segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

Em 2010, serei bem pior: eu prometo!

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Bom dia, FELA


A todos os FELAS do mundo



Bom dia, FELA
Bem vindo a toda esta merda chamada Brasil!

Filho disperso, onde quer que esteja assentado meu rosto coberto
de passado
Ouço suas palavras proféticas se materializando nessa nossa
Mãe traída.
Por onde quer que eu vá carrego também o cheiro dos esgotos
dessa África que te coube
Transporto em meu próprio semblante o fenótipo comum
desses parentes baixos
Que tentaram de todas as formas embranquecer tua negrura
presidencial.
Eles não acreditam que você carrega a morte no bolso...

Sinto na pele que é mesmo verdade tuas rajadas de ironia e sarcasmo
Por onde transito, na condição de seu semelhante, não se vive sem,
diariamente,
Aspirar as impurezas relativas do ar.
Justamente por isso você renasce, a cada dia, No som em desalinho
que trafica tua inquietação para outras terras madrastas.

A despeito do espaço e do tempo que me separam de ti
em matéria bruta
Sei que, por assim dizer, teu sopro sonoro é tua arma,
parindo meu coração em conflito
Tua poesia é uma corrente confortante, lembrando, despertando,
recolhendo-me...

Não me harmonizo nos acordes tramados de cima pra baixo.

De narinas abertas ao vento contrário que sopra
Da imensa corrente ocidental que lava as almas perdidas de rumo,
Respiro atento a velha bosta fedorenta da submissão
que atola os distraídos.

Boa tarde, FELA
Agora chego mais perto, para que eu possa tocar sem receio
teu significado.

Tenho encontrado aqui a mesma escória que tem colocado a África
andando pra trás.
Circulo nas ruas com o mesmo cuidado e a malandragem de sempre,
Irmão.
É preciso estar ligeiro na esquiva, para não tomar porrada na cara.
Ver com os olhos da nuca, para não haver facas enterradas
nas costas descobertas!
Os vermes pós-coloniais que se multiplicam em nosso
meio ambiente
Se reproduzem dos mesmos parasitas daninhos que macularam
tua história
Que agrediram por demais o teu templo
Na tentativa de alcançar o altar profundo de tua alma intocável
de tão confiável!

A latrina do mundo grego e seus multiplicadores negros,
Do lado de cá do teu mundo, se estendem velozes a me procurar.
Também se prolifera pelos quintais dos nossos homens decentes
a escória universal.
Aqui, nesta fatia de país chamada exclusão, passeio ao noturno
dos dias
Sob a visão de corpos pretos putrefatos iluminados ao luar.
Também ergui monumentos de ira...
Por não revelarem a face tão familiar do soldado desconhecido
Que nos extermina como insetos em praça pública.

Nas paisagens dos jardins do entorno das mansões insensatas
Os ladrões internacionais estão ao telefone,
Tramando a grande confraternização do renascimento da raça
que nunca morreu.

Nossos militantes galantes e doutores abnegados estão
de olhos inclinados
A espera da viagem oficial em primeira classe e do aconchego
da suíte de luxo.
Esperançosos como galinhas que lutam grão por grão
Do milho caído do alto das mãos dos que lhes engordam para o abate.

Tudo devidamente pago pelas migalhas da fraternidade
do patrão ocidental.
Tudo sob encomenda para a preservação do turismo ao inferno.
Tudo sob a promessa de solidariedade aos molekes que traíram
os heróis traídos!

Nas calçadas arborizadas do centro cívico do oportunismo,
Os vândalos empossados aproveitam a brisa que brota
do centro da ambição.
Eles se servem do discurso nacional adoçado no chá do esquecimento.

Os mesmos vagabundos também, aqui, estão no poder,
Atraindo as almas sebosas formadas em filas compridas e sorridentes,
Moscas felizes que sobrevoam rasantes as fezes que sufocam os ares
A espera da hora exata de lamber as botas do chefe,
A espera da hora oculta de oferendar a delação premiada!

Boa noite, FELA
Queira sentar-se comigo, para uma caneca do café forte
Que perfuma o ar denso das noites de visita do santo ofício.

Permita-me um dedo de prosa regada ao amargo
de minhas lembranças,
Que vazam pelo caldo escuro da divergência que me mantém vivo,
Filtrado na bandagem das feridas abertas desde as estocadas
antepassadas.
A vigília é constante aos que compram e vendem a vida dos outros,
Que etiquetam as consciências com os algarismos baratos
das mentalidades coloniais.

Mas ainda não perdi a calma, Presidente.
A coluna ereta e a cabeça ao alto são os vestígios
da minha permanência
Ainda que cada dia que passa seja a véspera da hora do sinal
do general em comando,
Para que barbarizem as colunas de minha República Kalakuta;
Para que lancem os meus restos do andar mais alto quebrando
os ossos de meu sono
Expurgada a insônia na aurora de minha morada em chamas.

Bom dia, Irmão
Pode ter certeza que nunca oferecerei a outra face.

Nos descaminhos do revide, reparto meus nãos
com os descontentes.
Aprendo, com um elo que vem de você, a verdade sisuda da África
que incomoda
Revelada nas nódoas de sangue das fardas dos que cortaram
as cabeças.

Teu corpo escuro presente empalidece a falácia arrogante
do renascimento
Dos que nunca morreram na luta pela unificação das demandas.
Teu pan-africanismo implosivo faz as elites intra-coloniais caírem
para dentro.
Soterra em si mesmos os que, na surdina covarde e
na conspiração barulhenta,
Explodiram a reunião dos rebelados com causa.

Estou ansioso para colocar minha comuna no centro do universo.
Rejeito categoricamente a estrada marginal que me guiava
para fora do problema.
Desconfio da beleza sem tensão que tem tomado esta palavra
periferia

Sim, Parceiro, Eu sei que sou o centro do problema.
Minha larga avenida central pavimenta os preconceitos rumo
ao olho do furacão.
Meu andar esguio de fera indomável expele os macacos
que saltam pedindo bananas.
A febre amarela e a extensão da malária não afetaram
meu cavalheirismo,
Porque a minha gentileza de pantera não admite
que me afaguem feito um bichano.

Boa tarde, Fela
Em mim já nasceu está nascendo e nascerá teu movimento do povo.
Afinal também faço parte do teu povo em movimento...


(Nelson Maca)


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domingo, 27 de dezembro de 2009

Algumas reflexões acerca dos anos que virão!

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Tô aqui, viu!?



Minha vida concreta não tem dado grandes espaços às minhas virtualidades! Mas tô aqui, tá ligado? Um olho no passo, o outro na pausa; e os dois pés no chão da Bahia Preta, minha mãe gentil! Tô tentando refletir um pouco sobre os caminhos que tenho percorrido com meu parceiros "artivistas".

A cultura-espetáculo tem me cansado um pouco quando essencializada.

Em novembro último estive em Brasília. Eu e meu amigo GOG participamos de uma mesa redonda, debatendo "políticas culturais". Tive o prazer de conhecer uma menina muito massa: Jaqueline, chamada pelos seus de Jaque. Ela é da Griô Produções e foi a "culpada" direta pela minha ida à capital federal. Na apresentação que fiz por lá, procurei pensar a cultura de uma maneira mais política.

Parte das reflexões que fiz lá resolvi publicar aqui. Como disse, a cultura-espetáculo tem me stressado um pouco: é muito artista, muita arte e pouca rebeldia, pouca transformação!

Quero dedicar o texto abaixo a Jaqueline da Griô e a todos que não separam a arte do ativismo nem o ativismo da arte, mesmo que isso lhes impessa o sucesso midiático e interdite o ouro de tolo!


Negritude e Cultura do Espetáculo

(Nelson Maca – Novembro, 2009)


Estarmos, ainda hoje, falando em cultura negra e afins significa, antes de tudo, que, mesmo com quinhentos anos de colonização, escravismo, neo-colonização e neo-escravismo, eles não conseguem nos isolar.

Somos um povo forte, difícil de matar, como diz o Irmão KL Jay do Racionais MCs.

Ou então, como diz o meu Irmão GOG, “quanto mais de nós matam, mas nossa raça procria. E todo esse mal a gente assimila, transforma em poesia”.

O meu texto reveste as reflexões de um maloqueiro problemático que nasceu para ser dissidente, que cresceu para desafinar o coro dos contentes, e que vive não na margem, mas no centro do problema sócio-racial brasileiro. E é localizado neste contexto que vocês devem considerar tudo que escreverei aqui.

Não vim para agradar, pois, Exu que sou, vim dinamizar o conflito, não acomodá-lo.

