terça-feira, 11 de março de 2008

ENTREVISTA / Z'África Brasil

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Z'África Brasil :: Na.Rota.da.Rima

Em novembro de 2007, pudemos acompanhar a primeira apresentação do Z’África Brasil em Salvador. Foi no projeto Pelourinho Na.Rota.da.Rima, uma semana repleta de Literatura Negra e hip hop promovida pelo coletivo Blackitude com o patrocínio do Projeto Pelourinho Cultural. O Z’África confirmou a fama, trazendo um show empolgante, interagindo com o público antes, durante e depois do evento. Ampliou-se a “família” - como dizem seus integrantes. As perguntas da entrevista a seguir foram elaboradas antes da visita a Salvador, porém, devido aos corres do grupo, respondidas após (rsrs). Devidamente atualizadas a redação das questões, mas com as respostas originais, segue aí a conversa que tivemos com o Z’África. A Blackitude e o Gramática da Ira esperam que esta aproximação seja a ampliação da formação de nossa guerrilha cultural. O que mais precisamos é superar a cultura do espetáculo “em si” e da curtição ôca. Acreditamos de fato que este grupo paulistano está acima dos modismos afro-convenientes e tem um compromisso sempre renovado com sua comunidade. O pontapé inicial foi dado... se é pra ser, será! Boa leitura e que esta árvore traga novos e efetivos frutos. A família é grande e dispersa, mas a mãe é uma, é una: África! One People!! One Love!!!

Gramática da Ira (GI)
- Como foi, para vocês, a primeira apresentação em Salvador?

Z’África Brasil (ZB)- Eram grandes as expectativas, por ser a primeira vez que e o Z´África Brasil iria tocar na Bahia, e logo em Salvador, no Pelourinho com a grande família Blackitude. Era tudo que queríamos para o nosso trabalho, este é o ritual que sempre acreditamos. Na vida tudo é possível de acontecer, basta acreditar. Há tempos estamos voltados pra Bahia e agora viemos abrir os caminhos, encontrar os amigos, a família e trocar experiências. O que mostramos no show foi o nosso som puro, na versão original, 1 dj e 3 mc,s, somando mais um companheiro, o Denis, na percussão - um grande irmão nosso aí de Salvador. Pra nóis o mais importante foi o respeito, a atenção e a energia positiva e informativa que rolou em toda a viagem. É nóis, família!

GI- Falem um pouco sobre a trajetória de vocês? Como vocês definem o Z’África? Que trabalhos já lançaram?

ZB
- O Z´África Brasil está na estrada desde de 1995, trabalhando a cultura Brasileira e Universal, através dos Movimentos Hip Hop, Universal Zulu Nation Brasil, junto ao Movimento Negro, Indígena, frente aos Movimentos Populares na luta dos direitos Humanos. Aqui em agradecimento ao MST e MTST, a todas as comunidades quilombolas e as favelas de do Brasil. Ser Humano Universal, cantando a realidade e a verdadeira história que não foi contada.
Z- ZUMBI-África Brasil
Zulu Z´África Zumbi, entre terras e mares.
Ao todo são 4 trabalhos.
Conceitos de Rua – Hip Hop Brasil Itália – selo Vibra (99/00) - Itália/Brasil
Antigamente Quilombos, Hoje Periferia – Álbum (03/04)
Tem Cor Age- Álbum – (2007) Selo Elemental/Instituto
Verdade e traumatismo – EP – (2007) LivinA´stro- França
WWW.myspace.com/zafricabrasil

GI– Vocês participam de movimentos sociais na quebrada de vocês? Têm algum vínculo com o movimento negro organizado?

ZB- Pensamos que sim, porque o trabalho do Z´África Brasil está conectado com o movimento negro organizado, principalmente na ações através dos Shows, Oficina e das vivências em todo o Brasil e no Mundo. Na comunidade do Jardim Leme, em Taboão da Serra, município de São Paulo, temos a A.A.P.P – Associação Atlética Ponte Preta do Jardim Leme, que desenvolve o futebol na comunidade e, juntamente com a Á FIRMA – Associação. Favela. Irmandade. Respeito ao menor e adolescente, desenvolvemos as oficinas culturais, esportivas e a festa do dia das crianças. No ano de 2008, estaremos comemorando o 8º aniversário da Ponte Preta. (http://www.pontepretajdleme.blogspot.com/ / http://www.zafricabrasil.blogspot.com/). Tem o Cooperifa, Cooperativa de Poetas da periferia, toda quarta no bar do Zé Batidão, zona Sul-SP. (http://www.colecionadordepedras.blogspot.com/). Aqui temos o ZUMALUMA da Favela do inferninho, que tem um centro cultural na comunidade que desenvolve projetos junto ao movimento negro. Temos o Hip Hop Quilombola, que trabalha com os elementos da cultura Hip Hop na região e estamos fazendo a coletânea musical. Juntamente com o Selo Elemental, por onde lançamos os Produtos. Temos os Trabalhos que desenvolvemos no Teatro Popular Solano Trindade em Embu das Artes, onde fazemos a festa Batida do Coração e também onde as atividades do Maracatu da linhagem Kambinda do grande mestre Solano Trindade. Este ano conseguimos o feriado de Zumbi no dia 20 de novembro, com show de encerramento do Z´África Brasil.
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GI- Que notícias vocês têm do hip hop da Bahia?

