sábado, 27 de outubro de 2012





Donna Liu lança clipe
e faz 
pocket-show no Sarau Bem Black


O Sarau Bem Black realiza mais uma edição especial nesta quarta-feira (31/10) no Sankofa African Bar, Pelourinho. O encontro poético-musical, que acontece semanalmente há três anos, tem a honra de receber uma das mais promissoras cantoras da cena mpb-soul-rap soteropolitana: Donna Liu. Atuando também como baking vocal do rapper AfroJhow, ela possui uma considerável carreira solo. E é um pouco desta trajetória que apresenta na próxima edição do Sarau Bem Black, quando exibe, em primeira mão, o clipe Meu Alvo, que conta com a participação de Mr Dko. O trabalho tem direção e produção de Max Gaggino, que assinou clipes recentes para os rappers Mr Armeng e AfroJhow.

O Sarau Bem Black faz parte das ações etno-culturais do Coletivo Blackitude: Vozes Negras da Bahia e tem apresentação de Nelson Maca, Robson Véio, Zezé Olukemi e Álvaro Reú. Conta com as participações fixas das poetas mirins Luiza Gata e Lucinha Black Power – que integram o Sarau Bem Legal – e do DJ J.O.E, responsável pelas intervenções musicais que já são a marca do evento. A cada semana, o repertório é cuidadosamente escolhido, a partir do formato de cada edição. Esta semana, por exemplo, o Dj J.O.E trará a música incendiária da cantora americana Betty Davis.

Com entrada gratuita, a programação começa às 19h30. Além da habitual jornada literária, acontecerá bate-papo com Donna Liu e, ao final, um pocket-show com as participações de Daganja, AfroJhow, Mr DKO, Dj Akani e dos grupos Primazia e Bota a Casa pra Tremer. "Donna Liu canta e encanta com a sua voz magnífica no cenário da música baiana. O álbum promete uma grande fusão de ritmos, dentre eles o jazz, blues, samba e o rap. E em primeiríssima mão todos poderão entender, curtir e compartilhar este projeto através da linguagem áudio visual”, afirma AfroJhow. A noite conta também com a vendagem de CDs, livros e camisetas de produção local.






Donna Liu


Iniciou sua carreira em 1996, cantando música gospel em várias igrejas evangélicas da capital baiana, Donna Liu, cantora e compositora, apresenta composições inovadoras e inspiradoras para um público que anseia coisas novas no mercado fonográfico atual. Jorge Benjor, Baden Powell e Elis Regina são as principais influências musicais desta nova MPB.

Donna Liu já trabalhou com nomes consagrados da música - como o maestro Sergio Souto e a cantora Manuela Rodrigues - e da dança como o professor, coreógrafo e dançarino, Mestre King, no projeto Opaxorô. Além de já ter feito parte de diversos grupos de música, dança e teatro, esta novidade da música negra brasileira aprimorou suas técnicas e conhecimentos vocais com uma formação em Fonoaudiologia na Universidade Federal da Bahia - UFBA. “A música exige de você muito estudo e disciplina” afirma a cantora e fonoaudióloga.

A música negra, em suas diversas vertentes, sempre acompanhou a brilhante carreira de Donna Liu, a exemplo do Rap, da Soul, do Rhythm and Blues (R&B), do Samba, do Blues e do Jazz. Foi a partir dessas influências que ela fez a montagem musical "Samba por um triz", em 2010, resgatando sambas clássicos da nossa música, através de releituras de sambistas conhecidos. Ela acredita que o “Samba também é Black music”! As composições de Donna Liu são inspiradas em histórias pessoais, reais, que aconteceram em sua vida, a exemplo de “Meu Alvo”, “A gente se entende” e “Minha Preta”.

Donna Liu é uma presença marcante no último álbum do amigo e parceiro Afro Jhow Sem Luta não há Vitória, colocando sua voz em quase todo o disco como back vocal, nas construções vocais e em parceria com o rapper nas composições, mostrando a sua versatilidade musical. A cantora também participou em duas faixas do álbum Sinceramente de seu irmão Mr. Dko (rapper), lançado recentemente e em outros trabalhos de rappers atuantes em Salvador como DaGanja Mc, Deneshi e o grupo Primazia. Integrou-se recentemente ao projeto “Tocandomblé” do grupo “O Kontra”, idealizado pelo multi- instrumentista Nei Sacramento.

