quarta-feira, 28 de novembro de 2007

A Blackitude Não Pára!!

.Alessandro Buzo

BlacKitude + CA Letras UCSal
Convidam


Literatura Divergente

Mini-curso
- Nelson Maca – Blackitude.BA
- Alessandro Buzo – Suburbano Convicto.SP

+ Lançamentos
Guerreira (Romance de Alessandro Buzo)

Suburbano Convicto: Pelas Periferias doBrasil
(Organização: Buzo / Participação: Nelson Maca)

Dia 03/12 - 14h-17h / R$ 5,00
UCSal- Lapa
Inscrições: CA de Letras
(c/ certificado)

Mesa Redonda
+ Sarau
- Alessandro Buzo - SP
- Nelson Maca – UCSal
- Silvio Roberto Oliveira – UNEB
- Poetas convidados e os que pintarem
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Silvio Roberto - UNEB

+ Lançamentos
Guerreira (Alessandro Buzo)
Suburbano Convicto: pelas Periferias doBrasil
(Organização: Buzo / Participação: Nelson Maca)

Dia 03/12 - 19h / Free
UCSal- Lapa
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Morcego - Um conto do livro RGP

.para o B.Boy Ananias - Parceiro Nato
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Quando Neguinho teve acrescentado à sua galeria de apelidos o de Morcego, não foi diferente de quando ele ganhou o Pelezinho sem que abandonassem o caseiro Nenê. Ou seja, ele sempre se faz múltiplo também na coleção de vulgos. Mas isso só poderia ser assim mesmo, pois enquanto se alastra a notícia de seu último feito, ele já anda preparando alguma novidade. E assim corre e se diversifica sua fama. Não nasceu para passar despercebido. Mas também não se cristaliza em excesso. Nesse dia, Neguinho, bom de bola, como quase cracão do Vitória que seria se tivesse passado naquela peneira de cartas marcadas, do nada, saiu voado de um beco desses que margeiam a avenida suburbana. Jogou o corpo pra cá, retorceu-se pra lá meio que derrapando sobre as imensas havaianas sujas e maltratadas, saltou magistralmente como que voando sobre aquele carrinho de mão carregado de bananas, laranjas, maçãs, mangas, abacaxis, goiabas, umbus. Deu apenas um leve toque de pé no asfalto antes de, literalmente, flutuar por alguns segundos e colar as solas dos pés ao mesmo tempo que retorcia os dedos sobre o pára-choque do Rio Sena, coletivo de inomináveis aventuras. Sem perder a concentração, tirou as sandálias dos pés cascudos e vestiu-as nas mãos, tudo no maior equilíbrio. Já sentia o vento da aventura no rosto e começava a entrar no seu delírio único de nova revelação do surf rodoviário. Foi então que se deu a freada brusca, totalmente fora de hora e lugar. Claro que, mesmo intuitivamente, ele estranhou a parada de supetão do buzu. Ali não havia ponto, lombada, sinaleira, vala, cruzamento, módulo.... Antes mesmo de virar o rosto para ver do que se tratava, sentiu o estampido no ouvido e, quando deu por si, estava estatelado no meio da rua. Sua orelha direita pulsava como um coração em colapso, e sua audição prolongava as contrações do estampido que lhe ensurdecia. Ali no chão, já rodeado de curiosos ao longe, recuperava sua inocência perdida na fama. 14 anos de idade, magrelo e comprido, uma vareta de cutucar estrelas. Maltrapilho, trazia estampado na pele e na mente as marcas sujas da Bahia preta, pobre e perversa.
- Levanta, vagabundo!!
Só então, percebeu, já pelos coturnos e a calça cáqui que subia de dentro das botas, que se tratava de um meganha. Levantou cabisbaixo e, arcando-se sobre si mesmo, mãos na barriga, finalmente, soltou seu primeiro gemido de dor. Baixinho como convém diante de um homem da lei.
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- Tá doendo, seu morceguinho filho da puta?
Como que sabendo que, de um jeito ou outro, prosseguiria o corretivo, apenas curvou-se um pouco mais, protegendo o fígado, o pâncreas, o estômago, como se acostumara a fazer em momentos de encontro com os pacificadores da área.
- Olha pra mim, seu sacana abestalhado!
Sem mover o abdômen, mantendo ambas as mãos na barriga, apenas levantou o olhar, finalmente, fitando a cara preta do policial que lhe enquadrara. Morcego, um Davi descalço em frente àquele Golias fardado.
- Se eu te pegar, mais uma vez, bancando o macaco agarrado num carro desses, você já sabe, né, seu viado. Você acha que é morcego, mas vai acabar virando é merda, que é o que você é, seu porqueira fudido. Sacizeiro do caralho! Agora se saia, e não olhe pra trás. Vai, seu preto otário!...
O menino saiu quieto, ainda curvado, foi andando passos miúdos na direção oposta do soldado. À sua volta, reinava o mais absoluto silêncio. Desde que reconheceram a pessoa do Neguinho no morcego derrubado pelo marreco, ninguém esboçara a menor reação. Muitos eram os motivos para o silêncio. Conhecimento antigo daquele pivete criado naquelas vielas. Admiração. Desprezo. Raiva. Pena. Receio. Dó e até Ciúme.
Missão cumprida, o golias cáqui desviou seu olhar de desprezo daquele neguinho, ciente da missão cumprida. É de menino que se torce o pepino; lembrou-se da voz sublime da velha mãe querida. Sabia que impôs o respeito ao pivete, e, indiretamente, a todos os vagabundos presentes, e um recado aos ausentes. Sabia que fizera jus à sua fama já antiga. Deu um sorriso contido para si mesmo e dirigiu-se ao seu carro ali estacionado pelo puro acaso de comprar uma carteira de cigarros depois de uma noitada de plantão relativamente tranqüila, apesar da má fama de sua jurisdição e da eterna tensão, sabedor dos que esperam na sede seu mínimo vacilo. Entrou no carro, empurrou seu Djavan pra dentro do toca cd e deu partida na barca. Antes de aliviar o pé da embreagem, já pensando na nenê acordada em casa, tateou o painel em busca do isqueiro para acender seu Carlton.
Todos viram sem muita surpresa quando Neguinho desencurvou-se, ganhando a estatura de um enorme problema. Como nas rodas de angola, mandingueiro batizado Ciclone por seu velho mestre, girou ligeiro, dando meia-volta no corpo delgado, ao tempo que, finalmente, tirou, muito rapidamente, as mãos da dobra do estômago, trazendo, canhoto, seu inseparável ferro, que brilhou naquela manhã antes de atingir duas vezes a nuca de seu algoz com a precisão de um mestre. Ali mesmo ele ficou, sentado ao volante em silêncio profundo.