ZB- As noticias são muitas. O Hip Hop está conectado com os tambores e com as culturas Africanas e a Bahia tem tudo isso e mais do que você possa imaginar. O Gaspar já esteve na rede Ayê Hip Hop a convite da família Simples Reportagem. Há muito tempo já conhecemos no mundão o DJ Bandido e conseqüentemente a Família Quilombo Vivo! Salve Irmão Juno. É um tapão no ouvido... Através da Eletro Cooperativa, conhecemos o trabalho do Império Negro, Afro Gueto, tem o irmão Gótico, os grafiteiros Peace e Limpo, a família FB - Turbilhão Urbano,Gato Preto de Ilhéus, aqui do Quilombo do Colombo, na música Sapo na Banca sampleamos 2 Sapos e Meio da antiga. Salve ao Mestre Alumínio Reggae de Raiz e a banda Guerreiros da Paz de Itaparica e a toda comunidade da Rocinha. Ao nosso irmão Nelson Maca da Blackitude que faz a conexão Universal. A todos os grupos, muito obrigado. Zumbi Vive!

GI– Já dá para você ter alguma opinião sobre a Blackitude: Vozes Negras da Bahia? Que notícias chegam até vocês? Ou não chegam? rsrsrs

ZB- Chegam! As notícias chegam via tambores. O que chega pra nóis é que a Blackitude da Bahia é um Movimento Cultural de Resistência e atitude do povo Negro. Através da música, da poesia, da literatura, do Hip Hop, das vivências e das festas. Através da ação e Organização na luta por oportunidades. Vozes Negras da Bahia foi uma oportunidade única de rever os irmãos e mostrar o que temos de melhor, de um modo simples e verdadeiro. Blackitude em Salvador no Pelourinho foi o lugar mais Preto do Brasil onde Z´ÁFRICAMOS!!!

GI- Que lugar, na opinião de vocês, o Z’África ocupa ou deveria ocupar no rap nacional?

ZB- No lugar onde todos estão.

GI- Como tem sido a experiência de vocês fora do Brasil? Como se deu esse canal? E o cd lançado lá fora, dá para resenhá-lo pra nós?

ZB- As experiências fora do País foram de aprendizados e aprimoramentos, nos ajuda a ter uma visão mais ampla do mundo e a capacidade de lidar com pessoas de todo lugar, faz ter acesso e conhecimento na qual aplicamos no nosso trabalho, acreditando no Ser Humano Universal e que o planeta terra é meu País. Isso começou através dos intercâmbios culturais, das oficinas que desenvolvemos nas Ongs e nas Comunidades, através da cultura Hip Hop e seus elementos. Em todo lugar do mundo temos um irmão que pode lhe acolher. Em 99 ficamos 1 mês na Itália, fazendo Shows, workshops e o cd – Conceitos de Rua,intercâmbio cultural hip hop Brasil Itália. A partir daí, sempre viajamos pra Europa! Já fomos para a França, Inglaterra, Espanha, Alemanha, Bretania, e no ano de 2007 foi o lançamento do EP – Verdade e Traumatismo, gravado em Paris, produzido por Rockin Squat pelo o selo Livin´Astro. http://www.livinastro5000.com/
. GI- Comente a grade do Pelourinho: Na.Rota.Da.Rima? Como vocês se sentem dentro de um evento que tem a Literatura Negra brasileira como eixo central?

ZB- Foi muito importante, poder ver os trabalhos dos grafiteiros com as grandes homenagens aos mestres da história brasileira como Luiz Gama, Abdias do Nascimento, Lima Barreto. Poder ter visto o ótimo show dos irmãos do Opanijé; tiveram os poetas da Blackitude. O grande mestre GOG, o poeta do Rap, também fez seu show e vivência alguns dias antes e a galera falou que foi massa, parabéns, família! E pra nóis, Z´África Brasil, com certeza foi um dos eventos mais importantes da nossa caminhada! Esperamos voltar em breve. As letras do Z´África é Literatura Negra e Brasileira e poder cantar para um público que entende e valoriza o nosso trabalho, não tem preço.
É nóis “Na Rota da Rima”!

GI- Que pergunta vocês faria para o Z’África Brasil? Como responderiam?

ZB- “Quando vamos voltar para a Bahia?”
ZB- No ano que vem!

GI- Que pergunta gostariam de deixar para nós, baianos?

ZB- Qual a possibilidade de se fazer um intercâmbio cultural, Bahia São Paulo, São Paulo Bahia. Do Hip Hop ao Tambor!?

GI- Valeu, fica aí o espaço para suas considerações finais.

ZB- Salve, salve grande família, obrigado pelo o assé, a todos da Blackitude, salve Lazaro que firmo com nóis, valeu Nelson Maca e mande boas vibrações para todos que nos deram assistência. Parabéns a todas as rainhas pelo o dia das Bahianas, ao mestre Fuá, a comunidade da Rocinha, e todos que firmaram neste encontro.
Assé, muita força
Jah live! Zumbi vive!
Blackitude é mais Humanitude!
Obrigado família!
ElementalZ´África Brasil
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Em breve:
1- Fotos do Z'África no evento da Blackitude

Valeu, Z'África Brasil!!

Nelson Maca -Blackitude.BA / Liga Africana Atual

Um comentário:

Anônimo disse...

ZUMALUMA AGRADECE PELA LEMBRANÇA!!!

Vulto Madhiba