terça-feira, 31 de maio de 2011

Hoje tem Sarau Bem Black

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Sarau Bem Black

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Hoje - Sankofa African Bar - Pelourinho
19:30 - concentração / 20h - Poesia

Com: Heider Gonzaga, Lucinha Black Power, Lázaro Erê,
Luiza Gata, Robson Veio, Rone Dundun, Zezé Olukemi

E o balanço black do Dj Joe

Venha e traga seu poema!

A Energia Poética da Blackitude é Positiva!

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segunda-feira, 30 de maio de 2011

LANÇAMENTO/ FELA: Esta Vida Puta!

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Carlos Moore lança biografia de Fela Kuti

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Em Salvador,
será no dia 03/06/2011
na Casa de Angola
às 18h

João Pessoa 01/06
Recife 02/06
Salvador 03/06
Rio de Janeiro 09 e 11/06
Belo Horizonte 14/06
São Paulo 24/06
Porto Alegre 29/06

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terça-feira, 24 de maio de 2011

Abdias Nascimento

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Sem Palavras, Irmão!!

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Apenas muitíssimo Obrigado por nos Ensinar a
REAÇÃO CONSEQUENTE!


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Um poema de Ângelo Flávio



ABDIAS


Abdias meu amigo
Hoje 24 de maio, terça feira
O Orum enfeitado te abraça,
Daqui uma saudade vestida em lágrimas
- Ainda estou aprendendo a re-nascer-
Daí uma Celebração
Ogun , Oxum e Yêmanjá,
Organizaram a tua festa,

TODOS OS ORIXÁS CELEBRARAM ÀS TUAS HONRARIAS.

Meu amigo ,
Meu irmão,
Teu ativismo não foi em vão
Tua luta continua viva em meus punhos
Tua resistência ecoa
Em cada melhoria,
em cada avanço,
em cada ato de Democracia espalhados em nosso País.

Tua escrita,
É a nossa escrita
É o grito dos oprimidos sedentos por justiça,
È a coragem de todos os militantes convictos na luta,
É a sede transbordante de coragem.

Vejo o brilho,
Nos olhos de uma criança Brasileira à atravessar o mundo,
E lá vc reside .
Descanse em Paz meu irmão.

(Ângelo Flávio)
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terça-feira, 17 de maio de 2011

Cuti - Escritor e Ativista em Salvador

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Biografia de Lima Barreto tem lançamento
em Salvador


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O escritor paulista Cuti autografa e conversa com o público
quarta
(25/05) no Sarau Bem Black


O escritor paulista Cuti, um dos mais importantes autores e estudiosos da literatura negra brasileira, vem a Salvador lançar seu mais recente trabalho: a biografia Lima Barreto, estudo sobre a vida e obra do escritor carioca. Convidado do coletivo Blackitude, Cuti participa da edição do dia 25/06 (quarta-feira) do Sarau Bem Black no Sankofa African Bar (Pelourinho), quando autografa o trabalho e bate-papo com o público. A programação, gratuita, começa a partir das 19h.

A biografia é o sétimo volume da Coleção Retratos do Brasil Negro, da editora Selo Negro, que destaca nomes significativos da cultura e da militância negra do país. Mestre e doutor em literatura, Cuti analisa a produção de Lima Barreto (1881-1922) e mostra a atualidade dos problemas que ele apontou no início do século XX em contos, crônicas e romances. “Ainda hoje, seus livros travam uma luta contra as forças de exclusão social, muito poderosas no Brasil. Elas interferem na cultura, em especial nas artes, que têm o poder de alimentar nosso imaginário”, afirma Cuti.

Além de falar sobre sua pesquisa, Cuti é o convidado especial do Sarau Bem Black, que acontece todas as quartas no Sankofa African Bar. Na segunda parte do evento, ele sobe ao palco para mostrar alguns de seus poemas, publicados em livros como Poemas de Carapinha (1978), Negroesia (2007) e Poemaryprosa (2009). Cuti, pseudônimo de Luiz Silva, tem 59 anos, foi um dos fundadores da organização literária Quilombhoje e um dos criadores e mantenedores da série Cadernos Negros, que publica poemas de autores negros de todo o país desde os anos 80.

O Sarau Bem Black é coordenado pelo poeta e professor Nelson Maca. Além dos poetas residentes, o microfone é aberto à plateia, para que possa exercitar sua poesia em público. Desde sua inauguração, em setembro de 2009, o sarau conta com a presença constante do Dj Joe, que homenageia, semanalmente, um artista ou conjunto da música negra mundial. Para a edição que recebe Cuti, haverá uma seleção de samba rock, ambientando e dialogando com os poemas declamados.

A agenda de Cuti em Salvador inclui participação na Semana de Letras da UCSal. Ele ministrará o minicurso Literatura Negro-Brasileira, dias 26 e 27, das 8h às 12h, no Campus da Lapa, com inscrições a R$ 10,00. As inscrições já estão abertas no Centro Acadêmico de Letras no Campus da Lapa. Também no dia 27, o escritor segue para o Instituto de Letras da UFBA, onde fecha sua agenda oficial na Bahia num bate papo com alunos cotistas e bolsistas dos projetos Rasuras, PET - Comunidades Populares, e Conexões de Saberes, a partir das 15h.

