terça-feira, 23 de outubro de 2012


Um Sarau Bem Black Emocionante



Para todos que acompanham, entendem, curtem e torcem pela continuidade do Sarau Bem Black, a próxima quarta-feira marca um momento realmente bacana para nossa auto-estima, força e permanência.

Receberemos duas pessoas queridas, com dois trabalhos ilustres que nos colocarão para cima, principalmente, por dois motivos simples e vitais: nós criando e nós estudando nós mesmos.

Falo da Gleice Oliveira e do Ba Kimbuta.

Vozes Negras da Bahia: um Sarau Bem Black

A Gleice, frequentadora assídua do Sarau Bem Black, está em fase de conclusão do Curso de Letras na UFBA. E como tema de seu trabalho final (TCC) "Vozes Negras da Bahia: Um Saru Bem, Black", ela escolheu o Sarau, o que é uma grande honra para nós.

Honra por saber que podemos também "rasurar" o cânone acadêmico, derrubando as portas no peito, e levando, por nós mesmos, nossa literatura para dentro de espaços que sempre nos quiseram segregados, fora.

E o melhor dessa subversão é que a Gleice vai defender seu trabalho dentro do Sankofa African Bar, como exercício acadêmico, mas também por ser ela parte orgânica do Sarau Bem Black. Ajudará, assim, a diluir os limites entre a casa e a rua, a universidade e a comunidade.

A defesa será às 18h lá mesmo no Sarau Bem Black!

E essa fita não pára por aí, pois ela me chamou para ser um dos orientadores de deu TCC. Logo, comporei sua banca. Na condição de Professor Universitário, serei um dos pareceristas de seu TCC.

Pode acreditar!

Pra completar a cena, esperamos que você compareça, fortalecendo essa menina-mulher da pele preta que mora no Bairro da Boa Vista do São Caetano.

Tudo nosso!! Tudo em casa! E eles dizem que somos inimigos do livro, da leitura, do estudo, né!




"Universo Preto Paralelo"

O Ba Kimbuta é um rapper talentosíssimo lá do ABC Paulista, circulando entre Santo André a Mauá. Está em Salvador desde a última sexta feira, inclusive participou, afetiva e efetivamente, de nossa Semana de Fela. que movimentou a o centro histórico na última semana.

Ele está de férias em Salvador com a família e vai ser o outro destaque do próximo Sarau Bem Black, quando faz o pre-lançamento na Bahia de seu CD Universo Preto Paralelo. "Pré" porque ele volta para o Sarau do dia 14 de novembro, com sua banda completa, para o lançamento definitivo.

Nesta quarta, além de trazer seu CD, que será vendido no local por R$ 10, ele bate papo sobre sua carreira e militância política e faz um pocket-show acompanhado do Dj Joe, residente do evento.

Quem viu sua performance na semana de Fela sabe do que estou falando!

Unidade de Poesia Preta

Então tudo conspira para esta quarta ser um grande sarau. Estamos contentes com o vigor que tem se estabelecido nosso encontro poético semanal. Nesta quarta-feira, ainda mais, nos fortalecemos com a presença desse irmão e dessa irmã, negros e da base, que tão bem realizam sua linguagem artística e acadêmicas. Aproximem-se mais e curtam esse momento com a gente. Venham constatar como o Sankofa African Bar tem se transformado na casa do acolhimento daqueles que insistem em ser críticos e Independestes sem perder a Postura, a Elegância e o AXÉ.

Enquanto o estado inunda as periferias pretas de policiais, nós fortalecemos nossa Unidade de Poesia Preta.




Ficha: Sarau Bem Black

Local: Sankofa African Bar - Pelourinho
Data: 24/10/2012
Horário: a partir das 18h

18h: Defesa do TCC : Vozes Negras da Bahia: Um Sarau Bem, Black
Autora: Gleiciele da Silva Oliveira (Letras -UFBA)
:: Banca examinadora: Denise Carrascosa Franca (UFBA), Nelson Maca (UCSal) e Ana Lucia Silva Souza (UFBA)
Horário: 18h / Entrada franca

20h: Lançamento: CD Universo Preto Paralelo
Artista: Ba Kimbuta (São Paulo)
Horário: 20h / Preço do CD: R$ 10,00

Gleice Oliveira

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Sou Gleiciele da Silva Oliveira, nascida em Santaluz, no sertão da Bahia, filha de Maria Ginai da Silva Oliveira e Antonio Raimundo de Oliveira, negra e moradora da Boa Vista do São Caetano, região periférica de Salvador. 

Ingressei na Universidade Federal da Bahia em 2006, no curso Letras Vernáculas, após participar do cursinho pré-vestibular Universidade para Todos, uma vez que sempre estudei em escolas públicas. Durante o curso, participei de alguns projetos como o Diálogos Cotistas: qualificando a permanência na UFBA (Ceafro), ALiB: Atlas Linguístico do Brasil (ILUFBA) e Etnoescrituras: proficiência multimodal de leitura e escrita em contextos extraescolares (ILUFBA). 

Atualmente, participo esporadicamente do grupo de pesquisa Literatura como performance: narrativas de si, políticas de si, coordenado por Denise Carrascosa (ILUFBA). Conclui a licenciatura em 2010 e atualmente sou educadora no núcleo EJA RMS do Sesi, alfabetizando jovens e adultos no cenário da construção civil.



Ba Kimbuta
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Em 1996 Bá Kimbuta se identifica com a luta e mergulha de corpo e alma no movimento hiphop, e logo funda a banda Uafro, onde atua como vocalista e compositor. Na sua história de resistência mantêm sua ancestralidade como foco de emancipação do povo negro. 

Organiza com outros irmãos a associação Negroatividades, fortalecendo o movimento negro em Santo André e São Paulo, promovendo debates e reflexões sobre a luta de gênero, a luta racial e a luta de classes. Ainda com a Negroatividades produz diversos eventos como o Grito da Periferia, documentário exibido pela TV Cultura em 1999, e discussão sobre saúde da população negra em 2000. 

Com a banda Uafro participou das coletâneas Revolução com a Nossa Cara, tributo a Celso Daniel, Nós na Fita e Projeto Viajar. Junto à comunidade organiza o fórum de entidade negras de Santo André, e a luta pela aprovação do feriado 20 de novembro em Santo André, e outras cidades da região. Com o coletivo Uafro grava o vídeo-clipe Descobrimento Segundo Adal e o vídeo do Projeto Canja com Canja. Ba a co-fundador da Escola de Cultura Negra Bantu, co-produtor do dia da Cabeça Preta, Jantar Africano, Pão e Vinho Cultural. 

Desde 2006 integra o grupo Amandla como compositor, percussionista e vocalista, grupo que se utiliza do Rap para denunciar as atrocidades cometidas pelo capitalismo. É membro militante do grupo de juventude negra Kilombagem que promove intervenções, palestras e debates em torno de questões políticas e sociais. 

Faz parte dos grupos Estimulamente, da Banca Audácia, e do Projeto Conde Favela. Em 2012 lança seu primeiro trabalho Universo Preto Paralelo, que é apanhado de sua história, somados a muita musicalidade, aprofundando temas raciais, de forma poética e contemporânea, elevando o rap a diversas vertentes da música negra como: afrobeat, funk, jazz, soul, samba, reggae, entre outros gêneros musicais.



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