Com aspirações de conquistar o público simpatizante e admirador da Black Music, Donna Liu divulgará em breve novas composições, como apresenta agora o clipe da música Meu Alvo, com identidade e respeito à ancestralidade africana, contando com o apoio do povo baiano. “Seja o que for tudo se revela diante das águas”

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SERVIÇO

Evento: Sarau Bem Black recebe Donna Liu
para lançamento do clipe Meu Alvo e pocket show
Participação: AfroJhow, Daganja, Dj Akani, Mr DKO e dos grupos Primazia e Bota Casa
Quando: Quarta (31/10), às 19h:30min
Onde: Sankofa African Bar, Pelourinho

(Panfletos: Penga / Foto de Donna Liu: Leo Ornelas)


terça-feira, 23 de outubro de 2012


Um Sarau Bem Black Emocionante



Para todos que acompanham, entendem, curtem e torcem pela continuidade do Sarau Bem Black, a próxima quarta-feira marca um momento realmente bacana para nossa auto-estima, força e permanência.

Receberemos duas pessoas queridas, com dois trabalhos ilustres que nos colocarão para cima, principalmente, por dois motivos simples e vitais: nós criando e nós estudando nós mesmos.

Falo da Gleice Oliveira e do Ba Kimbuta.

Vozes Negras da Bahia: um Sarau Bem Black

A Gleice, frequentadora assídua do Sarau Bem Black, está em fase de conclusão do Curso de Letras na UFBA. E como tema de seu trabalho final (TCC) "Vozes Negras da Bahia: Um Saru Bem, Black", ela escolheu o Sarau, o que é uma grande honra para nós.

Honra por saber que podemos também "rasurar" o cânone acadêmico, derrubando as portas no peito, e levando, por nós mesmos, nossa literatura para dentro de espaços que sempre nos quiseram segregados, fora.

E o melhor dessa subversão é que a Gleice vai defender seu trabalho dentro do Sankofa African Bar, como exercício acadêmico, mas também por ser ela parte orgânica do Sarau Bem Black. Ajudará, assim, a diluir os limites entre a casa e a rua, a universidade e a comunidade.

A defesa será às 18h lá mesmo no Sarau Bem Black!

E essa fita não pára por aí, pois ela me chamou para ser um dos orientadores de deu TCC. Logo, comporei sua banca. Na condição de Professor Universitário, serei um dos pareceristas de seu TCC.

Pode acreditar!

Pra completar a cena, esperamos que você compareça, fortalecendo essa menina-mulher da pele preta que mora no Bairro da Boa Vista do São Caetano.

Tudo nosso!! Tudo em casa! E eles dizem que somos inimigos do livro, da leitura, do estudo, né!




"Universo Preto Paralelo"

O Ba Kimbuta é um rapper talentosíssimo lá do ABC Paulista, circulando entre Santo André a Mauá. Está em Salvador desde a última sexta feira, inclusive participou, afetiva e efetivamente, de nossa Semana de Fela. que movimentou a o centro histórico na última semana.

Ele está de férias em Salvador com a família e vai ser o outro destaque do próximo Sarau Bem Black, quando faz o pre-lançamento na Bahia de seu CD Universo Preto Paralelo. "Pré" porque ele volta para o Sarau do dia 14 de novembro, com sua banda completa, para o lançamento definitivo.

Nesta quarta, além de trazer seu CD, que será vendido no local por R$ 10, ele bate papo sobre sua carreira e militância política e faz um pocket-show acompanhado do Dj Joe, residente do evento.

Quem viu sua performance na semana de Fela sabe do que estou falando!

Unidade de Poesia Preta

Então tudo conspira para esta quarta ser um grande sarau. Estamos contentes com o vigor que tem se estabelecido nosso encontro poético semanal. Nesta quarta-feira, ainda mais, nos fortalecemos com a presença desse irmão e dessa irmã, negros e da base, que tão bem realizam sua linguagem artística e acadêmicas. Aproximem-se mais e curtam esse momento com a gente. Venham constatar como o Sankofa African Bar tem se transformado na casa do acolhimento daqueles que insistem em ser críticos e Independestes sem perder a Postura, a Elegância e o AXÉ.

Enquanto o estado inunda as periferias pretas de policiais, nós fortalecemos nossa Unidade de Poesia Preta.




