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Petróleo
então nomearam-me negro
não o nego
então disseram-me brasileiro
não o nego
então tornaram-me afro-brasileiro
determinação
sem espelho
então herdei este sentido
nacionalidade
este termo
que tanto os orgulha
brasilidade
assim
tenho me deixado
que me defina
negro brasileiro
mas não por eleição
mística
mas não por conceituação
chauvinista
assim
sou chamado
porque assim tenho sido
inserido
historicamente implantado
assim atravessei esse mar de implacáveis estações
assim atravessei esse deserto de incontáveis complexos
assim estou em processos
a contramão da conquista o saibro dos pavimentos
calçada alheia
as estacas colunas vergalhões fundações
este edifício
o tom negado deste país
encoberto
o podre subsolo
cativo
assim sou
enxerido
porque assim tenho sido
incrustado
o órgão do implante desta escravidão
vazado
a raça que se levanta
jorrado
três séculos de produção
sangrado
três camadas de sentido
expelido
400 anos de rebelião
defecado
óleo
no fundo no solo
enriquecido
Petróleo
do resto imundo
empretecido
.............................
- Nelson Maca
(Do livro: PanÁfrica)
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quarta-feira, 10 de dezembro de 2008
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