“Deus salve Soweto...” No cd, Djavan seguia inabalável.
Depois, menino de hábitos tranqüilos, Morcego, antes de sair, pacientemente, catou o outro pé de sua sandália e prendeu a tira que havia soltado. Agora, voltava a lhe coçar a mente o desejo de pongar no primeiro buzu, grudando suas garras longas, sujas e negras em sua lata já quente pelo calor da manhã. Queria sentir o vento na narina larga e aquele arrepio no corpo enquanto sonha transferir os negócios para São Paulo. Lá, finalmente, grudaria como morcego nos trens da Luz que lhe falou seu quase lembrado pai na nunca esquecida promessa de volta naquela remota dolorosa despedida.

Nelson Maca

terça-feira, 27 de novembro de 2007

ÊA BLACKITUDE - GANHAMOS O PRÊMIO COOPERIFA 2007

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PARABÉNS NELSON MACA (BLACKITUDE) VOCÊ FOI CONTEMPLADO PARA RECEBER O 3º PRÊMIO COOPERIFA "DOM QUIXOTE DE LA PERIFA", CRIADO PELO NOSSO QUILOMBO CULTURAL PARA AGRADECER A TODOS QUE DIRETA OU INDIRETAMENTE AJUDAM A TRANSFORMAR A PERIFERIA NUM LUGAR MELHOR PARA VIVER. SEU NOME FOI INDICADO E APROVADO POR UMA COMISSÃO ORGANIZADORA E POETAS QUE FAZEM PARTE DO PROJETO. A ENTREGA SERÁ NO DIA 12 DE DEZEMBRO A PARTIR DAS 20HS NO BAR DO ZÉBATIDÃO, ONDE SE REALIZA O SARAU DA COOPERIFA.

MAIORES INFORMAÇÕES NO BLOG:http://www.colecionadordepedras.blogspot.com/

sábado, 17 de novembro de 2007

ENTREVISTA / GOG: Original Rap Nacional

GOG na Bahia Preta da Blackitude - 2005

GOG chega a Salvador para mais uma apresentação imperdível. O encontro, que tem entrada franca, será no dia 21/11 no Projeto Blackitude-Pelourinho: Na Rota da Rima, que promete sacudir o Pelô de 21 a 25 de novembro.Vivendo um dos momentos mais felizes de sua careira, o poeta do Rap, GOG, também conhecido como Genival Oliveira Gonçalves, prepara para breve um duplo lançamento: DVD e CD ao vivo. Ambos são desdobramentos de Aviso às Gerações, o oitavo trabalho de uma carreira que se iniciou no break e já ultrapassa os vinte anos de hip hop. Dois elementos significativos desse amplo projeto são a tematização mais pontual e direta da questão da Negritude e novas experiências na elaboração de suas bases musicais, como o uso de banda. Neste papo com o Gramática da Ira, GOG fala de elementos que sempre marcaram sua careira: conhecimento e participação política em alianças que extrapolam o Movimento Hip Hop. No mais, fico aqui orgulhoso com as citações de artistas e ativistas do hip hop soteropolitano de forma geral, e da Blackitude sem particular. Então, segura aí, e vamos em frente!
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Gramática da Ira (GI): Qual sua expectativa para esta nova vinda a Salvador? O que você está preparando para os baianos?
GOG: Salvador é sempre um grande aprendizado. Estamos preparando o que de melhor podemos oferecer no que se refere à música e informação. A expectativa é imensa...
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GOG e Aline - Blackitude.BA - 2005

GI: Fale um pouco sobre o projeto do dvd e o cd ao vivo? Como está o andamento? Tem previsão de saída?
GOG: O DVD foi uma experiência única. Definiu parceiros, alianças, trouxe amadurecimento. Estamos com a edição e áudio praticamente prontos; estamos preparando outras surpresas para o nosso público. Não temos ainda uma previsão. O CD ao Vivo sai primeiro. Acessem o site http://www.gograpnacional.com.br/ , ele traz a arte do DVD.

GI: Noutra entrevista, li você falando de literatura periférica. Fale um pouco mais desta fita? Qual sua expectativa? Qual sua participação nesta frente?
GOG: A Literatura Periférica é o oxigênio que faltava ao Hip Hop. Ver o Coletivo Blackitude, a união entre vocês é algo que me deixa orgulhoso. Nosso povo se reunindo e fazendo disso um processo evolutivo. Chegar na Cooperifa, no Sarau Rap, e ver os irmãos e irmãs com textos mais elaborados, novas rimas, isso não tem preço. Imagine!! A conseqüência disso será avassaladora, trará mais qualidade ao hip hop. É a minha expectativa. A literatura está reinventando, ou talvez, reeducando o texto rap.
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GOG em debate - Blackitude.BA - 2005

GI: Fale um pouco desses seus encontros e parcerias com os movimentos populares, principalmente Sem Teto e Sem Terra. Qual a importância “do e para” o hip hop dessas experiências?
GOG: Quando digo que o caminho não é a Rede Globo, tenho que apontar uma alternativa, senão o discurso fica incompleto. Creio que o caminho é a interação com os movimentos sociais, cooperativas, literatura popular. Isso além de ser uma alternativa é um mundo! Um admirável mundo novo! Passei alguns dias na Escola Florestan Fernandes em Guararema-SP, do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra). Foi maravilhoso. Vi o que é auto-gestão, organização, estratégia. Percebi o respeito que eles têm pelo hip hop. Tenho laços estreitos com o MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem Teto) e com vários outros segmentos populares. É o que alimenta meu trabalho. O Hip Hop tem que investir nesse pensamento. Interação entre os Movimentos.