Ficha: Sarau Bem Black

Local: Sankofa African Bar - Pelourinho
Data: 24/10/2012
Horário: a partir das 18h

18h: Defesa do TCC : Vozes Negras da Bahia: Um Sarau Bem, Black
Autora: Gleiciele da Silva Oliveira (Letras -UFBA)
:: Banca examinadora: Denise Carrascosa Franca (UFBA), Nelson Maca (UCSal) e Ana Lucia Silva Souza (UFBA)
Horário: 18h / Entrada franca

20h: Lançamento: CD Universo Preto Paralelo
Artista: Ba Kimbuta (São Paulo)
Horário: 20h / Preço do CD: R$ 10,00

Gleice Oliveira

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Sou Gleiciele da Silva Oliveira, nascida em Santaluz, no sertão da Bahia, filha de Maria Ginai da Silva Oliveira e Antonio Raimundo de Oliveira, negra e moradora da Boa Vista do São Caetano, região periférica de Salvador. 

Ingressei na Universidade Federal da Bahia em 2006, no curso Letras Vernáculas, após participar do cursinho pré-vestibular Universidade para Todos, uma vez que sempre estudei em escolas públicas. Durante o curso, participei de alguns projetos como o Diálogos Cotistas: qualificando a permanência na UFBA (Ceafro), ALiB: Atlas Linguístico do Brasil (ILUFBA) e Etnoescrituras: proficiência multimodal de leitura e escrita em contextos extraescolares (ILUFBA). 

Atualmente, participo esporadicamente do grupo de pesquisa Literatura como performance: narrativas de si, políticas de si, coordenado por Denise Carrascosa (ILUFBA). Conclui a licenciatura em 2010 e atualmente sou educadora no núcleo EJA RMS do Sesi, alfabetizando jovens e adultos no cenário da construção civil.



Ba Kimbuta
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Em 1996 Bá Kimbuta se identifica com a luta e mergulha de corpo e alma no movimento hiphop, e logo funda a banda Uafro, onde atua como vocalista e compositor. Na sua história de resistência mantêm sua ancestralidade como foco de emancipação do povo negro. 

Organiza com outros irmãos a associação Negroatividades, fortalecendo o movimento negro em Santo André e São Paulo, promovendo debates e reflexões sobre a luta de gênero, a luta racial e a luta de classes. Ainda com a Negroatividades produz diversos eventos como o Grito da Periferia, documentário exibido pela TV Cultura em 1999, e discussão sobre saúde da população negra em 2000. 

Com a banda Uafro participou das coletâneas Revolução com a Nossa Cara, tributo a Celso Daniel, Nós na Fita e Projeto Viajar. Junto à comunidade organiza o fórum de entidade negras de Santo André, e a luta pela aprovação do feriado 20 de novembro em Santo André, e outras cidades da região. Com o coletivo Uafro grava o vídeo-clipe Descobrimento Segundo Adal e o vídeo do Projeto Canja com Canja. Ba a co-fundador da Escola de Cultura Negra Bantu, co-produtor do dia da Cabeça Preta, Jantar Africano, Pão e Vinho Cultural. 

Desde 2006 integra o grupo Amandla como compositor, percussionista e vocalista, grupo que se utiliza do Rap para denunciar as atrocidades cometidas pelo capitalismo. É membro militante do grupo de juventude negra Kilombagem que promove intervenções, palestras e debates em torno de questões políticas e sociais. 

Faz parte dos grupos Estimulamente, da Banca Audácia, e do Projeto Conde Favela. Em 2012 lança seu primeiro trabalho Universo Preto Paralelo, que é apanhado de sua história, somados a muita musicalidade, aprofundando temas raciais, de forma poética e contemporânea, elevando o rap a diversas vertentes da música negra como: afrobeat, funk, jazz, soul, samba, reggae, entre outros gêneros musicais.



segunda-feira, 15 de outubro de 2012

Fela Day Fela Week Fela Forever




Fela Day, Fela Week, Fela Forever
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Aniversário do artista nigeriano Fela Kuti  ganha semana
comemorativa
em Salvador, de 15 a 21 de outubro


Realizado anualmente em vários países, o Fela Day marca as comemorações pelo nascimento do músico e ativista nigeriano Fela Kuti (1938-1997), em 15 de outubro.  Em Salvador, vários projetos culturais se juntam numa semana de atividades com diferentes ações, mas que têm um objetivo em comum:  promover um grande reencontro com a imagem forte, a música envolvente e com as idéias revolucionárias do pai do afrobeat.

