terça-feira, 23 de outubro de 2007

El Comandante: Sérgio Vaz em Salvador - Viiiiixxxeee!!!

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Maior Liderança da Literatura Periférica do país participa de evento em Salvador
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Sérgio Vaz,
poeta fundador da Cooperifa, mentor da Semana de Arte Moderna da Periferia, é convocado pelo Coletivo Blackitude a participar da Semana de Letras da UCSal, promovida pelo Centro Acadêmico de Letras.

Na próxima sexta-feira, 26 de outubro, o poeta paulistano Sérgio Vaz, um dos principais articuladores da literatura periférica paulistana, participa de bate-papo na Semana de Letras da UCSal, quando lança seu novo livro, Colecionador de Pedras, e participa de recital com poetas da cidade. A Semana, promovida pelo Centro Acadêmico de Letras, acontece entre os dias 23 e 26 do corrente. A presença do escritor dá desdobramento ao mini-curso Poéticas Divergentes do Professor e ativista Nelson Maca, que também comporá a mesa. Sérgio Vaz foi convocado para falar, além de sua obra, sobre duas criações suas: a Cooperifa, que acaba de completar 6 anos de idade, e a Semana de Arte Moderna da Periferia, que acontece em novembro próximo.

Ficha
O que: Sérgio Vaz, poeta da Cooperifa e idealizador da Semana de Arte Moderna da Periferia participa da Semana de Letras da UCSal.2008
Onde: UCSal / Campus-Lapa / Avenida Joana Angélica s/n
Quando: Sexta-Feira, dia 26 de outubro de 2008
Horário: 18 horas – Lançamento do livro: Colecionador de Pedras (SV)
. . . . . . . . . 19 horas – Mesa-redonda sobre Literatura Periférica
. . . . . . . . . 21 horas – Sarau de poesia

Cooperifa – Cooperativa de Artistas da Periferia
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A Cooperifa
surgiu em outubro de 2001. Nessa época, os saraus eram realizados no Garajão, em Taboão da Serra. Nos último três anos as reuniões semanais voltadas à declamação de poesias passaram a acontecer no Bar do Zé Batidão, no Jardim São Luís (zona sul de São Paulo). Lá, às quartas-feiras, cerca de 300 pessoas se reúnem para declamar textos próprios e alheios. Nas palavras de Sérgio Vaz, um dos idealizadores do Sarau da Cooperifa ao lado de Marco Pezão, "é um quilombo cultural, onde as pessoas não precisam limpar o pé pra entrar. E não são tiradas por aquilo que pensam. É o movimento dos sem palco".
Vigilantes, donas-de-casa, metalúrgicos... São muitas as ocupações dos que freqüentam a Cooperifa. Gente de várias idades. Para Vaz, a grande contribuição do sarau é para a auto-estima de seus freqüentadores. Isso é atestado pelo surgimento de outros saraus inspirados na Cooperifa. Vaz, no entanto, alerta para a banalização dos saraus literários por quem se utiliza dessa nomenclatura em eventos com intenção de "chamar público". "O Sarau da Cooperifa é voltado para a poesia, não é festa. Tem ‘boy’ que quer fazer festa e chama de sarau, porque virou forma de atrair o povo. Da Cooperifa já saíram um livro com escritos de 43 autores do Sarau ("Rastilho de pólvora - antologia poética do sarau da Cooperifa, 2005) e o CD "Sarau da Cooperifa", pelo Instituto Cultural Itaú, que conta com a participação de 26 poetas

Semana de Arte Moderna da Periferia
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Programada para acontecer entre os dias 4 e 11 de novembro de 2007 na periferia de São Paulo, a Semana de Arte Moderna da Periferia é uma iniciativa dos próprios artistas periféricos, tendo o poeta Sérgio Vaz na condução geral do processo. O evento como um todo conforma apresentações de artes produzidas fora dos círculos oficiais e acadêmicos da cidade. Durante o evento, serão exibidos documentários, espetáculos de música, dança, teatro, exposição de artes plásticas e grafite, para que o público conheça artistas e artes produzidas nos subúrbios. A Semana de Arte Moderna da Periferia acontece em vários pontos da periferia da zona sul de São Paulo, mas aos poucos ganha toda a capital paulista e o país através dos meios de comunicação.