Então, espero que todos entendam logo que o fato de trazer alguns problemas não quer dizer que eu tenha as respectivas soluções. Ser um problema já dá trabalho demais para mim. Mas sei que esse é o meu papel.

O meu Mestre Carlos Moore já me explicou qual é o meu lugar e o meu papel: o papel do artista e do intelectual é ser o guardião de sua comunidade. Enquanto outros vivem o cotidiano, nós sondamos, incessantemente, nossas contradições, para desmascará-las e chamarmos os irmãos ao seu combate.

O nosso lugar é o da liberdade. Isso determina tanto nossa reunião, voluntária ou não, quanto nossa dispersão, involuntária ou não.

Com isso, já adianto minha primeira “questão”: nenhum governo nem ninguém tem o direito de limitar o artista nem o pensador, transformando seus corpos e biografias em aparelhos de estado, ou sua produção estética e simbólica em pretexto para veiculação de ideologias oficiais.
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Aqui entramos, literalmente, na traiçoeira e escorregadia discussão das “políticas culturais”.

Quando se trata de política para a cultura, o que tenho assistido, desde minha iniciação orgânica em trabalhos e produções culturais, é uma sistemática confusão entre cultura - livre e sem adjetivos - e ações e ideologias governamentais.

A cultura do estado muda conforme muda a política partidária da vez. Do apadrinhamento da indicação à proliferação dos editais públicos, muitos são os mecanismos de dissimulação do mesmo, ou seja, uma política cultural que atende apenas às demandas de segmentos específicos da população, com o respectivo apagamento das oposições várias que contradizem os modelos convencionais.

Cultura em liberdade supõe uma comunidade livre e pensante de si mesma. Um regime democrático só o é quando potencializa as diversidades dos grupos sociais que o compõem. Mas o que temos percebido, presenciado e projetado historicamente é o contrário: o apagamento das divergências!

Sempre que discutimos abertamente Políticas Culturais, invariavelmente, discutimos a Arte e seu Financiamento. Pouca gente que faz Arte - que eu conheça - se interessa em ampliar o debate para além desse redutor binômio material.

Sempre é a mesma questão: para onde devemos encaminhar os incentivos e recursos gerados ou intermediados pelo poder público?

E a coisa se torna tão calorosa que, invariavelmente, também no círculo dos gestores, mistura-se o público e o privado, gerando, inclusive, algumas polêmicas - logo abafadas! Muitas vezes projetos comerciais, economicamente viáveis e historicamente auto-sustentáveis, recorrem e são acolhidos nos programas governamentais.

Logicamente, o que mais se observa é o público potencializando o privado; nunca o inverso.

Chego, então, a minha segunda “questão”: a cultura é comumente compreendida e confundida com o espetáculo - inclusive quando parâmetro para avaliações institucionais.

O estado passa a ser o grande mecenas de artistas nacionais. Acho que seria redundante discutir aqui quem são esses artistas, o que faz com que eles mereçam tal mecenato e que contribuição sua arte dá para a formação de comunidade cidadã. Sabemos que esta arte agraciada tem idade, sexo, classe social, cor e raça, seguindo, estritamente, os paradigmas históricos em construção alinhada e sem ruptura ideológica e étnica desde o “achamento” do Brasil.

As ações culturais que fogem a essas determinações, se encaixam nas “demandas especiais” (dia disso... semana daquilo... mês daquilo outro...). Nunca são compreendidas como cotidianas e contínuas, ou seja, culturalmente dinâmicas.

Decorre que, enquanto espetáculo, a cultura é compreendida como obra de arte ou evento, sendo ajuizada e avaliada pelo seu produto final e pelo sucesso de sua inserção no mercado. A arte que não gera recurso direto ou que não se espande no seio de comunidade pode igualmente ser bem avalidada desde que represente o supra-sumo da cultura (oficial), com seu valor simbólico localizado. Admite-se também a arte chamada, de fora pra dentro, de popular ou então os produtos da “indústria cultural”.

Mesmo admitindo essa lógica, o problema é: como ficam os comportamentos e expressões que não se pautam ou não atingem o status de alta cultura, produto de indústria cultural, folclore “positivo” ou “contribuição” à cultura nacional?

Eu tenho encontrado este problema em minhas produções culturais quando não se pretende, necessariamente, o espetáculo ou a fruição da “peça de arte” em si. Do ponto de vista mais amplo e crítico da discussão, ou seja, construção e preservação da cidadania, em minha concepção de intervenção no processo cultural, tenho, na maior parte de minhas ações hoje, me pautado no processo e não no resultado do evento ou do produto.

O paradigma que me orienta enquanto "ativista produtor cultutral", implícita ou explicitamente, é a reconstrução da subjetividade negra – fragmentada no violento processo de transplante e encaixe nacional de nós: negros-africanos vivendo no Brasil.

Tenho dito que, “no afã de compreender e consertar o mundo, um jovem integrante do hip hop, por exemplo, é obrigado a se compreender e a se salvar primeiramente”.

A experiência do Hip Hop, vigorosamente presente e local, obriga o deslocamento do olhar do distante ou estranho para o próximo e ao lado. A “minha aldeia” passa a ser o centro do mundo e eu a razão da “minha vida”. Mas, ao mesmo tempo, esse mesmo jovem acessa o mundo inteiro da Lan House “da sua rua”, e tudo está ao seu alcance.

Nunca foi tão fácil ser “antropofágico”. Mas por opção, não por ignorância de si. Felizmente, os conceitos tradicionais de originalidade se diluem na era do youtube, do twiter e do sampler.

Permitam-me um poema pessoal, para retomar outro aspecto da dita cultura nacional e introduzir a minha terceira questão.

"havia lama na rua / de quando em quando / um corpo cadáver encalhado na vala / o espetáculo que a história oferece

restos e gestos do sim / alimentos recicláveis / bonecas sem pernas carros sem rodas / arqueólogo das sobras / as esmolas / o não

pretinho maltrapilho / com as manchas sujas da vida / sem saber nem por que / nas suturas das fraturas / cresci

eu na pilha / você na mira / não vê o que foi feito de mim

pena sangrenta / Gramática da Ira / meu rabisco mortal / vai foder tua lira"


(Gramática da Ira)

Na verdade, este meu poema quer falar do lado b das cidades, principalmente da minha cidade, a "terra da alegria" como diz o ditado estereotipado que nos determina tortuosamente. Mas meu lado b da cidade não está universalizado nem essencializado apenas pela miséria social. Meu lado b aparece também racializado. No caso específico de Salvador, tento desconstruir os mitos da alegria e da felicidade do “Sorria, você está na Bahia”.

Sabemos que, com as falácias da democracia racial e da ideologia do branqueamento, tentou-se apagar o conflito racial de nossa história.

Mas como diz aquele Chapolin Colorado: não contavam com nossa astúcia...

Não é?

Como bem demonstram Elza Soares, KL Jay e GOG: “somos duros na queda!”

Aqui chego à terceira “questão” deste texto: fica difícil para mim, negro ativista baiano, discutir cultura sem um certo sentimento de culpa, quando concidadãos conterrâneos meus, como a Vilma Reis, o Ricardo Andrade, o Liu Nzumbi e o Hamilton Borges Walê estão numa cruzada comovedora contra o extermínio da juventude negra da Bahia e do Brasil.

Que cultura esperar para nosso povo negro quando nossa principal luta ainda é para nos manter vivo? Ou melhor, não ser morto com a conivência do próprio estado que, quando não promove nosso extermínio, permite a matança do povo preto. Quando se luta cotidianamente contra a miséria, a fome, o analfabetismo, a discriminação e o racismo que parece aumentar a cada dia em nosso estado.

Aliás, aumentar não, tornar-se mais e mais visível. Isso acontece na medida que nos organizamos e mexemos em toda a merda dissimulada que convivemos desde sempre aqui neste nosso exílio chamado Brasil.

Mais do que propor estratégias e ações centradas e localizadas sobre a problemática das políticas culturais específicas e setorizadas ao povo negro brasileiro, minha proposição tem que ser central e transversal. Não se prender apenas aos ministérios, secretarias, setoriais ou qualquer outra pasta que tratam de uma “pseudo-cultura”, isolada e asséptica.

Nossa cultura tem que ser tratada como um caso de saúde pública, educação popular, economia solidária, saneamento básico e segurança coletiva. É preciso que o Estado brasileiro abandone essa vocação centenária de implantar e perpetuar, em seu próprio seio, a discriminação do povo preto e o extermínio da juventude negra.

Meu poema, antes de pleitear ser literatura, obra de arte para deleite e consumo - como querem as editoras comerciais - quer se alinhar à música do nigeriano Fela Kuti, buscando ser também minha arma contra a assimilação, contra a imposição de padrões etnocêntricos presentes no país desde seu longo e permanente processo de colonização.