A programação começa nesta segunda, com o projeto Qual é a da Noite?, que apresenta peças teatrais de temática negra no Sankofa African Bar, no Pelourinho, a partir das 19h. Na ocasião, será reapresentada a peça CÂNCER, do Grupo Ditirambos, que  conta a história de uma conflituosa relação entre um proprietário e seu inquilino. Em cena Du Vado Jr., Jean Pedro e Vinícius Carmezim. Bertho Filho assina texto e direção. Antes da peça, será exibido o dcoumentário Fela Kuti: A Música é a Arma (53'), dos diretores Stéphane Tchal-Gadgieff e Jean Jacques Flori. Após a peça, quem comanda a noite é o Sistema KALAKUTA, com um muito afrobeat, numa homenagem ao músico e ativista nigeriano.

Amanhã,  o evento ganha a rua, na tradicional roda  de break da Praça da Sé, comandada pelo grupo Independente de Rua . Diante os painéis grafitados nos Fela Days de 2009 e 2010 e embalados pela batida do afrobeat, dançarinos se alternam na roda, que terá microfone aberto para improvisadores do hip hop, ou seja,  do rap free-style, desenvolverem suas rimas na hora. Durante a noite, o grafiteiro Lee27 fará um dos 4 painéis temáticos que comporão uma mini-exposição a ser inaugurada na sexta, durante a Festa Afrobeat .

O Sarau Bem Black, que acontece às quartas, também no Sankofa, dá seguimento à programação. Fela Kuti é o tema central da noite, com muita música e poesia tematizando  questões da negritude. Na abertura da noite, será reexibido o filme Fela Kuti: A Música é a Arma. O DJ Joe, residente do projeto, promete uma sequência inesquecível  de músicas de  Fela Kuti - diretamente dos vinis!,  entre uma performance e outra. Do lado de fora do bar, o artista Finho empresta seu talento para a grafitagem do segundo painel temático.

Temas como pan-africanismo, afrobeat, negritude e o próprio Fela Kuti estarão em pauta, quinta, num encontro entre os envolvidos nas atividades da semana, mas com entrada aberta aos demais interessados. A partir das 19h, acontece a terceira exibição de Fela Kuti: A Música é a Arma, seguida de pequenas falas e depoimentos dos realizadores dois projetos que integram o Fela Day. O grafiteiro Zezé Olukemi executa o terceiro painel.

Nos dois últimos dias acontece a confraternização entre  realizadores, artistas, incentivadores, apoiadores e, logicamente, público em geral. Na sexta, acontece uma edição  especial da Festa Afrobeat, com o Sistema Kalakuta. Os DJs Sankofa, Dudoo Caribe, Riffs e Edbrass se revezam, tomando conta da pista numa sequência ininterrupta de afrobeat e gêneros afins. A festa conta também  com poetas e rappers que soltarão seus versos sob bases musicais, exibição de filmes e clipes e grafitagem ao vivo de Neuro, que pintará o quarto painel que comporá a mini-exposição no local.

Finalizando essa sequência de homenagens a Fela Kuti, a cooperativa Rango Vegan une-se à Omosholá Artes Africanizadas para uma grande confraternização, domingo,  em torno da moda conceitual e da alimentação saudável. A tarde terá exibição de documentário, discotecagem, feira, desfile de roupas africanas e venda de produtos alimentícios da Rango Vegan, confeccionados sem nenhum ingrediente de origem animal. A Omoshalá também exibe suas roupas nos outros eventos da semana.

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FICHA
Evento: Fela Day, Fela Week, Fela Forever
Quando: de 15 a 21 de outubro de 2012
Onde: Sankofa African Bar, Praça da Sé e Cooperativa Rango Vegan,


PROGRAMAÇÃO

:: Segunda (15/10), Sankofa African Bar, Pelourinho, 19h
Projeto Qual é a da  Noite?
Exibição de filme:  Fela Kuti: A Música é a Arma (53'),
dos diretores Stéphane Tchal-Gadgieff e Jean Jacques Flori.
Apresentação da peça: CÂNCER (Grupo Ditirambos)
Música: Sistema Kalakuta
Entrada: R$ 10,00 / Casadinha: 15,00

:: Terça (16/10), Praça da Sé, 19h
Roda de break com o grupo Independente de Rua
Especial com música afrobeat
Microfones abertos: rap free-style
Grafite ao vivo: Lee27
Entrada franca

:: Quarta (17/10), Sankofa African Bar, às 19h
Sarau Bem Black- Especial Fela Kuti
Exibição de filme:  Fela Kuti: A Música é a Arma
Música: Dj Joe - Especias Fela Kuti
Grafite ao vivo: Finho
Entrada franca