GOG e Rapadura em Show da Blackitude.BA - 2006

GI: Que notícias você tem do hip hop da Bahia?
GOG: As primeiras notícias que recebi do Hip Hop Baiano foram pelo Gato Preto. Hoje, recebo informativos, converso com o Nelson Maca, muito menos do que gostaria. Juno, Dj’s Bandido, Joe, Edilson, Penga, o Rangel, que é um parceiro que me deixa orgulhoso pela ousadia, por acreditar no construir... O Rapadura tem contato direto com o Sardinha. Nos Encontros Nacionais, quando realizados em Brasília, sempre converso com integrantes do Movimento Baiano. DJ Branco, Simples Rap’ortagem, muita referência. Conheci Alagoinhas e foi maravilhoso. O pessoal de Camaçari entrou em contato recente. Vitória da Conquista. Isso me dá uma leitura de crescimento de toda a região, e o que é melhor: com maturidade. A Blackitude tem uma forma de atuação, na base, que reforça ainda mais uma crença. O caminho da auto-gestão e formação profissional do nosso povo, como estratégia.
. Comboio Blackitude a caminho da cidade de Alagoinhas
(Limpo, GOG, Geninho, Gomez, Penga, Blequimobil - Só anjinhos)

GI: Já dá para você ter alguma opinião consistente sobre a Blackitude: Vozes Negras da Bahia?
GOG:
A opinião que tenho é que a Blackitude é um constante aprendizado. Ela me fez evoluir em vários conceitos. Negritude, africanidade, parceria, trabalho comunitário.... A Blackitude tem uma forma de atuação, na base, que reforça ainda mais uma crença. O caminho da auto-gestão e formação profissional do nosso povo, como estratégia.

GI: Como você analisa a equação: GOG + Nelson Maca + Sérgio Vaz = Formação de Guerrilha!! Você acrescentaria mais quem aí neste front?
GOG: Os que fazem por amor e com qualidade. Os que não se cansam na batalha do dia a dia. Cabe a vocês, personificarem isso.

GI: O que representa para você o título de poeta do rap? Fale um pouco de sua futura presença na Coleção Literatura Periférica, da Global Editora, ao lado de Sérgio Vaz, Alessandro Buzo, Alan da Rosa e outros?
GOG:
Uma forma carinhosa de reconhecer meu trabalho. Olha, ainda está caindo a ficha, mas acho que o texto literário, poético, é um caminho natural da minha carreira. Gosto de ler, escrever, e estou acumulando ao longo da vida muita experiência. É essencial passar isso à frente. E o livro é um ótimo meio.

Os poetas e combatentes Hamilton Borges Walê e GOG falam...

GI: Comente a grade do evento Blackitude-Pelourinho: Na.Rota.Da.Rima? Como você se sente como tema de uma das conferências e, ao mesmo tempo, uma das atrações do sarau afro-poético-musical?
GOG: Será minha primeira apresentação nesse espaço que mais do que um dos Cartões Postais de Salvador, me passa uma aura de resistência. Pena que o Pelourinho dos Casarões Antigos e tombados é apenas uma casca. O Restante da Cidade, principalmente, ao redor, e os bairros periféricos não são assim. Quanto à homenagem, foi uma grande surpresa. O Gato Preto tem uma frase que gosto muito. “Dê-me as rosas ainda em vida, porque morto não sentirei o perfume”. Acho a iniciativa ousada e inovadora, uma das características que mais admiro no Nelson Maca... Estarei acompanhando, na condição de aluno e expectador, esse momento histórico.

GI: Que perguntas você faria para você mesmo hoje? Como responderia?
GOG: Gosto das perguntas ainda sem resposta. Sinto que elas são um caminho a desbravar.
Pra citar uma: quem eu sou realmente?

... para uma platéita repleta de guerreiros do hip hop soteroplitano

GI: Que pergunta gostaria de deixar para nós, baianos?
GOG:
Por que, numa cidade em que 80% da população é negra e afro-descendente, os Brancos se perpetuam no Poder?
Um parecer: O Hip Hop tem papel essencial para mudar esse quadro.

GI: Valeu, GOG, fica aí o espaço para suas considerações finais.
GOG: Sou muito grato a Salvador, à Blackitude e aos demais parceiros e parceiras do Movimento Hip Hop Baiano que fortalecem meu nome e acreditam na minha forma de atuação. Vocês me fazem forte e combativo, num momento em que vários irmãos estão desistindo dos nossos propósitos fundamentais.
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Capa: Aviso às gerações (último trabalho)

GI: É isso aí, guerreiros! Então nos vemos no dia 21 de novembro, quarta-feira, lá na Praça das Artes, no Pelô, para assistir o show do irmão.

Visite o site do GOG
http://www.gograpnacional.com.br/

Nelson Maca -
Blackitude BA - Liga Africana Atual
África! One People!! One Love!!!

sexta-feira, 16 de novembro de 2007

União dos Manos: Quem é Preto do Gueto Sabe!!

Salve Rapa,
nos batemos amanhã
- olho-no-olho -
com a geração
"CABULOSA".

BlacKitude
presente
debatendo nossos interesses,
vociferando nossos rugidos poéticos

Respeito Constante
e Admiração Crescente Pela
União Dos Manos!