Tudo sobre Cuti e sua obra: http://www.cuti.com.br/


SERVIÇO

Evento I: Sarau Bem Black – Recital Poético

e lançamento do livro Lima Barreto de Cuti
Quando: 25/05 (quarta-feira), às 19h
Onde: Sankofa African Bar (Pelourinho)
Realização: Blackitude: Vozes Negras da Bahia
Entrada Franca

Evento II: Minicurso “Literatura Negro-Brasileira”

e lançamento do livro Lima Barreto de Cuti
Quando: 26 e 27/05 (quinta e sexta-feira), das 8h às 12h
Onde: Campus Lapa – Auditório / Rua Joana Angélica
Realização: Semana de Letras da UCSal (8119-4890 / 9182-2226)
Inscrição: Centro Acadêmico de Letras / R$ 10,00

Evento III: Bate-papo com alunos cotistas e bolsistas

e lançamento do livro Lima Barreto de Cuti
Quando: 27/06 (sexta-feira), às 15h
Onde: Instituto de Letras da UFBA / Campus de Ondina
Realização: Projetos Rasuras, PET- Comunidades Populares e
Conexões de Saberes (9917.1390)
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Lima Barreto/Coleção Retratos do Brasil Negro


O sétimo volume da Coleção Retratos do Brasil Negro traz a biografia de Afonso Henrique de Lima Barreto (1881-1992), um dos maiores escritores brasileiros de todos os tempos. Autor de grandes clássicos da literatura nacional, produziu romances, novelas, contos, crônicas e diários. Vítima de preconceito por ser negro e pobre, só teve a obra reconhecida décadas após sua morte.

Autor de obras-primas como Triste fim de Policarpo Quaresma e Recordações do escrivão Isaías Caminha, ele foi duramente rechaçado pelos críticos. Cuti analisa a produção do escritor e mostra a atualidade dos problemas que ele apontou no início do século XX. Dividido em três partes, o livro destaca vários aspectos da obra barreteana, abordando também as manifestações que ela provocou e ainda é capaz de provocar. Analisando a consciência crítica do escritor, Cuti mostra que ele experimentou um ângulo de visão social muito diferenciado em sua época. Na sua avaliação, a obra de Barreto ajuda a fazer analogias entre o passado e o presente e pode causar um verdadeiro incômodo intelectual e emotivo.


Além da prosa de ficção, Barreto escreveu artigos e crônicas publicados em jornais e revistas, abordando temas intrigantes e polêmicos, tais como: corrupção na política, violência contra a mulher, ostentação social, futebol e violência, parcialidade da imprensa, literatos esnobes e hermetismo, entre outros. “Ele nos deixou um amplo e pulsante painel da vida cotidiana de seu tempo, alcançando-nos com sua capacidade de revelar e problematizar questões perenes, universais e aquelas para as quais o povo brasileiro ainda não conseguiu encontrar solução”, avalia Cuti.

Os capítulos mostram que a obra de Barreto transgride a noção de literatura como imitação de modelos. Segundo o pesquisador, ela se afasta do propósito de arte literária evasiva, de fuga da realidade por parte do escritor e do leitor. “Seus textos impactam porque atuam no sentido oposto. Buscam expressar a realidade. Por isso, ele desrespeitou regras, sobretudo as dos gêneros e padrão de linguagem”, afirma, lembrando que, além de produzir literatura, o escritor também refletiu e escreveu sobre ela.

Tudo sobre Cuti e sua obra: www.cuti.com.br


FICHA

Livro: Lima Barreto – Coleção Retratos do Brasil Negro
Autor: Cuti
Editora: Selo Negro Edições
Preço: R$ 22,00 (128 páginas)

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ENTREVISTA/ Cuti -

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ENTREVISTA EXCLUSIVA / CUTI

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Às vésperas de sua chegada em Salvador, para mais uma jornada literária e ativista, Cuti comenta essa viagem e outras demandas de sua trajetória, entrando em searas familiares para nós, os negros, e para toda e qualquer pessoa interessada na literatura “negro-brasileira” e/ou engajada na luta conta o racismo.

O escritor fala de sua variada obra, que circula pela poesia, narrativa e drama, além de sua produção ensaística. Ele declara sua afetividade pela Bahia e localiza o grupo Opanijé entre as experiências musicais do rap nacional que curte. Não deixa nunca de destacar sua admiração pela obra de Lima Barreto e Cruz e Souza. Também compara os saraus periféricos atuais com as históricas “rodas de poesia”.

Durante sua estada na cidade, Cuti participa do sarau Bem Black (25/05), ministra o minicurso “Literatura Negro-Brasileira” na XII Semana de Letras da UCSal (26 e 27/05), além de bater um papo com os alunos bolsistas dos Projetos Rasuras, PET Comunidades Periféricas e Conexão de Saberes (27/05), lá no Instituto de Letras da UFBA.

Em cada etapa dessa programação, autografará seu novo livro: Lima Barreto (Selo Negro; 128 páginas).

Aperte os cintos e bem-vindo a mais essa viagem de informação e formação a bordo do Gramática da Ira.
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Gramática da Ira (GI) - Cuti, você pode nos falar um pouco sobre sua relação com a Bahia, que importância o Estado tem na sua trajetória de homem negro, militante e escritor? Que expectativas você tem nesta sua nova jornada literária soteropolitana de 25 a 27 de maio?

CUTI - A maioria de nós negros brasileiros do sul e sudeste traz consciente ou inconsciente a história das viagens determinadas pelos ciclos econômicos, principalmente cana, minério e café. Os tambores chamam para o retorno. Em 1972 estive em Salvador. Saí de Santos com a mochila nas costas. Fui por desejo de conhecer a terra de tanta simbologia negra. Depois, com o tempo, vieram os laços, dos quais destaco Jônatas Conceição, Ana Célia e Ivete Sacramento, pessoas com as quais aprendi muito sobre Bahia e consciência negra. Daí a identidade foi ficando cada vez mais reforçada. Há comigo algo muito particular em relação ao mar de Salvador. Contemplá-lo faz se elevar em mim um tempo além do meu. Não sou místico, mas a sensação que tenho é que fico diante de uma memória partilhada, coletiva, que transcende o conhecimento livresco e mergulha meus sentidos no mistério denso que alimenta a minha literatura. Portanto, apenas continuo reforçando meus laços. Não costumo ter muitas expectativas quanto às minhas atividades literárias, tais como a que pretendo realizar nos dias acima citados. Isso é uma defesa contra as frustrações que, em um país tão avesso à leitura como o nosso, acabam se sucedendo. Vou para cumprir minha determinação de falar de literatura negro-brasileira, dizer poemas, dialogar e na perspectiva de encontrar os queridos amigos, em especial os escritores negros da cidade. Nosso cochicho intelectual é fundamental para o desenvolvimento de nossa literatura.




