Morada
Recebi hoje o livro Morada - fotografias de Guma e escritos de Allan da Rosa / Edições Toró.
Recebi hoje o livro Morada - fotografias de Guma e escritos de Allan da Rosa / Edições Toró.
Chegou-me, em mãos, por um portador ilustre: o poeta negro Landê Onawale que espero tê-lo registrado nesta Gramática em breve.
Correio Nagô? Elos da Corrente? Colecionadores de Pedras? Efeitos Colaterais? Suburbanos Convictos? Blacks com Atitude? Enraizados? Fuzzis? Caixas Petras?
Sei não, nêgo; só sei que a negrada está se articulando.
Tenho chamado isso de Confederação dos Nagôs!!
Pois é, o Allan da Rosa tá sempre lembrando de mim! Conheci-o em Salvador num evento da Blackitude.
Ele tem pintado por aqui, a gente sempre se bate!
Mas ainda não rolou aquela noitada de poesia e articulações quilombolas modernas.
Vai rolar - naturalmente!
O tempo é o senhor da Razão Divergente!
Exu das estradas que somos, num de nossos encontros em São Paulo, na Encruzilhada Cooperifa, recebi o livro Da Cabula, que já li, já gostei, mas não quero precipitar comentários!
Virá!
Ah!, também tenho comigo Notícias jugulares de Dugueto Shabazz, Punga de Elizandra Souza e Akins Kintê, Um presente para o Gueto de Fuzzil, Negrices em flor de Maria Tereza...
Eu confesso: sou reincidente em Edições Toró!
Obreiros que somos, aos poucos, vamos nos arrebanhando e dando nosso testemunho.
Acho que não conheço pessoalmente o Guma.
Digo isso meio com medo, pois conheci tanta gente em São Paulo através do Sérgio Vaz e do Alessandro Buzo que posso não estar lembrando do irmão!
É, estamos mesmo nos confederando contra os neo-colonizadores!
O fato é que parte das fotos do Guma também estão em minhas mãos agora.
Já dei umas primeiras olhadas.
Legal, hein!?
Familiar... parecem quartos que tive, que tivemos, uma casa que já morei, que já moramos.
Eu, que venho de uma família de doze negrinhos que vingaram, retorço os olhos diante daqueles beliches de uma daquelas fotos!
É a Confederação do Nagôs, nêgo!
Como toda a linha da Edições Toró, Morada é um presente para o negro preto do gueto!
Edição bem cuidada e com estilo próprio.
Identidade!
Chega a ser engraçado, mas escrevo essas reflexões enquanto meus alunos fazem uma avaliação.
Assunto: Poesia Realista e Parnasiana do Século XIX no Brasil.
Teófilo Dias, Raimundo Correia, Alberto de Oliveira, Olavo Bilac...
Nosso caso não é, ainda, de Arte Pela Arte e Culto da Forma, mas de Paixão, Amor, Vitalidade e Guerra!
Com a Beleza e Culto possível na Resistência!
Morada está autografado pelos dois autores e me dá uma sensação do caralho ser lembrado pelos Irmãos assim de maneira tão especial.
O livro chega como ecos contínuos das batalhas permanentes que promovemos, em focos diversos e espalhados, atacando vários alvos simultaneamente:
Guerra Preta, Estratégia Quilombola como nos ensinou o Irmão Capitão Zumbi dos Palmares - e tão bem se apropriou Ozama, atingindo o gigante nas suas pernas de barro!
Eu, daqui da Bahia Preta, não sei se já fiz o bastante para receber este respeito dos parceiros.
Mas sei que não estou parado, não me dobrei!
Por isso agradeço o presente dos Irmãos Allan da Rosa e Guma, dizendo que Landê Onawale foi o griot portador da lembrança de que A Família é grande e dispersa, mas Mãe só há uma:
África! One People! One Love!!
Diásporas! Novo Lar! Morada da Dispersão!!
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Correio Nagô? Elos da Corrente? Colecionadores de Pedras? Efeitos Colaterais? Suburbanos Convictos? Blacks com Atitude? Enraizados? Fuzzis? Caixas Petras?
Sei não, nêgo; só sei que a negrada está se articulando.
Tenho chamado isso de Confederação dos Nagôs!!
Pois é, o Allan da Rosa tá sempre lembrando de mim! Conheci-o em Salvador num evento da Blackitude.
Ele tem pintado por aqui, a gente sempre se bate!
Mas ainda não rolou aquela noitada de poesia e articulações quilombolas modernas.
Vai rolar - naturalmente!
O tempo é o senhor da Razão Divergente!