A minha arte é, antes de tudo, um programa de lutas. Busco que sua verdade e vontade de beleza estejam diretamente ligadsa à sua necessidade bélica, ao seu engajamento social e à sua determinação da cor preta sem medo das retaliações das críticas especializadas da casa grande.

Fazer Belas Letras para mim representaria contaminar-me com os procedimentos artísticos hegemônicos e evasivos do colonizador estranho em detrimento de minha própria experiência acumulada, ainda que dolorosa, porém jamais cordial.

Seguir os delírios de equilíbrio e supremacia do "senhor" corresponderia a apagar magicamente as feridas históricas de meus antepassados que ainda tatuam dor no meu corpo. Reacendem minha revolta e não deixam que minha Ira seja dobrada pelas velhas pragas, agora ocultas nas miragens do Brasil atual.

É essa herança que procuro dramatizar nesse poema de "mau gosto". Ela é o amálgama de minha “Pena Sangrenta”; o sustentáculo de minha Gramática da Ira.

Minha quarta questão, que acredito ser o maior desafio de todo e qualquer intelectual, artista, produtor e ativista é: como fazer coabitar minha rebeldia e minha possível relação com o poder público, principalmente intermediada pelo dinheiro que, no fundo, é o único laço que nos pode aproximar?

No governo federal e em algumas administrações locais que se instalaram no Brasil da “abertura democrática”, temos assistido o alinhamento de militantes do movimento social negro com o poder central. A situação tem sido constrangedora para muitos, pois o que, na real, percebemos, é o engessamento de lideranças históricas e deslumbramento da juventude.

Como estar no poder e, ao mesmo tempo, contestá-lo é o problema que também o “movimento negro” enfrenta hoje.

E não têm sido confortáveis as experiências que conheço, pois as coalizões governamentais unem “lobos e cordeiros”, “escravos e feitores” em laços jamais imaginados em nosso idealismo essencial!

Tenho ventilado aos quatro cantos minha defesa de atitudes divergentes quando assim o contexto não apenas permite, mas exige.

Ao mesmo tempo, o Coletivo Blackitude: Vozes Negras da Bahia, que articulei e fundei há dez anos, e que atua efetivamente no cotidiano da cidade de Salvador, encontra-se exatamente nesta encruzilhada: arte, ativismo ou trabalho e renda? Instituir-se nos moldes tradicionais, ou não? Negociar e levar nossa experiência a muitos ou permanecer no espaço centrado das experiências radicais do underground? Também, culturalmente, habitamos o problema.

Na realidade, esses conflitos que a Blackitude vive refletem exatamente as contradições que representam nossas políticas culturais: uma negociação interessada sem lugar para a espontaneidade, a divergência e transgressão. Permanecem as eternas comissões oficiais que julgam o que vale, o que é e o que não é arte de interesse público; o que vale ou não o apoio oficial.

Os editais, de forma geral, me entediam, assim como as indicações dos governos e os tráficos de influência. Aliás, a Bahia é mestre nessas modalidades todas.

Sinto-me traído pelos editais que pedem para nós (artistas, ativistas e produtores orgânicos, que nos formamos no campo de batalha do cotidiano) que levantemos custos de sanitários químicos, ou então que preenchamos planilhas que são verdadeiras florestas de linhas, quadrados e números. Dizem, nos workshops oficiais, que bom projeto é sinônimo de projeto bem escrito; que um portifólio justificado fala mais alto que a própria arte; que reconhecimento público da atuação na vida na cultura da cidade não pesa nas decisões.

Como era antes não podia ficar, mas também não concordo com a simples inversão camuflada com o discurso enganoso da democratização, muito menos do paternalismo.

Outro dia, ouvindo o Irmão Edson Cardoso debater sobre “violência” em Salvador, no "Encontro Popular pela Vida e por uma Nova Segurança Pública", fortaleci minha convicção de que a necessidade de uma sistematização do discurso acerca do enfrentamento é tão óbvia que não percebemos.

Ele mostrou objetivamente que não se pode enfrentar a violência sem compreendê-la histórica e culturalmente; sem abordar sua origem, sua dinâmica, seus elementos de permissividade e complacência, sua lógica operacional, sua concretude (a face visível) e sua dissimulação...

Entendi assim o que dizia o Irmão: o simples enfrentamento entre a justiça e a infração, a polícia e o delinqüente, gera sempre um circulo vicioso de agressão e respectiva vingança contínua e vice-versa. Também a atitude pontual e destemida dos militantes mais diretamente envolvidos nessa frente pode resultar inócua se não se enfrenta as raízes e os alicerces do problema. Ou então podem se tornar, potencialmente, vítimas de vingança ou silenciamento.

Nesse sentido, de minha parte, concluo que não temos um pensamento efetivo e profundo sobre a questão da violência, principalmente aquelas toleradas e até mesmo respaldadas pelo imaginário social e endossadas pela opinião pública; praticadas pelas instituições e legitimadas por políticas arbitrárias.

Enfim, aceito, mais do que nunca, a lógica que, para enfrentarmos estruturalmente a violência, precisamos compreender os mecanismos que engendram e perpetuam nossa "cultura da violência", principalmente sobre as minorias fora do poder. Na verdade, precisamos aprender a desarmar estas minas, armadilhas enrustidas que nos mutilam cotidianamente!

Quero adaptar aqui essa reflexão importantíssima do Edson Cardoso, para chamar a atenção de todos, embora pareça dispensável a esta altura da história, para o fato de que precisamos sistematizar nosso discurso sobre os possíveis conceitos e materializações que podem dar conta do que é e como se articula a tal cultura nacional. Na verdade, culturas - no plural.

A partir daí, sim, questionar as práticas convencionais tradicionais, pensar em como estabelecer políticas que não entravem nem supervalorizem seus processos.

Nessa discussão me parece igualmente incontestável o fato de se pensar ser tão óbvia a cultura negra do país que se promove seu apagamento objetivo. Por isso não temos concebido políticas coletivas efetivas, a não ser quando confundidas com arte ou evento, ou então fruto de algum protecionismo qualquer.

Também aqui, o discurso da cultura deve converger com o da história, apontando-nos a urgência de se questionar sua origem, sua dinâmica e sua lógica operacional.

Para nós, negros intelectuais, artistas e ativistas, por exemplo, pensar e tratar a cultura no bojo de nossa realidade é mais que política, esteticismo ou academismo: é uma questão de sobrevivência, concreta e simbolicamente falando.

Preservação Física e Espiritual.

Axé!

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terça-feira, 15 de dezembro de 2009

Um Fim de Ano Bem Black pra Você!

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Sarau Bem Black fecha 2009



Última edição do ano, quarta (dia 16), reúne o melhor que rolou nas 10 edições anteriores e pocket show do grupo de rap Opanijé

O coletivo Blackitude – Vozes Negras da Bahia encerra nesta quarta-feira (16/12) o Sarau Bem Black – Palavras Faladas da Blackitude 2009, espaço para valorização da poética divergente. Iniciado em outubro, chega a 11ª rodada, semanalmente, no Sankofa African Bar, Pelourinho. E para se despedir em alto astral, o Sarau está convidando os poetas locais que participaram das edições anteriores. Além de muita poesia, haverá filme sobre o músico nigeriano Fela Kuti e pocket show com o grupo de rap Opanijé que sempre abre a noite com a música Encruzilhada (uma saudação a Exu) e fecha com outro rap de seu repertório. Dessa vez o público poderá conferir um pouco mais da banda.

Além dessas atrações, também participam do elenco fixo do Sarau as poetas mirins Luiza Gata e Lucinha Black Power, além, é claro, das performances dos poetas da platéia, momento bastante aguardado e sempre com boas surpresas. Os anfitriões são o poeta Nelson Maca e a cantora Negra Íris.

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Inspirado do Sarau da Cooperifa – que há oito anos reúne centenas de pessoas, todas as quartas, na periferia paulistana – o Sarau Bem Black adapta a idéia das tradicionais rodas poéticas ao estilo Blackitude, que trabalha com várias vertentes da arte negra, em especial do hip hop. Por isso, a noite também conta com um DJ residente, Joe, que a cada semana toca um artista ou grupo da música negra. Nesta edição especial, o publico poderá curtir uma coletânea do que de melhor rolou até o momento. Nomes como Fela Kuti, Bob Marley, Gilberto Gil, Bezerra da Silva e Ilê Aiyê.

Nossa idéia é que o Sarau sirva como um espaço aglutinador para quem gosta de ouvir e recitar poesia e também para aqueles que desejam conhecer outras vozes da poética baiana. Queremos construir cada vez mais um caráter democrático no sarau, que reserva espaços de “microfone aberto” para quem quiser mostrar seus versos.

