segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009

ENTREVISTA / Artistas do Blackitude 40 º

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O Gramática da Ira conversa com os craques do
BlacKitude 40º


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Gramática da Ira - Como foi participar do “Blackitude + Zumbi” em novembro de 2008?

Ananias: Foi muito importante participar do evento que teve bate papo, poesia, mostra de vídeo, troca informações e com a finalização de um baita show, com um público massa e os quatro elementos atuando o tempo inteiro. Sem falar que foi só correria para tudo acontecer. Como tudo rolou tranqüilo e no maior astral, e isso é resultado de eventos de responsabilidade, compromisso social e para com o povo que vive o hiphop.

Aspri: Foi estar caminhando junto com o coletivo Blackitude e os demais parceiros, rumo ao Quilombo com o objetivo de libertação, alto-estima e independência. Foi resgatar, festejar e reafirmar nossas lutas

Daganja: Para mim é sempre um Honra participar dos eventos da Blackitude, pois são eventos feitos por pessoas envolvidos no hip-hop mesmo, por isso são eventos de qualidade, que elevam o artista e dá uma boa condição para o artista se apresentar seja ele Mc, B.Boy, Grafiteiro, Dj.

DJ Bandido: Foi muito importante pra mim, pois fazer parte deste evento como DJ é uma grande honra. Ainda mais dividindo o palco com grandes nomes do rap Baiano e internacional. E em homenagem ao grande Herói Zumbi então...

Lázaro Erê: Foi o melhor evento que participamos no ano. Sem desmerecer os outros, mas não é fácil achar um público tão consistente e ao mesmo tempo tão variado em Salvador. Os companheiros de palco (daqui e de fora) mantiveram a festa no nível necessário! E a galera, é claro, respondeu a altura! Foi, sem dúvida, a festa do ano de 2008!

Lee27: Foi muito massa participar de um evento no nivel que foi o Blakitude + Zumbi com uma boa organização e tudo dando certo, com bons artistas e com um ótimo público que compareceu pra prestigiar o evento. Isso só ajuda a gente a se dedicar mais para o próximo evento .

Neuro: Depois de muita correria é contagiante ver todos vibrando.

Oz: Para o Afrogueto foi um evento muito importante, pois marcou a primeira apresentação da ultima formação com Fall. Também foi uma experiência muito positiva dividir o palco com o Vox do Haiti.

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Gramática da Ira - Como vocês avaliam a presença de eventos de hip hop nos Largos do Pelourinho?

Thito Lama
: O hip hop vem ganhando seu espaço com freqüência isso já é óbvio, há (interesses) e interessados em fazer o movimento crescer, então devemos aproveitar e preservar com idéias futuristas que mostrem que o hip hop é forte e tem ação social.

Lee27: Eu acho muito importante, porque estamos ocupando um espaço que é nosso por direito, onde muitas de nossa referências lutaram por de nosso direito também, por ser um espaço que o hip hop baiano vai ter mais visibilidade para seus trabalhos!

Oz
: Gatos Pingados...

Neuro: Positivo. Salvador é carente de festas de hip-hop com qualidade, não só no Pelourinho, mas em qualquer local da cidade.

Lázaro Erê: O Pelô PRECISA do hip hop. Essa necessidade sempre esteve na nossa cara, mas o acesso era bem mais difícil, as cabeças eram mais fechadas que hoje e os grupos não tinham a estrutura necessária. Hoje, graças a pessoas persistentes (tomo a liberdade de me incluir entre elas) essa realidade está começando a mudar. E é assim que tem q ser. É invadindo espaços necessários (com qualidade, não com peixada) que as estruturas vão mudando.

DJ Bandido: Muito interessante por se tratar de um local genuinamente cultural e que abraça públicos diversificados, que buscam arte e informação.

Daganja: Acontecem vários eventos mas nem todos dão boas condições de apresentação, a Tereza Batista é um bom local, tem um bom som, e com certeza sempre dá uma rapaziada legal, acredito que esse evento da Blackitude na Tereza Batista vai fazer uma grande diferença para o hip-hop baiano.

