quarta-feira, 11 de junho de 2008

Poema: Fortalecido

.

Fortalecido
(Livro: Pan-África)

Tua seriedade e abnegação me fortalece, irmão
Tu és o canal da mensagem
O transporte humano
A voz do irmão distante que insiste em não se deixar abater
Que traz guardado em nossa mente
Em nossa peito
Em nossa pele
A rebeldia que veio de longe
Que implode fantasmas interiores
Que demole as forças nefastas de morte
Que dá voz aos guerreiros que pensavam que podiam derrubar
.
Eu sei
O quanto facilitas a chegada por aqui
Da mensagem do que preparam nosso terreno
Sou também intermédio
Elo da corrente antiga
Ecos das grandes vozes apagadas prematuramente
O broto do que se ouve
A palavra que planta sementes de vida
Sobre as sementes vadias que apodrecem a gente
Que geram brutalidades
.
Tu és a resposta que leva a carga a frente
Tu és o clamor que não se apaga
Do alerta ao iminente desastre
Sou também instrumento, eu sei
Não sou o artífice
Não sou a fonte
Somos o intermédio
Chegamos à conclusão correta:
Somos a mensagem de Diop, de Cesaire, de Fela,
de Lumumba, de Fanon, de Nkrumah, de Cabral,
de Malcolm, de King,
.

Somos a missão de renascença que difere dos opressores de África
Nossos mestres falam através dos nossos eventos
as palestras que damos por aqui e por lá
as coisas que escrevemos
poemas livros ensaios graffitis
as músicas que compomos
os quadros que pintamos ou esculturas que esculpimos.
.

A conclusão é justa
Por isso que a nossa parceria deve dar certo
Por isso devemos sempre encontrar
O jeito reto para nos sobrepor às nossas deficiências
O desvio do que possa interferir na nossa relação
Somos a engenharia das novas bases do relacionamento afro-solidário
Somos o relacionamento imposto por forças além das vontades individuais
Nem religiosos nem místicos nem messiânicos
Somos o impacto cumulativo das experiências históricas
Somos a força extraordinária que impacta sobre os indivíduos
Somo a mudança no curso dos acontecimentos
Somos nós mesmos a correção dos erros que nos apontamos
E seguimento de nosso caminho

Pan África!
Diásporas!



Nelson Maca

Foto1 - Mãe Aninha (Bahia)
Foto2- Fela kuti (Nigéria)
Foto3- Mirian Makeba (África do Sul)
Foto4- Kwame Nkrumah (Gana)
foto5- Cesária Évora (Cabo Verde)



2 comentários:

Anônimo disse...

.







tranx!

Luciana Matias disse...

Em tempos de de Obama,cotas,instatuto da igualdade racial eextermínio da nossa mãe Àfrica,é preciso gritar esse poema ao mundo,sem demagogia!
Valeu de novo!
Luciana Matias