O encontro do retorno, que abrirá a temporada de 2010, será no dia 13 de janeiro.


Serviço

Evento: Sarau Bem Black – Palavras Faladas da Blackitude / Útimo de 2009
Quando: quarta-feira (16/12), 18:30 (Filme) - 19:30 (Poesia) Onde: Sankofa African Bar (Rua Frei Vicente, 7, Pelourinho)
Entrada: Grátis

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Programação


18:30 Fela Kuti : A música é uma arma (documentário)

19:30 Recital : Apresentação: Nelson Maca e Negra ÍrisParticipação: Lucinha Black Power, Luiza Gata, Lázaro Erê & Rone Dundum (Opanijé)
Convidados: Caj Carlão, Giovane Sobrevivente, Hamilton Borges Walê, Iara Nascimento, José Carlos Limeira, Jocélia Fonseca, Juraci Tavares, Landê Onawale e Robson Véio (Todos sujeitos a confirmação)

21:30: pocket show com o grupo Opanijé

* Discotecagem: DJ Joe

Contatos: Ana Cristina Pereira (9176-5755)
Informações: Nelson Maca (3326-4620) / blackitude@gmail.com

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segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

Há Racismo em Cuba?


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Manuel Cuesta Morúa entra no debate sobre Racismo em Cuba

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Manuel Cuesta Morúa, porta-voz Nacional do Partido Arco Progressista, acaba de lançar, publicamente, um texto que entra efetivamente no debate atual sobre o conflito racial em Cuba. Pela primeira vez a questão é encarada ampla e abertamente na Cuba dos Castros. Se a situação já estava em alta tensão nos últimos meses - principalmente com a prisão do Dr Darsi Ferrer - com a manifestação de Manuel Cuesta Morúa, uma das mais importante liderança da oposição política em ação no país, a temperatura deve passar dos 1000 graus.

O argumento central do texto que vem a público gira em torno do desmanche das acusações “pessoais e ideológicas” feitas ao professor Carlos Moore pelo periódico Granma, porta-voz do Partido Comunista Cubano. Manuel Cuesta desconstrói , passo a passo, os argumentos do autor e editor Pedro de la Hoz. Este colocou sob suspeita a lisura de caráter, a sinceridade científica e os interesses políticos de Moore. Além disso, Manuel Cuesta linka cada elemento tratado à realidade que vive o país, tirando o foco de pessoas e universos particulares particulares, para discutir a própria conjuntura sócio-racial do país.

O texto nasce do debate que se forma em torno dos ativistas norte-americanos que cobram, em documento polêmico, uma reorientação na questão negra em Cuba. O autor não deixa de comentar, inclusive, os posicionamentos das personalidades negra (também dos EUA) que saem em defesa do regime castrista.

O apoio que Manuel Cuesta Morúa explicita ao movimento negro da Ilha representa, seguramente, o aquecimento do debate já estabelecido, e a sinalização do enfrentamento inevitável e inadiável do racismo cubano. A temperatura vai subir!
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Pela primeira vez, dentro do regime revolucionário, a questão racial é debatida com tanta amplidão, e as posições oficiais contrapostas com tanta veemência e coragem. Isso fica patente quando esse dirigente negro da mais influente agremiação política da oposição em Cuba, se solidariza às iniciativas dos aivistas internacionais, condenando a reação "desrespeitosa" do artigo de Pedro de la Hoz, no periódico Granma, para com Carlos moore e demais personalidades negra que assinaram o manifesto norte-americano.

O debate sobre o conflito racial cubano acontece pontualmenete há décadas, porém nunca esteve tão coletivizado, intenso e, principalmente, visível!

Aliás, tornou-se uma questão internacional, de interesse dos ativistas negros norte-americanos, se alastrando pelo Caribe e de todo o continente. Além do apoio declarado de ativistas e intelectuais de outros países, a exemplo da Nigéria e do Brasil.

Ativistas do movimento social negro do Brasil também estão se aliando no questionamento crítico ao racismo institucional cubano, mas pode e precisa ser mais abrangente. Já temos, por exemplo, o posicionamento de Abdias Nascimento, o que nos demonstra a concretude e seriedade desse movimento de amor à vida e a liberdade. Mas é preciso ampliar essa abrangência.

O agente possível dessa ampliação tem identidade, cor e classe social: chama-se NÓS, O POVO NEGRO VIVENDO NO BRASIL.

Sim, parceiros de idéias, lutas e sonhos, algo importante acontece em Cuba nesse momento, que é histórico. A revolução foi um capítulo modelar para todos nós, porém há que avançar nas questões raciais (estagnadas) e varrer a discriminação, o preconceito e o racismo arraigados nesse país que também é diáspora negra.

Essa movimentação tomou corpo e se tornou irreversível. São 60 os dirigentes Negros dos Estados Unidos que assinaram o documento em apoio ao movimento negro cubano. Intelectuais destacados do Caribe escreveram uma Carta ao presidente Raul Castro Ruz. Lindsay Barrett, o grande novelista jamaicano-nigeriano, fez declaração à imprensa do seu país.

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Some-se a tudo isso a Carta Aberta aos presidentes Raul Castro Ruz e Luiz Inácio Lula da Silva, do ex-senador brasileiro Abdias Nascimento, dirigente histórico do movimento negro do Brasil.

Tudo isso tem provocado a ira do governo cubano, que reagiu - com texto contestatório e desrepeitoso ao manifesto dos negros norte-americanos e, mais diretamente, a Carlos Moore - num editorial do GRANMA, órgão oficial do Partido Comunista e do Governo de Cuba, assinado por Pedro de la Hoz:
http://www.granma.cu/portugues/2009/diciembre/mier9/tiro-falido.html).

É exatamente essa declaração que acirra o conflito, provocando, pela primeira vez, nos últimos 50 anos, a tensão necessária para um grande debate (franco, aberto e popular) sobre a grave situação racial na ilha.

O capítulo mais recente desta história se escreve agora, com a publicação da declaração de Manuel Cuesta Morúa (abaixo), divulgada, exatamente, na tarde de hoje, 14/12/2009, com difusão em Cuba e no mundo.

O Blog Gramática da Ira, que vem informando sobre a questão racial em Cuba, traz esse importante pronunciamento de Manuel Cuesta Morúa, esperando, sinceramente, ser útil nesta luta que precisa da compreensão e solidariedade da comunidade negra internacional.

Você, leitor, se reconhecer aqui uma causa que lhe diga respeito, fica convidado a reencaminhar o texto abaixo para sua lista e/ou mesmo publicá-lo em seus meios!

“Não podemos ficar parados num trem em movimento”.


Nelson Maca – Blackitude: Vozes Negras da Bahia

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Texto de Manuel Cuesta Morúa
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Moore, certero

En un artículo del periódico Granma, órgano oficial del partido comunista de Cuba, edición 9 de diciembre de 2009, se intenta descalificar a Carlos Moore, un destacado militante antirracista cubano, profesor e investigador y con una amplia obra sobre temas raciales, que toca el tema del racismo tanto en Cuba como en otras partes del mundo. Todo, por lo que podríamos llamar, en propiedad y con sentido hemisférico, la Declaración afroamericana a favor de los derechos civiles en Cuba. Afrobrasileños, afrocaribeños y afronorteamericanos se han expresado, sucesiva y separadamente, a favor de los militantes antirracistas cubanos.

Carlos Moore imparte conferencias en América Latina, Estados Unidos y África, y es una prestigiosa figura reconocida en diversos sectores académicos de mucha magnitud y densidad cultural e intelectual. Es, por más señas, un hombre de izquierdas que ha sabido, independientemente, moverse con determinación, modales y finura dentro del enmarañado escenario de la lucha por los derechos civiles, el respeto a las minorías, a la identidad y el reconocimiento raciales, sin caer en el juego del dinero y los intereses tradicionales de Washington.

De un hombre así Granma habla mal; pero lo hace mal. ¿Y Por qué lo ataca? Pues porque el compatriota Moore acaba de romper, casi simultáneamente, el monopolio que el gobierno cubano conservaba más o menos intacto, hasta el 1 de diciembre de 2009, sobre aquellos tres pivotes fundamentales en las Américas: los afrobrasileños, los afrocaribeños y los afronorteamericanos. Hasta esa fecha, podría decirse que estos importantes sectores tenían una visión compacta en torno a una imagen tópica: Cuba como cierta Isla de Tule con una obra social inigualable destinada, primorosamente, a los negros, mestizos y pobres en Cuba.

