quinta-feira, 24 de abril de 2008

POÉTICAS DIVERGENTES DA BAHIA


Os seis poetas do afro-colapso



Derruba, Hamilton Borges Walê,

Tu sabes abater nossas múmias
Lançar o teu risco opaco sem brumas
Demolir a muralha de pedras de espumas
Apagar finalmente o papel de parede
Sangrar o farsante detrás do elegante




Decapita, José Carlos Limeira,

Tu expões a velha mentira na tua bandeja
A cabeça antiquada cantante eloquente
Impedes não permites aos menos que seja
Um só somente um dente da pálida doente
Da musa que brota só da mesma semente



Avança tua lança, Landê Onawale,

Tu atacas no atacado o letrado insistente
O legado do ponto de vista senil atrasado
Destacas o varejo sempre igual no mercado
O produto atual do padrão da velha metragem
O pão amoral do patrão da nova embalagem



Atormenta essa gente, Giovane,

Tu sabes que a vaidade não vai parar em vão
O ritmo retorcido que vem que vai pau a pique
O corpo crescente vai que vem com voz de revide
Alagas choves desabas nesse fiel piquenique
Pedras de água, tormenta de raio, metal de trovão

.



Corta fundo, Geraldo Cristal,

Tu desatas o fio do rosário dessas viúvas vadias
Cordão de ouro replay velhas verdades vazias
Correntes institutos fundações portais de agonias
Rompes o tecido dos mantos cerzidos no altar
Sacralizados dejetos dos gestos dos templos coloniais




Eu enveneno a pena
Dissemino nas falhas, fissuras, brechas, fadigas
Nas austeras academias dos egos erguidas
Nas sempre belas pedrarias das jóias polidas
Inoculo estrofes blindadas métricas primordiais
Parecidas caras semelhantes traços semblantes letais




Bahia Preta Sem o Véu da Farsa
(Abril.2008 - Lendo Cruz e Souza)

Confederação dos Nagôs!
Desemparedando a Ira!

Foto1 - Hamilton Borges walê
Foto2 - José Carlos Limeira
Foto3 - Landê Onawale
Foto4 - Giovane
Foto5 - Geraldo Cristal
Foto6 - Nelson Maca

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