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Edson Gomes: um Rei ausente!
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No dvd de Edson Gomes, o cantor Sérgio Cassiano (Adão Negro) apresenta o reggaeman como “nosso rei”.
Um rei sem reinado numa cidade que insiste em menosprezar sua realeza.
Reflito sobre isso a cada carnaval soteropolitano - assíduo que sou - ao ouvir, me empolgar e observar a vibração geral das ruas quando (raramente) se apresentam regueiros como Geraldo Cristal e Dionorina. Ou Lazzo. Momentos loucos e verdadeiros.
O povo baiano sente o reggae.
Então refaço a pergunta que tenho feito a mim mesmo:
- Por que há sempre falta de espaço e apoios para os regueiros da cidade?
Como seria verde nosso vale - ao menos, no centro - se nos dessem a chance de ouvir Alumínio, Ciro Trindade, Geraldo Cristal, Rasbuta...
No meu currículo das ruas da folia, tive o luxo de presenciar in loco a explosão de Faraó: divindade do Egito e Eu sou negão. Desde então, ouço especialistas e palpiteiros afirmarem que o reggae já se tornou um elemento matriz da música baiana, seja a axé music, o samba-reggae ou “ele mesmo”. Porém, pouco espaço e respeito tem sido dedicado ao gênero em si.
Dois momentos que me impressionaram bastante nestes tantos anos no Carnaval: a presença efêmera do Bloco Resistência Ativa, capitaneado por Edson Gomes, e o mega-sucesso de Nayambing blues (Trem do amor) de Sine Calmon.
Cheguei a pensar que uma injustiça histórica seria paga com juros e não mais com juras. Ledo engano. Foi bom, mas ficou datado e ainda é pouco para uma cidade que assimilou o ritmo jamaicano e seus desdobramentos genéricos, num complexo cultural que extrapola a simples linguagem musical. A comunidade rastafari, por exemplo, forma um contingente expressivo que participa ativamente da festa.
Em 2007, o Ilê Aiyê entendeu o óbvio e convidou Edson Gomes para o show de destaque da Noite da Beleza Negra, evento que inaugurou oficialmente o Museu du Ritmo. Em sua rápida participação, Carlinhos Brown disse que ninguém canta com tanta espontaneidade as ruas e o povo da Bahia como Edson Gomes.
Por que, então, os patrocinadores e organizadores do Carnaval não dão tratamento digno a ele e aos artistas do reggae de resistência?
O povo dá, é óbvio! Mas eles não permitem, no carnaval, a face revoltada de nossa musicalidade.
- Revoltada?
- Against What? Perguntaria Bob Marley!
(Nelson Maca)
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Sistema do Vampiro
Esse sistema é um vampiro
Ah ! O sistema é um vampiro
Esse sistema é um vampiro
Todo povo ficou aflito
Esse sistema é um vampiro
Ah ! O sistema é um vampiro
Eh! vive sugando todo povo
Vem cá, meu Deus, desça de novo
Ouça meu grito de socorro
Pai, escuta a voz desse teu povo
Que clama
Um centenário oh falsa libertação
Cativeiro mental
Estamos metidos nos buracos
Estamos jogados nas favelas da vida
Pendurados lá no morro
Velho pai, só nos resta teu socorro
Ah, sim!
Estamos largados nas calçadas
Nós não temos nem morada
Não temos nada!
Esse sistema é um vampiro
Ah ! O sistema é um vampiro
Esse sistema é um vampiro
Todo povo ficou aflito
Esse sistema é um vampiro
Estamos metidos nos buracos
Estamos jogados nas favelas da vida
Pendurados lá no morro
Velho pai, só nos resta teu socorro
Ah, sim!
Estamos largados nas calçadas
Nós não temos nem moradaNão temos nada!
(Edson Gomes)
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3 comentários:
Salve Macá....Edson Gomes é o reggae brasileiro...vivi na Bahia por 4 anos e por todas as cidades que passei todos cantam suas músicas...mesmo assim o reggae passa em "branco" no carnaval baiano...artistas de outros estilos tem seu espaço...mais o ritimo do gueto somente nas camisetas e radiolas que resistem e esfregam na cara de todos mostrando que a Bahia é reggae SIM...
"Eu ando sobre a terra e vivo sobre o sol e as minhas raízes....eu balanço...eu balanço...eu balanço...vem me reggar Mãe !!
Tubarão Dulixo e regueiro nato!!
só não é mais forte porque eles ainda querem um mundo "só de azul"
mas mesmo que o radio não toque aqui vamos nos cantando reggae aleluia Jah!
abraço irmão fé em Deus.
Que bom ler os comentários de vocês! Muito bom! Estou feliz e emocionado em saber que estamos juntos também na música-raggae de Edson Gomes!
"No nascer do dia
o meu pai ía
e na morte do dia
ele vinha
tinha sempre o suor
corredo no rosto
o corpo marcado
e nada no bolso!"
Nelson Maca -
Exu regueiro nato!
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