La ruptura de este monopolio desnuda al rey y lo deja sin guardarropa. Y las razones se exponen así: podría decirse de todos estos sectores que son antisistema, entendiendo por sistema las pautas hegemónicas sobre las que se funda el modelo cultural de dominación en las Américas, y del cual el gobierno cubano forma parte, socialistamente. Ellos no pueden ser acusados, tampoco, de trabajar a favor de los servicios de inteligencia occidentales ni pueden ser implicados, por defecto, en los diseños típicos del real o supuesto eje Miami-Washington.

De manera que la teoría del cisne negro adquiere una interesante confirmación en este específico caso. Si la previsibilidad de la crítica al gobierno cubano le había permitido armar una defensa geopolítica ciertamente eficaz en varios temas, culpando previsiblemente al “imperialismo” de todos los males y de todas las críticas, por aquello de que todos los cisnes son blancos, las declaraciones de los afroamericanos, en el sentido hemisférico del término, vienen a sorprender a las autoridades cubanas de un modo indeseable, confirmando el descubrimiento australiano de que también hay sorpresivos cisnes negros.

No es lo mismo ser acusado de violar los derechos humanos, así en abstracto, que ser acusado de racista. En el primer caso, Bush, como el síndrome de China, está por todas partes; pero, ¿por dónde anda Bush en el segundo caso?

Estas declaraciones acaban de completar un proceso difícil en toda la imaginería global alrededor de Cuba. No solo somos un país fallido, desigual, improductivo, mal educado, con una cola interminable de faltas de ortografía y bastante violento, sino también racista, en la visión de importantes sectores de opinión en el mundo. Lo que equivale a decir que acabamos de completar por fin el importantísimo círculo de normalización en el concierto de naciones; algo básico para asumir un enfoque maduro en la necesaria refundación que necesita el país. Una foto que recoja todos nuestros rasgos, sin retoques de photoshop, nos ayuda a tener una mejor percepción de lo que somos. De tal manera, se puede asegurar que el futuro estará mejor garantizado: sin autoengaños.

Según Granma, Moore es el arquitecto de todo aquello; y, al atajar al arquitecto, hace unas cuantas movidas erráticas.

Primero, dice que Carlos Moore es de “origen cubano”. Lo cual es verdad, solo que es una verdad compartida por todos los cubanos. Así, con el intento de convertir en un ataque político una clasificación empleada por los departamentos de inmigración del primer mundo, reproduce un concepto frecuentemente utilizado por sectores racistas para ofender y excluir a quienes no comparten la pretendida pureza de algo. Granma tiende a utilizar peyorativamente esta clasificación cada vez que intenta atacar a sus adversarios cubanos que viven en el exterior, sin advertir que con ello reafirma un estereotipo racista. Una constante mordida en la propia cola que revela desesperación incontrolada.

Segundo, afirma que Moore “se presenta como ‘especialista en temas raciales”. Lo que podría ser contestado diciendo, del mismo modo, que Granma se presenta como un periódico. Es el tipo de crítica que emana de los cartones cubanos de Elpidio Valdés, donde los españoles de las guerras cubanas del siglo XIX son presentados casi como supuestos soldados. Una crítica débil que quiere denunciar una impostura y que, en el caso de Moore, solo ofende a las numerosas universidades y editoriales en el mundo que acogen sus conferencias y publican sus libros.

Tercero, adelanta la idea de que Moore “había logrado embaucar a un respetable activista del movimiento de vindicación de la población negra brasileña”, cuyo nombre, no sé por qué Granma no lo menciona, es Abdias Nascimento, otro hombre de izquierdas. Aquí, incapaz de captar la médula y sustancia del debate racial en las Américas, Granma comete un error de bulto: pierde de vista que la autoestima es el pilar específico de los movimientos de emancipación negra, y esta no tolera la manipulación. De modo que la sospecha y la desconfianza frente a los posibles embustes del otro son los primeros dispositivos, casi naturales, de los negros autoemancipados de este hemisferio. Granma insulta así a Abdias Nascimento y, por extensión, a afrocaribeños y afronorteamericanos. Pienso que por ignorancia antropológica más que por voluntad denigratoria.

Cuarto, el órgano oficial del partido comunista repite sus ataques habituales contra los disidentes, y se revela del deber de probar sus afirmaciones. Decir que el Dr. Darsi Ferrer, sujeto concreto, pero no único, de solidaridad en todas las declaraciones, es “uno de los beneficiarios de los fondos de la política anticubana de las administraciones norteamericanas” solo puede ser tomado o como un trámite retórico del periodismo militante o como un despropósito políticamente motivado.



Granma debería, ante todo, ofrecer pruebas reales, no convicciones medievales, de semejante acusación, y en el camino visitar el domicilio del Dr. Ferrer para verificar sus magras condiciones de existencia y su casa deshilachada. Por cierto, eso de los fondos norteamericanos debería ser
utilizado con extremo cuidado por las autoridades cubanas, porque la cantidad de proyectos tanto institucionales como personales de todo tipo que han sido financiados a la Cuba oficial y oficiosa por la USAID o por fundaciones estadounidenses llenan una larga lista pública; aunque, no sé por qué, nunca publicada. Lista que, por demás, no es de mi interés.

Y claro que el Dr. Ferrer no fue encarcelado por su condición de negro. La cosa no es tan burda en la tierra del racismo cordial, listo y astuto. No. El problema es que su condición racial le hace la cosa más difícil, y activa la vía más expedita para el despliegue de los prejuicios raciales — no otra cosa que el racismo en forma de prejuicios— que moviliza la mentalidad al uso. Precisamente porque no se concibe que un negro ande protestando por ahí, se le echa más en cara y se le hace sentir más duro su “ingratitud”. Yo he sido testigo de como a Ferrer se le ha espetado directamente una de las frases más humillantes que se puedan escuchar: “parece mentira que seas negro”. Una frase así pesa en la comunidad, con la policía, en la cárcel, en los testigos, en el juicio y en las condenas… y en los sueños. No de otro modo, tomando en cuenta nuestra particular historia de las mentalidades, se puede explicar el triste caso de Pánfilo, la condena a prisión de Juan Carlos Robinson, —ex de todo en un gobierno al que se coló en la era de las cuotas—, por un delito bastante extravagante en Cuba como el de tráfico de influencias, y otros tantas cosas que no menciono por pudor, generosidad y respeto a la memoria. De eso se trata en Cuba.

Quinto, y aquí nos enfrentamos, una vez más, al caso típico de uso del derecho a la opinión como recurso periodístico para enmascarar el objeto de debate. Claro que no me explico cómo se hace a favor de Moore. Utilizar el comentario de Leroi Jones, un afroamericano prestigioso, para descalificar a Moore, es como querer emplear la libertad de expresión para descalificar la misma libertad de expresión.

Jones piensa —en ejercicio de su pleno derecho— que Moore se repite en una “viciosa provocación” y Granma reconoce, a través de Jones, que Moore viene hablando del tema desde los años sesenta. Lo cual significa que nuestro compatriota tuvo la visión de ver el problema desde los inicios y la paciencia suficiente para esperar que las voces legítimas del norte se decidieran a hablar de la viciosa reproducción del racismo en Cuba, un problema bastante evidente. Granma tendría que ser más cuidadoso, y advertir que el uso de las palabras debe ser cauteloso porque proporciona metáforas excelentes para calificar más una situación que a un hombre. Vindicándole.

Sexto, Granma intenta explotar el tema de la retractación de una importante activista, Makani Themba-Nixon, que en principio había estampado su firma en la declaración del norte. Me llama la atención poderosamente cómo el periódico no se da cuenta que retractarse es confirmar. Solo en el derecho la retractación tiene valor, no en psicología. Este caso revela tanto el dispositivo de sospecha natural más arriba descrito, como las dudas que se pueden tener en conciencia. Asimismo, muestra cuán profundo caló la propaganda del gobierno en los sectores afronorteamericanos. Nada más. Retirar un nombre “porque está siendo manipulada (la declaración) para ayudar a restarle legitimidad al importante proyecto social que se lleva a cabo en esa nación”, no niega la denuncia; solo alimenta, entre otras cosas, una paradoja, más ideológica que real: la de un proyecto social que convive con el racismo.

Séptimo, y finalmente, el órgano oficial del partido comunista todavía intenta convencer con el desgastado proyecto del turismo revolucionario. Son legión las visitas de los extranjeros a Cuba para confirmar in situ lo que ya llevan in petto,… a buena distancia. Recuerdo en mi adolescencia a chilenos y uruguayos viniendo a Cuba, y yendo en fila hacia el campamento Julio Antonio Mella, montado para la ocasión en la zona de Caimito en La Habana, con el propósito de corear los rápidos avances de Cuba por la senda izquierda. Muchos nunca más volvieron y otros, que llegaron exiliados de las dictaduras en Sudamérica, siguieron viaje apresurado hacia Suecia o algún que otro destino europeo.

