Sou Negro e Tenho Orgulho
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O pedido foi do próprio James Brown. Quando morresse, queria se despedir do público no Teatro Apollo, em Nova York. Não foi mais uma extravagância do Rei do Soul. O sentido do último desejo está linkado ao início da carreira brilhante. Foi no badalado endereço que ele começou a cantar na década de 1950. Foi lá também que gravou o disco Live at the Apollo, reza a lenda, pagando os custos do próprio bolso. Era o ano de 1962 e o investimento valeu a pena, pois a partir dali James Joseph Brown Jr. se tornou o James Brown que os Estados Unidos e o mundo admirou e acompanhou até o último Natal.
Na época, o futuro ídolo de Prince, Michel Jackson e Lenny Kravitz tinha apenas 29 anos. Vinha de uma vida difícil. Na infância colheu algodão e engraxou sapatos e na adolescência ficou dos 16 aos 19 anos internado num reformatório. Foi lá que despertou para a música, mas antes de abraçá-la com o corpo e a alma, passou pelo boxe e pelo baseball. Como outros cantores negros americanos, começou pelo gospel, no The Famous Flames, com o qual gravou o primeiro hit: Please Please Please.
Em 1974, fez no Zaire um concerto histórico como parte da programação da luta entre Muhammad Ali e George Foreman. E James Brown também foi o astro difícil e encrenqueiro envolvido em brigas e agressões, álcool e drogas. Uma verdadeira “dynamite”, como bem sintetizava um de seus muitos apelidos.
Texto: Ana Cristina Pereira
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Salvador-BA, Ed. Especial - Vol.1 - Tributo a James Brown
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