Aspri: Já participamos de alguns eventos nos largos, e avalio que os grupos tem que ter cuidado ao pisar nesses palcos, para não comprometer toda formação do Hip Hop - Salvador. Todos merecem ser contemplados, mas para isso tem que estar preparado e saber como funciona o aparelho gestor do local que vem deixando falhas no critério divulgação e cachês, por isso produção tem que ser competente no geral.

Ananias: Muito bom. Esses eventos só vem a contribuir com a cena local do hip hop através de parcerias firmadas com as pessoas comprometida com O HIP HOP e sem falar dos próprios espaços que são locais de resistência onde o hip hop mobiliza muita gente, informa, diverte e bate de frente de igual para igual . Pelourinho é nosso!!!!!!!!!!!!

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Gramática da Ira - Cite três pessoas importantes para sua arte que você, realmente, gostaria de ver na festa?

DJ Bandido: DJ Tano, DJ KL JAY, DJ CIA

Lázaro Erê: Gostaria muito de ver Gomez (Elemento X), Dr. Carlos Moore e minha mãe, que por sinal nunca viu um show nosso!!

Ananias: Vant (Paraíba), b.boy tijolinho (Ceará) e Benks e sua galera

Thito Lama: Minha mãe, meu filho e minha esposa

Lee27: O Drico, Questão e Rock

Aspri: Vou nem citar porque sei que vão estar todos lá de diversas formas e maneiras.

Neuro: Todos que de coração estiverem presente são importante para nossa arte.

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Gramática da Ira -Qual será formação do grupo, inclusive participações, para o Blackitude 40º e o que vocês pretendem apresentar pra galera?

Oz: Junta no palco três mcs e um dj, acrescente força de vontade, determinação, positividade, humildade, misture tudo com uma pitada de amor, ai é só esperar fazer efeito.

Daganja: Vamos nos apresentar com a formação de sempre.
Nossa formação são os dj`s Índio & Leandro, o Joca que é Mc do Grupo In.vés, Léo Souza e eu, Daganja. As participações eu prefiro deixa pra na hora a rapaziada conferir.

Lázaro Erê: O Opanijé vai tocar com a sua formação básica: Lázaro Erê (voz) Rone Dum Dum (voz) Dj Chiba (toca-discos) e Tino Bispo (Percussão). Estamos preparando aos poucos nosso CD, então o show é meio que uma prévia disso: rap com personalidade, cara e som próprios. É claro que não agrada a todos, então quem tiver afim de xérox, nem apareça porque vai se decepcionar.
Aspri: Vamos tentar levar a formação tradicional do RBF – os MC´s Aspri, Heider e Íris, o DJ Ivan, Fabrício na percussão. Sempre rola a participação dos Irmãos do Opanijé nas respectivas musicas Cabelo da Desgraça e Cabelo da Desgraça parte 2 (a mais nova arma anti-racistas, colocada a pouco tempo no repertorio ) sem esquecer da participação do Irmão de longas datas BBrrô do Grupo UMKONTO.

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Gramática da Ira -De forma geral, que perfil de público vocês gostariam de ver por lá?

Daganja: Todo ser humano que se respeita, independente de cor , sexo ou tamanho.

Neuro: O público tem que sentir o pulsar dos auto-falantes e a vibração do som, e entender o porque de estarmos celebrando uma noite para os pretos soteropolitanos de corpo e alma.

DJ Bandido: O público alternativo em geral que curte, admira e avalia o trabalho da comunidade hip hop baiano.

Ananias: Todo público em geral e sem falar das pessoas do hiphop que sempre estão coladas nos eventos , deixando seus recados e anseios com as letras do rap, com os b.boys, os grafiteiro, o dj e as pessoas que estão nas produções na maior correria .

Aspri: Gostaríamos de ver a comunidade Hip Hop Salvador BA, os que fazem acontecer e os que não fazem acontecer, as intelectualidades da negritude, jovem, velha e adulta e as periferias.

Oz: Publico é publico então só nos resta chegar lá e fazer nosso trabalho de maneira não seletiva, mas inclusiva.

