sexta-feira, 25 de março de 2011

Apenas mais um poema sujo?

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Sujo de sangue

Suas mãos estão sujas de sangue
Sua mente está suja de lama
Seu nome afunda no lodo
Sua fama prepara sua cama

Você bem sabe de onde vem sua grana
Plantada na cultura do engenho
Sugada do bagaço da cana
Você se conhece
Você faz sua cama
O doce que corrói seu estômago
É o caldo que destrói sua entranha

Você bem sabe de onde vem sua fama
Brotada do adubo de corpos
Florida da carne humana
Você não se destrai
Você não se engana
O ouro nas mãos do tolo
É a merda que o aprisiona

Você bem sabe de onde vem sua lama
Suas mãos lavadas três vezes
Não limpam as suas entranhas
Você não nos distrai
Você não nos engana
Suas mãos estão sujas de sangue
Sua mente está suja de lama

Suas mãos estão sujas de sangue
Sua mente está suja de lama
Seu nome afunda no lodo
Sua fama prepara sua cama

(Do livro: A Morte do Negreiro!)

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