Nelson Maca
BlacKitude.BA
Liga Africana Atual

Trema Sistema

África!
One People!!
One Love!!!

quinta-feira, 15 de novembro de 2007

Hamilton Borges Walê: Antipalatável Mesmo, Vagabundo

. Ódio, só vejo ódio.

“Folha seca num vendaval, um inútil, eu me sentia assim tio”. Mano Brown

Para Lio N’zumbi

Tá certo mesmo! Não tem por que chorar nesse dia de finados. Um parceiro meu me disse que já tinha chorado um oceano inteiro em sua curta vida, 28 anos sobrevivendo pelos lados tumultuados de Pirajá. Uma sorte que ele não esteja exposto em uma foto 3x4 na carneira pintada de cal nas Quintas dos Lázaros – que é o cemitério de guerra que abriga os pretos em Salvador – enfeitado por flores de plástico e banhado pelo pranto de sua mãe.

Rondando a cidade escuto as almas, o brado de ex-combatentes que vão nos inspirando e dizendo: “se nada valer a pena, lutar nos conforta”. Um dia no túmulo nenhuma dor nos perseguirá.
Por isso não lutamos, não protestamos e nem fazemos marcha ou caminhada pela paz. A paz que os racistas tem nos acenado é a de cemitérios, e há séculos.

Zeferina, por exemplo, nem túmulo tem para levarmos flores ou poemas recitados com fervor. Ela, a arqueira africana que lutava por liberdade no Quilombo do Órubu, pelos lados de Cajazeiras e Cabula, tombou em paz em 1826 combatendo a brigada militar criada por D. Pedro... a “gloriosa” policia militar do Estado da Bahia que foi criada para combater pretos e pretas e até hoje cumpre seu serviço com esmero.
Que Alá, o clemente, o misericordioso nos proteja e anime a luta.

Esse novembro está lotado de “atividades”, vários “ativistas” se preparam o ano inteiro para fazer sua parte “para elevação da Consciência da afro-descendência” nessa empolgante era das ações afirmativas. É apontar o discurso, preparar os panos e descer para pista.

Tem uma pá de debate, uns bagulhos pela paz, conferências e coquetéis; tem uns bailes da hora, umas feijoadas e umas festas de camisa colorida. Tem as reuniões com o governo e as assinaturas de protocolo; têm os recitais de poesia, os banquetes pra literatura; tem os receptivos afro, os rojões pela promoção da igualdade e homenagens com medalha para quem se destacou no ano. Tem de tudo!

Só nós, uns maloqueiros do contra, que não achamos graça de nada; não fazemos fé nas promessas, não toleramos os malditos infiltrados em nosso meio e não nos empolgamos com certa radicalidade de gabinete que vem disfarçada de bata africana e cabelo Black Power, umas caras-de-mal sem futuro fazendo média em nosso meio, pra nos agradar, mas aspirando o convite para transpor o palácio comportadamente seguindo o esquema. Que se fodam!!!! Esses aí, a gente pega na saída e cobra.

Quando estamos nós, lá, de boa, eu e meu amigo de Pirajá que não vê motivo pra comemorar e nem sentido nessa coisa black light, um cara que não ri a toa e que supera na moral os tiros covardes dos inimigos disfarçados que nos rondam, a gente pensa junto e alto.

- Porra mão! tá foda sobreviver nessa conjuntura de guerra aí.

E começamos a contar os mortos de nosso jeito. Mais de 900 pessoas mortas em Salvador e região metropolitana entre janeiro e setembro de 2007, maioria vítima de chacinas em bairros populares de maioria negra. O marinheiro Edvandro Pereira, friamente executado pelo tenente Pestana, e seus “aspiras”, deixando o rastro de sua pistola Ponto 40; as mesmas balas Ponto 40 que tiraram a vida de Clodolado Souza, o Rapper Blul, que deixou Kleber Álvaro – único sobrevivente da Matança de Nova Brasília – paraplégico e imobilizado. A morte brutal de Aurina (líder do Movimento dos Sem-Teto de Salvador), assassinada junto com seu companheiro e filho por policiais que foram denunciados por ela por brutalidade. O silêncio torpe das organizações de Direitos Humanos, quando traficantes são executados sumariamente pela polícia, como foi o caso de Eberson de Souza, conhecido como PITI, foragido do Presídio de Salvador, foi morto por policiais tendo três partes do braço quebradas, o que indica que ele não tinha condições de reagir, foi um caso clássico de execução sumária. Os relatos de tortura, as denúncias que fazemos ao Ministério Público, às Corregedorias, às Comissões Parlamentares de DIREITOS Humanos da Câmara e da Assembléia que são freqüentemente ignorados por essas autoridades, tudo isso indica o desprezo por nossas vidas.

Existe um discurso vago, incerto e indefinido sobe segurança pública na Bahia, e esse descaso tem o propósito de parar o debate. Para além do medo justificado, existe uma conivência com o modelo de segurança em curso que é de confronto, brutalidade e extremo controle da população mais vulnerável e, por conseguinte, mais perigosa para a manutenção dos privilégios patrimonialistas. O modelo de segurança pública já esgotada reforça-se hoje por um discurso ideológico de combate a criminalidade que nada mais é combate à população negra pela via do neo-colonialismo amplamente espalhado pelos territórios negros de África e Diáspora. Por isso, é urgente o internacionalismo de nossas lutas contra o genocídio, o cinismo e a tutela que alguns agentes governamentais tentam nos impor, sob a alegação de que somos todos companheiros.

Enquanto que nas tribunas, nos grupos de estudos e em reuniões de redes de direitos humanos se contemplam os motivos do acirramento da violência, da brutalidade policial e do terror em Salvador e região metropolitana, os cemitérios oficiais e clandestinos abrem suas covas imundas e as carneiras em cacos para receber nossos corpos que, quando não são mutilados nos deixando imóveis por balas saídas de armas de uso exclusivo de policiais, nos levam "pro saco". Os laudos do IML são eloqüentes para dizer que quem morre é faioderma, ou seja: um pardo qualquer, mesmo que tenha pele preta, do Calabetão, do Curuzú ou Pirajá, segundo o legista.

