terça-feira, 27 de janeiro de 2009

Cores

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Cores

- Poema dedicado totalmente à Negra Íris*,
Parceirinha 100% e talento nato.

Vocês irão ouvir falar muito dela!!


Entre escárnios
Já fui chamado negro sujo
Entre afagos
Já disseram que não sou tão preto

Que sou mestiço, escuro, cor de azeitona, acobreado
As dezenas de palavras que me apagam

Eu sou breu da cor da noite
Eu sou piche da cor do asfalto

Entre escárnios
Já fui chamado branca de neve
Entre afagos
Já disseram que sou um deus negro

Que sou marrom, cor de café, achocolatado
Todas as cores que contornam os limites

Eu sou noite ébano azeviche
Eu sou lápis risco preto sou grafite

Entre escárnios
Já fui chamado de negão
Entre afagos
Já disseram que a minha alma é branca

Cores do racismo do escravismo e do degredo
Da inegável negação que me revestem

Eu sou carvão, pano de guarda-chuva
Ausência das cores que não me fazem sentido

Entre escárnios
Já fui chamado africano
Entre afagos
Já disseram que sou um belo cabo verde



:: Poema do livro Gramática da Ira,
orgulhosamente na gaveta!



- Nelson Maca / Blackitude B.a


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A Negra Íris é vocalista do grupo RBF, que se apresenta
no Blackitude 40º, dia 07 de fevereiro às 19h no Pelourinho.

Para quem não percebeu, ela é também a modelo de panfleto
do evento (veja no postagem abaixo), mais uma criação indiscutível
do parceiro Penga - que se supera a cada dia!

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2 comentários:

Carlos Vilarinho disse...

Maluco, que poema é esse, cara!
DIFU!!!

Correria Rap disse...

Massa o poema e a autora é lida demais.