terça-feira, 27 de janeiro de 2009

Referências

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REFERÊNCIAS


Retomo aqui a resposta de uma das perguntas da entrevista que concedi a um blog soteropolitano (Cazzo Entrevista). A pergunta era relacionada às minhas referências. Centrei minha resposta na questão da negritude que deu o tom de toda a matéria.

São muitas as minhas referências. Não quis falar das grandes referências mundiais, pois, por serem mundiais e/ou mundializadas tornam-se arquetípcas, matrizes de pensamentos no universo particular das relações raciais da negritude no globo. Enfim são evidentes. Falei das referências mais íntimas, cotidianas.

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A primeira delas é minha irmã mais velha, Marly Silveira, hoje professora da UNB. Foi ela quem me apresentou os primeiros livrinhos sobre Zumbi por exemplo. Ela plantou em mim a rica semente da busca. Como sou agradecido... Ainda vejo nitidamente ela fundando o grupo de mulheres 8 de Março em Curitiba, ao lado da boa poeta Alice Ruiz, da cineasta Berenice e da Jornalista Terezinha; mais tarde, já na Capital federal, compondo o grupo Raça e Classe do PT, quando tive um encontro desconcertante com o Édio Silva; quando passei a visitar a incrível Mariaugusta e me bater com muita gente que ainda está atuando como nunca. Deste grupo, eu tinha referências diretas de Florestan Fernandez, grandes textos que me deixaram muito atento então.

Ao mesmo tempo que se formava e rebelava minha consciência racial, entrei no curso de Letras da UFPR. Era o ano do centenário da mentira da abolição.

Nessa época, conheci a Adalzira, costureira que coordenava o GRUCON – Grupo de União e Consciência Negra, o primeiro e único grupo do movimento negro “mais clássico” que participei efetivamente. Flertei com vários, mas me deitei só com esse.

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Já em Salvador, tive a alegria de conhecer pessoas que marcariam profundamente minha vida preta: o primeiro e maior de todos foi o cineclubista Luís Orlando da Silva, o Rasta, como carinhosamente o chamávamos na intimidade. Estive com ele até seus momentos finais; fui mais dedicado que um filho. Nunca sofri tanto uma perda de um amigo. Percebo a falta que ele faz a muita gente até hoje, mas em ninguém a ausência me parece tão grande como na Irmã Vera Lopes, negra atriz iluminada de Porto Alegre, outra referência que o destino encruzilhou na minha estrada.

Minha aproximação mais recente com alguém realmente forte está sendo com o Professor e ativistas cubano Carlos Moore. Com ele e o “Rasta” conheci, efetivamente, o movimento negro que me interessa: nem marxista, nem capitalista. Tenho aprendido com Carlos as razões profundas de nossos conflitos, a história concreta do racismo e da escravidão.

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Esses , ao lado de meu grande professor de literatura Jorge de Souza Araujo, que conheci no curso de Letras UFBA, são as únicas pessoas que até hoje chamei de mestres no sentido literal da palavra.

Carlos Moore chegou em minha vida como uma dádiva, corroendo os resquícios de mitos antigos que faziam morada em mim, principalmente o de acreditar que o Socialismo poderia ter as respostas para a superação dos conflitos raciais. Ele me fez enxergar, nítida e profundamente, que o continente africano também está infestado de negros traidores dos projetos de independência do continente.

Gostaria de acrescentar, ainda à lista desses ativistas baianos meus irmãos Léo Ornelas e Hamilton Borges Walê. Referências ao lado. Hamilton Borges é um trovão africano, uma espada afiada que bota os racistas e os afro-convenientes em pânico. Léo Ornelas, Exu itinerante, apresentou-me a experiência da Posse Ori. Ele me fez acreditar na potencialidade do “movimento hiphop” em razão convergente com o movimento negro. Daí nasceu minha vontade de realizar a Blackitude: Vozes Negras da Bahia.

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O matriarcado refeito nos trouxe Luiza Bairros, Vilma Reis, Olívia Santana, Makota Valdina Pinto, todas amigas e companheiras que lutam, diariamente, contra a exclusão e a violação do povo negro, aqui ou em qualquer lugar.

Acho que isso é um pouco de tudo...

Acrescentem aí os atabaques e as negras impressões do poeta José Carlos Limeira e fica tudo certo! Envolva tudo com toda a rapa da Blackitude, juntos no dia-a-dia e, por fim, aproxime uma figura de uma história ímpar com quem estou tecendo uma nova perna desta teia: o percussionista Jorjão Bafafé do Bloco Afro Okanbi, fundador do legendário Badauê.

Depois me lembro de outros e volto para contar um pouco da história do Bob Bôa, Clementino Clecléu, Geraldo Cristal e outros mais...

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Nelson Maca - Apenas-mais-um-elo-da-corrente!

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4 comentários:

LiteraturAndante disse...

Time nervoso hein mano Maka!

Firmeza Blackiude!

One people, one love


MIchel

LiteraturAndante disse...

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