh’alma. São 13 canções de sua própria autoria e um pout-porri com sambas de Candeia e Manacéia. A direção musical ficou a cargo de Josimar Monteiro, responsável pela direção dos CDs da Velha Guarda da Mangueira e Velha Guarda do Salgueiro (ambos indicados ao Grammy Latino). Este álbum contou com a participação especial de Virgínia Rodrigues, Tia Doca, Xangô da Mangueira, Renatinho Partideiro, Denise e Ircéia Pagodinho.

Denise Barata

Professora adjunta da Faculdade de Formação de Professores e do Programa de Pós-Graduação em Políticas Públicas e Formação Humana da Universidade do Estado do Rio de Janeiro, onde coordena o Laboratório de Oralidade e Memória Africana e da Diáspora e o grupo de pesquisa Saberes e Fazeres da Diáspora Africana no Brasil. Seus trabalhos discutem as práticas simbólicas provenientes da tradição afro-brasileira e refletem sobre as possibilidades de manutenção, difusão e visibilização dos espaços de construção de conhecimento de tradição afro-descendente que consideram e valorizam outras formas de pensar o mundo em contraponto com o que se tenta instaurar e difundir hegemonicamente como conhecimento, beleza e organização política. Além de seu trabalho acadêmico, Denise atua, também, como diretora artístico-musical de espetáculos de sambistas cariocas.

(Divulgação)

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Então é isso! Quem sabe o que é uma roda de bamba, com certeza, já agendou, né? Aos demais fica o convite para se aproximarem: ouvir boa música e bater um papo sério sobre o contexto de sua produção. Mas tudo com muita descontração é lógico, né meu!

A produção está a cargo do meu Irmão Silvio Oliveira, parceiro de longa data da Blackitude. É esse mesmo da postagem mais abaixo. Ele toca tudo a quatro mãos com a Irê, mais uma Irmã parceira minha de primeiro grau.

Sou amigo desse dois desde o tempo que os cachorros falavam Latim...
Muito antes do Latido!!

Nelson Maca -
Não sou poeta vira-latas como o Sérgio Vaz...
mas de vez em quando chuto a lata... de lixo!

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(foto: Marquinhos versando na roda de Bambas - digulgação)

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