Manifesto da Antropofagia Periférica (Sérgio Vaz)



A Periferia nos une pelo amor, pela dor e pela cor. dos becos e vielas há de vir a voz que grita contra o silêncio que nos pune. Eis que surge das ladeiras um povo lindo e inteligente galopando contra o passado. A favor de um futuro limpo, para todos os brasileiros.

A favor de um subúrbio que clama por arte e cultura, e universidade para a diversidade. Agogôs e tamborins acompanhados de violinos, só depois da aula.

Contra a arte patrocinada pelos que corrompem a liberdade de opção. Contra a arte fabricada para destruir o senso crítico, a emoção e a sensibilidade que nasce da múltipla escolha.

A Arte que liberta não pode vir da mão que escraviza.
A favor do batuque da cozinha que nasce na cozinha e sinhá não quer. Da poesia periférica que brota na porta do bar. Do teatro que não vem do “ter ou não ter...”. Do cinema real que transmite ilusão. Das Artes Plásticas, que, de concreto, quer substituir os barracos de madeiras. Da Dança que desafoga no lago dos cisnes. Da Música que não embala os adormecidos. Da Literatura das ruas despertando nas calçadas.

A Periferia unida, no centro de todas as coisas.

Contra o racismo, a intolerância e as injustiças sociais das quais a arte vigente não fala.
Contra o artista surdo-mudo e a letra que não fala.

É preciso sugar da arte um novo tipo de artista: o artista-cidadão. Aquele que na sua arte não revoluciona o mundo, mas também não compactua com a mediocridade que imbeciliza um povo desprovido de oportunidades. Um artista a serviço da comunidade, do país. Que armado da verdade, por si só exercita a revolução.

Contra a arte domingueira que defeca em nossa sala e nos hipnotiza no colo da poltrona. Contra a barbárie que é a falta de bibliotecas, cinemas, museus, teatros e espaços para o acesso à produção cultural. Contra reis e rainhas do castelo globalizado e quadril avantajado. Contra o capital que ignora o interior a favor do exterior. Miami pra eles ? “Me ame pra nós!”. Contra os carrascos e as vítimas do sistema. Contra os covardes e eruditos de aquário. Contra o artista serviçal escravo da vaidade. Contra os vampiros das verbas públicas e arte privada. A Arte que liberta não pode vir da mão que escraviza.

Por uma Periferia que nos une pelo amor, pela dor e pela cor.

É TUDO NOSSO!

Sérgio Vaz
é um dos poetas mais sólidos da nova leva da chamada literatura marginal. Além de poeta, é produtor cultural periférico, tratando com seriedade artes e artistas que povoam e comentam os espaços menos privilegiados de São Paulo: as margens geográficas, sociais e culturais. Tem no seu histórico de escritor 5 livros independentes: Subindo a ladeira mora a noite, A Margem do Vento, Pensamentos Vadios, A Poesia dos Deuses Inferiores e Colecionador de Pedras. Este foi reeditado, ainda em 2007, pela Global Editora, inaugurando a Coleção Literatura Periférica. Sérgio Vaz é fundador da Cooperifa - Cooperativa Cultural da Periferia. No seu início, às quintas-feiras, acontecia numa fábrica abandonada em Taboão da Serra e chamava-se Quinta maldita. Sua realização mais divulgada é o Sarau da Cooperifa, evento poético que acontece às quartas-feira, no bar Zé Batidão, transformado em centro cultural, no bairro de Piraporinha. Sérgio Vaz é curador de O Rastilho da Pólvora e do Arte na PeriferiaI, dois projetos que contam com a parceria do Itau Cultural. O primeiro é uma antologia poética que reúne 43 poetas iniciantes do sarau da Cooperifa. O segundo envolve literatura, música e cinema. Além de escritor, o poeta também desenvolve o Poesia Contra a Violência: oficinas de poesia na rede pública de ensino paulistana. Participa do projeto e realização da consagrada publicação Literatura Marginal da revista Caros Amigos. Além dos registros em livros, lançou em 2006 o CD de poesia da Cooperifa, com participação de 30 poetas. Tem participação no livro Hip Hop a lápis, organizado pelo site vermelho.org. É considerado um dos "Heróis invisíveis", prêmio concedido pelo jornalista Gilberto Dimenstein. No Rap, está presente nos trabalhos dos grupos Sabedoria de Vida, GOG, 509-E e 2ho. No momento mais instigante de sua careira de 20 anos de militância poética, Sérgio Vaz é idealizador da I Semana de Arte Moderna da Periferia, que acontecerá em novembro próximo sob sua coordenação.


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