:: Quinta-feira (18/10), Sankofa African Bar, às 19h
Mini-palestras e bate-papo sobre Fela, afrobeat e o pan-africanismo
Exibição do doc: Fela Kuti: A Música é a Arma
Mini-palestras: Nelson Maca e Fábio Mandingo
Bate papo: integrantes dos projetos que compõe a semana
Música: Dj Sankofa - Especial afrobrat
Grafite ao vivo: Zezé Olukemi
Entrada franca

:: Sexta (19/10), Sankofa African Bar, 21h
Festa Afrobeat com Sistema Kalakuta
(Djs Dudoo Calibre, Edbrass, Riffs e Sankofa)
Exibição do doc: Fela Kuti: A Música é a Arma
Particpação: Poetas e Rappers
Grafite ao vivo: Neuro
MIni-exposição de grafite: Finho, Lee27, Neuro, Zezé Olukemi
Entrada: R$ 10,00

:: Domingo (21/10), Cooperativa Rango Vegan, 15h
FelaVille? / Rango Vegan + Omosholá
Exposição, desfile e comerciaçialização de roupas africanizadas
Música afrobeat, Rap, Reggae, Exibição de curtas e Lanches
Mni-exposição de grafite: Finho, Lee27, Neuro e Zezé Olukemi
Entrada franca


Mais informações: Nelson Maca (9130-4618) / Edbrass (82402034) / Dayane (93300746)

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Fela Kuti: Pai do Afrobeat

O feito que consagra Fela Kuti é a elaboração da música Afrobeat. Chegando ao auge nas décadas de setenta e oitenta, representa uma fusão da música tradicional da Nigéria com as inovações do Highlife de Ghana, além de ritmos cubanos e elementos do jazz. Tudo potencializado no encontro, pontual, com as guitarras e baixos da soul music norte-americana. Definitivamente, há um Fela antes e um depois de sua descoberta de James Brown, que chega em sua vida juntamente com Malcolm X. Daí resultou uma música de pegada brutal justaposta por letras de alta tensão política e racial. Fela afirmou que a politização profunda de sua música, sua descoberta da africanidade real, se deu quando morou nos EUA. A responsável por isso foi Sandra Smith Isidore, sua namorada então, que pertencia aos quadros do Black Panters. Foi ela quem primeiro questionou Fela sobre a importância do que falavam suas letras. Também apresentou a ele a auto-biografia de Malcolm X e a música de James Brown

As canções de Fela quebram totalmente as convenções tradicionais das músicas ocidentais e/ou “comercias”. Para se ter uma idéia, são músicas de 15, 20 minutos ou mais. Introduções longas, improvisações, repetições, chamamentos e respostas. O mais genial é a junção desses elementos em suas performances ao vivo, por se tratar de um instrumentista múltiplo, religioso praticante no palco e também um grande dançarino. Some-se a isso a competência de seus músicos juntamente com os coros e coreografias de suas esposas e não haverá limites conhecidos.

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Documentário: Fela Kuti: A Música é a Arma

Documentário sobre Fela Anikulapo Kuti, dirigido, em 1982, por Stéphane Tchal-Gadgieff e Jean Jacques Flori, "Music Is The Weapon" revela detalhes sobre o artista e a história da música africana. O filme centra-se em declarações do nigeriano  que estabeleceu a relação explosiva entre a música tradicional africana, as novidades do higlife de Gana, os ritmos afro-cubanos e, destacadamente, a influência do jazz e da black   music. A soma deste lastro musical juntamente com a vivência de Fela Kuti com o Movimento Black Power e com o Panafricanismo estabelece a fusão primordial da experiência afrobeat: arte e ativismo revolucionários bem captados neste registro histórico incomparável.

Além da localização da genialidade de Fela Kuti, o documento apresenta imagens do cotidiano do artista, como sua propriedade, a República Kalakuta, e sua casa noturna, África Shrine - ambas declaradas territórios independentes dentro do país. O filme é uma mostra concreta do enfrentamento que faz o “Presidente Negro” ao seu conflitante e violento cotidiano da Nigéria nas décadas de 60 e 70, principalmente. Incrivelmente dançante, a música de Fela Kuti cresce magistralmente sua tensão nas performences ao vivo. Além de tocar vários instrumentos, acompanhado de incrível big band África 70 (depois Egito 80), e de um corpo de dançarinas formado por suas esposas, ele próprio era  cantor e dançarino. Enfim, além de sua expressão estética permeada por suas práticas religiosas e espirituais, o vídeo valoriza o pensamento político do artista mais revolucionário que a África.

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