GI. Sua agenda em Salvador incluirá também um minicurso de “Literatura Negro-Brasileira” na XII Semana de Letras da UCSal e visita ao Sarau Bem Black, além de um bate-papo com estudantes cotistas e bolsistas de projetos acadêmicos específicos no Instituto de Letras da UFBA. Como você avalia essa agenda?

CUTI - A agenda é muito boa. Espero estar à altura dos questionamentos e da movimentação. Da academia para o sarau vai uma distância que não devia existir. A primeira faz um papel racionalizador em torno do texto enquanto o segundo potencializa o texto escrito com a alta voltagem emocional da oralidade. O bom é poder realizar vasos comunicantes entre as duas instâncias do saber.

GI. Quando você sentiu que era realmente um escritor? Em que momentos específicos a poesia, a prosa e a dramaturgia se tornam vitais para você? Quando aparece o teórico? Por quê?

CUTI - Desde pequeno eu percebi que brincar com o imaginário era também uma possibilidade de revelação do mundo. Minhas brincadeiras de infância tinham a imaginação como base e a criação de personagens como encantamento maior. Minha avó com suas histórias foi a grande inspiradora desta minha atividade. Ainda no nível básico, em aulas de redação, comecei a sentir essa benção que é poder escrever. Foi como aprender a andar com pernas de nuvens e adentrar o lado obscuro das coisas e das pessoas. Não há um momento específico. A sensação de prazer e realização com a escrita foi se fazendo silenciosa e gradativamente, ganhando cada vez novos sentidos e envolvimento pessoal, de mim para comigo mesmo, e de mim para com outras pessoas, pois literatura é, antes de mais nada, relação humana. Não me considero um teórico. Fui estudar Letras para complementar as deficiências de quem nasce em família pobre, sem hábito da leitura. Daí, fui tomando gosto pelo estudo literário, apesar de certas chatices que ele apresenta. Fiz mestrado e doutorado no mesmo sentido e, também, para poder elaborar algo sobre dois autores de minha profunda admiração: Cruz e Sousa e Lima Barreto. Sabe, nós – escritores negros – nos deparamos sempre com o processo desanimador do racismo. Ele tem por base desqualificar nossos textos com o fito de tirar nosso entusiasmo. Eu, também, precisava conhecer os paradigmas dos que diziam que questão racial não tinha a ver com literatura e porque diziam isso. É uma grande hipocrisia o supremacismo branco. A epiderme do texto fala seu abismo, um abismo que não querem que expressemos. Essa também é uma razão que me levou para a universidade. No mais, como todo mundo, a busca de uma profissão para sobreviver dignamente.



GI. Dia 12 de maio foi lançado seu novo livro, Lima Barreto, em São Paulo (e dia 25 em Salvador). Você pode nos falar um pouco da obra e da importância dela pertencer a um selo voltado para as questões da Negritude e, mais ainda, dentro de uma coleção voltada para “retratos do Brasil negro”?

CUTI - Tento recuperar o Lima desse estigma que preju
dica muito a fruição de sua tão valiosa obra, o estigma da inferioridade estilística e ideológica. É um autor que, por conta da pobreza, do alcoolismo e da loucura, acabou virando personagem de quantos racistas quiseram desqualificar a contundência de sua posição estético-ideológica. O branco, em geral, suporta muito mal a dimensão subjetiva do negro. Isso porque, nessa dimensão, ele – branco – está profundamente envolvido, seja por um processo de culpabilização que implica vergonha, seja pelo incômodo de não entender seu racismo crônico. Isaías Caminha, por exemplo, expõe seu ressentimento. É comum, ainda hoje, encontrarmos gente censurando o ressentimento. Afinal, o que querem essas pessoas? Ressentimento é um estágio fundamental da consciência indignada. Sem ele ninguém dá o passo para as ações transformadoras. Aqueles que vivem usando o riso falso como pára-raios vivem chocados e vão esticando a corda de si mesmos até se arrebentarem. Ninguém consegue enganar a si mesmo o tempo todo. O Lima Barreto nos ensina o enfrentamento. Isso é algo que tento trazer nesse estudo. A importância do selo e da coleção mostra que o Movimento Negro foi capaz de criar uma demanda no país. Estar o livro nesse nicho para mim tem o lado positivo e negativo. Os racistas sempre usaram o argumento de que o racismo não existe e de que falar nele é acendê-lo. Assim, qualquer produto que diga respeito à identidade negra eles tendem a acusar de particularismo e, assim, desqualificar. Infelizmente, há muito branco racista em postos de comando nos organismos culturais e eles vivem prejudicando nossas iniciativas com seus argumentos sujos de privilégios. Esse é um ponto. A positividade está no sentido de que a identidade de meu livro está definida de pronto. Quando a organizadora da coleção, Vera Lúcia Benedito, apresentou-me o desafio de escrever este livro em um tempo muito curto, hesitei por não gostar de escrever a toque de caixa. Mas, muito incentivado pela professora da Uneb, Maria Anória de Jesus Oliveira, resolvi enfrentar o desafio por ser uma oportunidade a mais de expor e firmar a minha filiação intelectual com outros autores negros.

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GI. Além de Lima Barreto, você pesquisa a obra de outro ícone negro e polêmico da Literatura Brasileira: Cruz e Souza. Ambos desfrutam “um pouco mais” de espaço nos estudos acadêmicos e seus desdobramentos pedagógicos. No entanto, os livros deles são praticamente desconhecidos da militância negra como um todo. Qual a importância da difusão e discussão desses autores entre os ativistas?