Por isso nesse Novembro Negro, pouco nos importamos com os festejos, com os gracejos e com as suítes literárias. Estamos muito ocupados em preparar as táticas que combatam os ardis dessa mistura ideológica de certos pretos militantes .gov.br.

Precisamos combater a idéia abstrata de que possamos lutar contra crimes de leza humanidade com medidas paliativas baseadas em formalidades acadêmicas do tipo cursinho de direitos humanos para as tropas que nos violentam, monitoramento de brutalidade policial escoltados com os próprios agentes das torturas no carnaval de Salvador.

Apoio a programas governamentais como o Pronasci, sem a menor critica às coisas vagas enunciadas como a mãe da Paz, a reestruturação do tecido social […], uns bagulho sem conversa, sem a participação de ninguém além das ONGs contempladas com vultosos recursos.

O Pronasci se quisesse ser de fé mesmo, faria inversão de prioridade na Bahia, ou seja, mais recursos para a defensoria, menos recursos para algemas; mais recursos para o Procon dentro da idéia original de consumo e violência, menos recursos para construção de cadeias que só abre a torneira dos governos para quem se beneficia com o complexo industrial carcerário, que são as empreiteiras, as empresas de segurança e de alimentação.

Esse Novembro Negro vai ser da hora, mas aí cada um na sua, sem mistura, nos encontrarão num futebol na penitenciária, num feijão em Pirajá, no ensaio do Ilê e recitando poesia com os caras do Blackitude e o Império Negro.

Hamilton Borges Walê.

Antipalatavél mesmo, vagabundo…

terça-feira, 13 de novembro de 2007

Furacão Blackitude: O Pelourinho Vai Tremer! E o Céu Mudar de Cor

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Literatura Negra
e Cultura Hip Hop com
Consciência

Entre os dias 21 e 15 de novembro, a Praça das Artes, no Pelourinho, será palco do Pelourinho na Rota da Rima, iniciativa que aproximará várias linguagens artísticas, mas terá como cerne a literatura negra brasileira.

Opanijé (Bahia)

Estruturado como seminário-espetáculo, o evento propõe uma aproximação entre o texto dos mestres Luís Gama, Lima Barreto e Abdias do Nascimento com os dos novos poetas da negritude, com destaque para aqueles oriundos da cultura hip hop. Entre os convidados - professores, pesquisadores, poetas, atores – destaque para as presenças do rapper brasiliense GOG e do grupo paulista Z’África Brasil, que fazem shows na abertura e no encerramento.
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B.Boy Ananias (independente de Rua)
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Idealizado e produzido pelo coletivo Blackitude – Vozes Negras da Bahia em parceria com o Pelourinho Cultural, o projeto se encaixa nas atividades do mês da consciência negra. “De nosso modo, reverenciamos Zumbi dos Palmares com menos festa, mas com uma ação efetiva.
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O objetivo central é discutir autores da chamada literatura negra brasileira, transitando pela poesia, prosa, drama e música”, explica Nelson Maca, do coletivo Blackitude, que coordena o Pelourinho na Rota da Rima.
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Neuro (O Clan Crew)
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Durante os cinco dias, a reflexão e a diversão se equilibram em aulas ilustradas, recitais, grafitagem e performance de teatro e dança. A programação, de quarta a sábado, começa sempre às 13h, com um grafiteiro executando ao vivo um trabalho relacionado aos temas do dia: os convidados são Limpo, Lee 27, Roque e Dimak.

GOG (Brasília - Periferia)
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Na abertura, o destaque fica por conta da trajetória do cantor e compositor Genival Oliveira Gonçalves, mais conhecido como GOG, que será tema da palestra O poeta do rap, ministrada por Nelson Maca (UCSal), das 14h às 17h. A partir das 19h, o próprio GOG, que tem uma trajetória solidificada em duas décadas de rap e oito discos gravados, mostra ao vivo as canções de Aviso às Gerações, seu último cd. Antes de GOG, acontece o recital de poesia negra com os Poetas da Blackitude. O rapper brasiliense dividirá a noite com o grupo de rap local RBF – Rapaziada da Baixa Fria e interagirá com os dançarinos de break do grupo Independente de Rua, o grafiteiro Neuro e o DJ Joe.
. Abdias do Nascimento (Mestre de todos nós)

Nos dias seguintes, acontecem as palestras Abdias do Nascimento – Negro Drama, com o ator e diretor teatral Ângelo Flávio, que contará com a leitura dramática de um texto de Abdias pelo Coletivo de Atores Negros Abdias do Nascimento – CAN; Lima Barreto: Sentimento íntimo e luta coletiva, com a professora Sueli Santana (UNEB), e Luís Gama: Gênese da literatura negra brasileira, com o professor Sílvio Roberto (UNEB). As três palestras têm como público alvo professores, estudantes e a juventude e estão linkadas à Lei 10.639, que propõe a obrigatoriedade dos conteúdos africanos-brasileiros no sistema educacional brasileiro.
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Lima Barreto
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No encerramento, o Pelourinho na Rota da Rima tem o prazer de promover o primeiro show em Salvador do grupo paulista Z´África Brasil, que tem se destacado no cenário nacional, e até internacional, com um rap que trabalha com sonoridades afro-percussivas e com letras que tratam aspectos do cotidiano do povo negro brasileiro.
. DJ J.O.E

