sábado, 17 de novembro de 2007

ENTREVISTA / GOG: Original Rap Nacional

GOG na Bahia Preta da Blackitude - 2005

GOG chega a Salvador para mais uma apresentação imperdível. O encontro, que tem entrada franca, será no dia 21/11 no Projeto Blackitude-Pelourinho: Na Rota da Rima, que promete sacudir o Pelô de 21 a 25 de novembro.Vivendo um dos momentos mais felizes de sua careira, o poeta do Rap, GOG, também conhecido como Genival Oliveira Gonçalves, prepara para breve um duplo lançamento: DVD e CD ao vivo. Ambos são desdobramentos de Aviso às Gerações, o oitavo trabalho de uma carreira que se iniciou no break e já ultrapassa os vinte anos de hip hop. Dois elementos significativos desse amplo projeto são a tematização mais pontual e direta da questão da Negritude e novas experiências na elaboração de suas bases musicais, como o uso de banda. Neste papo com o Gramática da Ira, GOG fala de elementos que sempre marcaram sua careira: conhecimento e participação política em alianças que extrapolam o Movimento Hip Hop. No mais, fico aqui orgulhoso com as citações de artistas e ativistas do hip hop soteropolitano de forma geral, e da Blackitude sem particular. Então, segura aí, e vamos em frente!
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Gramática da Ira (GI): Qual sua expectativa para esta nova vinda a Salvador? O que você está preparando para os baianos?
GOG: Salvador é sempre um grande aprendizado. Estamos preparando o que de melhor podemos oferecer no que se refere à música e informação. A expectativa é imensa...
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GOG e Aline - Blackitude.BA - 2005

GI: Fale um pouco sobre o projeto do dvd e o cd ao vivo? Como está o andamento? Tem previsão de saída?
GOG: O DVD foi uma experiência única. Definiu parceiros, alianças, trouxe amadurecimento. Estamos com a edição e áudio praticamente prontos; estamos preparando outras surpresas para o nosso público. Não temos ainda uma previsão. O CD ao Vivo sai primeiro. Acessem o site http://www.gograpnacional.com.br/ , ele traz a arte do DVD.

GI: Noutra entrevista, li você falando de literatura periférica. Fale um pouco mais desta fita? Qual sua expectativa? Qual sua participação nesta frente?
GOG: A Literatura Periférica é o oxigênio que faltava ao Hip Hop. Ver o Coletivo Blackitude, a união entre vocês é algo que me deixa orgulhoso. Nosso povo se reunindo e fazendo disso um processo evolutivo. Chegar na Cooperifa, no Sarau Rap, e ver os irmãos e irmãs com textos mais elaborados, novas rimas, isso não tem preço. Imagine!! A conseqüência disso será avassaladora, trará mais qualidade ao hip hop. É a minha expectativa. A literatura está reinventando, ou talvez, reeducando o texto rap.
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GOG em debate - Blackitude.BA - 2005

GI: Fale um pouco desses seus encontros e parcerias com os movimentos populares, principalmente Sem Teto e Sem Terra. Qual a importância “do e para” o hip hop dessas experiências?
GOG: Quando digo que o caminho não é a Rede Globo, tenho que apontar uma alternativa, senão o discurso fica incompleto. Creio que o caminho é a interação com os movimentos sociais, cooperativas, literatura popular. Isso além de ser uma alternativa é um mundo! Um admirável mundo novo! Passei alguns dias na Escola Florestan Fernandes em Guararema-SP, do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra). Foi maravilhoso. Vi o que é auto-gestão, organização, estratégia. Percebi o respeito que eles têm pelo hip hop. Tenho laços estreitos com o MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem Teto) e com vários outros segmentos populares. É o que alimenta meu trabalho. O Hip Hop tem que investir nesse pensamento. Interação entre os Movimentos.