CUTI - A literatura entre os ativistas negros ainda é muito pouco consumida. Eles preferem mais a antropologia e a sociologia. Talvez por um equívoco de não levar em conta que a arte literária é uma forma de conhecimento que envolve não só o raciocínio, mas também os sentimentos e as emoções. Aliás, creio que o desinteresse pela leitura atinge também uma considerável parcela da militância negra. Essa é uma das principais razões que limitam as ações do Movimento Negro. Sem leitura, tudo fica mais difícil, inclusive a própria compreensão de si mesmo. Cruz e Sousa, a seu modo, nos põe em contato com a convulsão interior daqueles que se indignam em face das limitações do mundo e dos limites pessoais. Sua poética é reveladora de uma consciência em profusão verbal que os críticos brancos desvalorizaram, mas é de suma importância para nós, pois nos ensina o quanto a verbalização veloz tem a ver com a nossa retenção emocional e subjetiva. Lima Barreto é mestre do desmascaramento social e acena para a importância do despojamento da linguagem para atingir nosso povo, além da ousadia que se precisa ter para ir além dos limites de regramentos no campo da escrita.

GI. Consta em sua produção literária um disco em parceria com Carlos Assumpção. Qual a importância desse trabalho em sua carreira literária? Você tem outros trabalhos feitos ou projetos futuros nessa linha de registro oral?

CUTI - O Carlos de Assumpção é um grande declamador e é meu amigo do coração. A importância desse trabalho foi oralizar a escrita e perceber que esse é um processo viável e legítimo de comunicação. Além disso, foi a oportunidade de conviver com um ícone da poesia negro-brasileira e com ele aprender muita coisa. Projetos nessa linha tenho, sim, de realizar algo em parceria com pessoas como Vera Lopes, Cristiane Sobral, Raphão Alaafin, Akins Kinte e outros militantes da oralização poética negra. Mas são projetos ainda no limbo, em sua maioria, tendo em vista o corre em que as pessoas vivem com suas múltiplas atividades, inclusive eu.

GI. Que espaço a leitura e declamação de poesia ocupa em sua vida hoje? De forma geral, como você avalia essas práticas?

CUTI - Hoje tenho declamado muito pouco. Mais em eventos para os quais sou convidado. Acho a prática muito salutar. Ele recupera o sentido coletivo da poesia, o de partilhar de forma quente o potencial metafórico da comunicação, além de ser um fator de saúde para a memória.



GI. Você é um dos principais incentivadores de uma dramaturgia negra no Brasil. Inclusive faz parte de um pequeno e seleto grupo de escritores que se dedicam a esse gênero. Você pode falar um pouco de sua obra para teatro e também um pouco da dramaturgia negra no Brasil de forma geral? O que se mostra mais promissor à “dramaturgia negro-brasileiro”: a televisão, o teatro ou o cinema?

CUTI - Eu estou em falta com o teatro. Pretendo escrever muito mais nessa área, mesmo sabendo da importância que a crítica literária dá para o romance e das dificuldades do gênero dramático para alcançar o palco. Eu tenho comigo que nós precisamos de peças de demarcam a personagem como indivíduo singular e não como tipo ou fragmento do grupo de negros. Com a singularidade podemos apresentar melhor a nossa humanidade, mostrar que somos diferentes uns dos outros, que temos sentimentos profundos, contradições, anseios e somos capazes de superação. É trabalhando com a singularidade que podemos vencer com mais ênfase o racismo brasileiro, pois, com ela, paradoxalmente, o coletivo aparece mais forte. Meus textos tem tido um tanto desse apelo, mas não descuido de algo que considero importante: a militância negra enquanto matéria ficcional. É falso hoje em dia imaginar que uma personagem com consciência negra é inverossímil. Com o advento da dramaturgia do diretor, o autor dramático foi sendo descartado. Os grupos preferem montar suas próprias criações coletivas. Ocorre que, salvo exceções, isso resulta em falta de amarração. As apresentações seguem o padrão das colagens. Você sai do teatro sem se impactar, sem levar questões para casa. Às vezes o espetáculo é bem montado, mas fica ali, não incomoda, por mais palavras militantes que são lançadas ao vento dos diálogos e das performances. Esse vazio ocorre porque falta o drama aprofundado do indivíduo, falta a história que nos faça nos preocupar com alguém ou com o nosso próprio destino pessoal. Sinto falta de densidade humana nos espetáculos. O teatro, apesar de ainda ser caro para produzir, é mais barato do que a TV e o cinema. Por essa razão talvez seja mais viável para uma população pobre, embora eu considere que todos os veículos sejam viáveis, especialmente o cinema alternativo.

GI. Você percebe realmente a existência de uma estética que possibilite admitir o conceito “Literatura negro-brasileira”? Quais são os paradigmas que sustentam essa produção?

CUTI – Sobretudo a identidade subjetiva. Do soneto ao poema experimental essa identidade se configura no vocabulário e no posicionamento desde dentro – como diria o sociólogo negro Guerreiro Ramos – do sujeito enunciador, além dos temas ligados à matriz africana e a intertextualidade crítica em relação ao cânone literário brasileiro.



GI. Você pode contextualizar a “Quilombhoje” e os “Cadernos Negros”? Revendo essas três décadas de história, que transformações mais efetivas você percebe na poesia e no conto brasileiro?