O show começará às 18h, e a participação local fica por conta do grupo Opanijé, do grafiteiro Peace e novamente dos dançarinos do Independente de Rua e do DJ Joe. Toda a programação tem entrada franca, porém a participação no seminário depende de inscrição prévia, que pode ser feita na sede do Projeto Pelourinho Cultural, no largo do Pelourinho, casa 12.
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Z'África Brasil (São Paulo)

segunda-feira, 12 de novembro de 2007

O Comboio Blackitude Não Pára

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Graffiti: Arte, Liberdade e Profissionalismo
Curso de Arte voltado para grafiteiros de Salvador promete balançar a sede da Caixa Cultural

Inicia-se nessa terça-feira, 13/11, o curso Graffiti: Arte, Liberdade e Profissionalismo. Acontece na sede da Caixa Cultural de Salvador sempre as terças e sextas, das19h às 21:30 até o dia 06/12. O curso é a primeira etapa do projeto Arte Graffiti na Galeria, aprovado no edital da Caixa Cultural, que, neste primeiro momento, atenderá 30 grafiteiros selecionados através de inscrição prévia. A segunda etapa, prevista para abril de 2008, será uma exposição coletiva com 10 grafiteiros, escolhidos os mesmos.

A atividade organiza suas abordagens através de três eixos básicos que tematizam a questão da transgressão na arte, um histórico do graffiti em Salvador e elementos relacionados às sua possibilidades artísticas e profissionais. Complementando essas discussões, haverá uma troca de experiência seguida atividade prática na cidade com um grafiteiro destacado na cena nacional e internacional. Organizado em forma de seminário com 14 palestrantes visitantes, o curso tem a coordenação do professor, ativista e produtor cultural Nelson Maca (UCSal, Blackitude).
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Foto: Sora Maia

Em suas mais de 40 horas de atividades, o evento tem confirmadas as presenças ilustres da jornalista Ana Cristina Pereira (Correio da Bahia), do grafiteiro André Cunha (Neuro / O Clan Crew, editor do Zine Na Lata), do pesquisador e ativista cubano Carlos Moore (professor, biógrafo do músico Fela Futi), do agitador cultural Marcondes Dourado (vídeo-marker, performer), do professor Renatinho da Silveira (FACOM-UFBA, pesquisador, grafiteiro), do produtor cultural Rangel Santana (web designer), do pesquisador Roaleno Ribeiro Amâncio Costa (professor-diretor da Escola de Belas Artes - UFBA) e de fotógrafa Sora Maia. Outros nomes prometem confirmação ainda em breve, como o artista plástico Alberto Pita (Diretor do Cortejo Afro) e o grafiteiro Speto (SP). Além dessas personalidades, pretende-se um diálogo com os representantes da Caixa Cultural Salvador e IPAC no sentido esclarecer as possibilidades do gaffiti nas galerias do estado como um todo e da Caixa em particular.

Speto
Carlos Moore e Marcondes Dourado exemplificam bem o debate do binmômio arte x transgressão. O primeiro faz palestra sobre a o sentido revolucionário do grande nigeriano Fela Kuti e de sua núsica; o segundo aborda as possibilidade transgressivas do audiovisual. Renatinho da Silveira, Roaleno Costa e André Cunha (Neuro) fazem três abordagens singulares do grafitti: as experiências políticas da fase da ditadura militar e seus desdobramentos, o contexto da pop arte e o grafitti dos noventa para cá, dentro da cultura hip hop. Ana Cristina Pereira, André de Faria, Rangell Santana e Sora Maia têm a missão de problematizar elementos da profissionalização e divulgação da arte, levantando elementos complementares a um bom projeto, como a ampla e boa utilização da fotografia, a construção do portifólio e os mecanismos de divulgação nos ambientes impresso e digital.

A execução do projeto Arte Graffiti na Galeria está sob a responsabilidade da Pronto Comunicação e Cultura e do Coletivo Blackitude: Vozes Negras da Bahia. Tem a coordenação geral de Ika Danusa, sendo a coordenação do curso Graffiti: Arte, Liberdade e Profissionalismo de responsabilidade de Nelson Maca, que assina também a curadoria da respectiva exposição. .


.FICHA
O
quê: Curso - Graffiti: Arte, Liberdade e Profissionalismo
Onde: Caixa Cultural Salvador. Rua Carlos Gomes
Quando: De 13/11 a 06/12, de terça a sexta-feira
Mais informações:
- Caixa Cultural: 3322-0228/ 3322-0219
- Pronto Comunicação e Cultura
9119.5404 (Ilka Danuza) / agenciadecultura@yahoo.com.br
- Blackitude:Vozes Negra da Bahia - 8147-7552 / 3498.1993 (Nelson Maca) / blackitude@gmail.com

sábado, 10 de novembro de 2007

Blackitude-Pelourinho :: Na.Rota.da.Rima

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BlacKitude
Vozes Negras da Bahia

Projeto
:Blackitude-Pelourinho:
:Na.Rota.da.Rima:

Seminário–Espetáculo
de poética negra e hip hop

Período: 21 a 25 de Novembro/07

Conferências: Auditório da Praça das Artes
Inscrições e Informações:
Pelorinho Cultural: 71-3117.1509
blackitude@gmail.com

Shows: Praça das Artes
Entrada Franca


21.11 – Quarta-feira
Tema - GOG: o poeta do Rap

13h00 - Graffiti ao vivo - Limpo
14h às 17h - Palestra ilustrada
Nelson Maca (Blackitude/ Ucsal)

Show 1 - Praça das Artes
Quarta-feira - a partir ds 19 h

Poetas da Blackitude
RBF (Bahia)
GOG (Brasília)
+
Independente de Rua (Break)
Neuro (Graffiti)
Dj Joe


22.11 – Quinta-feira
Tema - Abdias do Nascimento: Negro Drama

13h – Graffiti ao vivo - Lee 27
14h às 17h - Palestra ilustrada
Ângelo Flávio (CAN)

23.11 – Sexta-feira
Tema - Lima Barreto: Sentimento íntimo e luta coletiva

13h – Graffiti ao vivo - Roque
14h às 17h - Palestra ilustrada
Sueli Santana (UNEB)

24.11 - Sábado
Tema - Luis Gama: Gênese da Literatura negra brasileira

13h – Graffiti ao vivo - Dimak
14h às 17h – Palestrante ilustrada
Silvio Roberto (UNEB)

Show 2 - Praça das Artes
Domingo a apartir da 18h
Poetas da Blackitude
Opanijé (Rap-Bahia)
Z’ África-Brasil (Rap - São Paulo)
+
Independente de Rua (Break)
Paece (Graffiti)
Dj Joe

sexta-feira, 9 de novembro de 2007

Mutirão Mete Mão - se liga na lôca programação de novembro!

