sexta-feira, 2 de novembro de 2007

Uns vivem em mim; viverei em outros também?

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Caramba,
hoje é dia de finados.
Na real, nunca liguei muito para esta data, e para as demais. Natal, dia disso, dia daquilo, foram se apagando em minha mente na medida que eu fui construindo minha rebeldia: preta e insubmissa.
Mas a vida é a vida...
E temos que pagar o preço da passagem...
Então, começamos a experimentar coisas que, na real, não previmos, não escolhemos...
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Hoje é finados, né meu?
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E a vida tem, a cada dia, me aproximado mais da experiência da morte.
Não a minha própria: tô vivão ainda!
Mas a de parceiros e parceiras queridos que se vão, aos poucos, se despedindo das esferas de cá...
Muitos nos deixam de surpresa, assim, de uma hora pra outra, sem, ao menos, dar um pequeno prenúncio, fazem a mala e partem.
Mesmo em silêncio, nos deixam a incumbência de dar prosseguimento às suas obras, ao desmanche do castelo racista, à implosão do palácio colonial que se edificou daninho dentro de nosso peito sem catedrais...
E aí não teve jeito, lembrei, novamente, de meu mestre querido e ao lado, Luis Orlando da Silva: The Rasta Man Vibration!
Inevitavelmente, choro, ainda meio escondido entre os escombros deixados no meu peito pelo irmãozão grande meu...
Aliás, nem sei porquê, pois tudo nele, para mim, representou força, vida e, acima de tudo, apesar de sempre quase rude, foi só alegria e Negritude para mim.
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Mas tem também os que nascem,
enchendo nossas noites de dias. E enchem nossos dias de sons, brinquedos, sorrisos... alegrias renovadas... novas esperanças... De preocupação e divertimento, de cuidado e devaneio....
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Também tenho experimentado a experiência da vida com mais intensidade.
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Outro dia, encontrei umas daquelas professoras universitárias mal amadas, burguesas e afrancesadas, num dos corredores da minha antiga universidade.
Quase ela me trucida quando disse que não terminei minha dissertação (em duas ocasiões!! Rsrsr).
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Pois é,
“Mademoséle” da Silva, não terminei as duas dissertações, mas fiz duas meninas e estou criando minhas duas filhas com o cuidado de uma tese que vingará, que terá sempre validade e nunca se engavetará.
Minhas filhas, minhas obras completas!!
Felizmente, Deu tempo d'elas conviverem com o Luis Orlando da Silva.
Serem, tal qual o pai, inoculadas pelo vírus da consciência, conhecimento e auto-estima.
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Lembro-me de um presente que ele trouxe para elas numa de suas muitíssimas viagens.
Só ele mesmo poderia ter dado a elas suas primeiras bonecas pretinhas.
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Agora eu olho pra elas,
brincando com tantas bonecas pretinhas que têm, e me lembro dele, também avô, como eu, desses brinquedos que ajudam a semear o nosso amor próprio.
Da mesma semente que L.O. semeou entre nós.
Quem sabe, sabe!
Luís, meu velho camarada, não é saudade,
Irmão, é Amor o que sinto por ti.
Isso nunca acabará, Mestre!!
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Nelson Maca –
um sorriso nos lábios, duas lágrimas nos olhos
e o punho cerrado ao ar como você me ensinou, Black Panther!!
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. Pode deixar, Rasta,
nunca deixarei de dizer a verdade às crianças!
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Foto1- Luís Orlando
Foto 2- Lucinha Black power
Foto3- Luiza Gata
Foto 4- Lucinha Black Power
Foto 5- Lucinha Black Power, Line, Lina e Luiza Gata (por ironia: minha "branca de neve")

2 comentários:

Blequimobiu disse...

Em toda minha vida fui a um enterro, o de minha vó por parte de pai, não lembro a idade que eu tinha, mais me prometi a ir a apenas mais 2, o de minha mãe e o meu, peço a Deus que vá apenas a 1.

Abs cara, força ai!

Quênia disse...

Nossa!!!
fiquei muito emocionada ao ler o texto de maca, até agora estou com um nó na garganta! Engraçado dia 02 pensei muito no Luiz Orlando pq até hj ele foi unica pessoa da familia que posso dizer que realmente senti e sinto muito. Parece que foi ontem que ele ligou p/ casa combinando a viagem!!!era a despedida e nós nem percebemos...um ano já, como o tempo tem passado rápido...