CUTI - É uma longa história, possível de aqui apenas eu dar umas pinceladas. Os autores têm feito de suas trajetórias individuais um refinamento da dimensão coletiva. Há muita gente escrevendo apenas para “ser escritor”, ou seja, com aquelas veleidades de se tornar importante. A essas pessoas uma noite de autógrafos satisfaz, ou um elogio qualquer de algum parente ou de prefaciador de seu livro ou crítico. Contudo, tem uma turma que se percebe histórica e esteticamente no contexto do Brasil. A atividade do Quilombhoje e dos Cadernos Negros possibilita o acolhimento a esses escritores conscientes da arte e do ônus da escrita literária. Esse acolhimento inicial é muito importante, pois nos tira daquele isolamento intelectual que é uma das versões cruéis do racismo brasileiro. Muita coisa mudou, mas algo importante permanece, o sentimento de pertencer a um coletivo. Da época em que surgiram os Cadernos Negros (1978) e o Quilombhoje (1980) para cá muita coisa mudou. Surgiram iniciativas importantes no contexto das periferias das grandes cidades. Em São Paulo, as Edições Toró têm feito um trabalho que está dando bons frutos na cena editorial brasileira, publicando autores cuja experiência de vida vem sendo plasmada em uma dicção muito criativa, vazando posturas críticas sobre a nação. A desidealização da figura do escritor é o maior contributo dessas iniciativas. Não é preciso ser branco, de classe média, universitário para se escrever poemas, contos, romances, peças teatrais. E também não é preciso ser abençoado pelas musas. Agora, uma coisa que está faltando é o incremento da leitura, o que é fundamental para qualquer escritor. Escritores como Akins Kinte, Elizandra, Sacolinha e tantos outros têm produzido textos interessantes. O cenário brasileiro é muito amplo e a dificuldade de acesso às obras tem sido um grande obstáculo para o desenvolvimento literário, pois aqui se publica muito, porém as edições são muito pequenas, a maior parte delas indo de 300 a 1000 exemplares. Além disso, o pior: a desleitura. A criança vai à escola, aprende a ler mal, sai e não lê mais, não se torna leitora. Quanto à poesia brasileira de maior veiculação nos meios tradicionais das livrarias, ela parece ter perdido o interesse para com os destinos do país e caído em certo niilismo urbanóide. Nesse sentido, a vertente negro-periférica tem dado uma resposta diferenciada e consequente.



GI. Você tem acompanhado o movimento dos chamados “saraus periféricos” em São Paulo? É possível estabelecer relações entre eles e as denominadas “rodas de poemas” das quais você é um dos protagonistas? Como você percebe a presença da negritude nesses espaços?

CUTI - Tenho acompanhado muito pouco esses saraus, embora já tenha freqüentado alguns deles. Contudo, creio que há um conflito que se enuncia. É um conflito de identidade. Quando digo conflito não estou me referindo a uma necessária oposição. Creio que a idéia de periferia tem servido para alguns negro-mestiços de mote pra camuflar seu conflito racial. Periferia é um termo de localização espacial e econômica. Conversando com uma poeta negra periférica, ela me dizia que, apesar de sua identidade espácio-econômica, ela não via a hora de poder se mudar para um local de melhor qualidade de vida, pois não aguentava mais a violência e as condições precárias de seu bairro. Os saraus, no meu entender, estão inserindo a literatura para revelar como se configuram tais conflitos, além da busca da identidade negra que é histórica. A oposição entre classe e raça que a esquerda racista brasileira sempre tentou apresentar ainda hoje continua sendo manipulada, agora com a noção de periferia. Como eu dizia, o conflito está na superação dessa oposição ideológica que, no meu modo de entender, é falsa. Entretanto, assumir-se como negro não implica, necessariamente, assumir-se como periférico geográfico, mas sim como periférico em face do poder historicamente branco. O critério geográfico é precário. As pessoas mudam de bairro, de cidade, de status social. Mas ele é profundamente humano, pois o espaço onde se mora condiciona muito o nosso comportamento e nossas fantasias. Creio que a identidade negra funcionaria aí como uma dimensão mais abrangente por conter perspectiva histórica. Afinal, a luta quilombola, por exemplo, se configurou também por uma luta territorial. A identidade negra, entretanto, por não se limitar ao território, reconfigura a periferia nas instâncias do poder político, cultural, estético etc. Os saraus têm sido, a meu ver, o caldeirão em que se cozinham todas essas questões. Do ponto de vista da forma, há diferenças em relação às rodas de poemas. Estas não têm a perspectiva de apresentação, mas de fruição lúdica e interação coletiva. Canta-se, toca-se, dança-se e declama-se num continuo, sem a personalização dos declamadores; não há a estrutura que divide os artistas e o público expectador; todos, no momento da roda, estão em uma comunhão, que não distingue quem é e quem não é poeta. Os saraus, geralmente realizado em bares, se configuram como espetáculos para um público que vai lá para beber cerveja e ouvir poemas. Na roda, em geral, quem está lá foi para ouvir poemas ou para um evento cultural (lançamento de livro, palestra, congresso etc) ou apenas para a própria roda. O público, portanto, acaba sendo um pouco diferente. A estrutura formal do sarau, com apresentação dos artistas, espaço cênico, microfone de pedestal etc, difere do espaço da roda que é um espaço circular feito de pessoas. As duas formas são válidas; veiculam literatura, sentimentos e idéias. O sarau parece ser mais autoritário, entretanto, que a roda de poemas, pelo seu formato. A roda de poemas, entretanto, por não ter uma preparação prévia muitas vezes cai no apenas lúdico. Agora, a roda é mais negra do ponto de vista da herança cultural africana, reflete melhor o jeito negro de ser. Ela vem da tradição dos xirês, dos sambas de roda e das rodas de samba. Roda, roda, roda poesia ô lelê!...

GI. E a música, que importância e sentido ela traz para a construção de sua pessoa e, logicamente, para seu trabalho ficcional? Qual é a trilha sonora essencial de sua vida?

CUTI – Não me dedico à música no sentido da criação. Contudo, creio que ela é essencial para a minha formação intelectual e para o desenvolvimento de minha sensibilidade para a poesia, mais do que para a ficção. Para mim, poema passa pela musicalidade, como passa pela metaforização das palavras. É preciso ser significativo aos ouvidos e à nossa imaginação. A trilha sonora essencial de minha vida são as batidas de meu coração e as do coração da mulher amada.

GI. Você tem acompanhado o Rap brasileiro? Caso afirmativo, o que você destacaria naquilo que você conhece?

CUTI – Posso dizer que sou semialfabetizado em rap. Ainda assim, gosto muito de Raphão Alaafin, Racionais, Negra Li e do Opanijé. E gostaria de salientar, pelo mais que ouvi, que é a vertente musical brasileira mais criativa no momento, pela riqueza de experimentação rítmica e pelo conteúdo político, superando essa mesmice de “meu amor me deixou”, “não sei viver sem você”, “quero fazer amor”, “boquinha da garrafa” e outras idiotices românticas e pornochanchadas que só imbecilizam nosso povo. É uma pena que as rádios, em sua maioria, mantêm o rap consequente amordaçado no silêncio para o grande público.