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Blackitude Canta Zumbi - Aguardem!!


Opanijé / Bahia
Se você ainda não notou, sou Negro!




GOG / Brasília
O Amor venceu a guerra!




Z'África Brasil / SP

Tem cor : Age, Tem que ter CorAgem





RBF / Bahia

Sou Blackão! ... Respeito é Bom!




Projeto
Blackitude-Pelourinho: Na.Rota.Da.Rima
Seminário-Espetáculo: Literatura Negra + Hip Hop
De 21 a 25 De Novembro No Pelô
Aguarde Programação Completa

quinta-feira, 8 de novembro de 2007

Semana de Arte Moderna da Periferia: INTRADUZÍVEL!!

.QUERIA poder falar da Semana de Arte Moderna da PERIFERIA,
PORÉM... tudo que há no blog do poeta Sérgio Vaz é INTRADUZÍVEL.

E então... Vamos lá, ver com os olhos??

http://www.colecionadordepedras.blogspot.com/

Nelson Maca - Verdadeiramente Impressionado!!

Blackitude: Vozes Negras da Bahia

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BlacKitude = Diversão Consciente

A Blackitude: Vozes Negras da Bahia
reúne pessoas para apresentações artísticas e trabalhos sociais. Nossa vinculação ao hip hop segue duas bases: a estética das linguagens artísticas dos chamados quatro elementos, e a inserção nas lutas sociais. Entendemo-nos como desdobramento do movimento negro e procuramos retomar a linha estética e política da década de setenta, como uma tentativa de desdobramento do Black-Bahia, que lançou as sementes dos blocos afros. Concebemos a arte como meio de luta contra a discriminação e o racismo que vitimam o povo negro. Por isso Blackitude: blacks + atitude. Blacks com atitude.

O coletivo atua no processo de consciência, construção e independência do hip hop soteropolitano. Desta militância, já resultaram atividades que envolveram posses, escolas, faculdades, associações de bairro, sindicatos, teatros, passeatas, festas, etc. Participa do movimento da sociedade civil, dando ênfase ao processo cotidiano do hip hop como experiência positiva e que pode ser aproveitado na elaboração de projetos que priorizem a construção e defesa de uma cidadania ampla e plural.

A Blackitude se mantém fiel às linguagens do hip hop, mas estabelece um diálogo cultural mais abrangente. Há também o interesse pela literatura, cinema, teatro. Enfim, por tudo que possa expressar a realidade do povo negro brasileiro. Tenta ser uma ponte entre o hip hop e outras experiências culturais. Tem o orgulho de levar o hip hop para dentro de espaços oficiais sem subserviência, sem ferir a tensão gerada pela rebeldia que lhe é vital. Tem orgulho de participar da vida política da cidade sem permitir seu aparelhamento: partidário ou de qualquer outra natureza.

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Algumas atividades desenvolvidas pela Blackitude

- Fev/05 – Penso, logo existo – Theatro XVIII
- Mar/05 – Rua Real Grandeza – Projeto Salvador FACED-UFBA
- Abr/Mai/Jun/Jul/05 – Oficina de DJs / Consórcio da Juventude – CJP / INS Rosário dos Pretos – Em parceria com o Instituto Cultural Steve Biko
- Jul/05 – Workshop de DJ com KL Jay (Racionais MCs) – Theatro XVIII
- Jul/05 – I Baile da Blackitude – Com o Dj KL Jay (Racionais Mcs) - CODEBA
- Set/05 – Oficinas de hip hop da Fundação Palmares – Zauber Multicultura
- Set/05 - Festa de Aniversário da Fundação Palmares – Zauber Multicultura
- Out/05 – Workshop com GOG (Rapper) – Zauber Multicultura
- Dez/05 –Mercado Cultural - Estande FALA - Teatro Castro Alves
- Dez/05 – Mercado Negro: Mostra de hip hop – Mercado Cultural - Zauber Multicultura
- Jan/06 – Hip Hop Conexão Salvador-Brasília; show com o Rapper GOG de Brasília
- Mai/Jun/Jul/Ago/06 – Of. de Prod. Cultural / Consórcio da Juventude – Em parceria como Instituto Cultural Steve Biko
- Dez/06 - Participação no Mercado Cultural– Feira de Projetos –Reitoria/UFBA
- Mai/jun/07 – Seminário: Cultura Black na Diáspora: Tributo a James Brown
- Jun/07 – II Baile da Blackitude – Com KL Jay (Racionais MCs) - Praça da Cruz Caída

terça-feira, 6 de novembro de 2007

segunda-feira, 5 de novembro de 2007

LANÇAMENTO: "85 letras e um disparo" / novo livro do Escritor Sacolinha

"85 letras e um disparo"
Escritor Sacolinha
(Col.Lit.Periférica - Global Ed.)
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dia 08/11/2008
Livraria Nobel / Shopping Center 3 / Piso Cinelândia
São Paulo: Av. Paulista, 2064 / 11-3287.7387

domingo, 4 de novembro de 2007

ENTREVISTA / Escritor Sacolinha

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Sacolinha,
também conhecido como Ademiro Alves, morador da periferia paulistana, gosta de ser chamado de escritor, para assim lembrar que ser escritor é possível; você entende, não é, man? No dia 8 de novembro, quinta-feira próxima, lança 85 Letras e um disparo, mais uma obra da Coleção Literatura Periférica da Global Editora. Depois de Sérgio Vaz e Alessandro Buzo, chegou a vez desse rapaz lá de Suzano lançar o terceiro volume da coleção. A base do livro é um conjunto de contos com sua primeira versão independente. Eles voltam agora compondo um volume revisto e ampliado. Mesmo um tanto bravo comigo, que prometi visitá-lo lá em Suzano e não cumpri, ele responde minhas perguntas de maneira objetiva e firme. Então, vamos lá: uma boa viagem a todos, e espero que vocês tenham a mesma satisfação que eu de conhecer esse escritor jovem que, apesar dos belos gols que tem feito, ainda tem muito futebol pela frente; muita alegria para sacudir a galera.