El éxito real del turismo revolucionario cubano hay que anotarlo, sin embargo, no tanto en Europa o América Latina como en los Estados Unidos. Hasta hoy algunos estadounidenses siguen hablando, contra todas las doctrinas y muchas evidencias, de algo así como un proyecto socialista que camina hacia su perfección. Yo no sé si reír o llorar cuando escucho o leo semejantes períodos verbales. Seguir afirmando que en Cuba hay o hubo socialismo es seguir juzgando a los proyectos o a las personas por lo que estos dicen o han dicho de sí mismos. Una operación intelectual contra la que prevenía el mismísimo Carlos Marx.

Decir que en Cuba hay determinados programas sociales, ya en fuga, a favor de las mayorías es más cercano a la realidad; pero un modelo jesuita como el cubano, en el que los “ciudadanos” tienen que pedir autorización al Estado para salir o abandonar La Misión, no tiene nada que ver con el socialismo, que es un proyecto que exuda modernidad y libertad. Llama la atención cómo algunos afronorteamericanos, dotados por sufrimiento, experiencia y cultura para captar los problemas sensibles de la gente tras las sospechosas máscaras de las palabras, —que el idioma inglés rechaza por su propia estructura—, no vean la marginalidad en medio del “proyecto socialista”. Esto para mí es una situación perpleja de la que, sin embargo, no me quejo: todo ciudadano del mundo tiene derecho a hacer su propia elección y, de paso, ponerse gafas oscuras.

La cosa se pone más complicada cuando esta elección, muy usual en los radicales de izquierda realmente extranjeros, o interesados en la banalidad de retratar personajes garciamarquianos, intenta tener más derechos morales y de cátedra que la visión de los cubanos. Todos podemos optar a la hora de apoyar, criticar o acompañar; lo que Granma no debería hacer, para mantener la plena coherencia, es sugerir que para los cubanos, en temas de Cuba, es más importante la voz de un extranjero que la de un nacional. Tampoco, presuponer que si un extranjero habla con un grupo de cubanos in situ, sabe de, y siente más a Cuba que cualquiera de nosotros, vivamos o no dentro de la isla. Mucho menos, pensar que el turismo revolucionario tiene alguna eficacia mediática y puede ser tomado rigurosamente en serio en tiempos de google earth, memorias flash, blogs, turismo comunitario e Internet. Esto último puede significar una subestimación del vecino más cercano.

Moore ha sido certero. Los cubanos negros, mestizos y blancos, que describen itinerarios más sinuosos en la ciudad que los que dibujan la calle 23, la 5ta. Avenida o los pasillos del poder, no necesitaban desde luego una confirmación afrobrasileña, afrocaribeña o afronorteamericana para existir en medio de los racismos cubanos. Moore es certero, exactamente, porque pudo articular las sensibilidades de un grupo de las mejores voces autorizadas para llamar la atención sobre uno de los problemas más urgentes a resolver y poder, así, completar el proyecto inconcluso de la nación cubana.

A Moore, muchos ciudadanos cubanos, negros, mestizos y blancos, preocupados por el problema con una visión posracial, le agradecen por su perseverancia coronada. Y, para Granma, la pregunta continúa: ¿Es Cuba un país racista?

La conclusión de todo esto es que Cuba duele; también para los afroamericanos.


Manuel Cuesta Morúa 10 de diciembre de 2009


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domingo, 13 de dezembro de 2009

Saraus da Blackitude se despedem de 2009

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Blackitude encerra 2009 com muita poesia

Sarau Bem Black - XI Edição (semanal)
Última de 2009 / Quarta-feira, 16.12
Local: Sankofa African Bar - Pelourinho
Horário: 19h

Sarau Bem Legal - III Edição (mensal)
Última de 2009 / Domingo, 20.12
Local: Bilioteca Monteiro Lobato
Local: Largo de Nazaré (em frente ao Bom Preço)
Horário: 10h (graffiti) / 11h (recital)


Daqui a pouco, todos os detalhes!


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A boa influência de Sérgio Vaz

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Sérgio Vai(z) muito
além da periferia

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A Revista Época traz como matéria de capa sua lista com os nomes das “Cem pessoas mais influentes do Brasil no ano de 2009”. Entre eles está o nome do poeta Sérgio Vaz da Cooperifa.

Numa situação convencional (se tivesse visto, primeiro, a capa da revista numa banca de revista, por exemplo) eu apenas riria, com extremo deboche, e continuaria minha caminhada.

Não mudei esta postura: é muita pretensão dessas listas - de quem quer que seja - dizer quem é mais e quem é menos para nós, a população sem, ao menos, nos consultar... e mesmo assim, ai... ai... penso que temos que desconfiar sempre dessas listas, principalmente quando fazemos parte de segmentos discriminados, muitas vezes invisibilizados pelo país. Devemos reagir e construir nossas próprias referências positivas.

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Falo das listas com pretensões “universais”!, não das particulares. Mas acontece que me deparei, em primeira mão, com essa capa nos blogs dos parceiros, todos destacando a presença do Sérgio Vaz na lista.

Não! Definitivamente, isso não me faz endossar essa lista, é lógico! Mesmo porque ainda não sei quem é nenhum dos outros 99 (rsrsrs). Ninguém fala deles. Nem sei se quero saber...! Mas esses blogs - entre os quais se pode incluir, agora, o Gramática da Ira – são nosso caso particular como apontei acima. Um reconhecimento interno, uma referência do grupo representativo!

De fato, a mim o Sérgio Vaz influenciou nos últimos anos. E pro “bem”, diga-se de passagem! Ele não estaria entre os meus cem, mas certamente entre as dez pessoas que mais interfiram no meu modo de ver e agir nos últimos anos rebeldes. Ele já fez ações comigo na UCSal e também em eventos da Blackitude pela cidade de Savador.

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Aliás, é mais que algo pessoal e pontual!!, pois, aqui em casa, Sérgio Vaz é um nome constante e a Cooperifa uma realidade imediata. A Ana Cristina escreveu matéria sobre o cd da Cooperifa para o Jornal Correio (da Bahia). A Luiza Gata e a Lucinha Black Power declamam no Sarau Bem Black e no Sarau Bem Legal, este nossa versão infantil do barato todo que o Sérgio nos inspira. A Luiza, que gosta de declamar Pé de Pato, sempre me pergunta se eu levo ela na Cooperifa um dia.

- Acha pouco!?

O que acho bacana é saber que, nessas comissões que determinam as listas (a dessa revista me parece formada de jornalistas que têm destacado o movimento da poesia dita “periférica” ou “marginal”), há pessoas que sabem que o Sérgio Vaz existe... e não dissimulam nem se fazem de cegos. Isso é importante. Ele influencia muita gente mesmo; do lado de dentro principalmente.

Mas que fique bem claro: o mérito da citação do Sérgio não é dos jornalistas, pois, para eles, perceber a importância e abrangência do Sérgio é um dever ético e profissional. O mérito é do próprio Sérgio Vaz e de todos que, direta ou indiretamente, de perto ou de longe, no palco ou nos bastidores, escrevendo, editando, distribuindo ou lendo, dão esse novo fôlego à literatura brasileira viva, trazendo-a de volta à rua, para olhar o povo olho no olho.

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O Sérgio Vaz é um símbolo disso tudo e merece todo e qualquer lembrança e elogio, porque faz o que diz e diz o que faz.

Se reclamamos de nossa invisibilidade não é para fazer apologia às margens – como muitos pensam (e outros de fato fazem... alguns até lucram com isso) - mas sim para que todos saibam que elas são o nosso centro... que é preciso muitos centros... que precisamos descentrar os bens materiais, políticos e culturais!

Meu paradoxo final:
- pra essa e outras listas “universalistas”, sempre minha pulga atrás da orelha (ainda quando a coceirinha é agradável!);
- pro Sérgio Vaz e pro Prêmio Cooperifa, meu reconhecimento racional, afetivo e tribal!