.Justificar
GI. Como você descreveria o Cuti ativista do movimento social negro hoje? Que transformações - de concepção e de práticas - mais acentuadas você destacaria na sua trajetória de militante? Que perspectivas de futuro Cuti vislumbra ao “dilema” do negro brasileiro?

CUTI – Não gosto de falar de mim. Tem pavor do cabotinismo tão usual hoje em dia, com essa mania generalizada de marketing pessoal, de “eu me ufano de mim”.. Em geral, as pessoas quando falam de si, mentem. E eu já tenho muitas contas a ajustar comigo mesmo para me arriscar a contrair outras. Quanto às perspectivas para o que você chamou de dilema do negro brasileiro, creio que nós deveríamos falar em dilema racial brasileiro. Acho mais apropriado, pois a questão racial não é do negro, mas do branco e do mestiço também, inclusive daqueles descendentes de orientais. Falou que é brasileiro, está envolvido. Quanto a isso, acho que as ações afirmativas já estão dando resultado promissor de maior integração de nosso povo. A luta no campo ideológico tem também trazido avanços como, por exemplo, no sentido de desmistificar grandes nomes no plano cultural, como o racista Monteiro Lobato. Com o debate, muitos racistas estão saindo do armário. Melhor. Assim, vamos conhecendo quem é quem na questão racial. Nada de apenas “beleza pura”. Queremos grana também, universidade, profissões melhores, poder. Há um movimento acadêmico quem tem insistido no culturalismo da questão racial, tentando promover aquela idéia de cultura asséptica, sem conflito, sem reivindicação. É um propósito de esvaziar as conquistas do Movimento Negro nacional. Isso sempre existiu por parte dos brancos, mestiços e negros alienados. Já na primeira metade do século XX, quando os negros militantes faziam congressos negros essa outra turma fazia congresso afro-brasileiro. Enquanto uns discutiam como reivindicar melhor vida para seu povo, os outros discutiam a influência da culinária africana no Brasil. Não tenho dúvida: no futuro, nós negros alisaremos e rasparemos menos nossos cabelos e teremos criado uma nova estética para o Brasil, não apenas capilar, mas também artística, além de uma política mais justa para todos, a partir da nossa experiência histórica coletiva.




(Entrevista para Nelson Maca – 16/5/2011)


Foto1. Cuti
Foto2. Akins Kintê
Foto3. Raphão Alaaphin


Informações sobre Cuti e sua obra: www.cuti.com.br
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In.vés / Olha onde a favela chegou!

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Saiba mais sobre o "in.vés" e seu cd Primeira Passagem

Leia entrevista no:
http://httpwwwfamilia-stncombr.blogspot.com/

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domingo, 15 de maio de 2011

Ceres Santos manda avisar:

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Discutindo as Cotas!

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C onvite

Na manhã de 17 de maio de 2004, o auditório da Reitoria da Universidade Federal da Bahia (UFBA) ficou pequeno para abrigar estudantes negros/as, ativistas, representantes de entidades negras, parlamentares e docentes. É que aconteceria uma sessão histórica do Conselho Superior: a votação de um programa de políticas de Ações Afirmativas, resultado das investidas de um grupo de entidades, coordenado pelo CEAFRO/ CEAO/UFBA - denominado Comitê Pró-cotas. O programa aprovado não foi a proposta inicial, mas fruto de embates e negociações entre a sociedade civil e a UFBA.

Aprovado para vigorar 10 anos, o Programa de Ações Afirmativas da UFBA passará por avaliação institucional em 2014, o que definirá a continuidade ou não do mesmo. Neste sentido, surge a necessidade de discutirmos os resultados e limites das ações implementadas a fim de traçarmos estratégias coletivas na luta por políticas educacionais antirracistas.

Propomos o início de uma ampla discussão sobre a adoção do Programa de Ação Afirmativa na UFBA - contextualização histórica, análise dos impactos desse programa etc, a partir da roda de conversa: Sete anos de cotas na UFBa. E daí?

LOCAL - Auditório Milton Santos, no CEAO, Pça Inocêncio Galvão, 42, Largo
Dois de Julho – SSA/Ba
DATA – 17 de maio de 2011, 3ª feira
HORÀRIO - Das 17h30 às 21 horas

CEAFRO/UFBa
Conexões de Saberes
Insituto Cultural Steve Biko
NENU
Programa Preparatório para a Promoção da Igualdadae Étnico-Racial na Educação (CEAO/UFBA)

(DIVULGAÇÃO)

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Divergente é Quem Diverge!

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"O que chamo de Literatura Divergente antecede o surgimento do conjunto de procedimentos e traços que a conformaria e delimitaria formalmente...

embora devam existir em seu momento definidor, não deixam de divergir de “verdades” mais amplas.

Refiro-me ao fato de que, voluntariamente, a razão de ser da postura literária Divergente é o desvio dos cânones circunstanciais e conjunturais pré-estabelecidos e que se arrogam uma verdade universal com disfarces de naturalidade."

Nelson Maca

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Brasília vai ser Só Balanço, eu sei!

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Dexter numa Encruzilhada Federal




Tenho falado diariamente com GOG e regularmente com outros parceiros de Brasília. A cidade está aquecida para finalmente receber o showzaço de Dexter e seus Convidados:

GOG -
Mano Brown - Edy Rock - Douglas - Dj KL Jay

Tive a oportunidade de estar algumas vezes com Dexter em Salvador nos últimos dias.

Mais de uma vez, vi-o cantar em condições amadoras, porém extremamente sinceras e comoventes. Numa delas, no Quilombo da Chota, ele fez seu pocket show acompanhado do Dj KL Jay.

Quem estava lá viu um momento raro do Rap nacional! Nooosa!

Fico imaginando como será sua performance numa estrutura profissional, de ponta...

