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Carta Aberta aos Velhos Amigos:
Quando ouvíamos nossos pais e os mais velhos falarem do tempo, não tínhamos a mínima noção do que estamos experimentando, hoje, em nossas vidas de, mais ou menos, 40 anos (eu, 43 agora).
Juntos (eu, vocês e o mundo por vir), seguramente somamos centenas de anos de terra: muita história pra contar!! Nosso "reencontro" seria um afago, uma trégua para meu coração que escolheu a sina da militância sócio-política-racial.
Não sei se esse reencontro daria "liga", mas sei que todas as lembranças que tenho, neste exato momento, me trazem, sinceramente, uma humanidade sobremaneira, pois sei que a amizade e o amor, potualmente, no círculo do tempo, é possível entre os diferentes que se aproximam.
Experimentamos bem isso nos tempos da infância e adolescência: latino-americanos, espanhóis, italianos, poloneses, alemães, japoneses, africanos e brasileiros - brancos, pretos, amarelos juntos e misturados - classe média e pobre.
Éramos uma síntese possível neste país traiçoeiro!
Naquele tempo, nossa paz era não precisar parar, para julgamentos precoces, juízos perfeiros e questionamentos vãos.
Idos tempos em que eu poderia ter acreditado mesmo na ideologia da mestiçagem e na democracia racial que impregnavam nas teorias nascidas das cabeças que sabiam o que queriam: não perder o trono!
Apenas minhas dores sem causas conhecidas me faziam desconfiar um pouco da saúde da minha vizinhança, mas sem saber nem bem do que ou o porquê daquele enjôo antecipado.
Evolui muito - na mesma direção que já apontava aquelas verdes deconfianças potiagudas n'alma!
E, com o tempo, também meus olhos aprenderam a detectar pegadas e vestígios das muitas formas de barreiras ocultas até então.
Escrevo com todo carinho e desejo de abraçá-los pessoal, forte e novamente. Mesmo sabendo que, hoje, os julgamentos engendram verdades, os juízos elegem imperfeições e os questionamentos pré-concebem os delitos.
De minha parte, eu sei, nossos conflitos, agora, estão visíveis a olho nu, e insuportáveis, mas acho que valeria a pena cergar-me um segundo que fosse para uma rápida renascença do equilíbrio em suspenso que fui outrora.
E, com o tempo, também meus olhos aprenderam a detectar pegadas e vestígios das muitas formas de barreiras ocultas até então.
Escrevo com todo carinho e desejo de abraçá-los pessoal, forte e novamente. Mesmo sabendo que, hoje, os julgamentos engendram verdades, os juízos elegem imperfeições e os questionamentos pré-concebem os delitos.
De minha parte, eu sei, nossos conflitos, agora, estão visíveis a olho nu, e insuportáveis, mas acho que valeria a pena cergar-me um segundo que fosse para uma rápida renascença do equilíbrio em suspenso que fui outrora.
Mesmo que tude não passe de mentirinha de bucolismo afro-árcade!!
Nelson Maca
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Nelson Maca
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"Jogue suas mãos para o céu E agradeça se acaso tiver Alguém que você gostaria que
Estivesse sempre com você Na rua, na chuva, na fazenda Ou numa casinha de sapê"
- Vem cá, Nêgo; chega mais, Nêga:
vocês já ouviram esses discos aí de cima?
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