quinta-feira, 24 de abril de 2008

PALAVRAS QUE SANGRAM!!


Poesia é Vida e Vida é Poesia!


Para o Mestre Carlos Moore

Para o Irmão GOG
Para o Irmão Hamilton Borges Walê
Para o Irmão Sérgio Vaz!

Há certas coisas que vivemos que nos fazem refletir profundamente sobre a arte que fazemos. Há pessoas que dão novos cursos à nossa vida, novas rotas às nossas rimas. Quando vi pela primeira vez o vídeo abaixo, fiquei desconsertado. Não pelo sentido, pois meu inglês é frágil, mas pela pulsação, pela performance, pelo feeling do poeta. Os sons, melodias e ritmos impressos por Daniel Beaty no poema "Knock Knock" feriram fundo meu corpo. Ouvi-o organicamente!

Como dizia uma mulher que viveu lá em Curitiba:
perdi o senso de lateralidade.

Pensei:
escrever o que, para que, para quem, quando sabemos dos monumentos que já existem? Que já foram ditos, cantados, gritados, sussurrados, escritos!

Acredito que o aprendizado da escuta, da leitura podem muito bem, também, nos levar mais além de...

Paulo Leminski disse que o leitor de poesia só pode ser um poeta! Poeta Leitor, que não escreve, que lê poesias!

Mas, depois, pensei nas palavras de meu irmão, Hamilton Borges Walê, comentando Rilke:

se escrever para você é vital, se da escrita depende a sua vida, então você é escritor
.

Depois pensei nas letras do GOG. Coisas como:

Eu sou Riacho, Candanga, cada quebrada um pouco
Quem não é sentiu seis vezes o poder do soco
Sangue de Angola, negro por herança
A fome do nordeste não matou esta criança.


Depois lembrei de Sérgio Vaz e do vigor de um poeta da base, da perifa cooperativada.

Pedro
Nasceu em dia de chuva,
No ventre da tempestade.
Deus deu-lhe a vida
A mãe, luz a pele escura.
Dona Ana era jardineira
Plantava flores sobre pedras.
O pai, espinho de trepadeira,
apenas doou o esperma.
Pedra preciosa
Foi recebido pelo destino
com quatro pedras na mão...


Depois pensei nas conversas com o Mestre Carlos Moore, da gravidade de sua voz, de seu pretíssimo semblante bélico-amoroso embaixo de cabelos tão brancos, de suas palavras sobre nossa dispersão e reunião. Diz ele:

Parece suficientemente óbvio que o racismo corresponde a uma forma específica de ódio; um ódio peculiar dirigido especificamente contra toda uma parte da humanidade, identificada a partir de seu fenótipo. É o fenótipo dos povos denominados ‘negros’ que suscita o ódio – um ódio profundo, extenso, duradouro, cujas raízes se perdem na memória esquecida da humanidade e que remetem a insolúveis conflitos longínquos.

Depois disso tudo voltei a pensar:
também temos algo para falar! Sempre há algo a ser dito! Mas não é fácil lançarmos nossos textos ao mundo.

Embora descontextualizado, no último livro que li (ontem), o personagem diz:

quando um livro é publicado, a satisfação do escritor – se ele é um artista de verdade, e não um mero comerciante – é frustrante por um monte de coisas que nada têm a ver com os pilares em que se sustenta o universo. Para mim, os livros são pilares do universo. Se um livro é verdadeiramente seu, dói-lhe o coração e a alma pensar em enviá-lo a um editor.

Ou, Caros Senhores e Senhoras, simplesmente ouçam isso:

Daniel Beaty - "Knock Knock"




Confederação dos Nagôs

Guerra Preta Estratégia Quilombola


3 comentários:

Blequimobiu disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Luciana Matias disse...

Salve Maca!
Gramática da Ira tem sido o "Quilombo Virtual" mais visitado por mim,ultimamente (risos).valeu de novo!
Acompanhei esta mensagem com os 5 sentidos;
Com os olhos da cara e os olhos coração.
Com os ouvidos da cara e os ouvidos do coração.
Com a boca da cara e a boca do coração.
Com o toque do corpo e com o toque da alma.
Sim Poesia é vida e vida é poesia...
Axé irmão.

ps; depois dê a honrra de sua presença em nosso blog:htp;//corponegroexpressaoecultura.blogspot.com
Luciana

Otra Vidda disse...

tudo bem maca seu blog ta muito bom muita iformação assim que é da uma olhada no nosso novaaliancanegra.blogspot.com tamo querendo trocar uma ideia com vc e fortalecer uma parceiria maior contigo falou.
firmeza ai nego nos trampos
axé !!!