Difícil não querer conferir essa verdadeira celebração em Brasília. MCs de responsa, vitais para a história do Rap nacional, dividindo o mesmo palco. Comemorando a Liberdade do Corpo, da Mente, do Espírito e da Expressão.

Tudo embalado por um Dj "monstrão"!!

Por isso, é de hoje que tô aqui, articulando minha ida para Brasília!

Por saber o quanto essa celebração representará para o futuro próximo do Hip Hop Nacional, quero muito estar lá.

Na manha e na mandinga, gostaria de me embrenhar também nessa Encruzilhada Capital!


Nelson Maca

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Preto Will Cooperifa e Nelson Maca Blackitude

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Pretto Will - Parceiro Fiel da Black Sampa

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Vasculhando a Internet, achei essa imagem com meu soul brother PrettoWill, do grupo de rap Versão Popular lá de São Paulo. Sempre que vou à Cooperifa, curto pra caramba esse cara cantando. Mas antes eu só fica de longe, na minha, na instiga...

Até que um dia resolvi convidá-lo a particpar comigo na declamação de meu poema "Encruzilhada", e ele topou.

Muito massa! Gostei demais...

Depois fizemos outras apresentações juntos e planejamos gravar algo ainda este ano.

Essa foto é do lançamento de A Rima Denuncia (GOG) lá bar no Nova Lua Nova no Bixiga, em setembro de 201o. Espero que outros dias (noites) como esse me permitam estar ao lado deste Black Boy que admiro demais.

Salve Salve, Pretto Will
Sempre meu Respeito, Parceiro!


Nelson Maca

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terça-feira, 10 de maio de 2011

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Sarau Bem Black

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Sankofa African Bar - Pelourinho
Quarta-feira, 11 de maio, 19:30h

Com: Heider Gonzaga, Lázaro Erê, Lucinha Black Power,
Luiza Gata, Nelson Maca, Robson Veio, Rone Dundun, Zezé Olukemi

Dj Joe toca : Boney M
(Bem Blacks Sacundim Bem Disco)

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Venha e traga seu poema!
A Vibração Poética da Blackitude é Positiva!

Nelson Maca

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sexta-feira, 6 de maio de 2011

LANÇAMENTO/ "Lima Barreto" de Cuti

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Novo livro de Cuti comenta a vida e a obra de Lima Barreto

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Lançamento: Lima Barreto de Cuti
(Coleção Retratos do Brasil Negro)

Livraria Martins Fontes - Av Paulista, 509 - São Paulo-SP
Dia 12 de maio / Quinta / Das 19h às 21h:30min / 2167-9900


(O lançamento em Salvador será no dia 25 maio, quarta-feira, no Sarau Bem Black, com a presença do autor. Em breve, o blog Gramática da Ira anuncia a programação completa de Cuti na cidade)


Lima Barreto

O sétimo volume da Coleção Retratos do Brasil Negro traz a biografia de Lima Barreto, um dos maiores escritores brasileiros de todos os tempos. Autor de grandes clássicos da literatura nacional, produziu romances, novelas, contos, crônicas e diários. Vítima de preconceito por ser negro e pobre, só teve a obra reconhecida décadas após sua morte.

Afonso Henriques de Lima Barreto (1881-1922) entrou para a galeria dos escritores “malditos” ao usar uma linguagem coloquial e criticar abertamente a sociedade hipócrita e racista de sua época. Autor de obras-primas como Triste fim de Policarpo Quaresma e Recordações do escrivão Isaías Caminha, ele foi duramente rechaçado pelos críticos. No livro Lima Barreto (128 p., R$ 22,00), sétimo volume da Coleção Retratos do Brasil Negro, do Selo Negro Edições, o pesquisador Cuti, pseudônimo de Luiz Silva, analisa a produção do escritor e mostra a atualidade dos problemas que ele apontou no início do século XX. “Ainda hoje, seus livros travam uma luta contra as forças de exclusão social, muito poderosas no Brasil. Elas interferem na cultura, em especial nas artes, que têm o poder de alimentar nosso imaginário”, afirma o autor.

Considerado um dos representantes máximos do pré-modernismo brasileiro, Barreto criou personagens inesquecíveis, como o quixotesco major Quaresma e a ingênua Clara dos Anjos. Seus escritos sempre denunciaram o papel marginal a que negros e negro-mestiços eram relegados em sua época. Crítico do racismo, da burocracia, da corrupção, sofreu, ao longo de sua vida, diversos preconceitos, aos quais respondeu com uma obra vigorosa. A lucidez com que retrata os primeiros anos do século XX tornou-se fonte de amplas reflexões para educadores, pesquisadores, militantes do movimento negro e todos aqueles envolvidos na construção de um Brasil mais solidário.

Dividido em três partes, o livro destaca vários aspectos da obra barreteana, abordando também as manifestações que ela provocou e ainda é capaz de provocar. Analisando a consciência crítica do escritor, Cuti mostra que ele experimentou um ângulo de visão social muito diferenciado em sua época. Na sua avaliação, a obra de Barreto ajuda a fazer analogias entre o passado e o presente e pode causar um verdadeiro incômodo intelectual e emotivo.

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Além da prosa de ficção, Barreto escreveu artigos e crônicas publicados em jornais e revistas, abordando temas intrigantes e polêmicos, tais como: corrupção na política, violência contra a mulher, ostentação social, futebol e violência, parcialidade da imprensa, literatos esnobes e hermetismo, entre outros. “Ele nos deixou um amplo e pulsante painel da vida cotidiana de seu tempo, alcançando-nos com sua capacidade de revelar e problematizar questões perenes, universais e aquelas para as quais o povo brasileiro ainda não conseguiu encontrar solução”, avalia Cuti.


Os capítulos mostram que a obra de Barreto transgride a noção de literatura como imitação de modelos. Segundo o pesquisador, ela se afasta do propósito de arte literária evasiva, de fuga da realidade por parte do escritor e do leitor. “Seus textos impactam porque atuam no sentido oposto. Buscam expressar a realidade. Por isso, ele desrespeitou regras, sobretudo as dos gêneros e padrão de linguagem”, afirma, lembrando que, além de produzir literatura, o escritor também refletiu e escreveu sobre ela.