Lee27: Gostaria de ver um público com a cara da Blackitude, pra cima, que gosta de prestigiar nossos trampos e gosta de ir nos nossos eventos curtir a noite e dançar muito, porque é esse que nos dá inspiração pra fazer ótimos trabalhos!

Lázaro Erê: O único critério de público é aquele que valorize nossa cultura e que esteja afim de ouvir coisa boa. Venha ele de onde vier e como vier. Mas de preferência a galera que vêm acompanhando o nosso trabalho e já tem algumas músicas na ponta da língua.

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Gramática da Ira -Em linhas gerais, que técnicas break vocês trarão para o evento?

Ananias: Uma performance de grupo depois top rock , fot work , freezes e muitos movimentos, saltos e acrobacias.

Gramática da Ira - Como será seu set, para botar a platéia nos 40º que a festa promete?

DJ Bandido: Tocando o melhor da Black music, sempre valorizando o produto nacional, com coisas novas e antigas que fazem a galera balançar sem esquecer de resgatar a cultura negra e sua auto- estima.

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Gramática da Ira - Como vocês pretendem estabelecer o diálogo entre os graffiti de vocês e a temática geral do evento?

Lee27:
Eu acho que será tranqüilo, porque sempre trabalhou com temas e os artista que vão pintar no dia estão aptos pra encarar e adequar seus trabalhos ao tema por que será 40°.

Thito Lama: Pretendo fazer algo simples porém reflexivo, a arte é o alimento da alma em desconforto; é preciso subverter as idéias até gerar inquietação na mente das pessoas. O spray é minha arma, com ele eu venço batalhas e posso por um sonho de criança naqueles que perderam sua infância, tirar o ódio dos corações e colocar o amor como vingança, quem ama o que faz dá o coração antes de sofrer paz.

Neuro: Pretendo usar cores que expressem o verão ligando a estação e o tema do evento: Blackitude 40º.

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Gramática da Ira - Fica aí o espaço para as considerações finais de cada um:

Thito Lama: Com fé em Jhá: tudo vai dar certo como sempre, olhando pra frente é assim que segue os resistentes, olhamos para os lados para ver tanta gente que precisa de nós é importante nossa voz, atitude, organização e união... vamos que vamos, irmãos.

DJ Bandido: O BLACKITUDE é um evento sem igual e suas variações são sempre bem vindas no agito de nossa cidade. Porém acredito que o evento que homenageia ZUMBI DOS PALMARES, deveria se tornar um evento anual marcando a importância do dia 20 de novembro para a comunidade afrodescendente da Bahia.

Ananias: O Independente de Rua sempre vai estar participando de eventos que contribuam para o desenvolvimento do hip hop, sendo ele um feito com intuito de semear .
Lee27: Então agradeço a Olorun por estar me dando as oportunidades que ele me dá, pra Exu e Ogum que abre meu caminho, e Xango que sempre me ilumine mais, Oxosse. Ao Nelson Maca, a minha mãe e meus amigos que estão sempre presente e a todos que vão curitir o evento. Muito axé.

Lázaro Erê: Bóra trabalhar, minha gente! É assim que se mudam as coisas, é assim que se faz revolução. Agradecendo desde já aos que nos apóiam, compreendem nossa mensagem e ajudam a divulgar nosso trampo. Aos que fingem que não compreendem paciência. O Tempo é rei e é ele quem decide. Axé!

Aspri: Aos 40º trabalhamos e continuaremos os trabalhos e os festejos até a nossa real libertação. Fortifique-se! Axé!

Daganja: Valeu a Nelson Maka e toda a sua equipe do Blackitude por esse convite mais uma vez, e que todos compareçam por lá de coração aberto e cabeça no lugar. JháBless!!

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Foto1 - Bigod / Divulgação
Foto2- Ananias por Nelson Maca
Foto3- Aspri e Negra Íris (ao fundo: Heider) por Márcia Guena
Foto4- Daganja / Divulgação)
Foto5- Dj Badido / Divulgação)
Foto6- Lázaro Erê por Fernando Gomes
Foto 7- Neuro por Drico
Foto8 - Oz (de preto) e Fall por Fernado Gomes
Foto 9 - Thito Lama / Divulgação

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