GOG e Rapadura em Show da Blackitude.BA - 2006

GI: Que notícias você tem do hip hop da Bahia?
GOG: As primeiras notícias que recebi do Hip Hop Baiano foram pelo Gato Preto. Hoje, recebo informativos, converso com o Nelson Maca, muito menos do que gostaria. Juno, Dj’s Bandido, Joe, Edilson, Penga, o Rangel, que é um parceiro que me deixa orgulhoso pela ousadia, por acreditar no construir... O Rapadura tem contato direto com o Sardinha. Nos Encontros Nacionais, quando realizados em Brasília, sempre converso com integrantes do Movimento Baiano. DJ Branco, Simples Rap’ortagem, muita referência. Conheci Alagoinhas e foi maravilhoso. O pessoal de Camaçari entrou em contato recente. Vitória da Conquista. Isso me dá uma leitura de crescimento de toda a região, e o que é melhor: com maturidade. A Blackitude tem uma forma de atuação, na base, que reforça ainda mais uma crença. O caminho da auto-gestão e formação profissional do nosso povo, como estratégia.
. Comboio Blackitude a caminho da cidade de Alagoinhas
(Limpo, GOG, Geninho, Gomez, Penga, Blequimobil - Só anjinhos)

GI: Já dá para você ter alguma opinião consistente sobre a Blackitude: Vozes Negras da Bahia?
GOG:
A opinião que tenho é que a Blackitude é um constante aprendizado. Ela me fez evoluir em vários conceitos. Negritude, africanidade, parceria, trabalho comunitário.... A Blackitude tem uma forma de atuação, na base, que reforça ainda mais uma crença. O caminho da auto-gestão e formação profissional do nosso povo, como estratégia.

GI: Como você analisa a equação: GOG + Nelson Maca + Sérgio Vaz = Formação de Guerrilha!! Você acrescentaria mais quem aí neste front?
GOG: Os que fazem por amor e com qualidade. Os que não se cansam na batalha do dia a dia. Cabe a vocês, personificarem isso.

GI: O que representa para você o título de poeta do rap? Fale um pouco de sua futura presença na Coleção Literatura Periférica, da Global Editora, ao lado de Sérgio Vaz, Alessandro Buzo, Alan da Rosa e outros?
GOG:
Uma forma carinhosa de reconhecer meu trabalho. Olha, ainda está caindo a ficha, mas acho que o texto literário, poético, é um caminho natural da minha carreira. Gosto de ler, escrever, e estou acumulando ao longo da vida muita experiência. É essencial passar isso à frente. E o livro é um ótimo meio.

Os poetas e combatentes Hamilton Borges Walê e GOG falam...

GI: Comente a grade do evento Blackitude-Pelourinho: Na.Rota.Da.Rima? Como você se sente como tema de uma das conferências e, ao mesmo tempo, uma das atrações do sarau afro-poético-musical?
GOG: Será minha primeira apresentação nesse espaço que mais do que um dos Cartões Postais de Salvador, me passa uma aura de resistência. Pena que o Pelourinho dos Casarões Antigos e tombados é apenas uma casca. O Restante da Cidade, principalmente, ao redor, e os bairros periféricos não são assim. Quanto à homenagem, foi uma grande surpresa. O Gato Preto tem uma frase que gosto muito. “Dê-me as rosas ainda em vida, porque morto não sentirei o perfume”. Acho a iniciativa ousada e inovadora, uma das características que mais admiro no Nelson Maca... Estarei acompanhando, na condição de aluno e expectador, esse momento histórico.

GI: Que perguntas você faria para você mesmo hoje? Como responderia?
GOG: Gosto das perguntas ainda sem resposta. Sinto que elas são um caminho a desbravar.
Pra citar uma: quem eu sou realmente?

... para uma platéita repleta de guerreiros do hip hop soteroplitano

GI: Que pergunta gostaria de deixar para nós, baianos?
GOG:
Por que, numa cidade em que 80% da população é negra e afro-descendente, os Brancos se perpetuam no Poder?
Um parecer: O Hip Hop tem papel essencial para mudar esse quadro.

GI: Valeu, GOG, fica aí o espaço para suas considerações finais.
GOG: Sou muito grato a Salvador, à Blackitude e aos demais parceiros e parceiras do Movimento Hip Hop Baiano que fortalecem meu nome e acreditam na minha forma de atuação. Vocês me fazem forte e combativo, num momento em que vários irmãos estão desistindo dos nossos propósitos fundamentais.
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Capa: Aviso às gerações (último trabalho)

GI: É isso aí, guerreiros! Então nos vemos no dia 21 de novembro, quarta-feira, lá na Praça das Artes, no Pelô, para assistir o show do irmão.

Visite o site do GOG
http://www.gograpnacional.com.br/

Nelson Maca -
Blackitude BA - Liga Africana Atual
África! One People!! One Love!!!

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