“O autor das Bruzundangas foi um prosador bastante cuidadoso quanto ao batismo de seus livros”, destaca Cuti. Seu humor, pelo viés da ironia, levou-o a escolher títulos e nomear personagens de maneira muito particular, remetendo o leitor à criação de expectativas sobre o que lhe será narrado. Os temas abordados pela obra de Barreto são inúmeros. Atento ao noticiário local e a informações sobre os acontecimentos mundiais, ele foi um escritor prolífico. O capítulo “Atualidade temática” destaca dois temas por sua perenidade e suas consequências para a vida do país: racismo e futebol. “Eles servem para comprovar que a presença do autor se justifica no cânone nacional como consciência crítica das mais relevantes”, complementa.


Retratos do Brasil Negro


A Coleção Retratos do Brasil Negro, coordenada por Vera Lúcia Benedito, mestre e doutora em Sociologia/Estudos Urbanos pela Michigan State University (EUA) e pesquisadora dos movimentos sociais e da diáspora africana no Brasil e no mundo, tem como objetivo abordar a vida e a obra de figuras fundamentais da cultura, da política e da militância negra. Outros volumes: Abdias Nascimento, João Candido, Lélia Gonzalez, Luiz Gama, Nei Lopes e Sueli Carneiro.

O autor: Cuti

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Cuti, pseudônimo de Luiz Silva, nasceu em Ourinhos (SP) e mora na capital paulista. Formado em Letras pela Universidade de São Paulo (USP), é mestre em Teoria da Literatura e doutor em Literatura Brasileira pelo Instituto de Estudos da Linguagem (IEL) da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Foi um dos fundadores da organização literária Quilombhoje e um dos criadores e mantenedores da série Cadernos Negros. É autor, entre outros, dos seguintes livros: Poemas da carapinha (1978); Quizila (1987, contos); Dois nós na noite e outras peças de teatro negro-brasileiro (1991); Negroesia (2007, poemas); Contos crespos (2008); Moreninho, neguinho, pretinho (2009, ensaio); Poemaryprosa (2009, poemas); Literatura negro-brasileira (2010).

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Lima Barreto
Coleção Retratos do Brasil Negro


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Autor: Cuti
Coordenadora da coleção: Vera Lúcia Benedito
Editora: Selo Negro Edições
Preço: R$ 22,00
Páginas: 128 (12,5 x 17,5)
ISBN: 978-85-87478-51-1
Atendimento ao consumidor: 11-3865-9890
Site: www.selonegro.com.br

Mais informações com Ana Paula Alencar
11-4787-1322
11-9771-7336
Email: imprensa@gruposummus.com.br
MSN: anapaulaalencar_1@hotmail.com
Skype: anapealencar
Twitter: @anapaula_press

(DIVULGAÇÃO)

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Nós Por Nós!

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Pois quem sabe de Nós somos Nós mesmos!

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Cadê os pretos da Periferia de SP e do Brasil nas discussões - que "eles" promovem - sobre as artes e as linguagens que nós mesmos desenvolvemos?

Não somos convidados pelos seminários "deles", não comparecemos simplesmente ou não somos vistos e ouvidos pelas coberturas "deles"?

Afinal de contas, existe alguma arte mais “periférica” que as artes dos pretos em qualquer parte do país?

Na verdade mesmo, diz Hamilton Borges, nós somos o CENTRO do conflito! Mesmo nas margens e periferias: das cidades e das Artes!

Vida longa às hegemonias discursivas das ONGS, das Universidades e das Academias; e morte a nossa própria expressão orgânica-simbólica-dissertativa...

Ou então "Uma Perifria Nós Por Nós", onde os mecenas não vão pro rolê com a gente!

Nós Por Nós! = Sujeitos e Objetos de nossas próprias demandas e Escritores de nossa própria História.

Melhor ainda se nos acompanhar aquela palavrinha mágica:
"autogestão"

Oxalá "fortaleça" Sérgio Vaz, elo de uma periferia orgânica e essencia!!

Oxalá "fortaleça" GOG: a trinca, a fadiga que não se nega!

Oxalá me dê sempre equilíbrio, para que, na contenção, saiba escolher, conscientemente, as Encruzilhadas Exuzadas da Divergência Bela e Bélica!

Nelson Maca
Poeta Exu Encruzilhador de Caminhos

"Aqui de fora, estacionando os carros blindados"

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quinta-feira, 5 de maio de 2011

GOG manda avisar: Dexter em Brasília


É isso mesmo, a festa que reúne grandes nomes do RAP Brasileiro chega em junho ao DF, mais precisamente em Brasília.

Desta vez num formato mais enxuto, o evento contará com a presença dos rappers GOG, Mano Brown, Edi Rock, Douglas (RC), nas pickups KLjay além do próprio Dexter que no palco mostrará todas as suas parcerias com estes aliados aos revolucionários do cerrado brasileiro.

Será dia 11 de junho!!!

Vamos divulgar e comparecer!!!

Informações: Coletivo @PSpeso (
periferiasoberana@gmail.com)


(DIVULGAÇÃO)


Fonte: http://www.gograpnacional.com.br/


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quarta-feira, 4 de maio de 2011

Campanha Reaja : 6 anos!!

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Dexter . Opanijé . Império Negro

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Sarau Bem Black e muito mais...

terça-feira, 3 de maio de 2011

Sarau Bem Black por Thiago Ramsés

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Sarau Bem Black!

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Toda Quarta Feira
Sankofa African Bar - Pelourinho
19:30 - Concentração
20h - Poesia Muita Poesia

Venha e traga seu poema!
A Poética da Blackitude é Positiva!!

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Enquanto o sarau não chega, veja aí alguns poemas visuais
de Thiago Ramsés!!

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Obs: O primeiro flyer (azul) é Penga!

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