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Vejam o sagaz comentário que Sérgio Vaz fez no blog Colecionador de Pedras

“A Conta é simples:
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Cocão + Rose Dorea + Lu Souza + Márcio Batista + Preto Will + Jairo + Valmir Vieira + Viviane + Sonia + Fino + Dill + Luciana + De Lourdes + Rodrigo Ciríaco + Lu Magalães + Guida + Lu Geração + Magrelas Bike + PJ e PX + Érica peçanha +James Banthu + Elizandra + Toninho + Dona Edite + Seu Lourival + Zé Batidão + Ricarda + Alessandro Buzo + Sacolinha+ Vicente + GOG + Broi + Augusto+ Casulo + PH + Robson Canto + Renato Vital + Sérgio Vaz + Brau Mendonça + Wésley Noóg + Gaspar Záfrica Brasil + Ali Sati + Ibrahim + Umoja + Bárbara + Lila + Zinho Trindade + Sarau da Ademar + Sarau Elo da corrente + Sarau da Brasa + Eleilson + Ícaro e família + Professor Fábio + Professor Luciano + Fábio + Sales + Mamba negra + Sammy Brow + Ligia + Dugueto + Eliane Brum + Rose Eloy + Fanti + Danilo + Paco + Camila + Ferréz + Rap Nacional + Alexandre de Maio + Crônica + B Valente + Tubarão + Lobão + Elias + Fuzzil + José Neto + João Santos+ Seu Jorge Esteves + Kenia + Helber Ladislau + Jair Guilherme + Giannazi + Roseli Lotturco + Eduardo Toledo + Toni C + Marcelino Freire + Asduba + Nelson Maca + Paulo kauim + Tati Iavanovich + Gastão + Marcia Luck+ Zé Pompeu+ Ewaldt + Harumi + Ana Tomé + Samba da Hora + Thereza Dantas + Mônica cardim + João wainer + Fernandinho Beat Box +me ajudem a lembrar +... +... + .... = FAMÍLIA COOPERIFA!
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É TUDO NOSSO!” (Sérgio Vaz)


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“Eu fico mesmo é com a resposta das crianças...”


Nelson Maca - Blackitude: Vozes Negras da Bahia
Exu dos Muitos Caminhos que Se Entrecruzilham!

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Fotos: Sergio Vaz, "um homem célebre"; Lucinha Black Power, Sérgio Vaz e Luiza Gata, uma lição de família; Maca na estreia do Sara Bem Legal, trajando a armadura de Sérgio; Arte da capa do livro Colecionador de Pedras de Sérgio Vaz, versão rua; Capa da Revista Época, edição especial.
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GOG - e Ponto Phinal

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GOG manda o recado
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é fora Arruda e Ponto Phinal!


Ponto Phinal

Pediu Perdão Pelo Painel, Povo Perdoou!
Perseguiu Perueiros, Placas Publicitárias, Pavor!
Pego Pela PF-Pandora Pegando Propina... Protelou!
Podridão Propagou, Pelos Poros Pipocou

Proporções Profundas, Prece Pós-Paulada
Parlamentares Pouco Prudentes Povoando Paletó Processados, Pega!
Panorama Prova Porque Precisamos Parar Pra Pensar,
Pensar Pra Por Pessoas Possuindo Poder!

Principal Periódico Provoca: Proclama... Psiu!
Para! Proibido Proibir! Proibido Proibir!

Posso Prosseguir? Pode!
Posso Prosseguir? Podemos!

Plano Piloto, Planaltina, Paranoá, Pedregal,
Professoras, Pedagogos, Psicólogos, Passadeiras,
Porteiros, Palmarinos, Pais, Pedestres, Pioneiros,
População Perplexa Pergunta!

Porque Panetone? Poderiam Pedir Pernil,
Peru, Passas, Patês, Pisca-Pisca
Proporcionar Passagem Prazerosa, Pro Povo Preto, Pobre, Periférico
Pavimentação Pública, Paradas, Pontes, Pistas, Postes, Passam!

Posso Prosseguir? Pode!
Posso Prosseguir? Podemos!

Paparicado, Patrocinado Por Peculato, Porcentagens, Pagamentos,
Picadeiro Prosperou... Pandemia!
Protegidos Por Padroeiras, Pactos, Pistolas, Patolas, Procuradores, Padrinhos
Pistolões Promulgaram PDL’s, PDOT

Plantel Possui Palácios Pomposos, Pratarias, Parabólicas,
Passaportes, Pingentes Preciosos, Pisos Parquê!
Promovem Passeios Paisagísticos, Pares Perfeitos,
Patrocinam Pileques, Pescarias Picantes, Prefeitos

Posso Prosseguir? Pode!
Posso Prosseguir? Podemos!

Professor Pastinha! Patativa, Poeta Prosador:
Pelas Palafitas, Palhoças, Persistem Penúria,
Pindaíba, Penumbra, Precariedade.
Pernilongos, Percevejos, Perambulando Pelas Paredes Picam Pessoas

Pediatras Presenciam Pupilos, Pimpolhos,
Pirralhos, Prematuros, Perdendo Peso!
Pálpebras Pálidas, Pulsos Palpitantes,
Pupilas Piscando... Pobreza Polui?

Posso prosseguir?! – Pode!
Posso prosseguir?! – Podemos!

Possuo Palpite, Particular, Pessoal Polêmico.
Punição Pros Patifes?
Pena Pro PO? PArruda?

Pega Palmatória! Pega Palmatória!

GOG



Vale sempre a pena lembrar:




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domingo, 6 de dezembro de 2009

Quarta-feira tem Sarau Bem Black!


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Sarau Bem Black!

Quarta-Feira, 09.12

Sankofa Africam Bar
Pelourinho

Videos: 18:30h
Poesia: 20h

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quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

Lançamento: CD A Cria Rebelde

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Chegou "A Cria Rebelde”

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Grupo de rap 157 Nervoso lança seu primeiro CD e comemora dez anos de estrada

Com dez anos de carreira, o grupo de rap 157 Nervoso comemora o lançamento de seu primeiro cd, A Cria Rebelde, em evento no dia 10/12 (quinta-feira), a partir das 19h, na Quincas Berro D´Água - Pelourinho. A noite será uma celebração pela vitória do grupo, que gravou e prensou seu primeiro trabalho apesar das adversidades que experimenta. Por isso, o 157 Nervoso, formado pelos mc´s Man-duim, Diego 157 e Spok, convocou para o evento grupos e artistas que movimentam a cultura hip hop em Salvador e que estão presentes na sua história. A entrada é franca e o CD estará a venda por R$10.

Gravado entre 2008/2009 de forma independente, A Cria Rebelde conta com produções de DJ Leandro, Diego 157, Armeng e Dj Índio. Traz doze faixas, contendo a expressão das verdades vistas por seus integrantes e seus anseios, em narrativas que falam de violência policial, ancestralidade, revolução e respeito, entre outros temas. Depois de uma década e de muito trabalho, o grupo consegue deixar seu registro musical, voltado para a juventude e para a população que vive à margem: “A Cria Rebelde é o retrato do que os olhos vêem, do que o coração sente e da vivência de cada um que se assemelha ao que nós retratamos”, afirma o rapper Diego. Na festa, o 157 Nervoso apresenta o repertório do cd, além de outras composições.

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Antes do anfitrião, sobem ao palco o grupo de rap Versu2 e o MC Daganja. O primeiro está em fase de produção de seu cd de estreia; e o segundo estreou em gravação autoral em 2008 com o elogiado cd Entre Versos e Prosas. Durante as performances musicais, o público verá uma performance ao vivo com o grafiteiro Dimak, um dos artistas de maior atuação nas ruas da cidade, e curtir a discotecagem do Dj Bandido, nome de destaque na manipulação dos toca-discos. Os dois serão responsáveis por manter o clima, as cores e o groove da festa.

Produtor responsável do evento, Diego afirma que o grupo queria comemorar o lançamento do disco com aqueles que sempre acompanham, incentivam e cooperaram com o 157 Nervoso. “E também com todos que estão abertos à música rap”, diz. Ele destaca a importância dos gestores da cultura apoiarem iniciativas do movimento hip hop. “O rap, o graffiti, o dj e o break têm conquistado mais espaço nos projetos do Centro Histórico. O apoio do Pelourinho Cultural fortalece nosso evento em qualidade técnica e acessibilidade ao nosso público, composto de jovens periféricos, mas também aberto a quem queira conhecer o hip hop”, afirma Diego, acrescentando que o fato do evento acontecer num espaço central e ser de graça é determinante para a presença dos amigos, fãs e parceiros.


ANFITRIÃO

157 Nervoso

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Formado pelos mc’s Man-duim, Diego 157 e Spok, participou do evento de lançamento em Salvador do dvd 1000 trutas 1000 tretas do grupo Racionais MC’s. Outro momento marcante foi sua presença no 3° Encontro Estadual de Hip Hop da Bahia, em Vitória da Conquista, dividindo o palco com os grupos DMN (SP) e Clã Nordestino (MA). No Encontro Hip Hop Salvador fizeram show em programação que incluiu o rapper pioneiro Thaíde (SP) e o polêmico Facção Central (SP). Participaram ainda dos eventos Hip Hop Pelas Cotas, realizado na Reitoria da Universidade Federal da Bahia; Fora de Órbita Rap; 6ª edição do União dos Manos; 2° Edição do Projeto Equilíbrio Musical. Além dessas apresentações no currículo, o grupo produz e atua como residente no projeto SUBSOLO, festa que acontece no Pelourinho.