Exu das estradas que somos, num de nossos encontros em São Paulo, na Encruzilhada Cooperifa, recebi o livro Da Cabula, que já li, já gostei, mas não quero precipitar comentários!
Virá!
Ah!, também tenho comigo Notícias jugulares de Dugueto Shabazz, Punga de Elizandra Souza e Akins Kintê, Um presente para o Gueto de Fuzzil, Negrices em flor de Maria Tereza...
Eu confesso: sou reincidente em Edições Toró!
Obreiros que somos, aos poucos, vamos nos arrebanhando e dando nosso testemunho.
Acho que não conheço pessoalmente o Guma.
Digo isso meio com medo, pois conheci tanta gente em São Paulo através do Sérgio Vaz e do Alessandro Buzo que posso não estar lembrando do irmão!
É, estamos mesmo nos confederando contra os neo-colonizadores!
O fato é que parte das fotos do Guma também estão em minhas mãos agora.
Já dei umas primeiras olhadas.
Legal, hein!?
Familiar... parecem quartos que tive, que tivemos, uma casa que já morei, que já moramos.
Eu, que venho de uma família de doze negrinhos que vingaram, retorço os olhos diante daqueles beliches de uma daquelas fotos!
É a Confederação do Nagôs, nêgo!
Como toda a linha da Edições Toró, Morada é um presente para o negro preto do gueto!
Edição bem cuidada e com estilo próprio.
Identidade!
Chega a ser engraçado, mas escrevo essas reflexões enquanto meus alunos fazem uma avaliação.
Assunto: Poesia Realista e Parnasiana do Século XIX no Brasil.
Teófilo Dias, Raimundo Correia, Alberto de Oliveira, Olavo Bilac...
Nosso caso não é, ainda, de Arte Pela Arte e Culto da Forma, mas de Paixão, Amor, Vitalidade e Guerra!
Com a Beleza e Culto possível na Resistência!
Morada está autografado pelos dois autores e me dá uma sensação do caralho ser lembrado pelos Irmãos assim de maneira tão especial.
O livro chega como ecos contínuos das batalhas permanentes que promovemos, em focos diversos e espalhados, atacando vários alvos simultaneamente:
Guerra Preta, Estratégia Quilombola como nos ensinou o Irmão Capitão Zumbi dos Palmares - e tão bem se apropriou Ozama, atingindo o gigante nas suas pernas de barro!
Eu, daqui da Bahia Preta, não sei se já fiz o bastante para receber este respeito dos parceiros.
Mas sei que não estou parado, não me dobrei!
Por isso agradeço o presente dos Irmãos Allan da Rosa e Guma, dizendo que Landê Onawale foi o griot portador da lembrança de que A Família é grande e dispersa, mas Mãe só há uma:
África! One People! One Love!!
Diásporas! Novo Lar! Morada da Dispersão!!
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Lembrei muito deste poema enquanto escrevia:
Banzo
Raimundo Correia
Visões que na alma o céu do exílio incuba,
Mortais visões! Fuzila o azul infando...
Coleia, basilisco de ouro, ondeando
O Níger... Bramem leões de fulva juba...
Uivam chacais... Ressoa a fera tuba
Dos cafres, pelas grotas retumbando,
E a estralada das árvores, que um bando
De paquidermes colossais derruba...
Como o guaraz nas rubras penas dorme,
Dorme em nimbos de sangue o sol oculto...
Fuma o saibro africano incandescente...
Vai coa sombra crescendo o vulto enorme
Do baobá... E cresce n' alma o vulto
De uma tristeza, imensa, imensamente...
Banzo
Raimundo Correia
Visões que na alma o céu do exílio incuba,
Mortais visões! Fuzila o azul infando...
Coleia, basilisco de ouro, ondeando
O Níger... Bramem leões de fulva juba...
Uivam chacais... Ressoa a fera tuba
Dos cafres, pelas grotas retumbando,
E a estralada das árvores, que um bando
De paquidermes colossais derruba...
Como o guaraz nas rubras penas dorme,
Dorme em nimbos de sangue o sol oculto...
Fuma o saibro africano incandescente...
Vai coa sombra crescendo o vulto enorme
Do baobá... E cresce n' alma o vulto
De uma tristeza, imensa, imensamente...
Foto1: Convite para o lançamento do livro Morada (em São Paulo)
Foto2: Allan da Rosa declama em evento da Blackitude (Ao fundo, simplesmente, Sérgio Vaz, José Carlos Limeira, Douglas de Almeida e Hamilton Borges Walê - Vviiiiiiiiiiiiiiiiiiixe!!!!!!!!!!!!!)
foto3: Adivinhe?
(Nelson Maca – Blackitude.BA 26/04/2008)
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