Gramática da Ira (GI): Salve Sacola, tudo certo, menino? Diz aí pros parceiros do Gramática da Ira como você gosta de ser apresentado? Por quê?

Sacolinha (S): Peço sempre que me chamem de “escritor Sacolinha”, escritor pra mostrar que é possível e Sacolinha porque é a minha identidade, mesmo sendo no diminutivo eu sou grande, e como sou.

GI: São quantos livros já publicados em sua carreira? Dá para fazer um resuminho de cada um? Como podem ser adquirido?

S: São três. O romance Graduado em marginalidade que foi meu primeiro livro é uma foto que tirei de um bairro aqui perto. O segundo que foi o de contos 85 Letras e um disparo que trata de vários temas de nossa sociedade. E por fim vem a segunda edição revista e ampliada do 85 Letras e um disparo, com novos contos e com uma pegada mais inovadora.

GI: Como está sendo sua primeira experiência numa grande editora? Quais suas expectativas com relação a 85 Letras versão Global? Fale um pouco do livro.

S: Por enquanto nenhuma novidade já que eu circulo nesse meio há algum tempo, pois mesmo publicando meus dois primeiros livros independentes, sempre espreitei os bastidores das editoras grandes. E com relação às expectativas eu procuro não carregar nenhuma, pois sei que depende muito de mim, e que se eu não fizer o negócio virar, acabo me queimando.

GI: Diga aí qual sua opinião sobre os encaminhamentos da coleção Literatura Periférica da Global Editora: tratamento gráfico, autores, textos, relação com os autores, etc.

S: Até o momento não tenho do que reclamar, talvez também seja cedo pra eu responder essa pergunta.

GI: Na real mesmo, diga aí pra nós, como foi sua experiência no Programa do Jô? Ele é chato e arrogante mesmo, ou é só impressão do Brasil inteiro?

S: Sei lá. O contato que tive com ele foi aquele que todo mundo assistiu. Não teve papo antes e nem depois da entrevista. Amarguei duas horas e meia no camarim á espera de uma atenção, depois entrei no stúdio, gravei e assim que foi para o intervalo já foram me tirando do stúdio. Vale lembrar também que tudo aquilo ali é editado, tudo, tudinho.

GI: Fale de sua experiência literária dentro da Prefeitura de Suzano? Como você trabalha o fato de ser um escritor periférico desenvolvendo trabalhos no âmbito oficial?

S: Estou comendo pelas beiradas, ou seja, eu já fazia isso antes de trabalhar lá, a única diferença é que agora tem uma pequena estrutura: telefone, computador, internet, espaço físico e de discussão com o poder público. Sendo assim fica mais fácil publicar novos autores, desenvolver concursos literários, debates e trazer escritores para a cidade. É necessário cada vez mais espaço para a literatura que sempre foi a prima pobre das artes.

GI: Como é que funciona seu sarau erótico? E a revista que você tem publicado, principalmente, com escritores novatos?

S: A idéia do Pavio erótico foi minha, mas ele não é meu não, é da população que tomou de conta assustadoramente. Com este projeto passamos de entretenimento para responsabilidade, pois incentivamos muitas pessoas a ler, escrever e apresentar. A parceria com a secretaria de saúde do município deu certo. Eles vêm com preservativos e informações sobre DST’s. Unimos o útil ao agradável. A revista Trajetória Literária foi uma grande conquista. Anualmente consegui garantir a publicação de 20 autores (as) inéditos (as).

GI: Você já veio à Bahia? Quando virá? Tirando os medalhões já desgastados pelo tempo e pela baianidade que nos deprime, quem você já leu daqui? Onde? Gostou?

S: Já fui para Ibirataia, foi uma experiência e tanto. Fui e voltei de ônibus, rachei a cabeça de tanto sol que tinha por lá. Tudo isso pra poder escrever com conhecimento de causa um texto que pretendo lançar em livro mais pra frente. João Ubaldo Ribeiro foi o autor desses lados que mais gostei quando li. O cara tem um
estilo só dele e que em momento algum deixou de lado o regionalismo e mesmo assim conquistou muitos
leitores, desde adolescentes até idosos. E ainda intelectuais.

GI: Que pergunta você faria para você mesmo enquanto escritor? Como responderia?

S: Seria mais feliz do que já sou se conseguisse responder às minhas próprias perguntas. Vivo em guerra comigo mesmo, o tempo todo.

GI: Que pergunta gostaria de deixar pra nós, do lado de cá?

S: Se vocês não estão a fim de trocar o sossego da Bahia, a magia do Pelourinho, a emoção de ter o Ilê Ayê e o
Olodum, o Dic do Tororó com seus santos, o 2 de fevereiro, e as praias por essa metrópole de São Paulo?

GI: Quem se sentir instigado a responder, entra aí nos comentários e mande ver....

Valeu, Sacolinha,
obrigado pela presença em nossa nada humilde casa! rsrs

Nelson Maca
Blackitude.BA / Cooperifa.BA
Liga Africana Atual
One Love!!

Contato com o escritor Sacolinha: (11) 4747-4180
ttp://www.sacolagraduado.blogspot.com/