CONVIDADOS

MC Daganja


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Alan dos Santos, Daganja, há mais de dez anos atua em grupos de RAP da Bahia, a exemplo de Conexão dos Periféricos, Verbo de Malandro, Testemunhaz, Stereo e Afrogueto. Agora em carreira solo, lançou em novembro de 2008 seu primeiro cd, Entre versos e prosas, pelo selo Positivoz e em parceria com os estúdios Freedom Soul Rec. e Coro de Rato Produções. O disco traz a bagagem musical que o artista adquiriu nas periferias da cidade. É influenciado pelo samba, reggae, soul, dub, MPB, e até estilos caribenhos, misturadas a fortes batidas de rap. Daganja já firmou seu nome na cena local e nacional, atraindo a atenção da mídia especializada em hip hop.

VERSU2

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Grupo de rap formado no inicio de 2008 pelos Mc's Coscarque e Blequimobiu, ambos com atuação constante dentro do cenário musical. Eles procuram fazer de suas divergências musicais, no estilo da escrita e na escolha dos beats o ponto de equilíbrio, procurando não excluir nem mesmo suas facetas confusas. Na fuga de tendências e de mãos dadas com as influências o grupo foi destaque em vários eventos. Tem sido divulgado na Bahia e fora do estado principalmente pelos dois singles que lançaram na internet: Na caminhada e Pra fazer o que gosta. O segundo é a primeira música rap a disputar a final do Festival de Música da Rádio Educadora FM.


Dimak

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Na arte de rua desde 1996 - sempre na busca de ser original, Marcelo Dimak, além de grafiteiro, é ilustrador, tatuador e rapper. Também realiza incursões nas histórias em quadrinhos. Faz parte do coletivo 071 Crew, grupo de graffiti que organiza o tradicional “mutirão mete-mão” nos bairros periféricos de Salvador. Recentemente, juntamente com seu grupo, foi destaque da Elementos, revista nacional de hip hop editada pela equipe da Central Hip Hop, antigo Bocada Forte. Dimak tem trabalhos em diversos locais da cidade, interior e outros estados do Brasil.


DJ Bandido


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Raimundo Nonato Lima Barbosa, ou simplesmente Bandido, além de sua atuação artística, desenvolve atividades comunitárias voluntárias. Participou do Projeto Infocentro Musical (SETRAS) e Eletrocooperativa (ONG). Atua nas oficinas do GAPA, eventos da Blackitude e Gabiru do Nordeste. Afirma sua predileção pelas canções de feição mais espontânea, com ênfase no samba rock e rap. Teve honra de participar em apresentações de artistas como David Moraes, Dão, Arto Lindsay, BNegão, Cortejo Afro, Dj Hum, Paquito, Dj Dolores, Bira Reis, Simone Sampaio, Margareth Menezes, MC Xis, e Vox Sambou & Diegal (Haiti-Canadá). Participou do Festival da Paz, Bailão Black, Red Bull Hip Hop Rua (Porto Alegre), Skol Baú Elétrico, Skol Tropical Beat, Tim Perc Pan 2005.


Serviço

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Evento: A Cria Rebelde – Lançamento do cd do grupo 157 Nervoso, com shows dos grupos 157 Nervoso, Versu2, MC Daganja, graffiti de Dimak e discotecagem do DJ Bandido.
Quando: Quinta-feira (10/12), 19h
Onde: Praça Quincas Berro D’Àgua - Pelourinho
Entrada: Grátis
- Preço do CD R$ 10,00


Informações

Diego 157 (3315.7329 / 8842.6472)
Man-duim (8812.4253)

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terça-feira, 1 de dezembro de 2009

Vox Sambou: Rap com Beleza e Compromisso!

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DiscriminaSida
Vox Sambou lança clipe com Compromisso

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"Salve Nelson, Tem um tempo desde que nós falamos. Espero que tudo esta bem com você e sua família. O que é novo com você. Eu liberei o vídeo que você viu. Há uma legenda em Português, eu quero que você entenda o que eu digo na canção. Esperamos ouvir de você logo. Por favor, diga olá à sua família. Vox"

- Salve, parceiro, assisti o video e acho que a finalização ficou muito boa. Já gostava do tratamento das imagens, mas agora acentuou mais o contraste das cores, como aquela porta, que falamos, por exempo [...] A levada do reggae dramatiza seu vocal , e vice-versa, e estão em harmonia sonora com o refrão intimista, construindo a subjetividade que o tema dramático da letra pede [...] Sem dúvida, há aquela tensão necessária a toda e qualquer obra de arte "em si" [...] Gostei do fato de ter legenda em várias línguas, visto a intenção política na emissão e recepção da mensagem, porém o texto escrito em Português requer uma revisão gramatical - questão de cuidado, já que os demasi elementos estão bem tratado [...] Gosto do resultado de tuas produções: musicais, visuais, audio-visuais [...] Você equilibra estética e conteúdo, mostrando domínio do meio e da mensagem [...] Há estilo! Conhecer tua música, agora de um lugar privilegiado -inclusive, me faz acreditar que o rap e o hip hop que eu acredito ainda tem muito fôlego e vai muito longe! Vou junto [...] Tamo junto!!!

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Taí... O Vox Sambou (na foto com Lázaro Erê - Opanijé) - nosso parceiro haitiano radicado no Canadá - manda notícias e divulga seu novo clipe, "DisriminaSida", que se integra espontaneamente na luta mundial contra a Aids. Quando talento e compromisso social se juntam no Rap dá uma sensação de revigoramento em todos que apostam na pegada sócio-política do rap e sabem que o ativismo do hip hop não morreu... mas também não pode ser desculpe para falta de talento.... Rap é compromisso!!! Mas Rap também é música... Rap é som... Beleza pura... Mesmo quando o asunto é grave!

Não é, não, Negrosss?

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Veja o Release
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Vox Sambou lança vídeo temaizando a a luta contra da Aids

O Rapper haitiano Vox Sambou aborda a questão da epidemia da AIDS em seu novo vídeo DiscriminaSida. A canção está incluída em seu segundo CD com lançamento previsto para 2010. Vox Sambou é um dos membros fundadores do grupo de hip hop Nomadic Massive, que compõe raps em criolo, espanhol, inglês e francês. Para realçar o drama universal que é a discriminação contra pessoas portadoras do vírus HIV, o vídeo é traduzido em três línguas: Inglês, Espanhol, Português.

O tema do Dia Mundial da AIDS 2009 gira em torno da liderança: "Pare a Aids - mantenha a promessa". Os líderes do mundo são convidados a serem responsáveis pela discrepância discriminatória entre os compromissos assumidos para lutar contra a propagação da Aids e medidas tomadas para realizá-los efetivamente.

Segundo Sambou, "a discriminação tem diversas origens. Há falta de conhecimento sobre a prevenção, falta de inclusão dos soropositivos na sociedade, falta de recursos básicos, especialmente na parte norte do Haiti, de onde eu venho." O efeito perverso desta discriminação são os cerca de 220.000 órfãos haitianos, reflexo desta realidade: seus pais ficaram doentes, não puderam receber tratamento, nem contribuir com a sociedade por vergonha, ou porque foram abandonados ao ostracismo.

O vídeo foi dirigido pelo cineasta dominicano Ariel Mota e foi rodado na ilha de Kyskeya, hoje Santo Domingo. O vídeo está disponível no www.voxsambou.com
http://www.youtube.com/watch?v=2GTbRIZEErw

http://www.youtube.com/watch?v=2GTbRIZEErw


Fonte: Robints Paulo, alias Vox Sambou
514-992-5235
info@voxsambou.com

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Legenda do Youtube


"A discriminação tem diversas origens. Há falta de conhecimento sobre a prevenção, falta de inclusão dos soropositivos na sociedade, falta de recursos básicos, especialmente na parte norte do Haiti, de onde eu venho. O efeito perverso desta discriminação são os cerca de 220.000 órfãos haitianos, reflexo desta realidade: seus pais ficaram doentes, não puderam receber tratamento, nem contribuir com a sociedade por vergonha, ou porque foram abandonados ao ostracismo. O vídeo foi dirigido pelo cineasta dominicano Ariel Mota e foi rodado na ilha de Kyskeya, hoje Santo Domingo"

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